domingo, 30 de novembro de 2014

Segunda-feira da 1ª semana do Advento

Beato Charles de Foucald, Presbítero
Evangelho (Mt 8,5-11): Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um centurião aproximou-se dele, suplicando: «Senhor, o meu criado está de cama, lá em casa, paralisado e sofrendo demais». Ele respondeu: «Vou curá-lo». O centurião disse: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado. Pois eu, mesmo sendo subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens; e se ordeno a um: ‘Vai, e, ele vai, e a outro: ‘Vem’ e, ele vem; e se digo ao meu escravo: ‘Faz isto’, ele faz».  Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o estavam seguindo: «Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé. Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó.

Comentário: Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé

Hoje, Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes! » (Mt 25,40). O grande pensador Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fiéis, encontra-se na agonia de Getsêmani até ao final dos tempos».

O centurião de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama. Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8). Esta confissão fundamenta-se na esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria pobreza.

Só nos podemos aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele próprio mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

* A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.

* A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.

* O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que apalavra de Jesus tem força criadora.

* Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.

Para um confronto pessoal
1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?
2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

sábado, 29 de novembro de 2014

“Tempo do Advento”

Pe. Vitor Gino Finelon, Vice-Diretor das Escolas de Fé e Catequese,  Mater Ecclesiae e Luz e Vida.

A palavra “advento” tem origem latina e significa “chegada”, “aproximação”, “vinda”. No Ano Litúrgico, o Advento é um tempo de preparação para a segunda maior festa cristã: o Natal do Senhor. Neste tempo, celebramos duas verdades de nossa fé: a primeira vinda (o nascimento de Jesus em Belém) e a segunda vinda de Jesus (a Parusia). Assim, a Igreja comemora a vinda do Filho de Deus entre os homens (aspecto histórico) e vive aalegre expectativa da segunda vinda d’Ele, em poder e glória, em dia e hora desconhecidos (aspecto escatológico).

Como se estrutura o Tempo do Advento
O tempo do Advento não tem um número fixo de dias e depende sempre da solenidade do Natal. Ele começa na tarde (1ª Vésperas) do primeiro domingo após a Solenidade de Cristo Rei e se desenvolve até o momento anterior à tarde (1ª Vésperas) do Natal. Ele possui quatro semanas e, por isso, quatro domingos celebrativos. O terceiro domingo do Advento é chamado de domingo da alegria (gaudete, em latim) por causa da antífona de entrada da missa (Alegrai-vos sempre no Senhor), mostrando a alegria da proximidade da celebração do Natal. O tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira, que vai até o dia 16 de dezembro, é marcada pela espera alegre da segunda vinda de Jesus. A segunda, os dias que antecedem o Natal, se destaca pela recordação sobre o nascimento de Jesus em Belém.

As figuras Bíblicas principais do Advento
Dois personagens bíblicos ganham destaque na celebração do Advento: Maria e João Batista. Ela porque foi escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, e ele porque foi vocacionado a ser o precursor do Messias. Ela se torna modelo do coração que sabe acolher a Palavra e gerar Jesus. Ele se torna modelo de uma vida que sabe esperar nas promessas de Deus e agir anunciando e preparando a chegada da salvação. Em ambos se manifesta a realização da esperança messiânica judaica e o anúncio da plenitude dos tempos.

“Atentos e vigilantes”
A espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes básicas: a preparação para receber o Cristo; a oração e a vivência da esperança cristã. A preparação para receber o Senhor se dá na vivência da conversão e da ascese. Precisamos ter um olhar atento sobre nós e a realidade que nos cerca e nos empenharmos para correspondermos com a ação do Espírito de Deus que quer restaurar todas as coisas. O nosso relacionamento com o nosso corpo e os nossos afetos, com nossos familiares e pessoas íntimas, nossa participação na vida eclesial e social devem estar no foco de nossa atenção. A preparação para celebrar o Natal demanda uma confissão sacramental bem feita e um propósito firme de renovação interior.

“Orai a todo momento”
Este tempo é marcado por uma vivência mais profunda da vida de oração. A leitura orante deste período nos coloca em contato com as profecias de salvação do Antigo Testamento, com a expectativa que os cristãos da Igreja primitiva tinham da Parusia e com os eventos principais que antecederam o nascimento de Jesus. A recordação dos eventos que antecederam a primeira vinda de Cristo se torna a base da preparação da Igreja para o novo Advento do Senhor. A Santa Missa e a Liturgia das Horas são os principais momentos celebrativos. Os exercícios de piedade, como a oração e a meditação dos mistérios gozosos do Rosário, a oração do Angelus Domini e a Novena de Natal podem ser um caminho feliz para a vivência da oração comunitária neste tempo.

