terça-feira, 31 de janeiro de 2017

1º de fevereiro

Beata Candelária de Santo José
Virgem de nossa Ordem


Candelária de São José (Susana Paz Castillo Ramírez), nasceu em Altagracia de Orituco, Venezuela, em 11 de agosto de 1863. Distinguiu-se por seu amor aos enfermos e aos pobres. Junto com outras jovens de sua cidade e com o apoio de um grupo de médicos e do padre Sixto Sosa, pároco de Altagracia de Orituco, fundou um hospital para atender a todos os necessitados, começando com isto a fundação da Congregação das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia, atualmente denominada Irmãs Terceiras Carmelitas Regulares também conhecidas como Carmelitas da Madre Candelária ou Venezuelanas.  Morreu em 31 de janeiro de 1940. Foi beatificada em 27 de abril de 2008 em Caracas (Venezuela).

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Oração
Ó Deus que vos alegrais em habitar nos corações puros, concedei-nos, por intercessão da beata Candelária de São José, viver, por vossa graça, de tal maneira que mereçamos ter-vos sempre conosco.  Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Quarta-feira da 4ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 6,1-6): Saindo dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. No sábado, ele começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiravam. «De onde lhe vem isso?», diziam. «Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?» E ele se tornou para eles uma pedra de tropeço. Jesus, então, dizia-lhes: «Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os parentes e na própria casa». E não conseguia fazer ali nenhum milagre, a não ser impor as mãos a uns poucos doentes. Ele se admirava da incredulidade deles. E percorria os povoados da região, ensinando.

«De onde lhe vem isso? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos?»

Rev. D. Miquel MASATS i Roca (Girona, Espanha)

Hoje o Evangelho nos mostra como Jesus via à sinagoga de Nazaré, o lugar onde ele tinha sido criado. O sábado é o dia dedicado ao Senhor e os judeus se reúnem para escutar a Palavra de Deus. Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. (cf. Mc 1,22).

Deus nos fala também hoje mediante a Escritura. Na sinagoga se leem as Escrituras e, depois, um dos entendidos se ocupava de comentá-las, mostrando seu sentido e a mensagem que Deus quer transmitir através delas. Atribui-se a Santo Agostinho a seguinte reflexão: «Assim como em oração nós falamos com Deus, na leitura é Deus quem nos fala».

O fato de que Jesus, Filho de Deus, seja conhecido entre seus concidadãos por seu trabalho, nos oferece uma perspectiva insuspeitada para nossa vida ordinária. O trabalho profissional de cada um de nós é meio de encontro com Deus e, portanto, realidade santificável e santificadora. Com palavras de São Josémaria Escrivá: «Vossa vocação humana é parte, e parte importante, de vossa vocação divina. Esta é a razão pela qual devemos santificá-lo contribuindo ao mesmo tempo, à santificação dos outros, de vossos semelhantes, santificando vosso trabalho e vosso ambiente: essa profissão ou oficio que enche vossos dias, que dá fisionomia peculiar a vossa personalidade humana, que é vossa maneira de estar no mundo; esse lar, essa vossa família; e essa nação, em que nascestes e a que amas».

Acaba a passagem do Evangelho dizendo que Jesus «Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas» (Mc 6,5-6). Também hoje o Senhor nos pede mais fé Nele para realizar coisas que superam nossas possibilidades humanas. Os milagres manifestam o poder de Deus e a necessidade que temos Dele na nossa vida de cada dia.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

Bta Candelária de São José
Virgem de nossa Ordem.
* O evangelho de hoje fala da visita de Jesus a Nazaré e descreve como o povo de Nazaré se fechou e não quis aceitá-lo (Mc 6,1-6). O evangelho de amanhã descreve como Jesus se abriu para o povo da Galileia enviando seus discípulos em missão (Mc 6,7-13).

* Marcos 6,1-2ª: Jesus volta para Nazaré
 “Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga”. Sempre é bom voltar para a terra da gente e reencontrar as pessoas amigas. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi na sinagoga participar da reunião da comunidade. Jesus não era coordenador da comunidade, mesmo assim ele tomou a palavra e começou a ensinar. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião.

* Marcos 6,2b-3: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré não gostou das palavras de Jesus e ficou escandalizado. Motivo? Jesus, o moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? Eles não aceitaram o mistério de Deus presente em Jesus, um ser humano comum como eles, conhecido de todos! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles! Como se vê, nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e, sobretudo com os próprios parentes e o povo de Nazaré. Eles se recusaram a crer em Jesus, porque não conseguiam entender o mistério de Deus que envolvia a pessoa de Jesus: “De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?” Não deram conta de crer em Jesus!

