segunda-feira, 30 de novembro de 2015

I Terça-feira do Advento

Beato Charles de Faulcauld, Presbítero
Evangelho (Lc 10,21-24): Naquele mesma hora, ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando-se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

« Eu te louvo, Pai»

Abbé Jean GOTTIGNY (Bruxelles, Bélgica)

Hoje lemos um extrato do capítulo dez do Evangelho segundo São Lucas. O Senhor enviou os setenta e dois discípulos aos lugares aonde Ele mesmo iria. E voltaram exultantes. Ouvindo contar suas proezas «Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse, Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra» (Lc 10,21).

A gratidão é uma das facetas da humildade. O arrogante considera que não deve nada a ninguém. Mas para estar agradecido, primeiro, devemos ser capazes de descobrir nossa insignificância. “Obrigado” é uma das primeiras palavras que ensinamos às crianças. «Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: "Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado». (Lc 10,21)

Bento XVI, ao falar sobre a atitude de adoração, afirma que ela pré-supõe um «reconhecimento da presença de Deus, Criador y Senhor do universo. É um reconhecimento pleno em gratidão, que brota desde o mais fundo do coração e abrange todo o ser, porque o homem só pode realizar-se plenamente a si mesmo adorando e amando a Deus acima de todas as coisas».

Uma alma sensível experimenta a necessidade de manifestar seu reconhecimento. É o mínimo que podemos fazer para responder aos favores divinos. «O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?» (1Cor 4,7). Lógico que, nos faz falta «agradecer a Deus Pai, através do seu filho, no Espírito Santo; com a grande misericórdia com que nos tem amado, tem sentido compaixão por nós, e quando estávamos mortos por nossos pecados, nos fez reviver com Cristo para que sejamos Nele uma nova criação» (São Leão Magno).

«Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje e sempre, os cristãos estão convidados a participar da alegria de Jesus. Ele, cheio do Espírito Santo, disse: «Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado» (Lc 10,21). Com muita razão, esse fragmento do Evangelho foi chamado por alguns autores como o “Magnificat de Jesus”, pois a ideia subjacente é a mesma que recorre o Canto de Maria (cf. Lc 1,46-55).

A alegria é uma atitude que acompanha a esperança. Dificilmente uma pessoa que nada espera poderá estar alegre. E, que é o que nós os cristãos esperamos? A chegada do Messias e do seu Reino, no qual florescerá a justiça e a paz; uma nova realidade na qual «Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá» (Is 11,6). O Reino de Deus que esperamos se abre caminho dia a dia, e vamos saber descobrir sua presença entre nós. Para o mundo em que vivemos, tão sem paz e de concórdia, de justiça e de amor, quão necessária é a esperança dos cristãos! Uma esperança que não nasce de um otimismo natural ou de uma falsa ilusão, e sim que vem do próprio Deus.

No entanto, a esperança cristã, que é luz e calor para o mundo, só poderá ter aquele que seja puro e humilde de coração, porque Deus escondeu aos sábios e inteligentes — isto é, a aqueles que sejam soberbos em sua ciência— o conhecimento e o gozo do mistério de amor do seu Reino. 

Uma boa maneira de preparar os caminhos do Senhor neste Advento será exatamente cultivar a humildade e a simplicidade para abrir-nos ao dom de Deus, para viver com esperança e chegar a ser cada dia melhores testemunhas do Reino de Jesus Cristo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O texto de hoje revela o fundo do coração de Jesus, o motivo da sua alegria. Os discípulos tinham ido em missão e, na volta, partilham com Jesus a alegria da sua experiência missionária (Lc 10,17-21).

* O motivo da alegria de Jesus é a alegria dos amigos. Ao ouvir a experiência deles e ao perceber a sua alegria, Jesus também sente uma profunda alegria. A causa da alegria de Jesus é o bem-estar dos outros.

* Não é uma alegria superficial. Ela vem do Espírito Santo. O motivo da alegria é que os discípulos e as discípulas experimentaram algo de Deus durante a sua experiência missionária.