“Para ficardes em pé diante do Filho do Homem”
Cada um de nós, apesar do pecado e do mal que nos cerca, deve desejar sempre mais a felicidade, aceitando que, em última análise, ela é o Reino dos Céus, a vivência em comunhão plena e eterna com Deus. Para isto é necessário vivermos dirigindo nossa vida para esta meta, colocando nossas forças no socorro da graça do Espírito Santo. Deus já nos criou desejando a felicidade. Contudo, por causa do pecado, vamos procurando nas criaturas aquela completude que só pode ser vivida na comunhão com o Criador. O Advento nos propõe entendermos todas as coisas na sua relação com Deus e usarmos elas como meios de estarmos com Ele, colocando nossa esperança nas realidades que não passam.

ADVENTO

O Advento 2015 começa no próximo domingo, 1º de dezembro de 2014.
A maioria de nós tem uma compreensão intuitiva do Advento, com base na experiência, mas o que os documentos oficiais da Igreja, na verdade, dizem a respeito do Advento?
Aqui estão algumas das perguntas básicas e (oficiais) respostas sobre o Advento.
Algumas das respostas são surpreendentes!
Aqui vamos nós. . .
Por JIMMY AKIN

1. Qual é o propósito do Advento?
O Advento é um tempo no calendário litúrgico da Igreja - especificamente, é um tempo no calendário da Igreja Latina, que é a maior parte da Igreja daquelas em comunhão com o papa.
Outras Igrejas Católicas - assim como muitas igrejas não católicas - têm a sua própria celebração do Advento.
De acordo com as Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário:
O Advento tem um caráter duplo:
· como um tempo de preparação para o Natal, quando a primeira vinda de Cristo nos é lembrada;
· como uma época em que que a memória dirige a mente e o coração para aguardar a Segunda Vinda de Cristo no fim dos tempos.
O Advento é, portanto, um período de devota e alegre expectativa.
Nós tendemos a pensar o Advento somente como um tempo em que nos preparamos para o Natal, ou a primeira vinda de Cristo, mas, como as Normas Gerais apontam, é importante que nós também lembremos ele como uma celebração em que estamos ansiosos para a Segunda Vinda de Cristo.
Propriamente falando, o Advento é uma época que traz à mente as duas vindas de Cristo.

2. Que Cores Litúrgicas são usadas no Advento?
Dias especiais e certos tipos de celebrações podem ter suas próprias cores (por exemplo, vermelho para os mártires, preto ou branco nos funerais), mas a cor normal para o Advento é violeta (roxo). A Instrução Geral do Missal Romano oferece:
A cor violeta ou roxo é usada no Advento e na Quaresma. Elas também podem ser usadas em ofícios e missas para os mortos.
Em muitos lugares, há uma notável exceção do terceiro domingo do Advento, conhecido como Domingo Gaudete:
A cor rosa pode ser usada, onde esta é a prática, no domingo Gaudete (terceiro domingo do Advento) e Laetare (IV Domingo da Quaresma) [IGMR 346f].

3. É o Advento um tempo penitencial?
Muitas vezes pensamos no Advento como um tempo penitencial, porque a cor litúrgica do Advento é violeta (roxo), como a cor da Quaresma, que é um tempo penitencial.
No entanto, na realidade, o Advento não é um tempo penitencial. Surpresa!
De acordo com o Código de Direito Canônico:
Can. 1250 - Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras d o ano e o tempo da Quaresma.
Embora as autoridades locais possam estabelecer dias penitenciais adicionais, esta é uma lista completa dos dias penitenciais e tempos da Igreja Latina como um todo, e o Advento não é um deles.

4. Quando é que o Advento começa e termina?
De acordo com as Normas Gerais:
O Advento, neste ano de 2014-2015 começa com as I Vésperas do domingo que cai sobre o próximo 30 de Novembro e termina antes da oração das I Vésperas do Natal.

