Salmo Responsorial: 127
R. Felizes os que
esperam no Senhor e seguem os seus caminhos.
Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda, no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira, ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te
abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém, todos os dias da tua vida.
2ª Leitura (Col 3,12-21): Irmãos: Como eleitos de
Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de
bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e
perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o
Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos
da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de
Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de
graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes
e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e
cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o
que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus,
dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos,
como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com
aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor.
Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Aleluia. Reine em vossos corações a paz de Cristo, habite em vós a sua
palavra. Aleluia.
Evangelho (Lc 2,41-52): Todos os anos, os pais de
Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando completou doze anos, eles
foram para a festa, como de costume. Terminados os dias da festa, enquanto eles
voltavam, Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Pensando que
se encontrasse na caravana, caminharam um dia inteiro. Começaram então a
procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas, como não o encontrassem, voltaram
a Jerusalém, procurando-o. Depois de três dias, o encontraram no templo,
sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos aqueles
que ouviam o menino ficavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas.
Quando o viram, seus pais ficaram comovidos, e sua mãe lhe disse: «Filho, por
que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua
procura!» Ele respondeu: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar
naquilo que é de meu pai?» Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele
lhes falou. Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a
eles. Sua mãe guardava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo em
sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens.
«O encontraram no templo, sentado entre os mestres. Ficavam
maravilhados com sua inteligência»
+ Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (Tremp, Lleida, Espanha)
O livro do Eclesiástico, lembra-nos que «Deus honra o pai
nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe» (Si 3,2). Jesus tem
doze anos e manifesta a boa educação recebida no lar de Nazaré. A sabedoria que
mostra evidencia, sem dúvidas, a ação do Espírito Santo, mas também o inegável
bom saber educador de José e Maria. A inquietação de Maria e José põe de
manifesto sua solicitude educadora e sua companhia amorosa para com Jesus.
Não é necessário fazer grandes arrazoamentos para ver que
hoje, mais do que nunca, é necessário que a família assuma com força a missão
educadora que Deus lhe confiou. Educar é introduzir na realidade e, somente o
pode fazer aquele que a vive com sentido. Os pais e mães cristãos devem educar
desde Cristo, fonte de sentido e de sabedoria.
Dificilmente podem pôr remédio aos déficit de educação do
lar. Tudo aquilo que não se aprende em casa não se aprende fora, se não é com
grande dificuldade. Jesus vivia e aprendia com naturalidade no lar de Nazaré as
virtudes que José e Maria exerciam constantemente: espírito de serviço a Deus e
aos homens, piedade, amor ao trabalho bem feito, solicitude de uns pelos
outros, delicadeza, respeito, horror ao pecado... As crianças, para crescerem
com cristãos, necessitam testemunhos e, se estes são os pais, essas crianças
serão afortunadas.
É necessário que todos vamos hoje buscar a sabedoria de
Cristo para levá-la a nossas famílias. Um antigo escritor, Orígenes, comentado
no Evangelho de hoje, dizia que é necessário que aquele que procura Cristo, o
procure não de maneira negligente e com desleixo, como o fazem alguns que não o
acham nunca. Há que procurá-lo com “inquietude”, com grande afã, como o
procuravam José e Maria.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Como gostaríamos que o amor ao silêncio se renovasse e se
reforçasse em nós, este hábito admirável e indispensável do espírito. —Silêncio
de Nazaré, ensina-nos o recolhimento e a interioridade» (São Paulo VI)
«O Senhor entrou humildemente na terra. Ele cresceu como uma
criança normal, ele passou pelo teste de trabalho, mesmo também pela prova da
cruz. No final, ele ressuscitou. O Senhor nos ensina que na vida nem tudo é
mágico, o triunfalismo não é cristão» (Francisco)
«Jesus compartilhou, durante a maior parte da sua vida, a
condição da grande maioria dos homens: uma vida cotidiana sem importância
aparente, uma vida de trabalho manual, uma vida Religioso judeu sujeito à lei
de Deus, uma vida em comunidade. De todo esse período nos é dito que Jesus foi
"submetido" a seus pais e que 'ele progrediu em sabedoria, estatura e
na graça diante de Deus e dos homens ' (Lc 2,51-52)» (Catecismo da Igreja
Católica, n. 531)
Que a Sagrada Família de Nazaré seja um exemplo para nós.
