quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Sexta-feira da 22ª semana do Tempo Comum

São Brocardo, Segundo Prior Geral de Nossa Ordem

1ª Leitura (1Cor 4,1-5): Irmãos: Todos nos devem considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora o que se requer nos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano; nem sequer me julgo a mim próprio. De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que estou justificado: quem me julga é o Senhor. Portanto, não façais qualquer juízo antes do tempo, até que venha o Senhor, que há de iluminar o que está oculto nas trevas e manifestar os desígnios dos corações. E então cada um receberá da parte de Deus o louvor que merece.

Salmo Responsorial: 36
R. A salvação dos justos vem do Senhor.

Confia no Senhor e pratica o bem, possuirás a terra e viverás tranquilo. Põe no Senhor as tuas delícias e Ele satisfará os anseios do teu coração.

Confia ao Senhor o teu destino e tem confiança, que Ele atuará. Fará brilhar a tua luz como a justiça e como o sol do meio-dia os teus direitos.

Afasta-te do mal e pratica o bem e permanecerás para sempre; porque o Senhor ama a justiça e não desampara os que Lhe são fiéis.

A salvação dos justos vem do Senhor, Ele é o seu refúgio no tempo da tribulação. O Senhor os ajuda e defende, porque n’Ele procuraram refúgio.

Aleluia. Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor; quem Me segue terá a luz da vida. Aleluia.

Evangelho (Lc 5,33-39): Naquele tempo, os fariseus e os escribas disseram Jesus: «Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com frequência e fazem orações, mas os teus discípulos comem e bebem». Jesus, então, lhes disse: «Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, então, quando o noivo lhes for tirado, naqueles dias vão jejuar». Contou-lhes ainda uma parábola: «Ninguém corta um remendo de roupa nova para costurá-lo em roupa velha. Caso contrário, o novo rasga o velho, e o remendo de roupa nova não combina com a roupa velha. Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os odres. Vinho novo em odres novos». E disse ainda: «Ninguém que tomou vinho envelhecido, deseja vinho novo, pois diz: O velho é melhor».

«Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo está com eles?»

Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)

Hoje, em nossa reflexão sobre o Evangelho, vemos a armadilha que os fariseus e os mestres da Lei fazem, quando corrompem uma questão importante: simplesmente, eles contrapõem em jejuar e rezar dos discípulos de João e dos fariseus ao comer e beber dos discípulos de Jesus.

Jesus Cristo nos diz que na vida há um tempo para jejuar e rezar, e que há um tempo de comer e beber. Isto é: a mesma pessoa que reza e jejua é a mesma que come e bebe. Vemos na vida cotidiana: contemplamos a alegria simples de uma família, talvez de nossa própria família. E vemos que, em outro momento, a tribulação visita aquela família. Os sujeitos são os mesmos, mas cada coisa ao seu tempo: «Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo está com eles? Dias virão...» (Lc 5,34).

Tudo tem seu momento; sob o céu há um tempo para cada coisa: «Um tempo de rasgar e um tempo de coser» (Qo 3,7). Estas palavras ditas por um sábio do Antigo Testamento, não exatamente dos mais otimistas, quase coincidem com a simples parábola do vestido remendado. E com certeza coincide de alguma maneira com nossa própria experiência. A equivocação é que no tempo de coser, rasguemos, e que durante o tempo de rasgar, cosamos. É então quando nada dá certo.

Nós sabemos que como Jesus Cristo, pela sua paixão e morte, chegaremos à gloria da Ressurreição, e que não todo outro caminho é o caminho de Deus. Exatamente, Simão Pedro é admoestado quando quer distanciar o Senhor do único caminho: «Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!» (Mt 16,23). Se puder gozar de uns momentos de paz e de alegria, devemos aproveitá-los. Com certeza já nos virão momentos difíceis de jejum. A única diferença é que, felizmente, sempre teremos ao noivo conosco. E isso os fariseus não sabiam e, talvez por isso, no Evangelho quase sempre se apresentam como pessoas mal-humoradas. Admirando a suave ironia do Senhor que se reflete no Evangelho de hoje, sobretudo, procuremos não ser pessoas mal-humoradas.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Queres aplacar Deus? Saiba o que você tem que fazer consigo mesmo para que Deus lhe seja favorável. Meu sacrifício é um espírito quebrantado; um coração quebrantado e humilhado, você não o despreza. Este é o sacrifício que hás de oferecer» (Santo Agostinho)

«O Evangelho é uma festa! E só se pode viver plenamente com um coração alegre e renovado. Que o Senhor nos dê a graça de não ficarmos presos, mas a graça da alegria e da liberdade que a novidade do Evangelho nos traz» (Bento XVI)

«Os sacramentos, como ‘Forças que saem’ do Corpo de Cristo, sempre vivo e vivificante: ações do Espírito Santo que opera no seu Corpo que é a Igreja, os sacramentos são “as obras-primas de Deus”, na nova e eterna Aliança» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1116)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).

* Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum. Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, pregado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.

* Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.

* No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).

* Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo! Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.

Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.

Para um confronto pessoal
1. Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”?  Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?

terça-feira, 30 de agosto de 2022

2 de setembro

 São Brocardo
Segundo Prior Geral de Nossa Ordem
 
São Brocardo nasceu em Jerusalém, de pais franceses que se aplicaram em dar-lhe uma educação cristã. Muito cedo sentiu ele o vazio e o nada deste mundo, pelo que decidiu retirar-se para o Monte Carmelo, onde o seu fervor cresceu mais ainda, sob a influência das lições de São Bertholo e dos exemplos de tantos e tão admiráveis religiosos. Lá se devotou de tal sorte no serviço de Deus e da SS. Virgem Maria, que atingiu alto grau de santidade. E assim, após a morte de São Bertoldo, foi, por unanimidade, eleito seu sucessor no governo da Ordem, em 1195. Foi ele quem, se dirigiu ao Patriarca de Jerusalém, a fim de obter aquelas regras cheias de sabedoria que, em 1207, Santo Alberto escreveu para o caro filho Brocardo “e outros eremitas que, sob sua obediência, viviam no Monte Carmelo, junto à Fonte de Elias.” Morreu aos 2 de setembro de 1230, segundo uns e 1231, segundo outros. Foi enterrado no Monte Carmelo, onde ainda se mostra o seu túmulo. Antes de expirar, recomendou aos seus discípulos, que jamais abandonassem as pegadas da augustíssima Virgem Maria e do Patriarca Santo Elias.
 
INVITATÓRIO
Ant. Aclamemos o Senhor, na festa de São Brocardo
 
LAUDES
Hino
Condutor esclarecido
das ovelhas do Senhor,
vivias só para elas,
à imagem do bom Pastor.
 
Nos momentos de perigo,
tu nunca as deixaste sós;
quando chamavas por elas,
conheciam tua voz.
 
A pastagens verdejantes
levavas os teus cordeiros,
por caminhos de doutrina
seguros e verdadeiros.
 
Na condução das ovelhas
tu ias sempre adiante,
contra todos os perigos
sentinela vigilante.
 
Seus celeiros o Senhor
entregou-te como amigo,
e a todos soubeste dar
sua medida de trigo.
 
Que para sempre teu nome
bendito e exaltado seja,
luzeiro do firmamento
e glória da Santa Igreja.
 
Salmodia do dia corrente.
 
Leitura Breve - Hebr. 13, 7-9a
Lembrai-vos dos vossos chefes, que vos anunciaram a palavra de Deus. Considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé. Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem, hoje e por toda a eternidade. Não vos deixeis transviar por doutrinas incertas e estranhas.
 
Responsório Breve
v. A lei de Deus está no seu coração.
R. A lei de Deus está no seu coração.
v. Os seus passos não vacilam.
R. A lei de Deus está no seu coração.
v. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. A lei de Deus está no seu coração
 
Cântico Evangélico
Ant. Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu Salvador, porque esta é a geração dos que procuram o Senhor
 
Preces
Glorifiquemos, irmãos, a Cristo, nosso Deus e Senhor, e, pedindo-lhe que nos ensine a servi-lo em santidade e justiça na sua presença todos os dias da nossa vida, aclamemo-lo dizendo:
 
R. Senhor, só vós sois santo.
 
Senhor Jesus, que quisestes ser igual a nós, em tudo menos no pecado,
— tende piedade de nós. R.
 
Senhor Jesus, que nos chamastes à perfeição da caridade,
— santificai­nos sempre mais. R.
 
Senhor Jesus, que nos mandastes ser sal da terra e luz do mundo,
— iluminai a nossa vida. R.
 
Senhor Jesus, que viestes ao mundo para servir e não para ser servido,
— ensinai-nos a servir-vos humildemente nos nossos irmãos. R.
 
Senhor Jesus, esplendor da glória do Pai e perfeita imagem do ser divino,
— fazei que cheguemos a contemplar o vosso rosto na glória celeste. R.
 
