segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

1º de Janeiro: Oitava do Natal



A liturgia deste dia celebra três festas. A primeira é que os antigos sacramentários designavam sob o título de Oitava do Senhor. É realmente, na sua maior parte uma missa de oitava a missa celebrada hoje.

Celebrava-se também na basílica de Santa Maria Maior uma segunda missa em honra da Mãe de Deus. Resta dela um vestígio nas orações da missa, retiradas da missa votiva de Nossa Senhora. São particularmente belas as antífonas de vésperas e a preferência por elas dadas a Santíssima Virgem revela a delicada atenção da Igreja em reconhecer quanto deve a mãe do Senhor. Esta é a origem da solenidade de Maria Mãe de Deus que hoje celebramos.

Finalmente a terceira festa é a da Circuncisão celebrada desde o século VI. Moisés impunha este rito de purificação a todos os varões israelitas no oitavo dia depois do nascimento. Era uma figura do batismo pelo qual o homem havia de ser espiritualmente circuncidado "pela extirpação dos vícios, e julgado digno do olhar do Senhor” (Santo Ambrósio).

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

Evangelho (Lc 2,16-21): Os pastores foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino.Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe.

Comentário: Rev. D. Manel VALLS i Serra (Barcelona, Espanha)

Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura

Hoje, a Igreja contempla agradecida a maternidade da Mãe de Deus, modelo de sua própria maternidade para com todos nós. Lucas nos apresenta o “encontro” dos pastores “com o Menino”, o qual está acompanhado de Maria, sua Mãe, e de José. A discreta presença de José sugere a importante missão de ser custódio do grande mistério do Filho de Deus. Todos juntos, pastores, Maria e José, «Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura» (Lc 2,16) é como uma imagem preciosa da Igreja em adoração.

“A Manjedoura”: Jesus já está na manjedoura, numa noite alusiva à Eucaristia. Foi Maria quem o colocou lá! Lucas fala de um “encontro”, de um encontro dos pastores com Jesus. Em efeito, sem a experiência de um “encontro” pessoal com o Senhor, a fé não acontece. Somente este “encontro”, o qual se entende um “ver com os próprios olhos”, e em certa maneira um “tocar”, faz com que os pastores sejam capazes de chegar a ser testemunhas da Boa Nova, verdadeiros evangelizadores que podem dar a conhecer o que lhes haviam dito sobre aquela Criança. «Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino» (Lc 2,17).

Aqui vemos o primeiro fruto do “encontro” com Cristo: «Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores» (Lc 2,18). Devemos pedir a graça de saber suscitar este “maravilhamento”, esta admiração naqueles a quem anunciamos o Evangelho.

Ainda há um segundo fruto deste encontro: «Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito» (Lc 2,20). A adoração do Menino lhes enche o coração de entusiasmo por comunicar o que viram e ouviram, e a comunicação do que viram e ouviram os conduz até a pregaria de louvor e de ação de graças, à glorificação do Senhor.

Maria, mestra de contemplação —«Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração» (Lc 2,19)— nos dá Jesus, cujo nome significa “Deus salva”. Seu nome é também nossa Paz. Acolhamos coração este sagrado e doce Nome e tenhamo-lo frequentemente nos nossos lábios!

Reflexão:

Dos hinos de Santo Efrém (cerca de 306 - 373),
diácono na Síria, doutor da Igreja

"Os pastores... glorificavam e louvavam a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto" Vem, Moisés, mostra-nos essa sarça no cimo da montanha cujas chamas dançavam no teu rosto (Ex 3,2): é o filho do Altíssimo que apareceu no seio da Virgem Maria e iluminou o mundo com a sua vinda. Glória a Ele da parte de toda a criatura e feliz aquela que O gerou!

Vem, Gedeão, mostra-nos esse velo e esse suave orvalho (Jz 6,37), explica-nos o mistério das tuas palavras: é Maria o velo que recebeu o orvalho, o Verbo de Deus; nela Se manifestou na criação e resgatou o mundo do pecado.

Vem, David, mostra-nos a cidade que viste e a planta que dela brotou: a cidade é Maria, a
planta que dela saiu é o nosso Salvador, cujo nome é Aurora (Jr 23,5; Za 3,8 LXX).