* Os irmãos e as irmãs de Jesus. A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois se trata de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste” (Jo 17,21). “Quem não é contra nós é a favor” (Mc 10,39.40).

* Marcos 6,4-6. Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!” De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada e ele ficou admirado da falta de fé deles. Por isso, diante da porta fechada da sua própria comunidade, ele “começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados”. A experiência de rejeição levou Jesus a mudar sua prática. Ele se dirige aos outros povoados e, como veremos no evangelho de amanhã, ele envolve os discípulos na missão dando instruções de como devem dar continuidade à missão.

Para um confronto pessoal
1. Jesus teve problemas com seus parentes e com a sua comunidade. Desde que você começou a viver melhor o evangelho, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a sua família e seus parentes?
2. Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque faltou a fé. E hoje, será que ele encontraria fé em nós, em mim?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Terça-feira da 4ª semana do Tempo Comum


São João Bosco, Presbítero.
Evangelho (Mc 5,21-43): Jesus passou novamente para a outra margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar. Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos pés e suplicava-lhe insistentemente: «Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!». Jesus foi com ele. Uma grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados. Estava aí uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias e tinha padecido muito nas mãos de muitos médicos; tinha gastado tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se, na multidão, por detrás e tocou-lhe no manto. Ela dizia: «Se eu conseguir tocar na roupa dele ficarei curada». Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele e, voltando-se para a multidão, perguntou: «Quem tocou na minha roupa»? Os discípulos disseram: «Tu vês a multidão que te aperta, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou? ’». Ele olhava ao redor para ver quem o havia tocado. A mulher, tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe aos pés e contou toda a verdade. Jesus então disse à mulher: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença». Enquanto ainda estava falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo: «Tua filha morreu. Por que ainda incomodas o mestre?». Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas medo, somente crê». Ele não permitiu que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e lamuriavam muito. Entrando na casa, ele perguntou: «Por que essa agitação, por que chorais? A menina não morreu, ela dorme». E começaram a zombar dele. Afastando a multidão, levou consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que o acompanhavam. Entrou no lugar onde estava a menina. Pegou a menina pela mão e disse-lhe: «Talitá cum!(que quer dizer: «Menina, eu te digo, levanta-te»). A menina logo se levantou e começou a andar — já tinha doze anos de idade. Ficaram extasiados de tanta admiração. Jesus recomendou com insistência que ninguém soubesse do caso e falou para que dessem de comer à menina.

«Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença»

Rev. D. Francesc PERARNAU i Cañellas (Girona, Espanha)

Hoje o Evangelho apresenta-nos dois milagres de Jesus que nos falam da fé de duas pessoas bem diferentes. Tanto Jairo — um dos chefes da sinagoga — quanto aquela mulher doente mostram uma grande fé: Jairo tem a certeza de que Jesus pode curar a sua filha, enquanto aquela boa mulher confia em que um mínimo de contato com a roupa de Jesus será suficiente para ficar liberada de uma doença grave. E Jesus, porque são pessoas de fé, concede-lhes o favor que buscavam.

A primeira foi a mulher, aquela que pensava não era digna de que Jesus lhe dedicara tempo, aquela que não se atrevia a incomodar o Mestre nem a aqueles judeus tão influentes. Sem fazer barulho, aproxima-se e, tocando a borla do manto de Jesus, "arranca" sua cura e ela em seguida o nota em seu corpo. Mas Jesus, que sabe o que aconteceu, quer lhe dizer umas palavras: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença» (Mc 5,34).

A Jairo, Jesus pede-lhe uma fé ainda maior. Como já Deus tinha feito com Abraham no Antigo Testamento, pedirá uma fé contra toda esperança, a fé das coisas impossíveis. Comunicaram-lhe a Jairo a terrível notícia que sua filha acabara de morrer. Podemo-nos imaginar a grande dor que sentia nesse momento, e talvez a tentação da desesperação. E Jesus, que o ouviu, lhe diz: «Não tenhas medo, somente crê» (Mc 5,36). E como aqueles patriarcas antigos, crendo contra toda esperança, viu como Jesus devolvia-lhe a vida a sua amada filha.

Duas grandes lições de fé para nós. Desde as paginas do Evangelho, Jairo e a mulher que sofria hemorragias, juntamente com tantos outros, falam-nos da necessidade de ter uma fé imóvel. Podemos fazer nossa aquela bonita exclamação evangélica: «Eu creio, Senhor, ajuda-me na minha falta de fé» (Mc 9,24).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* No evangelho de hoje, vamos meditar sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer. Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade.

* O ponto de partida. Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para as duas curas, que seguem: a cura da mulher e a ressurreição da menina de doze anos.

* A situação da mulher. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o sangue tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!