Pai nosso
 
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, santificai vossos servos, pois, ao venerar São Brocardo, vos rogamos humildemente que, por seus méritos, nos livreis de toda adversidade.  Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS
Hino
Jesus, prêmio e coroa
de teus servos fiéis,
glorifica o teu nome,
neste dia de festa.
 
Concede a nós carmelitas
peregrinos de Deus,
a paz e a liberdade
e a vitória final.
 
O santo prior Brocardo
seguindo tuas pegadas
no caminho da cruz
agradou a Deus Pai.
 
Da cidade dos Santos,
onde reina glorioso,
ele nos guie e proteja
nos caminhos do Reino.
 
Glória a Ti, Jesus Cristo,
glória ao Pai e ao Espírito,
na terra e nos Céus,
agora e para sempre.
 
Salmodia do dia corrente.
 
Leitura Breve - Filip 3, 7-8a
Tudo o que para mim era lucro, considerei-o como perda por causa de Cristo. Mais ainda: considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo.
 
Responsório breve
v. O Senhor é justo e ama a justiça.
R. O Senhor é justo e ama a justiça.
v. Os homens retos contemplarão a sua face. R.
v. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. R.
 
Cântico Evangélico
Ant. O Senhor é a minha herança. O Senhor é bom para a alma que o procura.
 
Preces
Peçamos a Deus Pai, fonte de toda a santidade, que, pela intercessão e exemplo dos Santos, nos conduza a uma vida mais perfeita; e digamos:
 
R. Fazei-nos santos, porque vós sois santo.
 
Pai santo, que nos destes a graça de nos chamarmos e sermos realmente vossos filhos,
— fazei que a santa Igreja cante as vossas maravilhas por toda a terra. R.
 
Pai santo, inspirai os vossos servos a viver dignamente, segundo a vossa vontade,
— e ajudai-nos a dar fruto abundante de boas obras. R.
 
Pai santo, que nos reconciliastes convosco por meio de Cristo,
— conservai-nos na unidade por amor do vosso nome. R.
 
Pai santo, que nos chamastes ao convívio do vosso reino,
— fazei que, comungando o Pão descido do Céu, alcancemos a perfeição da caridade. R.
 
(intenções livres)
 
Pai santo, perdoai aos pecadores as suas culpas
— e levai os defuntos a contemplar no Céu a luz do vosso rosto. R.
 
Pai nosso...
 
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, santificai vossos servos, pois, ao venerar São Brocardo, vos rogamos humildemente que, por seus méritos, nos livreis de toda adversidade.  Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo

Quinta-feira da 22ª semana do Tempo Comum

S. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus (Redi), Virgem de nossa Ordem

1ª Leitura (1Cor 3,18-23): Irmãos: Ninguém tenha ilusões. Se alguém entre vós se julga sábio aos olhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, como está escrito: «Apanharei os sábios na sua própria astúcia». E ainda: «O Senhor sabe como são vãos os pensamentos dos sábios». Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.

Salmo Responsorial: 23
R. Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe.

Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu santuário? O que tem as mãos inocentes e o coração puro, que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.

Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu Salvador. Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face do Deus de Jacó.

Aleluia. Vinde comigo, diz o Senhor, e farei de vós pescadores de homens. Aleluia.

Evangelho (Lc 5,1-11): Certo dia, Jesus estava à beira do lago de Genesaré, e a multidão se comprimia a seu redor para ouvir a Palavra de Deus. Ele viu dois barcos à beira do lago; os pescadores tinham descido e lavavam as redes. Subiu num dos barcos, o de Simão, e pediu que se afastasse um pouco da terra. Sentado, desde o barco, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca». Simão respondeu: «Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes». Agindo assim, pegaram tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Fizeram sinal aos companheiros do outro barco, para que viessem ajudá-los. Eles vieram e encheram os dois barcos a ponto de quase afundarem. Vendo isso, Simão Pedro caiu de joelhos diante de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!». Ele e todos os que estavam com ele ficaram espantados com a quantidade de peixes que tinham pescado. O mesmo ocorreu a Tiago e João, filhos de Zebedeu e sócios de Simão. Jesus disse a Simão: «Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens!». Eles levaram os barcos para a margem, deixaram tudo e seguiram Jesus.

«Avança mais para o fundo»

Rev. D. Pedro IGLESIAS Martínez (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje, continua a surpreender-nos comprovar como aqueles pescadores foram capazes de deixar os seus trabalhos, as suas famílias, e seguir Jesus («Deixaram tudo e seguiram Jesus»: Lc 5,11), precisamente quando Este se manifesta diante deles como um excepcional colaborador para o negócio que lhes dá o sustento. Se Jesus de Nazaré nos fizesse a proposta a nós, no nosso século XXI..., Teríamos a coragem daqueles homens? Seriamos capazes de perceber qual é verdadeiro lucro?