O 1º Domingo do Advento pode variar entre 27 de novembro e 3 de dezembro, dependendo do ano.
No caso do domingo, a oração das I Vésperas é feita na noite do dia anterior (sábado). De acordo com a Instrução Geral da Liturgia das Horas:
96. Quando a Missa é precedida imediatamente das Vésperas, estas ligam-se à Missa da mesma forma que as Laudes. Note-se, porém, que não se podem celebrar as primeiras Vésperas das solenidades, domingos e festas do Senhor que ocorram ao domingo, senão depois de celebrada a Missa do dia anterior ou sábado.
Isso significa que o Advento começa na noite de sábado caindo entre 26 de novembro e 2 de dezembro (inclusive), e termina na noite de 24 de Dezembro, que detém as I Vésperas do Natal (25 de dezembro).

5. Qual é o papel dos domingos do Advento?
Há quatro domingos do Advento. As Normas Gerais estabelecem:
Os domingos deste tempo são nomeados o Primeiro, Segundo, Terceiro e Quarto domingos do Advento [N. 41].
Já mencionamos que o Terceiro Domingo do Advento tem um nome especial -. Domingo Gaudete. Gaudete é a palavra latina para "Alegra-te", que é a primeira palavra do intróito da Missa deste dia.
A Igreja atribui particular importância a estes domingos, e eles têm precedência sobre as outras celebrações litúrgicas. Assim, as Normas Gerais estabelecem:
Devido à sua importância especial, a celebração dominical dá lugar apenas para solenidades ou festas do Senhor. Os domingos do tempo do Advento, da Quaresma e da Páscoa, no entanto, tem precedência sobre todas as solenidades e festas do Senhor. Solenidades que ocorrem nesses domingos são observadas no sábado anterior.
(NT. No Brasil a CNBB tem indulto para estabelecer que uma Solenidade ocupe a precedência em relação ao domingo do Advento. É o caso do dia 08 de dezembro – dia da Imaculada Conceição).
Você também não pode celebrar missas fúnebres nos domingos do Advento:
Entre as Missas de defuntos está em primeiro lugar a Missa exequial, que pode celebrar-se todos os dias, exceto nas solenidades de preceito, na Quinta-Feira da Semana Santa, no Tríduo Pascal e nos domingos do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, observando, além disso, o que deve ser observado segundo as normas do direito.

6. O que acontece nos dias de semana do Advento?
É especialmente recomendado que homilias sejam dadas nos dias de semana do Advento. A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) afirma:
Nos domingos e festas de preceito, deve haver homilia em todas as Missas celebradas com participação do povo, e não pode omitir-se senão por causa grave. Além disso, é recomendada, particularmente nos dias feriais do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, e também noutras festas e ocasiões em que é maior a afluência do povo à Igreja [66].
As Normas Gerais também apontam um papel especial para os dias úteis da semana que antecedem o Natal:
Os dias da semana de 17 de dezembro a 24 de dezembro, inclusive, servem para preparar mais diretamente para o nascimento do Senhor.
Este papel especial é ilustrado, por exemplo, nas leituras das escrituras utilizadas na liturgia nestes dias.

7. Como as igrejas devem ser decoradas Durante o Tempo do Advento?
A Instrução Geral do Missal Romano indica:
Haja moderação na ornamentação do altar. No tempo do Advento ornamente-se o altar com flores com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No tempo da Quaresma não é permitido adornar o altar com flores. Excetuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas. [IGMR 305].

8. Como a música deve ser executada durante o Advento?
A Instrução Geral do Missal Romano nos diz:
No tempo do Advento usem-se o órgão e outros instrumentos musicais com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. No tempo da Quaresma só é permitido o toque do órgão e dos outros instrumentos musicais para sustentar o canto. Excetuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas. [IGMR 313].

9. O ‘Gloria’ é dito ou cantado Durante o Advento?
Nenhum dos dois. A Instrução Geral do Missal Romano afirma:
(O Hino de Louvor – Glória a Deus nas alturas...) Canta-se ou recita-se nos domingos fora do Advento e da Quaresma, bem como nas solenidades e festas, e em particulares celebrações mais solenes [IGMR 53].

10. Quais devoções privadas podemos ser usadas para favorecer o crescimento da fé em Deus Durante o Advento?
Há uma variedade de devoções particulares que a Igreja reconhece para o uso durante o Advento. A mais famosa é a coroa do Advento.

Primeiro domingo do Advento

«VIGIAI! O SENHOR VEM!»