* A atitude da mulher. Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante ela sentiu no corpo que estava curada.

* A reação de Jesus e dos discípulos. Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que me tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o aperta de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui aparece o desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma sensibilidade que não era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo mundo e não entenderam a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e continua indagando.

* A cura pela fé. A mulher percebeu que tinha sido descoberta. Foi um momento difícil e perigoso. Pois, conforme a crença da época, uma pessoa impura que, como aquela senhora, se metia no meio de uma multidão, contaminava todo mundo através do toque. Fazia todos ficar impuro diante de Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo, ela poderia ser apedrejada. Mas a mulher teve a coragem de assumir o que fez. “Cheia de medo e tremendo” caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus dá a palavra final: “Minha filha, sua fé curou você. Vai em paz e fique curada dessa doença!”
(1) “Minha filha”, isto é, Jesus acolhe a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao seu redor.
(2) Aquilo que ela acreditava aconteceu de fato.
(3) Jesus reconhece que sem a fé daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.

* A notícia da morte da menina. Neste momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já não adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus não conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”

* Na casa de Jairo. Jesus só permite três discípulos com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto pela morte da menina, ele diz: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). Também para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades perseguidas do tempo de Marcos parecia uma situação de morte. Elas tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá importância à risada e entra no quarto onde está a menina, só ele, os três discípulos e os pais da menina.

* A ressurreição da menina. Jesus toma a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande alvoroço! Jesus conserva a calma e pede que lhe dêem de comer. Duas mulheres são curadas! Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia, doze anos de exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a menstruação, começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”

Para um confronto pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) Uma mulher foi curada e reintegrada na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade, hoje?

domingo, 29 de janeiro de 2017

Segunda-feira da 4ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 5,1-20): Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. Logo que Jesus desceu do barco, um homem que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. Ele morava nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. Muitas vezes tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia dominá-lo. Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. Ao ver Jesus, de longe, o homem correu, caiu de joelhos diante dele e gritou bem alto: «Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes! ». Jesus, porém, disse-lhe: «Espírito impuro, sai deste homem! »- E perguntou-lhe: «Qual é o teu nome? » Ele respondeu: «Legião é meu nome, pois somos muitos». E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região. Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. Os espíritos impuros suplicaram então: «Manda-nos entrar nos porcos». Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no mar e foram se afogando. Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vestido e no seu perfeito juízo — aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles.  Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. Jesus, porém, não permitiu, mas disse-lhe: «Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti». O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.

«Espírito impuro, sai deste homem!»

Rev. D. Ramon Octavi SÁNCHEZ i Valero (Viladecans, Barcelona, Espanha)

Hoje encontramos um fragmento do Evangelho que pode provocar o sorriso a mais de um. Imaginar-se uns dos mil porcos precipitando-se pelo monte abaixo, não deixa de ser uma imagem um pouco cômica. Mas a verdade é que a eles não lhes fez nenhuma graça, se enfadaram muito e lhe pediram a Jesus que se fora de seu território.

A atitude deles, mesmo que humanamente poderia parecer lógica, não deixa de ser francamente recriminável: prefeririam ter salvado seus porcos antes que a cura do endemoninhado. Isto é, antes os bens materiais, que nos proporcionam dinheiro e bem-estar, que a vida em dignidade de um homem que não é dos “nossos”. Porque o que estava possuído por um espírito maligno só era uma pessoa que «Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras» (Mc 5,5).

Nós temos muitas vezes este perigo de apegar-nos ao que é nosso, e desesperar-nos quando perdemos aquilo que só é material. Assim, por exemplo, o camponês se desespera quando perde uma colheita mesmo tendo-a assegurada, ou o jogador de bolsa faz o mesmo quando suas ações perdem parte de seu valor. Em compensação, muitos poucos se desesperam vendo a fome ou a precariedade de tantos seres humanos, alguns dos quais vivem ao nosso lado.

Jesus sempre pôs em primeiro lugar as pessoas, mesmo antes que as leis e os poderosos de seu tempo. Mas nós, muitas vezes, pensamos só em nós mesmos e naquilo que acreditamos que nos traz felicidade, mesmo o egoísmo nunca traz felicidade. Como diria o bispo brasileiro Helder Câmara: «O egoísmo é a fonte mais infalível de infelicidade para si mesmo e para os que o rodeiam».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* No Evangelho de hoje, vamos meditar um longo texto sobre a expulsão de um demônio que se chamava Legião e que oprimia e maltratava uma pessoa. Hoje há muita gente que usa os textos do evangelho sobre a expulsão dos demônios para meter medo nos outros. É pena! Marcos faz o contrário. Como veremos, ele associa a ação do poder do mal com quatro coisas:
1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida!
2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus!
3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza.
4) Com a palavra Legião, nome dos exércitos do império romano. O império que oprime e explora os povos.
Ora, Jesus vence o poder do mal nestes quatro pontos. A vitória de Jesus tinha um alcance enorme para as comunidades dos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu evangelho. Elas viviam perseguidas pelas legiões romanas, cuja ideologia manipulava as crenças populares nos demônios para meter medo no povo e conseguir submissão!
* O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas. Os versículos iniciais descrevem a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento do endemoninhado, Marcos associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.