A árvore da vida que era guardada por um querubim com espada de fogo (Gn 3,24), eis que habita em Maria, a Virgem pura; José a guarda. O querubim depôs a espada porque o fruto que guardava foi enviado do alto dos céus até aos que estavam exilados no abismo. Comei dele todos, homens mortais, e vivereis. Bendito seja o fruto que a Virgem gerou.

Bendito seja Aquele que desceu e habitou em Maria e dela saiu para nos salvar. Bem aventurada Maria, tu que foste julgada digna de ser a mãe do Filho do Altíssimo, tu que geraste o Ancião que tinha criado Adão e Eva. Ele saiu de ti, suave fruto cheio de vida, e por Ele os exilados têm de novo acesso ao paraíso.


Festa da Circuncisão do Senhor

Evangelho (Lc 2, 21): No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe.

No oitavo dia após Seu nascimento, Nosso Senhor Jesus Cristo - em conformidade com a Lei do Antigo Testamento, aceitou a circuncisão, que foi decretada para todas as crianças do sexo masculino como um sinal da Aliança de Deus com o Patriarca Abraão e seus descendentes (Gênesis 17: 10-14, Lev. 12: 3).

Após a realização deste ritual foi dado ao Menino Divino o nome Jesus, que havia sido anunciado pelo Arcanjo Gabriel, no dia da Anunciação à Toda Pura e Santa Sempre Virgem Maria (Lc 1: 31-33, 2: 21).

Segundo a explicação dos Santos Padres da Igreja, o criador da lei, aceitou a circuncisão, dando assim um exemplo para as pessoas como deveriam ser fielmente cumpridas as divinas ordenações da lei.

O Senhor aceitou a circuncisão, por essa razão - para que, mais tarde, ninguém pudesse ficar em dúvida de que Ele é verdadeiramente homem, ao contrário de ser o portador da ilusão de uma carne meramente aparente, como certos hereges (docetismo) ensinaram.

No Novo Testamento (Nova Aliança), o ritual da circuncisão abriu caminho para o sacramento do Batismo, que é pré-figurado (Col. 2: 11-12).

Reflexão:
A Circuncisão de Nosso Senhor e Deus e Salvador Jesus Cristo.
São Basílio o Grande, Arcebispo de Cesaréia.

No oitavo dia após Seu nascimento, o Divino Infante foi apresentado no Templo e circuncidado de acordo com a lei existente em Israel desde o tempo de Abraão. Nesta ocasião, Lhe foi dado o nome de Jesus, que o Arcanjo Gabriel anunciou a toda Santa Virgem Maria. A circuncisão do Antigo Testamento era o protótipo do batismo do Novo Testamento.

A circuncisão de nosso Senhor mostra que Ele recebeu para Si um verdadeiro corpo de homem e não apenas semelhança, como mais tarde foi dito a Seu respeito por hereges.

Nosso Senhor também foi circuncidado porque Ele queria cumprir a Lei que Ele mesmo deu através dos profetas e patriarcas. Ao dar plenitude a Lei escrita, Ele a substituiu com o Batismo em Sua Santa Igreja como foi proclamado pelo Apóstolo Paulo: “Porque nem a circuncisão significa alguma coisa, nem a incircuncisão, mas apenas o ser uma nova criação (Gálatas 6,15).

domingo, 30 de dezembro de 2012

31 de dezembro (Dia sétimo da Oitava de Natal)


Dia de Sta Catarina Labouret, irmã vicentina de Caridade, a quem Nossa Senhora Imaculada pareceu em Paris (1830), mandando cunhar a “Medalha Milagrosa”

Evangelho (Jo 1,1-18): No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.  Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram. A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome. Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e de verdade.  João dá testemunho dele e proclama: «Foi dele que eu disse: ‘Aquele que vem depois de mim passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia». De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça. Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer».

Comentário: Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)

E a Palavra se fez carne

 Hoje é o último dia do ano. Frequentemente, uma mistura de sentimentos —incluso contraditórios— sussurram nos nossos corações nesta data. É como se uma amostra dos diferentes momentos vividos, e dos que gostaríamos de ter vivido, se tornassem presentes na nossa memória. O Evangelho de hoje pode ajudar-nos a decantá-los para podermos começar o novo ano com um empurrão.