Iniciamos um novo tempo litúrgico. Eis que chega o tempo da esperança, da preparação, da vigilância. Para que o nosso coração se enriqueça desta certeza: Deus vem. O Senhor vem ao nosso encontro. Para que a nossa vida se inunde de um amor grande: Deus conosco, Emanuel. Para que o nosso ser seja plenamente enriquecido da graça da presença de um Menino que para nós é tudo. Vigiemos, portanto. Vivamos atentos. Preparemos todo o nosso interior para a chegada de Deus!

Textos: Is 63, 16-17.19; 64, 2-7; 1 Cor 1, 3-9; Mc 13, 33-37

EVANGELHO Mc 13,33-37 - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!"

Alertas! Vigiai!

Pe. Antonio Rivero, L.C.

A partir de hoje até o dia do Batismo do Senhor, o domingo seguinte à Epifania, percorreremos com a fé e o amor seis semanas litúrgicas de “tempo forte” nas que celebramos a Boa Notícia: a vinda do Senhor. Advento é um tempo anual para contemplar a vinda de Cristo ao mundo, esperá-la, desejá-la, prepará-la nas nossas vidas e, em definitiva, celebrá-la. A vinda histórica de Cristo, que comemoramos no Natal, deixa em nós o desejo de uma vinda mais plena. Por isso dizemos que no Advento celebramos uma triplice vinda do Senhor:
(1) a histórica, quando assumiu a nossa mesma carne para fazer presente no mundo a Boa Notícia de Deus;
(2) a que se realiza agora, cada dia, através da Eucaristia e dos outros sacramentos, e através de tantos sinais da sua presença, começando pelos sinais dos irmãos, e dos irmãos pobres;
(3) e finalmente, a vinda definitiva, no final dos tempos, quando chegará à plenitude o Reino de Deus na vida eterna.
O que necessitamos? Estar atentos e vigilantes na esperança, preparar e limpar o coração, e acolhê-lo com alegria, como João Batista, Maria e José. Vinde, Senhor Jesus, e não demoreis!

O Nosso Amo, que foi de viagem e quem vemos com a fé, pode voltar para casa em qualquer momento. Nós, servidores deste Amo, devemos estar preparados (evangelho) para recebê-lo quando chegar e prestar contas da administração dos seus bens e dons (segunda leitura) que nos confiou com tanta confiança e amor. Não endureçamos o nosso coração, afastando-nos dos seus mandamentos e conselhos dados para a fiel administração destes bens (primeira leitura).

Em primeiro lugar, alertas e vigiai! Preparemo-nos para a Parusia, que será a manifestação gloriosa do Senhor no final dos tempos. Maranatha. Vem, Senhor Jesus! Era o grito dos primeiros cristãos, proclamando sua fé e esperança em Jesus ressuscitado junto com o desejo de que o Senhor se mostrasse publicamente como Rei da Igreja, das nações e do universo, como juiz que dá a vitória aos bons e permite a caída dos maus. A Igreja-e nós com ela- espera este acontecimento com impaciência, deseja ansiosamente o Advento final, a redenção consumada, em retorno em glória, o dia do Senhor, o fim do exílio e a entrada definitiva na eternidade. A Igreja- esposa que nunca deixa de suspirar pelas suas bodas eternas, que nunca se cansa de desejar o seu encontro definitivo com o Esposo, tal como deixa transparecer nos textos da liturgia do Advento: não tardes, já está perto, já está aqui. Com quais atitudes devemos nos preparar para este Advento final? Com esperança gozosa, com os nossos olhos fixos na eternidade, agradecidos no coração por todos os bens que Deus pôs em nossas mãos e com o esforço em cuidá-los e fazê-los produzir em obras de caridade, de justiça, humildade e pureza (primeira leitura).

Em segundo lugar, alertas e vigiai! Preparemo-nos para comemorar um ano mais o Natal e renová-lo no nosso coração. Com quais atitudes? Dado que o Natal condensa em si o passado (Belém) e o futuro (parusia), temos que vivê-lo na firmeza da fé que nos levará à vigilância e à sobriedade (evangelho). Primeiro, firmes na fé para não deixarmo-nos levar da onda das falsas ideologias e dos erros do tempo (ideologia de gênero, manipulação da linguagem genética, confusão doutrinal deliberada, propensa ao imanentismo e ao mito do progresso indefinido e do paraíso na terra...) e não perder nunca de vista a pátria definitiva. E segundo, sendo sóbrios e vigilantes para usar e não abusar das coisas deste mundo, não criar raízes de querências exageradas nesta terra, porque a figura deste mundo desaparece. Assim passaremos pelos bens temporais sem perder os eternos.