* Diante da simples presença de Jesus o poder do mal desmorona e desintegra. Na maneira de descrever o primeiro contato entre Jesus e o homem possesso, Marcos acentua a desproporção total! O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. O homem cai de joelhos, pede para não ser expulso da região e entrega até o seu nome Legião. Através deste nome, Marcos associa o poder do mal com o poder político e militar do império romano que dominava o mundo através das suas Legiões.

* O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência. O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Eram 2000 porcos! Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, ameaçava a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!

* A reação do povo do lugar. Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio e viu o homem liberto do poder do mal “em perfeito juízo”. Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo. Assim é hoje: o sistema neoliberal pouco se importa com as pessoas. O que importa é o lucro!

* Anunciar a Boa Nova é anunciar “o que o Senhor fez por você!” O homem liberto quer “seguir Jesus”, mas Jesus diz: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncia a eles o que o Senhor fez por você!”. Esta frase de Jesus, Marcos a dirige às comunidades e a todos nós. Para a maioria de nós “seguir Jesus” significa: “Vá para sua casa e anuncia aos seus o que o Senhor te fez!”

Para um confronto pessoal
1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2) O homem curado quer seguir Jesus. Mas ele deve ficar em casa e contar a todo mundo o que Jesus fez por ele. O que Jesus fez por você que pode ser contado para os outros?

sábado, 28 de janeiro de 2017

29 de janeiro

Beata Arcângela Girlani
Virgem de nossa Ordem
Nascida em Trino Vercellese, na Itália Setentrional, em meados do séc. XV, tomou o hábito carmelita em Parma, onde também veio a ser prioresa. Mais tarde exerceu o mesmo cargo no novo Mosteiro de Mântua, por ela fundado, onde morreu no dia 25 de janeiro de 1495. Animada por um vivo sentido da presença do Deus uno e trino, distinguiu-se pela sua especial devoção à SS. Trindade. Em colaboração com o Padre-Geral B. João Soreth, e seguindo as Constituições por ele renovadas, favoreceu uma observância viva do espírito do Carmelo nos mosteiros que lhe tinham sido confiados. O seu culto imemorial foi aprovado a 1 de outubro de 1864 pelo Papa Pio IX.

HINO DE LAUDES E VÉSPERAS
Arcângela bem-aventurada,
que chama te conduziu
à celestial morada?

Que olhar te atraiu?
Que doce voz te chamou?
Que amor te seduziu?

Ao seu amor aspiraste
e pra de todo o ganhar
os bens do mundo deixaste.

Vê-te o Carmelo chegar
humilde e fervorosa ...
Quanta luz hás de espalhar!

"Como és bela e graciosa!
Os teus olhos me fascinam:
levanta-te e vem, ó formosa!"

Dos que no exílio caminham
rumo à eternidade
sê Anjo de Caridade!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

ORAÇÃO
Senhor, que fizestes da bem-aventurada Arcângela uma enamorada do mistério da vossa eterna Trindade, concedei-nos, por sua intercessão, que, saboreando na terra a felicidade da vossa glória, Vos contemplemos um dia no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Omite-se neste ano esta memória, devido à Páscoa semanal.



IV Domingo do Tempo Comum

Textos: Sofonías 2, 3; 3, 12-13; 1 Coríntios 1, 26-31; Mateus 5, 1-12.

Evangelho (Mt 5,1-12): Vendo as multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e ele começou a ensinar: «Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós».

«Felizes os pobres no espírito»

Rev. D. Pablo CASAS Aljama (Sevilla, Espanha)

Hoje lemos este Evangelho tão conhecido para todos nós, mas sempre tão surpreendente. Com este fragmento das bem-aventuranças, Jesus oferece-nos um modelo de vida, uns valores, que segundo Ele são os que nos podem fazer felizes de verdade.

A felicidade, seguramente, é a meta principal que todos procuramos na vida. E se perguntássemos à gente como procuram ser felizes, ou onde procuram a sua própria felicidade, nos encontraríamos com respostas muito diferentes. Alguns diriam que na vida da família bem fundamentada; outros que em ter saúde e trabalho; outros, que em gozar da amizade e do lazer..., e os mais influenciados talvez por esta sociedade tão consumista, nos diriam que em ter dinheiro, em poder comprar o maior número possível de coisas e, sobretudo, em ascender a níveis sociais mais altos.