Nós os cristãos acreditamos que Cristo está eternamente presente; por isso, esse Cristo que está ressuscitado pede-nos, já não a Pedro, a João ou a Tiago, mas ao Francisco, ao José Manuel, a Paula, e a todos e cada um de nós que dizemos que Ele é o Senhor, repito, pede-nos desde o texto de Lucas que o acolhamos no barco da nossa vida, porque quer descansar junto de nós; pede-nos que O deixemos servir-se de nós, que lhe permitamos mostrar até onde orientar a nossa existência para ser fecundos no meio de uma sociedade cada vez mais distanciada e necessitada da Boa Nova. A proposta é atraente, só nos falta saber e querer despojar-nos dos nossos medos, dos nossos "o que dirão" e tomar rumo a águas mais profundas, que é o mesmo que dizer, a horizontes mais distantes do que aqueles que constrangem o nosso quotidiano medíocre de perturbações e desânimos. «Quem tropeça no caminho, por pouco que avance, sempre se aproxima da meta; quem corre fora dele, quanto mais corre mais se afasta da meta» (S. Tomás de Aquino).

«Duc in altum»; «Avança mais para o fundo» (Lc 5,4): Não nos queremos nas costas de um mundo que vive olhando para o seu umbigo! A nossa navegação pelos mares da vida nos conduzirá até atracar na terra prometida, a singrar nesse Céu esperado que é o regalo do Pai, mas indivisivelmente, também trabalho do homem —teu, meu— ao serviço dos outros no barco da Igreja. Cristo conhece bem os pesqueiros, de nós depende: ou no porto do nosso egoísmo, ou em direção aos Seus horizontes.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A melhor pesca é, sem dúvida, aquela com que o Senhor gratificou ao discípulo, quando o ensinou a pescar homens, como os peixes se pescam na água» (Clemente de Alexandria)

«Quem se confessa a Jesus sabe que não pode crer com tibieza, mas tem de correr o risco de ir mar adentro, renovando cada dia o dom de si mesmo» (Francisco)

«(…) Toda a Igreja é apostólica, na medida em que é ‘enviada’ a todo o mundo. Todos os membros da Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio. ‘A vocação cristã é também, por natureza, vocação para o apostolado’ (Concílio Vaticano II) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 863)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.

* Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca. O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.

* Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!" Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!

* Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente. A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.

* Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!" A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!"  Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.

* O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!

Para um confronto pessoal
1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?
2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?

1º de setembro

 Sta. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus (Redi)
Virgem de nossa Ordem
 
Nasceu em Arezzo (Toscana) da nobre família Redi, no ano 1747. Entrou para as Carmelitas Descalças de Florença no dia 1º de setembro de 1764. Enriquecida com a singular experiência contemplativa da expressão do Apóstolo S. João «Deus é amor», sentiu o chamamento à vida oculta pelo caminho do amor e da imolação de si mesma. Consumou a sua vocação e confirmou-a com o heroico exercício da caridade fraterna. Entrou na posse plena do amor de Deus no ano 1770 no Carmelo de Florença.
 
INVITATÓRIO
Ant. Vinde, adoremos o Senhor, Rei das virgens.
 
LAUDES
Hino
De perfume, ó flor da graça,
do Carmelo encheste as celas;
no Céu, hoje, coroada,
brilhas, joia das mais belas.
 
Ó Margarida, que fulguras
entre os coros virginais
que vão seguindo o Cordeiro,
entre cantos nupciais.
 
Concede-nos que andemos
no amor íntimo do Esposo,
para ser, Cristo somente,
nossa vida, paz e gozo.
 
Faze-nos sempre sentir,
do Pai, a excelsa ternura,
que é primeiro amor e único,
fonte de pura doçura.
 
Por ti nos infunda o Espírito,
da vida eterna, o caudal;
retribuir desejamos,
o seu amor paternal.
 
Tu, que sentiste a Trindade,
dá-nos tal graça também,
e, contigo, a sua glória
cantemos para sempre. Amém.
 
Salmodia do dia corrente.
 
Leitura breve - Cl 3,1-4
Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus', aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres, pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós também aparecereis com ele, revestidos de glória.
 
Responsório breve
R. Falou-me o coração, * procurei a vossa face. R. Falou-me.
V. A vossa face eu procuro, Senhor. * Procurei. Glória ao Pai.
R. Falou-me.
 