* Jesus os chama “pequenos”. Quem são os “pequenos”? São os setenta e dois discípulos (Lc 10,1) que voltaram da missão: pais e mães de família, rapazes e moças, casados e solteiros, velhos e jovens. Eles não são doutores. São pessoas simples, sem muito estudo, mas que entendem as coisas de Deus melhor do que os doutores.

* “Sim, Pai, assim é do teu agrado!” Frase muito séria. É do agrado do Pai que os doutores e os sábios não entendam as coisas do Reino e que os pequenos as entendam. Portanto, se os grandes quiserem entender as coisas do Reino, devem fazer-se discípulos dos pequenos!

* Jesus olha para eles e diz: “Felizes vocês!” E por que são felizes? Porque estão vendo coisas que os profetas quiseram ver, mas não conseguiram. O que ele viram? Eles perceberam a ação do Reino nas coisas comuns da vida: curar doentes, alegrar os aflitos, expulsar os males da vida.

Para um confronto pessoal
1. Coloco-me na posição do povo: eu me considero dos pequenos ou dos doutores? Por quê?
2. Coloco-me na posição de Jesus: qual a raiz da minha alegria? Superficial ou profunda?

domingo, 29 de novembro de 2015

30 de novembro: Santo André, apóstolo

Evangelho (Mt 4,18-22): Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram.

«Eu farei de vós pescadores de homens»

Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália)

Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» E o levou onde estava Jesus (Jo 2,41). Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles. Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos todo o que temos e somos ao seu serviço —isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio— para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”. O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

Companheiros na missão

Pe. Jaldemir Vitório, SJ

Rezemos pelas Almas do Purgatório
O chamado de Jesus deu uma guinada vida de um grupo de pescadores do Mar da Galileia. O Mestre os queria como companheiros na missão, para fazer deles pescadores de homens. O seguimento exigia várias rupturas. A mais imediata consistiu em "deixar as redes e o barco", seus instrumentos de trabalho, para assumir um tipo novo de atividade.

A segunda diz respeito ao mundo familiar: os filhos "deixam o seu pai". Como consequência, devem deixar sua terra e suas tradições para se colocar a serviço de um projeto de alcance universal.

A metáfora da pescaria sublinha aspectos importantes do exercício da missão. Enquanto pescadores de homens, deverão ser pacientes e perseverantes, quando os resultados do trabalho não corresponder ao esforço empregado. Deverão enfrentar, sem medo, as tempestades e as adversidades, quando no horizonte da missão despontar perseguição e morte. Deverão estar sempre dispostos para o trabalho, alimentados por uma forte dose de otimismo e de alegria. Sobretudo, deverão ser movidos pela esperança de, apesar das adversidades, ver seu trabalho reconhecido pelo Pai.

A decisão de deixar tudo associava, definitivamente, os discípulos ao Mestre Jesus. Como o Mestre, estariam a serviço da implantação do Reino de Deus na história, esperando contemplar a vitória do bem, da verdade, da justiça, do perdão, da igualdade e do respeito por todos, sem distinção. Este foi o projeto de vida levado a cabo por Jesus, embora sua caminhada se concluísse com a morte de cruz. Por esse caminho, seguem também seus companheiros.

sábado, 28 de novembro de 2015

29 de novembro

Btos Dionísio da Natividade y Redento da Cruz
Mártires
Pierre Bertholo nasceu em Honfleur (Calvados, França) no ano 1600. Serviu os Reis de França e Portugal como cosmógrafo e almirante da armada. Fez-se carmelita em Goa, em 1635, onde professou no dia de Natal do ano seguinte, tomando o nome de Dionísio da Natividade, e onde foi ordenado sacerdote no dia 24 de agosto de 1638. Tomás Rodrigues da Cunha nasceu no lugar de Lisouros, freguesia de Cunha (Paredes de Coura, Portugal) em 1598. Entrou para o Carmelo Teresiano no convento de Goa, onde professou como irmão converso em 1615, tomando o nome de Redento da Cruz. O Padre Dionísio e o Irmão Redento foram enviados pelos superiores para Achém, na ilha de Sumatra, onde foram martirizados por muçulmanos no dia 29 de novembro de 1638 pela sua adesão a Cristo e pela sua firmeza na fé. Foram beatificados no dia 10 de junho de 1900 pelo Papa Leão XIII.