«A palavra era Deus (…). Tudo foi feito por meio dela» (Jo 1,1.3). No momento de fazer o balanço do ano, devemos ter presente que cada dia vivido é um dom recebido. Por isso, seja qual for o aproveitamento realizado, hoje devemos agradecer cada minuto do ano.

Mas o dom da vida não é completo. Estamos necessitados. Por isso o Evangelho de hoje aporta-nos uma palavra-chave: “acolher”. «E a Palavra se fez carne» (Jo 1,14). Acolher o próprio Deus! Deus, feito homem, fica ao nosso alcance. “Acolher” significa abrir-lhe as nossas portas, deixar que entre nas nossas vidas, nos nossos projetos, nos atos que enchem as nossas jornadas. Até que ponto acolhemos a Deus e lhe permitimos que entre em nós?

«Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina» (Jo 1,9). Acolher a Jesus quer dizer deixar-se guiar por Ele. Deixar que os seus critérios dêem luz tanto aos nossos pensamentos mais íntimos como á nossa atuação social e de trabalho. Que as nossas ações se relacionem com as suas!

«A vida era a luz» (Jo 1,4). Mas a fé é algo mais que uns critérios. É a nossa vida enxertada na Vida. Não é apenas esforço —que também—. É, sobretudo, dom e graça. Vida recebida no seio da Igreja, sobretudo mediante os sacramentos. Que lugar têm eles na minha vida cristã?

«A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,12). Todo um projeto apaixonante para o ano que vamos estrear!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

Reflexão
*O Prólogo é a primeira coisa que se vê ao abrir o evangelho de João. Mas foi a última a ser escrita. É o resumo final, colocado no início. Nele João descreve a caminhada da Palavra de Deus. Ela estava junto de Deus desde antes da criação e por meio dela tudo foi criado. Tudo que existe é expressão da Palavra de Deus. Como a Sabedoria de Deus (Prov 8,22-31), a Palavra quis chegar mais perto de nós e se fez carne em Jesus. Viveu no meio de nós, realizou a sua missão e voltou para Deus. Jesus é esta Palavra de Deus. Tudo que ele diz e faz é comunicação que nos revela o Pai.

*Dizendo "No princípio era a Palavra", João evoca primeira frase da Bíblia que diz: "No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Deus criou tudo por meio da sua Palavra. "Ele falou e as coisas começaram a existir" (Sl 33,9; 148,5). Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. Esta Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus, sempre de novo, renasce no coração humano. Ninguém consegue abafá-la. Não conseguimos viver sem Deus por muito tempo!

*João Batista veio para ajudar o povo a descobrir e saborear esta presença luminosa e consoladora da Palavra de Deus na vida. O testemunho de João Batista foi tão importante, que muita gente pensava que ele fosse o Cristo (Messias). (At 19,3; Jo 1,20) Por isso, o Prólogo esclarece dizendo: "João não era a luz! Veio apenas para dar testemunho da luz!"

*Assim como a Palavra de Deus se manifesta na natureza, na criação, da mesma maneira ela se manifesta no "mundo", isto é, na história da humani­dade e, de modo particular, na história do povo de Deus. Mas o "mundo" não reconheceu nem recebeu a Palavra. Ela "veio para o que era seu, mas os seus não a receberam". Aqui, quando fala mundo, João quer indicar o sistema tanto do império como da religião da época, ambos fechados sobre si e, por isso mesmo, incapazes de reco­nhecer e de receber a Boa Nova (Evangelho) da presença luminosa da Palavra de Deus.

*Mas as pessoas que se abrem aceitando a Palavra, tornam-se filhos e filhas de Deus. A pessoa se torna filho ou filha de Deus não por mérito próprio, nem por ser da raça de Israel, mas pelo simples fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade, nos aceita e nos acolhe. A Palavra entra na pessoa e faz com que ela se sinta acolhida por Deus como filha, como filho. É o poder da graça de Deus.

*Deus não quer ficar longe de nós. Por isso, a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. O Prólogo diz literalmente: "A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!" Antigamente, no tempo do êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus, "cheio de graçae de verdade!" Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação.

Para um confronto pessoal
1. Tudo que existe é uma expressão da Palavra de Deus, uma revelação da sua presença. Será que sou suficientemente contemplativo para poder perceber e experimentar esta presença universal da Palavra de Deus?
2. O que significa para mim poder ser chamado filho de Deus?

sábado, 29 de dezembro de 2012

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA



«Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.»