Estas bem-aventuranças que nos propõe Jesus, não são, precisamente, as que nos oferece o nosso mundo de hoje. O Senhor nos diz que serão «felizes» os pobres de espírito, os mansos, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa da justiça... (cf. Mt 5,3-11).

Esta mensagem do Senhor é para os que querem viver na atitude do desprendimento, da humildade, do desejo de justiça, de preocupação e interesse pelos problemas do próximo, e tudo o resto o deixa em segundo término.

Quanto bem podemos fazer rezando, ou praticando alguma correção fraterna, quando nos critiquem por crer em Deus e por pertencer à Igreja! Nos os diz claramente Jesus na sua última bem-aventurança: «Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim» (Mt 5,11).

São Basílio nos diz que «não se deve ter ao rico por ditoso só pelas suas riquezas; nem ao poderoso pela sua autoridade e dignidade; nem ao forte pela saúde de seu corpo... Todas essas coisas são instrumentos da virtude para os que as usam retamente, mas elas, em si mesmas não contêm a felicidade».

As bem-aventuradas são o retrato do cristão e do seguidor de Cristo.

Pe. Antônio Riveiro, L.C.

Bta Arcângela Girlani
Virgem de nossa Ordem
Aos colaboradores que chamou no domingo passado e a todos os que queiram livremente segui-lo e amar-lhe, deixa as bem-aventuranças como carteira de identidade e mapa como guia (Evangelho). Estas impressões digitais, para muitos deste mundo, são um escândalo e os portadores de tal carteira serão considerados nécios e desprezíveis (segunda leitura).

Em primeiro lugar, Jesus deixa bem claro aos que querem segui-lo e acompanhá-lo na sua missão universal salvadora (domingo passado) como devem ser, seguindo o seu exemplo, gravando nas suas frontes a palavra: “Bem-aventurados”. Pobres, porque elegeram ser pobres para pôr a confiança plena em Deus, a verdadeira riqueza imarcescível. Sofridos, perseguidos, caluniados e insultados por causa de Jesus, pois estes justos são incômodos para a sociedade. Famintos e sedentos de vontade de Deus e não de pratos mundanos: êxitos, ambições, prazeres. Misericordiosos, que saibam ser portadores do amor e ternura de Deus, como tantas vezes nos diz com amor o Papa Francisco. Os humildes, que colocam a Deus em primeiro lugar. Puros, que tem o coração livre de armadilhas, de cálculos e intenções torcidas; coração transparente, sincero, não hipócrita. Mansos e pacificadores, que não atuam com ira, mas sim com bondade, criando paz ao seu redor e não aprovam nenhuma classe de corrida armamentista, nem violência agressiva, física, psicológica nem afetiva.

Em segundo lugar, o mundo de hoje propõe outro tipo de identidade, totalmente contrário ao programa de Cristo. As bem-aventuranças deste mundo estão em contraste com as de Cristo. Este mundo, ainda não convertido a Cristo, chama de felizes aos ricos, à custa dos pobres; felizes aos violentos que conquistam a qualquer preço terras para engrandecer-se. O mundo aplaude aos que tem êxito, ainda que tenham que mentir; aos vingativos sem piedade; não aos que choram, mas aos que ridicularizam aos que vivem as virtudes e os valores mais elementares, como a honestidade, a honra e a pureza; o mundo os chama de hipócritas, tontos e retardados. Mas Cristo os chama de felizes.

Finalmente, Qual preferimos: as bem-aventuranças de Cristo ou as do mundo? Se são as de Cristo, então preparemos os ombros porque a cruz será pesada nesta vida, mas com a alegria no coração. Se optamos pelas do mundo, então, tudo é permitido, “comamos, bebamos, façamos banquetes”, pois a vida é breve e temos que aproveitar ao máximo o que o mundo nos oferece.

Para refletir: As portas do grande comercio do céu só se abrirão aos que seguiram e viveram as bem-aventuranças de Jesus (primeira leitura e Evangelho). Você é quem sabe.

Quaisquer sugestões ou dúvidas podem comunicar-se com o Pe. Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Sábado III do Tempo Comum

Sto Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor
Evangelho (Mc 4,35-41): Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: «Passemos para a outra margem!”». Eles despediram as multidões e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam. Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: «Mestre, não te importa que estejamos perecendo?». Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: «Silêncio! Cala-te!» O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus disse-lhes então: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?». Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: «Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?».

«Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?»