LAUDES
Hino
Ao raiar o sol de um novo dia,
que aparece a terra e a reanima,
penso no sol que amadureceu
dois cachos de uvas para a mesma vindima.

Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Esse sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
contínua prova do nosso amor.

Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
Fonte de amor e Fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Benditos sois vós quando por minha causa sois perseguidos: alegrai-vos e saltai de contentamento, porque nos céus será grande a vossa recompensa.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

VÉSPERAS
Hino
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.

Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.

Este sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.

E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
continua prova de nosso amor.

Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
fonte de amor e fonte de Luz!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Cântico evangélico
Ant. Amaram a Cristo na sua vida e o imitaram na sua morte, por isso com Ele reinarão para sempre.

Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

Omite-se, neste ano, esta memória, devido à Páscoa Semanal.

I Domingo do Advento

I Domingo do Advento

Textos: Jer 33, 14-16; 1 Tess 3, 12-4,2; Lc 21, 25-28.34-36

Evangelho (Lc 21, 25-28.34-36) - «Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vão suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela devassidão, a embriagues e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele sobrevirá sobre todos os que habitam a terra inteira. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para terdes a força de vos livrar de tudo o que vai acontecer e poderdes estar firmes na presença do Filho do homem.»

INTRODUCAO AO CICLO C - EVANGELHO DE LUCAS

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Darei algumas pinceladas para entender melhor São Lucas, evangelista que nos acompanhará durante todo este ciclo C.

Cada evangelista tem o seu próprio estilo e finalidade teleológica. Lucas, embora se serviu de fontes anteriores, sobretudo de Marcos, faz do seu jeito, com originalidade, e nos transmite bastantes páginas exclusivas, como os relatos da infância de Jesus, as parábolas do bom samaritano e do filho pródigo, os discípulos de Emaús.

Poderíamos resumir assim as características de Lucas:
1. Lucas vê a história da salvação em três tempos: primeiro, o Antigo Testamento, até a chegada de João Batista; segundo, o tempo de Jesus; e o terceiro, o tempo da Igreja, que continua a missão de Jesus até o final dos tempos (Atos dos Apóstolos).
2. Nesta história da salvação, o protagonista invisível é o Espírito Santo.
3. Lucas é o evangelista mais universalista: a salvação é para todos, também para os romanos e os samaritanos.
4. Lucas também é o evangelista da misericórdia: Deus perdoa e se alegra da volta do pecador.
5. A vida cristã para Lucas consiste em seguir Cristo.
6. Lucas, finalmente, é o evangelista que mais nos fala da Virgem Maria.
Agora façamos um resumo do primeiro domingo do advento.

Avivar o desejo de sair com confiança ao encontro de Cristo, acompanhados das boas obras e de uma vida santa.

Começamos o Advento, tempo de espero para rememorar o maior evento ocorrido na história: a vinda de Deus ao mundo mediante a Encarnação. A primeira vinda em Belém foi na simplicidade e na humildade. A segunda e última será precedida por sinais. Por isso nos urge que nos preparemos com boas obras e como convém (2ª leitura) para receber ambas as vindas: Cristo deitado num presépio e Cristo no final dos tempos. É verdade, vivemos em tensão entre a vinda do passado e a do futuro, não por fugir do hoje, mas porque é de sábios ter em consideração de onde viemos e aonde vamos.