Finalmente, alertas e vigiai! Preparemo-nos para descobrir a vinda escondida de Cristo nesse pobre que encontramos no nosso caminho ou que toca a porta da nossa casa; nesse irmão que nos feriu, nessa cruz da doença que se cravou no nosso corpo, nessa noite escura da nossa alma quando não vemos perspectiva na vida ou não sentimos Deus. Com quais atitudes preparar-nos para descobrir a vinda de Cristo aqui? Estejamos com os olhos abertos de bons samaritanos, com o coração sensível que capta como um sismógrafo os batimentos do coração do necessitado e com as mãos abertas à caridade efetiva e generosa.

Para refletir:
1. Como devo viver o Advento?
2. Como ajudar a viver o Advento os meus familiares e amigos?
3. Qual presente eu quero levar para Cristo no Natal para fazê-lo sorrir?

Para rezar:
Vinde, Senhor Jesus! Vinde aos nossos corações, renascendo na festa do Natal. Vinde no final dos tempos, clausurando a história do mundo com o vosso amor. Porém, vinde também agora na Eucaristia, neste sacramento que devemos celebrar “até voltardes”. E quando entrardes nas nossas almas depositai a semente da esperança. Fazei que não tiremos o passaporte definitivo neste mundo passageiro. Que a vossa Mãe Santíssima nos tome pela mão para não nos perdermos neste caminho à eternidade.

Para entender o evangelho de São Marcos

O evangelista que nos acompanhará neste ciclo B será são Marcos.  É o evangelho mais breve dos quatro. Marcos centra todo o seu livro na pessoa de Jesus, na sua conduta, nos seus fatos e no que Ele disse, na sua personalidade, nos conflitos que teve com as autoridades do seu tempo, na sua estreita relação com os discípulos. Não pretende sistematizar a sua doutrina, mas apresentar a sua pessoa, as suas relações e intenções. Apresenta Jesus como uma figura viva e humana, mas claramente como Messias e Filho de Deus. E apresenta também a vida da comunidade cristã: as suas preocupações e suas dificuldades, e os seus esforços por compreender e seguir Jesus. Por isso apresenta o Messias que prega, que cura, que livra do mal, mas ao mesmo tempo é perseguido e humilhado, e que no final triunfará na sua ressurreição.

Retrata também, narrando a atitude dos primeiros discípulos, o perfil dos bons seguidores de Jesus. Em todo o evangelho se descreve a estreita relação de Jesus com os seus discípulos, os quais Ele acompanha no seu lento processo de maduração e de mudança de mentalidade, e os que Ele envia para uma missão continuadora da sua missão.

Marcos apresenta estes discípulos, homens e mulheres, como modelos para as seguintes gerações. Também nós, no século XXI, vemo-nos refletidos neles: pessoas de boa vontade, que tentamos crer e seguir Jesus, porém fracos, lentos para compreendermos a identidade e as intenções do Mestre e, nos momentos claves, covardes.

Seguir Cristo é difícil, são Marcos nos faz entender isto. Temos que aceitar a cruz. É preciso ser cristãos também nos momentos difíceis.

O evangelho de Marcos nos interpela. Não nos conta, para curiosidade histórica, o que aconteceu naqueles tempos. Porém, provoca-nos continuamente a pensar: o que Jesus está me dizendo neste episodio, com estas palavras?  O que devemos mudar para ser verdadeiro seguidor de Cristo?

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA.

1. Eterno e Divino Pai, nós vos adoramos profundamente e com todo coração vos agradecemos por aquele infinito poder com o qual preservaste Maria Santíssima, vossa diletíssima filha, do pecado original. Ave Maria
Seja bendita a Santa, Puríssima e Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e Senhora nossa.

2. Eterno e Divino Filho, nós vos adoramos profundamente e com todo coração vos agradecemos por aquela infinita sabedoria com a qual preservastes Maria Santíssima, vossa dulcíssima Mãe, do pecado original. Ave Maria.
Seja bendita a Santa, Puríssima e Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e Senhora nossa.