Rev. D. Joaquim FLURIACH i Domínguez (St. Esteve de P., Barcelona, Espanha)

Hoje, o Senhor discute com os discípulos por sua falta de fé: «Ele disse-lhes: Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?» (Mc 4,40). Jesus Cristo já havia dado suficientes mostras de ser Ele o Enviado e, mesmo assim, não acreditam. Não notam que, tendo com eles o próprio Senhor, nada devem temer. Jesus faz um paralelismo claro entre “fé” e “valentia”.

Em outro lugar do Evangelho, ante uma situação onde os Apóstolos duvidam, se diz que ainda não podiam acreditar porque não haviam recebido o Espírito Santo. O senhor deverá ter muita paciência para continuar ensinando aos primeiros aquilo que eles mesmos nos mostrarão depois, e do que serão firmes e valentes testemunhas.

Estaria muito bem que nós também nos sentíssemos “repreendidos”. Com mais motivo ainda! Recebemos o Espírito Santo que nos faz sentir capazes de entender como realmente o Senhor está conosco no caminho da vida, se realmente buscamos fazer sempre a vontade do Pai. Objetivamente, não temos nenhum motivo para a covardia. Ele é o único Senhor do Universo, porque «Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?» (Mc 4,41), como afirmam admirados os discípulos.

Então, o que é o que me dá medo? São motivos tão graves como para pôr em dúvida o poder infinitamente grande como é o do Amor que o Senhor nos tem? Esta é a pergunta que nossos irmãos mártires souberam responder, não com palavras, mas com sua própria vida. Como tantos irmãos nossos que, com a graça de Deus, cada dia fazem de cada contradição um passo mais no crescimento da fé e da esperança. Nós, por que não? É que não sentimos dentro de nós o desejo de amar ao Senhor com todo o pensamento, com todas as forças, com toda a alma?

Um dos grandes exemplos de valentia e de fé, temos em Maria, Auxilio dos cristãos, Rainha dos confessores. Ao pé da Cruz soube manter em pé a luz da fé... que se fez resplandecente no dia da Ressurreição!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O evangelho de hoje descreve a tempestade no lago e Jesus dormindo no barco. Nossas comunidades, muitas vezes, se sentem como um barquinho perdido no mar da vida, sem muita esperança de poder chegar ao porto. Jesus parece estar dormindo no nosso barco, pois não aparece nenhum poder divino para salvar-nos das dificuldades e da perseguição. Em vista desta situação de desespero, Marcos recolhe vários episódios que revelam como Jesus presente no meio da comunidade. Nas parábolas revelou o mistério do Reino presente nas coisas da vida (Mc 4,1-34). Agora começa a revelar o mistério do Reino presente no poder que Jesus exerce a favor dos discípulos, a favor do povo e, sobretudo, a favor dos excluídos e marginalizados. Jesus vence o mar, símbolo do caos (Mc 4,35-41). Nele atua um poder criador! Jesus vence e expulsa o demônio (Mc 5,1-20). Nele atua um poder libertador! Jesus vence a impureza e a morte (Mc 5,21-43). Nele atua o poder de vida! É o Jesus vencedor! Não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada que meditamos no evangelho de hoje.

* Marcos 4,35-36: O ponto de partida: “Vamos para o outro lado”.
Foi um dia pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,1-34), Jesus diz: “Vamos para o outro lado!” Do jeito que Jesus estava, eles o levam no barco, de onde tinha feito o discurso das parábolas. De tão cansado, Jesus deita e dorme em cima de um travesseiro. Este é o quadro inicial que Marcos pinta. Quadro bonito, bem humano.

* Marcos 4,37-38: A situação desesperadora: “Não te importa que pereçamos?”
O lago da Galileia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles acham que vão afundar, então a situação é perigosa mesmo! Jesus nem sequer acorda e continua dormindo. Este sono profundo não é só sinal do grande cansaço. É também expressão da confiança tranquila que ele tem em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e a dos discípulos é grande!

* Marcos 4,39-40: A reação de Jesus: “Vocês ainda não têm fé?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Primeiro, ele se dirige ao mar e diz: “Fique quieto!” E logo o mar se acalma. Em seguida, se dirige aos discípulos e diz: “Por que vocês têm medo? Ainda não têm fé?” A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega numa casa e o cachorro, ao lado do dono, late muito. Aí não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio do mar acalmado evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Evoca o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2) Jesus refaz o êxodo e realiza a profecia anunciada pelo Salmo 107(106), 25-30.

* Marcos 4,41: O não saber dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus acalmou o mar e disse: “Então, vocês não têm fé?” Os discípulos não sabem o que responder e se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Jesus parece um estranho para eles! Apesar da longa convivência, não sabem direito quem ele é. Quem é este homem? Com esta pergunta na cabeça, as comunidades continuavam a leitura do evangelho. E até hoje, é esta mesma pergunta que nos leva a continuar a leitura dos Evangelhos. É o desejo de conhecer sempre melhor o significado de Jesus para a nossa vida.