Em primeiro lugar, temo muito que não nos competirá presenciar sentados no chão o grandioso espetáculo deste evangelho de Lucas que nos fala do futuro do mundo. Antes tem acontecer três coisas, que levam já muitos séculos sem serem cumpridas; primeira, a pregação do Evangelho em todo o mundo (cf. Mt 24, 14); segunda, a apostasia das nações evangelizadas (cf. 2 Tess 2,3) e a terceira, a conversão dos judeus ao Evangelho (Ecle 48, 1-11; Rm 11, 1-12; 9, 4-5). Em seguida, o fim do mundo. Cumpriram-se estas três coisas? Não. Tantas nações que não conhecem ainda o Evangelho. É verdade, existem apostasias aqui e acolá de indivíduos, mas não de todas as nações inteiras. Logicamente, alguns judeus, graças a Deus, converteram-se, mas não todos. Portanto, aqueles profetas de desgraças que pregam o fim imediato do mundo não tem fundamento. Falta, falta. Deus é rico em misericórdia e nos dá tempo para nos preparar em profundidade para esta última vinda gloriosa com boas obras e retas. A intenção de Jesus, portanto, não é catastrófica, pelo contrário, é de esperança: a sua vinda deve produzir alegria e confiança, pois se aproxima a nossa total libertação. 

Em segundo lugar, será Jeremias na segunda leitura quem, séculos antes de Cristo, e no meio de circunstâncias trágicas para o seu povo, também anunciou palavras de esperança: “Deus nos enviará um Salvador”. O profeta anuncia a salvação e a paz para todos, que se realizou em Cristo Jesus. Chega de tanto medo! Faz bem olhar para frente com valentia e continuar caminhando com esta esperança que é Cristo Jesus. Acordados e de pé (Evangelho), porque encontraremos ladrões no caminho que tratarão de nos assaltar. Acordados, para que não percamos a mente com o vício, a bebida e a preocupação do dinheiro. O Advento é um excelente despertador, porque tendemos a dormir, a cair na preguiça, bloqueados por mil preocupações desta vida, e não temos conectado o “wifi” aos valores do espírito para poder crescer neste Advento em virtudes e boas obras de caridade, justiça, solidariedade, procurando o nosso irmão necessitado, descartado, jogado no cantinho, discriminado, ferido... e transmitir-lhe a ternura de Deus trazida e infundida por Cristo aos nossos corações desde o dia do batismo.       

Finalmente, comecemos o Advento da mão de Maria Santíssima, mãe da esperança. Ela também teve o seu Advento. Ela esperou durante nove meses ver com os seus próprios olhos Aquele em quem cria e de quem esperava tudo. Quantas boas obras não fez Maria durante esse primeiro Advento, sintetizadas nos três meses em que serviu sua prima Isabel, que estava grávida e necessitava de umas mãos disponíveis, de uns olhos abertos e de uns lábios piedosos! Por isso, a Igreja e cada um de nós, devemos olhar para Maria e unir-nos a Ela para aprender a esperar. Maria é a Mãe da esperança. Não só nos há de dispor convenientemente para aguardar o Menino Jesus, mas que também nos há de preparar adequadamente de tal modo que estejamos prevenidos para a sua segunda vinda, com o coração custodiado por esta Mãe. Aguardemos todos da mão desta Mãe a consumação dos séculos e a segunda vinda do Senhor. Assim Cristo nos reconhecerá que somos dos seus porque temos a marca da Mãe Maria, que é a sua Mãe e nossa Mãe.   

Para refletir: Quais coisas enfraquecem a minha esperança? O que faço para superá-las? O que é o que habitualmente afirma a minha esperança cristã? Recorro a ela nos momentos de dificuldade? Como posso me preparar melhor neste Advento? Quais obras boas, concretas eu estou disposto a fazer neste tempo de graça?

Para rezar: Maria, caminhai pertinho de mim neste Advento. Acompanhai-me, boa Mãe, fortalecei a minha esperança para que sejais o motor da minha entrega, o poço onde beber para continuar adiante, o refúgio onde descansar e recobrar forças. Recobrai a minha esperança ao projeto do Pai. Dai-me firmeza e até teimosia para continuar adiante. Enchei o meu coração da esperança que liberta para viver o amor solidário. O que se espera se consegue com o esforço, com o trabalho e com a vida. Confio-me em vossas mãos, Mãe do Advento, para que me façais forte na fé, comprometido na solidariedade e firme, muito firme, na esperança do Reino. Amém. 