3. Eterno e Divino Espírito Santo, nós vos adoramos profundamente e com todo coração vos agradecemos por aquele infinito amor com o qual preservastes Maria Santíssima, vossa diletíssima Esposa, do pecado original. Ave Maria
Seja bendita a Santa, Puríssima e Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e Senhora nossa.

Nas contas do Pai Nosso:
Pela vossa Conceição, ó Maria Imaculada,
Purificai meu corpo, santificai minha alma!

Nas contas da Ave Maria
Ave Maria Puríssima!
Sem pecado concebida.

Em lugar do Glória
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!

Em lugar da Salve Rainha
Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.

29 de novembro

Beatos Dionísio y Redento
Mártires de nossa Ordem


Pierre Berthelot nasceu em Honfleur (Calvados, França) no ano 1600. Serviu os Reis de França e Portugal como cosmógrafo e almirante da armada. Fez-se carmelita em Goa, em 1635, onde professou no dia de Natal do ano seguinte, tomando o nome de Dionísio da Natividade, e onde foi ordenado sacerdote no dia 24 de agosto de 1638. Tomás Rodrigues da Cunha nasceu no lugar de Lisouros, freguesia de Cunha (Paredes de Coura, Portugal) em 1598. Entrou para o Carmelo Teresiano no convento de Goa, onde professou como irmão converso em 1615, tomando o nome de Redento da Cruz. O Padre Dionísio e o Irmão Redento foram enviados pelos superiores para Achém, na ilha de Sumatra, onde foram martirizados por muçulmanos no dia 29 de novembro de 1638 pela sua adesão a Cristo e pela sua firmeza na fé. Foram beatificados no dia 10 de junho de 1900 pelo Papa Leão XIII.

LAUDES
Hino
Ao raiar o sol de um novo dia,
Que aparece a terra e a reanima,
Penso no sol que amadureceu
Dois cachos de uvas pra mesma vindima.

Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Esse sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
contínua prova do nosso amor.

Glória a ti, ó Pai celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
Fonte de amor e Fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Benditos sois vós quando por minha causa sois perseguidos: alegrai-vos e saltai de contentamento, porque nos céus será grande a vossa recompensa.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

VÉSPERAS
Hino
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Este sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
continua prova de nosso amor.

Glória a ti, ó Pai celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
fonte de amor e fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Amaram a Cristo na sua vida e o imitaram na sua morte, por isso com Ele reinarão para sempre.


Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

Sábado XXXIV do Tempo Comum

Beatos Dionísio da Natividade e Redento da Cruz
Mártires de nossa Ordem
Evangelho (Lc 21,34-36): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem».

Comentário: Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Ficai atentos e orai a todo momento

Hoje, último dia do Tempo Comum, Jesus adverte-nos com clareza meridiana sobre a sorte da nossa passagem por esta vida. Se nos empenhamos, obstinadamente, em viver absorvidos pelos afazeres imediatos da vida, chegará o último dia da nossa existência terrena tão de repente que a própria cegueira da nossa gula nos impedirá de reconhecer o mesmíssimo Deus que virá (porque aqui estamos de passagem, sabia?) para levar-nos à intimidade do Seu Amor infinito. Será qualquer coisa como o que ocorre com um menino malcriado: está tão entretido com os seus brinquedos, que no final esquece o carinho dos seus pais e a companhia dos seus amigos. Quando se dá conta, chora desconsolado pela sua inesperada solidão.

O antídoto que Jesus nos oferece é igualmente claro: «ficai atentos e orai a todo momento» (Lc 21, 36). Vigiar e orar… O mesmo aviso que deu aos seus Apóstolos na noite em que foi traído. A oração tem uma componente admirável de profecia, muitas vezes esquecida na pregação, ou seja, de passar de mero “ver” a “observar” o quotidiano na sua mais profunda realidade. Como escreveu Evágrio Pôntico, «a vista é o melhor de todos os sentidos; a oração é a mais divina de todas as virtudes». Os clássicos da espiritualidade chamam-lhe “visão sobrenatural”, olhar com os olhos de Deus. Ou o que é o mesmo, conhecer a Verdade: de Deus, do mundo, de mim próprio. Os profetas foram, não só os que “pregaram o que haveria de vir”, mas também os que sabiam interpretar o presente na sua justa medida, alcance e densidade. Resultado: souberam reconduzir a história, com a ajuda de Deus.