Cântico evangélico
Ant. Sou o Caminho, a Verdade e a Vida: ninguém chega ao Pai senão por mim.
 
Preces
Adoremos a Cristo, chave de todos os segredos do Pai; e digamos com fé:
 
R. Senhor, mostrai-nos o Pai!
 
Cristo, que sois o Caminho, a Verdade e a Vida,
- sede o nosso caminho para chegarmos ao Pai. R.
 
Vós, que sois a Luz do mundo e o Esplendor da glória do Pai,
- iluminai a noite escura da nossa fé, enquanto caminhamos para o Pai. R.
 
Cristo, Palavra do Pai, que vos fizestes carne, e chamastes Santa Teresa Margarida para imitar pela fé vossa intimidade com o Pai,
- concedei-nos perseverar sempre na vida escondida convosco em Deus. R.
 
Jesus, espelho e prêmio da humildade, que viestes não para ser servido, mas para servir,
- ensinai-nos hoje a realizar os serviços mais humildes, agradáveis ao Pai, que vê no segredo. R.
 
Cristo, Palavra de Deus, que vos fizestes passível e paciente no meio de nós,
- fazei que, a exemplo de Santa Teresa Margarida, sigamos a vós crucificado por amor da vossa Igreja, que é o vosso Corpo. R.
 
Jesus, que tanto amastes a vossa Mãe, companheira fiel na obra da Salvação,
- fazei que, por intercessão de Maria, estejamos prontos a realizar com amor a vontade do Pai. R.
(intenções livres)
 
Pai Nosso
 
Oração
Senhor, Nosso Deus, que concedestes a Santa Teresa Margarida encontrar no Coração do Salvador tesouros inestimáveis de humildade e caridade, concedei-nos, por sua intercessão, jamais nos separarmos do amor de Jesus, vosso Filho, que é um só Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS
Hino
Ó santa virgindade,
Imagem do Deus incorruptível,
Arvore da vida!
 
Ó santa virgindade,
Coroa de glória e cetro do Reino,
Espelho do Deus imortal!
 
Ó santa virgindade,
Harmonia de um mistério admirável,
Como são belas as coroas
E as vitórias dos teus combates!
 
Ó santa virgindade,
Luz da liberdade e vida celeste,
Templo de Deus e morada do grande Rei!
 
Ó santa virgindade,
Paraíso do Omnipotente,
Herança da família do Deus imortal!
 
Ó santa virgindade,
Glória de Deus, fraternidade dos Anjos,
Árvore florescente de perpétua santidade!
 
Ó santa virgindade,
Em ti se completa a vitória de Cristo,
Em ti resplandece o poder do Omnipotente,
Em ti repousa o Espírito de Deus.
 
Leitura breve - 1Jo 4,16b
Deus é Amor: quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.
 
Responsório breve
R. Águas torrenciais'* jamais apagarão o amor! R. Águas.
V. Nem os rios poderão afogá-lo! * Jamais. Glória ao Pai.
R. Águas.
 
Cântico evangélico
Ant. Assim como o Pai me amou também eu vos amei: permanecei no meu amor.
 
Preces
Louvemos a Cristo, que no amor de Deus e do próximo nos legou o seu mandamento supremo; confiantes supliquemos:
 
R. Concedei-nos, Senhor, o vosso amor.
 
Cristo, que no vosso Coração nos revelastes o amor eterno do Pai,
- fazei-nos testemunhas vivas do Divino Amor. R.
 
Cristo, que viestes trazer o fogo à terra,
-inflamai-nos na fogueira deste amor, que abrasava o coração de Santa Teresa Margarida. R
 
Vós, que sempre fizestes o que agrada ao Pai,
- fazei que a nossa vida seja em tudo uma homenagem de amor filial ao Amor do Pai. R.
 
Vós, que fizestes do nosso próximo o sacramento da vossa presença,
- concedei que vos sirvamos com amor em todos os irmãos e irmãs, e vos descubramos em cada um deles. R.
 
(intenções livres)
 
Vós, que vos apressastes em chamar na flor da idade Santa Teresa Margarida abrasada no vosso amor,
_ apressai-vos em receber quanto antes no Reino eterno do Amor os nossos irmãos e irmãs falecidos. R.
 
Pai Nosso
 
Oração
Senhor, Nosso Deus, que concedestes a Santa Teresa Margarida encontrar no Coração do Salvador tesouros inestimáveis de humildade e caridade, concedei-nos, por sua intercessão, jamais nos separarmos do amor de Jesus, vosso Filho, que é um só Deus convosco na unidade do Espírito Santo.