Pe. David Teixeira, sdb

A família de Jesus acompanha-O em todo o seu crescimento. Este é um tempo de encontro e de desencontro. A caminho de Jerusalém, entre os doutores, junto do Templo, Jesus manifesta-se em todo o seu ser. Os seus não o reconhecem. Mas Ele é o Messias esperado. Que entre nós cresce em sabedoria, em estatura e em graça. Maria tudo guarda em seu coração…

EVANGELHO – Lc 2,41-52 - Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim conosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

SEGUNDA-FEIRA

PALAVRA - Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa.
Um dos costumes religiosos judaicos daquele tempo era a peregrinação anual a Jerusalém, por altura da festa da Páscoa, para agradecer ao Senhor as maravilhas que tinha feito e continuava a fazer. Jesus, que era educado segundo estes costumes, ao atingir a idade suficiente, passou também a acompanhar os seus pais no cumprimento deste preceito.

MEDITAÇÃO
Não é fácil vivermos a nossa fé em família e, no entanto, como cristão estou chamado/a a ser testemunha a começar nela. Que preceitos religiosos dos tempos de hoje posso cumprir em família? Como posso amar a Deus e o próximo, em família? Esta altura do Natal pode ser uma ocasião propícia para conseguir adiantar alguma resposta quanto a estas perguntas...

ORAÇÃO
Quero rezar-te, Senhor, tendo presente, comigo, cada um dos membros da minha família. Abençoa-os com a tua graça e teus talentos. Dá-lhes a saúde da alma e do corpo. Dá-lhes a serenidade perante as suas muitas preocupações, concedendo-lhes a tua resposta às suas necessidades. E... obrigado por cuidares deles.

AÇÃO
Procurar implicar alguns da minha família na oração com Deus ou no amor ao próximo.

TERÇA-FEIRA

PALAVRA - Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura.
Depois de ter ido a Jerusalém, Jesus toma a opção de ficar por lá, sem nada dizer a Maria e a José. E, por isso, quando numa pausa a meio da viagem Maria e José o procuram e não o encontram, regressam a Jerusalém, para saber dele.

MEDITAÇÃO
Há aqui uma atitude mais do que compreensível que é a preocupação de Maria e José com Jesus que parece estar perdido. Esta preocupação, mais do que deixá-los paralisados, leva-os à procura dele. Sou capaz de me preocupar com Deus e com os outros, a começar pelos da minha família? Sou capaz de procurar os que me parecem andar esquecidos e perdidos ou fico à espera deles?

ORAÇÃO (ligeira adaptação do salmo 63)
Senhor, meu Deus, desde a aurora que te procuro. Por ti suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água. A minha alma tem sede de ti, meu Deus. Quero contemplar-te, bendizer-te, cantar-te, levantar as mãos, lembrar-me de ti, por causa do teu amor para conosco e porque és o nosso refúgio e amparo.

AÇÃO
Marcar um encontro ou telefonar para alguém com quem não falo há bastante tempo.

QUARTA-FEIRA

PALAVRA - ... encontraram-no no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas.
Maria e José vão encontrar Jesus no templo de Jerusalém, o lugar de encontro com Deus por excelência. Aí dão de caras com um Jesus que ainda não conheciam: um Jesus que se deixa questionar pelos sacerdotes daquele tempo e que os deixa surpreendidos com as suas respostas.

MEDITAÇÃO
Nunca conhecemos verdadeiramente o outro porque este é sempre capaz de nos surpreender. Esta foi a lição de Maria e de José naquele tempo e pode ser a minha lição para hoje. Nunca conhecerei verdadeiramente a Deus, a mim mesmo/a e os outros. E, no entanto, não devo desistir de conhecer, de me encontrar com Deus, comigo mesmo/a e com os outros e de me deixar surpreender.

ORAÇÃO (ligeira adaptação de uma parte do salmo 139)
Senhor, tu conheces-me, sabes quando me sento e quando me levanto, quando caminho e quando descanso: tu estás atento a todos os meus passos. À distância conheces os meus pensamentos: ainda a palavra me não chegou à boca, já tu a conheces perfeitamente. Tu me envolves por todo o lado e sobre mim colocas a tua mão. Onde é que eu poderia ocultar-me do teu espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se voar nas asas da aurora ou for morar nos confins do mar mesmo aí a tua mão há de guiar-me e a tua direita me sustentará.