A peregrinação anual a Jerusalém fazia parte dos costumes
judaicos. A Lei prescrevia que cada judeu deveria peregrinar três vezes ao ano
a Jerusalém para celebrar as grandes festas: da Páscoa, das Cabanas e das
Semanas (Pentecostes). No entanto, aqueles que morassem longe (a distância de um
dia) eram dispensados dessa lei. A família de Jesus peregrina a Jerusalém para
ter a oportunidade de estar no Templo e cumprir algumas prescrições religiosas,
pelo menos uma vez por ano, ainda que morasse distante, como nos informa o
relato.
No judaísmo, o jovem, a partir dos 13 anos, adquiria a maturidade religiosa e tinha o direito de ler a Torá na sinagoga. Não temos, porém, dados para saber se realmente isso era realizado no tempo de Jesus, apesar de esse ritual nos ajudar a compreender a permanência de Jesus no Templo entre os mestres da Lei e a ver nele não somente alguém pleno de sabedoria, mas também aquele que revela a sabedoria do Pai. Jesus também é identificado como Mestre, como aquele que fala com autoridade (cf. Lc 4,32).
O evangelista não nos oferece nenhum detalhe sobre o que
realmente ocorreu ou como foi possível não notar a ausência do filho na
caravana de volta para Nazaré (vv. 43-45), dado que, provavelmente, a intenção
do autor era realçar a preocupação dos pais ao perceberem a perda do filho.
Nos vv. 46-50, o narrador expõe a cena do encontro de Maria
e José com Jesus e enfatiza a resposta deste diante da angústia dos pais. A
indicação de tempo, após “três dias” (v. 46), é muitas vezes interpretada como
uma alusão à morte e à ressurreição de Jesus, apesar de isso não ser uma
característica de Lc. No entanto, tal aspecto pode ser considerado quando se
sublinham as afinidades existentes entre esse relato e as narrativas da paixão,
morte e ressurreição de Jesus.
No diálogo, nos vv. 48b-50, Jesus apresenta sua identidade e
missão, ao se revelar como Filho de Deus (cf. Lc 4,43) e ao exprimir sua total
disponibilidade à vontade do Pai. A cena do encontro de Maria com o filho é
descrita de maneira simples, com um tom semelhante ao daquelas situações em que
pais aflitos encontram os filhos supostamente perdidos, nas quais há uma
mistura de preocupação, angústia, cuidado, “raiva”, como forma de desabafar o
desespero que os sufocavam. Percebe-se, porém, que se trata de família que vive
as exigências de sua vocação específica e, dialogando, tenta discernir a
vontade de Deus diante dos acontecimentos cotidianos.
Apesar da incompreensão da atitude de Jesus, Maria não fica
indiferente a esse mistério e o guarda no coração. Note-se que o Evangelho de Lucas
permanece fiel à sua finalidade de revelar a verdadeira identidade de Jesus
somente depois da ressurreição.
Os vv. 51-52 apresentam Jesus novamente submisso aos seus
pais, vivendo conforme a Lei de Deus e cumprindo os mandamentos, sobretudo o de
“honrar pai e mãe” (cf. Dt 5,16 e o texto da I leitura). Apesar do contraste
com a cena precedente e da consciência de Jesus de sua filiação divina, estes
versículos nos mostram que realmente o Filho de Deus assume a condição humana e
o processo normal de crescimento. De fato, Lucas descreve Jesus adolescente,
que progride em sua maturidade humana, física e espiritual. Também confirma o
que é dito na I leitura, ou seja: aquele que é obediente aos pais e os trata
com respeito receberá as bênçãos de Deus. O termo “graça” pode ser também
traduzido por “amor”, “caridade”, ou bondade, que, conforme a II leitura, é o
vínculo da perfeição.
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