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

«A vossa libertação está próxima... vigiai e orai em todo o tempo»

Ir. Anabela Silva fma

Btos Dionisio da Natividade e Redento do Cruz
Mártires de nossa Ordem
O Evangelho de hoje introduz-nos no novo tempo litúrgico: o tempo de Advento. O texto evangélico propõe um discurso apocalíptico, feito por Jesus aos seus discípulos, colocando-os diante de um tema problemático: o fim dos tempos. A linguagem apocalíptica não tem a função de assustar o crente avisando-o de uma iminente catástrofe, mas de despertar para algo de extraordinário, de novo, do qual não se está à espera. Apocalipse significa de fato “revelação”.

Introduzindo-nos nesta realidade, a Palavra de Deus, com tom firme e decidido, podemos mesmo dizer “escatológico”, convida-nos a considerar que o fim da nossa vida é alcançar Aquele que nos criou. Na esperança deste encontro podemos confiar que Deus, tomando a iniciativa, é o primeiro a dar o passo para facilitar o encontro: cada vez que é Advento, o Filho do Homem vem ao nosso encontro.

O Advento é todo orientado para o Natal. Este tempo forte não tem razão de ser senão como período propício para nos abrirmos ao dom da Encarnação de Deus, e de dentro de nós sai o desejo expresso de toda a Igreja «Vem, Senhor, Jesus». Assim como virá no fim dos tempos, o Emanuel, Deus- conosco, mais uma vez vem para encarnar no nosso hoje. Cada um deve preparar-se para a Sua vinda, acolher os sinais, encaminhar-se para um encontro que terá de viver dentro de si.

A passagem do Evangelho ajuda-nos a reconhecer que no nosso dia-a-dia podem estar hábitos e comportamentos pouco favoráveis ao encontro com Deus, que podem ser transformados em atitudes mais coerentes para recebê-lo. Devemos afinar a nossa escuta e abrir o nosso coração para procurar, entre o “ruído” das montras enfeitadas e iluminadas, da publicidade aliciante, do exagero dos embrulhos e fitinhas, a verdade do Natal, o dom de Jesus para nós. Devemos reservar ao encontro com Deus um espaço importante do nosso viver, para estarmos preparados quando formos convidados a aproximarmos de Deus com a nossa humanidade.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar.”.
Neste breve versículo descreve-se a situação do homem que não conhece Deus, que não O sente como Pai, que ignora que o seu ser vem d’Ele e para Ele regressa. Um homem assim não pode ser mais que uma pessoa angustiada pelo medo. Todos os sinais no sol, na lua, nas estrelas, na terra e no mar, eco dos nossos medos internos, entre os quais a morte, são acontecimentos naturais. O seu caráter trágico é fruto do pecado, que nos prende ao finito mais do que ao infinito e nos faz temer, mais do que desejar a vinda do Filho do Homem.
Os sinais cósmicos representam, no Evangelho de Lucas, o vértice externo de tudo o que acontece no nosso coração, que é um murmurar de tantos cansaços da vida, pelo medo do futuro. Acontece muitas vezes vivermos com ansiedade, preocupados com mil problemas, angustiados pelo tempo que passa. Receamos caminhar para a finitude da vida (a morte é um fim, não um começo). Em nós vive o mesmo medo de Adão ao ouvir os passos de Deus no jardim, identificando-O como um juiz e não como um Pai. Redimensionando os nossos medos podemos viver cada dia em plenitude, sem temermos o futuro, evitando pôr as nossas seguranças no que não é eterno.

Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vão suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas.
Jesus leva os discípulos a refletir no seu grande medo: como os homens de hoje, vivem assustados pensando no último dia. Como pode tal acontecer? Isto acontece porque pensam que o Nada, o Vazio habita o Universo, porque se deixam guiar pela finitude e não tanto pelo desejo da vida eterna. Na realidade, as forças celestes que serão abaladas serão as forças do Inimigo, que Jesus já tinha visto mais vezes rondar os discípulos a quando das suas pregações (cf. Lc 10, 18).
Hoje mais do que nunca temos a sensação de viver num mundo complexo e difícil, onde os sinais do Mal parecem ser mais numerosos do que os sinais de Bem. Somos bombardeados de notícias terríveis, próximas e distantes. Temos conhecimento que tantas pessoas continuam a viver à sombra das previsões do fim do mundo. Diante do Mal permanecemos, por vezes, sem respostas, parece que não sabemos para onde ir, de não conseguirmos ser protagonistas da nossa vida… mas uma verdade é certa: todo aquele que investiu tudo no mundo presente, vê, com terror, o desmoronar de todos os seus bens e de todas as suas esperanças. Pelo contrário, aquele que investiu tudo nos bens do céu vê chegar a felicidade eterna.