Tantas vezes nos lamentamos da situação do mundo. – Onde iremos parar? Dizemos. Hoje, que é o último dia do Tempo Comum, é dia também de resoluções definitivas. Quem sabe, já está na hora de mais alguém estar disposto a levantar-se da sua embriaguez do presente e ponha mãos à obra de um futuro melhor. Quer ser você? Pois, ânimo! E que Deus o abençoe.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Estamos chegando ao fim do longo discurso apocalíptico e também ao fim do ano eclesiástico. Jesus dá um último conselho convocando-nos para a vigilância (Lc 21,34-35) e para a oração (Lc 21,36).

* Lucas 21,34-35: Cuidado para não perder a consciência crítica
“Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra”.  Um conselho semelhante Jesus já tinha dado quando perguntaram a ele sobre a chegada do Reino (Lc 17,20-21). Ele respondeu que a chegada do Reino acontece como o relâmpago. Vem de repente, sem aviso prévio. As pessoas devem estar atentos e preparados, sempre (Lc 17,22-27). Quando a espera é longa, corremos o perigo de ficar desatentos e não dar mais atenção aos acontecimentos. “os corações ficam insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Hoje, as muitas distrações nos tornam insensíveis e a propaganda pode até perverter em nós o sentido da vida. Alheios ao sofrimento de tanta gente no mundo, já não percebemos as injustiças que se cometem.

* Lucas 21,36: Oração como fonte de consciência crítica e de esperança
“Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem".  A oração constante é um meio muito importante para não perdermos a presença do espírito. Ela aprofunda em nosso coração a consciência da presença de Deus no meio de nós e, assim, traz força e luz para aguentarmos os dias maus e crescermos na esperança.

* Resumo do Discurso Apocalíptico (Lc 21,5-36)
Passamos cinco dias em seguida, de terça feira até hoje sábado, meditando e aprofundando o significado do Discurso Apocalíptico para as nossas vidas. Todos os três evangelhos sinóticos trazem este discurso de Jesus, cada um a seu modo. Procuramos ver de perto a versão que o evangelho de Lucas nos oferece. Damos aqui um breve resumo do que pudemos meditar nestes cinco dias.

Todo Discurso Apocalíptico é uma tentativa para ajudar as comunidades perseguidas a situar-se dentro do conjunto do plano de Deus e assim terem esperança e coragem para continuar firme na caminhada. No caso do Discurso Apocalíptico do evangelho de Lucas, as comunidades perseguidas viviam no ano 85. Jesus falava no ano 33. Seu discurso descreve as etapas ou sinais da realização do plano de Deus. Ao todo são 8 sinais ou períodos desde Jesus até o fim dos tempos. Lendo e interpretando sua vida à luz dos sinais dados por Jesus, as comunidades descobriam a que altura estava a execução do plano. Os sete primeiros sinais já tinham acontecido. Pertenciam todos ao passado. É sobretudo no 6° e no 7° sinal (perseguição e destruição de Jerusalém) que as comunidades encontram a imagem ou o espelho do que estava acontecendo no presente delas. Eis os sete sinais:
Introdução ao Discurso (Lc 21,5-7)
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em todos os lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome e pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
6º sinal: a perseguição dos cristãos e a missão que devem realizar (Lc 21,12-19) + Missão
7º sinal: a destruição de Jerusalém (Lc 21,20-24)

Chegando neste sétimo sinal, as comunidades concluem: “Estamos no 6° e no 7° sinal. E aqui vem a pergunta mais importante: “Quanto falta para que chegue o fim?” Quem está sendo perseguido não quer saber sobre o futuro distante. Mas quer saber se vai estar vivo no dia seguinte ou se terá força para aguentar a perseguição até o dia seguinte. A resposta a esta pergunta inquietante vem no oitavo sinal:
8º sinal: mudanças no sol e na lua (Lc 21,25-26) anunciam a chegada do Filho do Homem. (Lc 21,27-28).

Conclusão: falta pouco, tudo está conforme o plano de Deus, tudo é dor de parto, Deus está conosco. Dá para aguentar. Vamos testemunhar nossa fé na Boa Nova de Deus trazida por Jesus.

No fim, Jesus confirma tudo com a sua autoridade (Lc 21,29-33).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede vigilância para não sermos surpreendidos pelos fatos. Como vivo este conselho de Jesus?
2) O último pedido de Jesus no fim do ano eclesiástico é este: Fiquem atentos, e rezem todo o tempo. Como vivo este conselho de Jesus em minha vida?