* Quem é Jesus?
Marcos começa o seu evangelho dizendo: “Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). No fim, na hora da morte de Jesus, um soldado pagão declara: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39) No começo e no fim do Evangelho, Jesus é chamado Filho de Deus. Entre o começo e o fim, aparecem muitos outros nomes de Jesus. Eis a lista: Messias ou Cristo (Mc 1,1; 8,29; 14,61; 15,32); Senhor (Mc 1,3; 5,19; 11,3); Filho amado (Mc 1,11; 9,7); Santo de Deus (Mc 1,24); Nazareno (Mc 1,24; 10,47; 14,67; 16,6); Filho do Homem (Mc 2,10.28; 8,31.38; 9,9.12.31; 10,33.45; 13,26; 14,21.21.41.62); Noivo (Mc 2,19); Filho de Deus (Mc 3,11); Filho do Deus altíssimo (Mc 5,7); Carpinteiro (Mc 6,3); Filho de Maria (Mc 6,3); Profeta (Mc 6,4.15; 8,28); Mestre (frequente); Filho de Davi (Mc 10,47.48; 12,35-37); Bendito (Mc 11,9); Filho (Mc 13,32); Pastor (Mc 14,27); Filho do Deus bendito (Mc 14, 61); Rei dos judeus (Mc 15,2.9.18.26); Rei de Israel (Mc 15,32),

Cada nome, título ou atributo é uma tentativa de expressar o que Jesus significava para as pessoas. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Além disso, alguns destes nomes dados a Jesus, inclusive os mais importantes e os mais tradicionais, são questionados e colocados em dúvida pelo próprio Evangelho de Marcos. Assim, na medida em que avançamos na leitura do evangelho, Marcos nos obriga a rever nossas ideias e a nos perguntar, cada vez de novo: “Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?” Quanto mais se avança na leitura do evangelho de Marcos, tanto mais se quebram os títulos e os critérios. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior! Aos poucos, o leitor, a leitora, vai se entregando e desiste de querer enquadrar Jesus em algum conceito conhecido ou ideia já pronta, e o aceita do jeito que ele mesmo se apresenta. O amor capta, a cabeça, não!

Para um confronto pessoal
1. As águas do mar da vida, alguma vez, já ameaçaram afogar você? O que o salvou?
2. Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Marcos escreveu o seu evangelho? Qual é, hoje, o mar agitado para nós?
3. Leia Isaías 43,2 e também Salmo 107(106), 25-30, e compare-os com o episódio da tempestade acalmada. Qual a conclusão que você tira?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

27 de janeiro

Santo Enrique de Ossó y Cervelló
Presbítero


Nasceu em Vinebre (Catalunha, Espanha) em 16 de outubro de 1840. Foi ordenado sacerdote em 21 de setembro de 1867. Apóstolo das crianças na catequese, inspirador de movimentos seculares de espírito evangélico, diretor de almas, sentiu irresistivelmente o atrativo espiritual de Santa Teresa de Jesus, mestra de oração e filha da Igreja. À luz da sua doutrina, fundou em 1876 a Companhia de Santa Teresa, Instituto religioso feminino cujos membros têm como objetivo a formação da mulher na escola do Evangelho, seguindo os exemplos de Santa Teresa. Apóstolo dos novos tempos com a pregação e com a pena, após um duro calvário de provas e sofrimentos, morreu em Gilet (Valência, Espanha) no dia 27 de janeiro de 1896. Foi beatificado a 14 de outubro de 1979 e canonizado em Madrid no dia 16 de junho de 1993 por João Paulo II.

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Oração
Senhor, nosso Deus, que no presbítero Henrique de Ossó unistes maravilhosamente a oração contínua a uma atividade apostólica incansável, concedei-nos, por sua intercessão, que, perseverando no amor de Cristo, sirvamos a vossa Igreja com palavras e obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Sexta-feira da 3ª semana do Tempo Comum

Sto Henrique de Ossó,
Presbítero de nossa Ordem
Evangelho (Mc 4,26-34): Jesus dizia-lhes: «O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga. Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou». Jesus dizia-lhes: «Com que ainda podemos comparar o Reino de Deus? Com que parábola podemos apresentá-lo? É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra». Jesus lhes anunciava a palavra usando muitas parábolas como estas, de acordo com o que podiam compreender. Nada lhes falava sem usar parábolas. Mas, quando estava a sós com os discípulos, lhes explicava tudo.

