Bto Charles de Foucald, presbítero |
1ª Leitura (Ap
22,1-7): O Anjo do Senhor mostrou-me a mim, João, um
rio de água viva, resplandecente como cristal, que brotava do trono de Deus e
do Cordeiro. No meio da praça da cidade, entre os dois braços do rio, está a
árvore da vida; produz doze colheitas, uma em cada mês, e as suas folhas servem
para curar as nações. Toda a maldição deixará de existir. O trono de Deus e do
Cordeiro estará na cidade e os seus servos prestar-Lhe-ão culto; verão a sua
face e o seu nome estará escrito nas suas frontes. Nunca mais haverá noite, nem
precisarão da luz da lâmpada nem da luz do sol, porque brilhará sobre eles a
luz do Senhor Deus e reinarão pelos séculos dos séculos. Disse-me o Anjo:
«Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor Deus, que inspira os profetas,
enviou o seu Anjo para mostrar aos seus servos o que há de acontecer muito em
breve: ‘Eu virei sem demora. Felizes aqueles que observam as palavras da
profecia deste livro’».
Salmo Responsorial: 94
R. Marana tha! Vinde, Senhor Jesus.
Vinde,
exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso Salvador. Vamos à sua
presença e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Em sua mão
estão as profundezas da terra e pertencem-Lhe os cimos das montanhas. D’Ele é o
mar, foi Ele quem o fez, d’Ele é a terra firme, que suas mãos formaram.
Vinde,
prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. O Senhor é o nosso
Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Aleluia. Vigiai e orai
em todo o tempo, para vos apresentardes sem temor diante do Filho do homem.
Aleluia.
Evangelho (Lc
21,34-36): Naquele tempo, Jesus disse aos seus
discípulos: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos
excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de
repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de
toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de
conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante
do Filho do Homem».
«Ficai atentos e orai
a todo momento»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Hoje,
último dia do Tempo Comum, Jesus adverte-nos com clareza meridiana sobre a
sorte da nossa passagem por esta vida. Se nos empenhamos, obstinadamente, em
viver absorvidos pelos afazeres imediatos da vida, chegará o último dia da
nossa existência terrena tão de repente que a própria cegueira da nossa gula
nos impedirá de reconhecer o mesmíssimo Deus que virá (porque aqui estamos de
passagem, sabia?) para levar-nos à intimidade do Seu Amor infinito. Será
qualquer coisa como o que ocorre com um menino malcriado: está tão entretido
com os seus brinquedos, que no final esquece o carinho dos seus pais e a
companhia dos seus amigos. Quando se dá conta, chora desconsolado pela sua
inesperada solidão.
O antídoto
que Jesus nos oferece é igualmente claro: «ficai atentos e orai a todo momento»
(Lc 21, 36). Vigiar e orar … O mesmo aviso que deu aos seus Apóstolos na noite
em que foi traído. A oração tem uma componente admirável de profecia, muitas
vezes esquecida na pregação, ou seja de passar de mero “ver” a “observar” o
quotidiano na sua mais profunda realidade. Como escreveu Evágrio Pôntico, «a
vista é o melhor de todos os sentidos; a oração é a mais divina de todas as
virtudes». Os clássicos da espiritualidade chamam-lhe “visão sobrenatural”,
olhar com os olhos de Deus. Ou o que é o mesmo, conhecer a Verdade: de Deus, do
mundo, de mim próprio. Os profetas foram, não só os que “pregaram o que haveria
de vir”, mas também os que sabiam interpretar o presente na sua justa medida,
alcance e densidade. Resultado: souberam reconduzir a história, com a ajuda de
Deus.
Tantas
vezes nos lamentamos da situação do mundo. – Onde iremos parar? Dizemos. Hoje,
que é o último dia do Tempo Comum, é dia também de resoluções definitivas. Quem
sabe, já está na hora de mais alguém estar disposto a levantar-se da sua
embriaguez do presente e ponha mãos à obra de um futuro melhor. Quer ser você?
Pois, ânimo! E que Deus o abençoe.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Estamos
chegando ao fim do longo discurso apocalíptico e também ao fim do ano
eclesiástico. Jesus dá um último conselho convocando-nos para a vigilância (Lc
21,34-35) e para a oração (Lc 21,36).