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sexta-feira da 34ª semana do Tempo Comum

Rezemos pelas Almas do Purgatório
Evangelho (Lc 21,29-33): E Jesus contou-lhes uma parábola: «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».

Comentário: Diácono D. Evaldo PINA FILHO (Brasília, Brasil)

Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto.

Hoje nós somos convidados por Jesus a ver os sinais que se descortinam no nosso tempo e época e a reconhecer nestes sinais a aproximação do Reino de Deus. O convite é para que repousemos o nosso olhar na figueira e nas outras árvores— «Olhai a figueira e todas as árvores» (Lc 21,29)— e para que fixemos nossa atenção naquilo que percebemos estar acontecendo nelas: «basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21,30). As figueiras começavam a brotar. Os botões começavam a surgir. Não era apenas a expectativa das flores ou dos frutos viriam a surgir, mas, sobretudo o prenúncio do verão, em que todas as árvores “começam a brotar”.

Segundo o Papa Bento XVI, «a Palavra de Deus impele-nos a mudar o nosso conceito de realismo». Efetivamente, «realista é quem conhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus». Essa Palavra viva que nos indica o verão como sinal de proximidade e de exuberância da luminosidade é a própria Luz: «quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto» (Lc 21,31). Neste sentido, «a Palavra já não é apenas audível, não possui apenas uma voz, agora a Palavra tem um rosto (...) que podemos ver: Jesus de Nazaré” (Bento XVI).

A comunicação de Jesus com o Pai foi perfeita; e tudo o que Ele recebeu do Pai, Ele deu-nos a nós, comunicando-se da mesma forma perfeita conosco. Assim, a proximidade do Reino de Deus, que expressa a livre iniciativa de Deus que vem ao nosso encontro, deve mover-nos a reconhecer a proximidade do Reino, para que também nós nos comuniquemos de forma perfeita com o Pai por meio da Palavra do Senhor – Verbum Domini -, reconhecendo os sinais do Reino de Deus que está perto como realização das promessas do Pai em Cristo Jesus.

Comentário: + Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona, Espanha)

O Reino de Deus está perto.

Hoje, Jesus convida-nos a ver como brota a figueira, símbolo da Igreja que se renova periodicamente graças àquela força interior que Deus lhe comunica (recordemos a alegoria da videira e dos ramos, cf. Jo 15): «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21, 29-30).

O discurso escatológico que lemos nestes dias, segue um estilo profético que distorce deliberadamente a cronologia, de maneira que põe no mesmo plano acontecimentos que hão de acontecer em momentos diversos. O fato de que no fragmento escolhido para a leitura de hoje tenhamos um âmbito muito reduzido, dá-nos pé para pensar que teríamos que entender o que se nos diz como algo dirigido a nós, aqui e agora: «esta geração não passará antes de tudo aconteça» (Lc 21,32). De fato, Orígenes comenta: «Tudo isto pode suceder em cada um de nós; em nós pode ficar destruída a morte, definitiva inimiga nossa».

Eu queria falar hoje como os profetas: estamos a ponto de contemplar um grande broto na Igreja. Vede os sinais dos tempos (cf Mt 16,3). Rapidamente ocorrerão coisas muito importantes. Não tenhais medo. Permanecei no vosso lugar. Semeai com entusiasmo. Depois podereis recolher formosas colheitas (cf. Sal 126,6). É verdade que o homem inimigo continuará a semear a discórdia. O mal não ficará separado até ao fim dos tempos (cf. Mt 13,30). Mas o Reino de Deus já está aqui entre nós. E abre caminho, ainda que com muito esforço (cf. Mt 11,12).

O Papa João Paulo II dizia-nos no início do terceiro milênio: «Duc in altum» (cf. Lc 5,4). Às vezes temos a sensação de não fazer nada proveitoso, ou inclusive de retroceder. Mas estas impressões pessimistas procedem de cálculos excessivamente humanos, ou da má imagem que malevolamente difundem de nós alguns meios de comunicação. A realidade escondida, que não faz ruído, é o trabalho constante realizado por todos com a força que nos dá o Espírito Santo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33).

* Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”.  Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).

* Lucas 21,32-33:
“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!

* A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará!  Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!

No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia!  Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!”(Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?