«O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra e a terra produz o fruto por si mesma»

Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona, Espanha).

Hoje, Jesus fala às pessoas de uma experiência muito próxima das suas vidas: «Um homem lança a semente na terra (…); a semente germina e cresce (…). A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga» (Mc 4,26-28). Refere-se, com estas palavras, ao Reino de Deus, que consiste na «santidade e graça, Verdade e Vida, justiça, amor e paz» (Prefácio da Solenidade de Cristo Rei), que Jesus Cristo nos veio trazer. Este Reino tem de ser uma realidade, em primeiro lugar dentro de cada um de nós; depois, no nosso mundo.

Pelo Batismo, Jesus semeou, na alma de cada cristão, a graça, a santidade, a Verdade… Temos de fazer crescer esta semente para que frutifique em abundância de boas obras: de serviço e caridade, de amabilidade e generosidade, de sacrifício para cumprir bem o nosso dever de cada dia e para fazer felizes aqueles que nos rodeiam, de oração constante, de perdão e compreensão, de esforço para crescer em virtudes, de alegria…

Assim, este Reino de Deus – que começa dentro de cada um – se estenderá a nossa família, a nossa cidade, a nossa sociedade, ao nosso mundo. Porque quem vive assim, «que faz senão preparar o caminho do Senhor (…), a fim de que nele penetre a força da graça, que o ilumine a luz da verdade, que faça retos os caminhos que conduzem a Deus?» (São Gregório Magno).

A semente começa pequena, como «um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças» (Mc 4,31-32). Porém, a força de Deus difunde-se e cresce com um vigor surpreendente. Como nos primeiros tempos do Cristianismo, Jesus pede-nos hoje que difundamos o seu Reino por todo o mundo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande”.

* A história da semente que cresce sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar. Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo, tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!

* A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas. Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.

* O motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus.

Para um confronto pessoal
1) Jesus não explica as parábolas. Ele conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O que você descobriu nestas duas parábolas?
2) Tornar a vida transparente é o objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou aconteceu o contrário?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Quinta-feira da 3ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 4,21-25): Jesus dizia-lhes: «Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama? Pelo contrário, não é ela posta no candelabro? De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!» Jesus dizia-lhes: «Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servirá também para vós, e vos será acrescentado ainda mais. A quem tem, será dado; e a quem não tem, será tirado até o que tem».

«Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama?»

Rev. D. Àngel CALDAS i Bosch (Salt, Girona, Espanha)

Hoje, Jesus nos explica o segredo do Reino do Céu. Inclusive utiliza certa ironia para mostrar-nos que a “energia” interna que tem a Palavra de Deus - a própria Dele—, a força expansiva que se deve estender por todo o mundo, é como uma luz, e que esta luz não pode ficar embaixo do alqueire «Dizia-lhes ainda: Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro?» (Mc 4,21).

Por acaso podemos imaginar a estupidez humana que seria colocar a vela acesa embaixo da cama? Cristãos com a luz apagada ou com a luz acesa com a proibição de iluminar! Isto sucede quando não pomos ao serviço da fé a plenitude de nossos conhecimentos e de nosso amor. Quão antinatural resulta o egoísmo sobre nós mesmos, reduzindo nossa vida ao limite de nossos interesses pessoais! Viver sob a cama! Ridícula e tragicamente imóveis: “ausentes” do espírito.

O Evangelho — pelo contrário — é um santo arrebato de Amor apaixonado que quer comunicar-se, que necessita “dizer”, que leva em si uma exigência de crescimento pessoal, de maturidade interior, e de serviço aos outros. «Se dizes: Basta! “Estás morto», diz Santo Agostinho. E São Josémaria: «Senhor: que tenha peso e medida em tudo..., menos no Amor».

«‘Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.’ Lhes dizia também: ‘Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.’» (Mc 4,23-24). Mas, que queres dizer com escutar? Que devemos escutar? É a grande pergunta que devemos fazer. É o ato de sinceridade para com Deus que nos exige saber realmente que queremos fazer. E para saber o que devemos escutar: é necessário estar atento às insinuações de Deus. Devemos nos introduzir no diálogo com Ele. E a conversa põe fim às “matemáticas da medida”: «Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. Pois, ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, se lhe tirará até o que tem» (Mc 4,24-25). Os interesses acumulados de Deus nosso Senhor são imprevisíveis e extraordinários. Esta é uma maneira de excitar nossa generosidade.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* A lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!

* Prestar atenção aos preconceitos. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas ideias com que olhamos para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a ideia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.

* Parábolas: um novo jeito de ensinar e de falar sobre Deus. O jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de Deus.

* O ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.

Para um confronto pessoal
1) Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela recebo?
2) Qual a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?