* Lucas 21,34-35: Cuidado para não
perder a consciência crítica
“Tomem
cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula,
da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre
vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a
face de toda a terra”. Um conselho
semelhante Jesus já tinha dado quando perguntaram a ele sobre a chegada do
Reino (Lc 17,20-21). Ele respondeu que a chegada do Reino acontece como o
relâmpago. Vem de repente, sem aviso prévio. As pessoas devem estar atentos e
preparados, sempre (Lc 17,22-27). Quando a espera é longa, corremos o perigo de
ficar desatentos e não dar mais atenção aos acontecimentos. “Os corações ficam
insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Hoje,
as muitas distrações nos tornam insensíveis e a propaganda pode até perverter
em nós o sentido da vida. Alheios ao sofrimento de tanta gente no mundo, já não
percebemos as injustiças que se cometem.
* Lucas 21,36: Oração como fonte de
consciência crítica e de esperança
“Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim
de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé
diante do Filho do Homem". A oração
constante é um meio muito importante para não perdermos a presença do espírito.
Ela aprofunda em nosso coração a consciência da presença de Deus no meio de nós
e, assim, traz força e luz para aguentarmos os dias maus e crescermos na
esperança.
* Resumo do Discurso Apocalíptico
(Lc 21,5-36)
Passamos
cinco dias em seguida, de terça feira até hoje sábado, meditando e aprofundando
o significado do Discurso Apocalíptico para as nossas vidas. Todos os três
evangelhos sinóticos trazem este discurso de Jesus, cada um a seu modo.
Procuramos ver de perto a versão que o evangelho de Lucas nos oferece. Damos
aqui um breve resumo do que pudemos meditar nestes cinco dias.
Todo
Discurso Apocalíptico é uma tentativa para ajudar as comunidades perseguidas a
situar-se dentro do conjunto do plano de Deus e assim terem esperança e coragem
para continuar firme na caminhada. No caso do Discurso Apocalíptico do
evangelho de Lucas, as comunidades perseguidas viviam no ano 85. Jesus falava
no ano 33. Seu discurso descreve as etapas ou sinais da realização do plano de
Deus. Ao todo são 8 sinais ou períodos desde Jesus até o fim dos tempos. Lendo
e interpretando sua vida à luz dos sinais dados por Jesus, as comunidades
descobriam a que altura estava a execução do plano. Os sete primeiros sinais já
tinham acontecido. Pertenciam todos ao passado. É sobretudo no 6° e no 7° sinal
(perseguição e destruição de Jerusalém) que as comunidades encontram a imagem
ou o espelho do que estava acontecendo no presente delas.
Eis os sete
sinais:
Introdução ao Discurso (Lc 21,5-7)
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um
reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em todos os lugares (Lc
21,11);
5º sinal: fome e pestes e sinais no céu (Lc
21,11);
6º sinal: a perseguição dos cristãos e a
missão que devem realizar (Lc 21,12-19) + Missão
7º sinal: a destruição de Jerusalém (Lc
21,20-24)
Chegando
neste sétimo sinal, as comunidades concluem: “Estamos no 6° e no 7° sinal. E
aqui vem a pergunta mais importante: “Quanto falta para que chegue o fim?” Quem
está sendo perseguido não quer saber sobre o futuro distante. Mas quer saber se
vai estar vivo no dia seguinte ou se terá força para aguentar a perseguição até
o dia seguinte. A resposta a esta pergunta inquietante vem no oitavo sinal:
8º sinal:
mudanças no sol e na lua (Lc 21,25-26) anunciam a chegada do Filho do Homem.
(Lc 21,27-28).
Conclusão: falta pouco, tudo está conforme o
plano de Deus, tudo é dor de parto, Deus está conosco. Dá para aguentar. Vamos
testemunhar nossa fé na Boa Nova de Deus trazida por Jesus.
No fim,
Jesus confirma tudo com a sua autoridade (Lc 21,29-33).
Para um confronto pessoal
1) Jesus pede vigilância para não sermos surpreendidos
pelos fatos. Como vivo este conselho de Jesus?
2) O último pedido de Jesus no fim do ano eclesiástico é
este: Fiquem atentos, e rezem todo o tempo. Como vivo este conselho de Jesus em
minha vida?