AÇÃO
Vou dedicar o dia de hoje a aventurar-me no conhecimento um pouco mais de Deus, de mim mesmo/a e dos outros. Onde penso encontrá-lo, a mim mesmo e aos outros?

QUINTA-FEIRA

PALAVRA - Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?».
Jesus surpreende tanto que parece não compreender a aflição e o motivo de Maria e José andarem à sua procura. E, para mais, parece culpá-los de não saberem onde o deveriam encontrar. E, qual última gota de água, revela-lhes que tem ‘outro’ pai.

MEDITAÇÃO
No meu dia-a-dia, enfrentando tantas situações e inquietações urgentes, dou-me conta que esqueço o essencial? Que, acima de tudo, sou filho/a de Deus e que deveria encontrar-me com Ele mais amiúde, para depois com mais tranquilidade e discernimento voltar aos meus muitos afazeres, sendo construtor do seu reino?

ORAÇÃO
Aqui estou, querido Deus Pai. Dá-me a graça de ser capaz de saber e sentir que sou teu/tua filho/a e que, portanto, estás sempre ao meu lado para me ajudares a crescer, ainda que isto nem sempre seja agradável, e que devo agir sempre como teu/tua filho/a, dando-te a conhecer, sendo testemunha da tua misericórdia, compaixão, justiça, esperança e alegria.

AÇÃO
Com a firme certeza de que sou filho/a de Deus, vou procurar sentir e agir em coerência com isto, nas várias situações deste dia. Perante qualquer situação, poderia perguntar-me o que Deus sentiria e faria.

SEXTA-FEIRA

PALAVRA - Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. [...] Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração.
Como acontece frequentemente com outros pais, também Maria e José não entendem muitas coisas de Jesus e, desta vez, não entenderam as suas palavras. Maria, que parece estar mais acostumada a estes desentendimentos, aprendeu a guardá-los no seu coração para, a seu tempo, deles tirar partido.

MEDITAÇÃO
Há certamente coisas que não entendo. Entendo pouco de Deus, para não dizer quase nada. Não entendo as suas novidades, ternuras, exigências e compaixão. Sobre nós, não entendo as injustiças, invejas, egoísmos e tristezas. Quero aprender com Maria a guardá-las no coração para que, um dia, consiga de tudo isto algum sentido?

ORAÇÃO (diante do presépio)
Aqui estou, Senhor, diante do presépio. Nem sei como agradecer-te pela tua generosidade do teu nascimento. Tudo o que posso oferecer-te soa-me a pouco. No entanto, renovo o meu desejo de contar contigo e de ser tua testemunha. Obrigado. Não te importas de que fique um momento em silêncio a contemplar/guardar este mistério?...

AÇÃO
Durante este dia especial, como Maria, procuro guardar o mistério do Natal no meu coração.

SÁBADO

PALAVRA - ... Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.
Para sublinhar a sua humanidade, o evangelista recorda-nos que, como qualquer criança, Jesus também cresceu. Fê-lo de modo integral, ou seja, nas várias dimensões: biológica (estatura), intelectual (sabedoria) e espiritual (graça). E fê-lo diante de Deus e dos homens.

MEDITAÇÃO
Todos somos chamados a crescer continuamente. Devemos fazê-lo de modo integral, sem descurar nenhuma dimensão. Como estou a investir no meu crescimento físico, intelectual, social, sexual e espiritual? Onde está Deus e a sua graça no meio deste meu crescimento? Sou consciente de que, como cristã/o, o devo fazer também diante de Deus e contando com a força do seu Espírito?    

ORAÇÃO
Deus meu, dá-me a força do teu Espírito para crescer. Dá-me a sabedoria do teu Espírito para perceber onde e como devo crescer mais. Dá-me a piedade do mesmo Espírito para permitir que intervenhas no meu crescimento. E que eu cresça, não só para mim, mas diante de ti e dos homens.    

AÇÃO
Escolho uma dimensão em que queira crescer (física, intelectual, social, sexual e espiritual) e vou investir nela de modo especial. Alguns exemplos: se for a física, dou algum passeio; se for intelectual, vejo algum programa informativo; se for social, saio para conviver com amigos; se for sexual, ajudo alguém; se for espiritual, leio algum livro espiritual.