Então, hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória.
Jesus esclarece finalmente que os sinais que referiu, escondem/ revelam a sua Vinda. Cristo virá numa nuvem, lugar bíblico do ser de Deus. A sua visão rasgará todos os medos e angústias. Será a luz e a verdade definitivas que vencerão as trevas e a mentira. Finalmente, Jesus será visível para cada um na sua verdade, revestido de poder e de glória, aquela glória antecipada em Belém, realizada em Jerusalém; Ele será tudo em todos.
Os sinais de sofrimento e de morte com os quais nos debatemos ao longo da vida, alertam-nos para a caducidade da nossa existência. Este limite, porém não é a palavra última sobre nós: por vezes não compreendemos que o nosso “fim”, na realidade, corresponde ao “fim” da vida, mas para entrar na Eternidade, e graças Aquele que vem ao nosso encontro. Podemos compreendê-lo se colocarmos a nossa confiança, a nossa esperança no Senhor que vem. E vem para conhecermos o verdadeiro rosto de Deus, o rosto da Misericórdia, onde se manifesta todo o poder e glória do Deus de Jesus Cristo.

Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.
Diante do mal exterior e interior, Jesus convida a acolhermos uma sabedoria, a descobrir os sinais da Sua vinda. Os obstáculos/ dificuldades da vida são inevitáveis, e por vezes é preciso atravessá-los para se entrar no Seu Reino, olhá-los de frente, olhos nos olhos, como Ele fez. De fato, enquanto o homem angustiado e receoso se curva sobre os seus medos, o homem que confia volta-se para o Céu e fixa o seu olhar em Deus.
Nos momentos mais duros e complicados da vida não podemos desistir e entregarmo-nos; é preciso “levantar a cabeça”, nunca baixá-la, para descobrirmos a estrada, mesmo que escura, para reconhecer os sinais de Vida, uma Vida sem fim. No sofrimento e na dor, atravessando caminhos de morte, o discípulo tem a certeza e sabe que Cristo não o abandona, mas o liberta do medo e da própria morte, de uma vida terrena que acaba, para introduzi-lo na vida eterna. Esta é a libertação que Jesus prometeu e a cumprirá, como nos mostrou com a Sua ressurreição.

Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela devassidão, a embriagues e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele sobrevirá sobre todos os que habitam a terra inteira.
Jesus explica com muita clareza que quem espera de verdade a libertação, deve mudar de rota: preparar-se, fazer espaço, libertar-se de apegos vãos, recusar distrações não saudáveis, manter o coração livre de condicionamentos, principalmente daqueles típicos de quem é rico mas insensato: comida, bebidas, ócio, prazer (cf. Lc 12, 19.45). Tudo pode cair no engano das tentações: quem as contempla cai dentro, é surpreendido na sua própria armadilha, vive do hoje e não se prepara para o amanhã. O dia final chegará; para quem não se preparou será um drama.
O coração do homem é o centro da sua vida; pode dilatá-la ou atrofiá-la, segundo a direção que escolhe. Sabemos que existem experiências libertadoras, outras que encarceram. Um coração que pulsa por Deus não mede o empenho, sabe que não pode funcionar na lógica do se/ se, mas deve escolher. O dia será inesperado, imprevisível, por isso é preciso prepará-lo bem: Deus quer encontrar-nos sempre prontos a dizer- Lhe Sim, não só com as palavras, mas também e sobretudo com a vida.

Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para terdes a força de vos livrar de tudo o que vai acontecer e poderdes estar firmes na presença do Filho do homem.
O convite é mais uma vez claro: vigiar e orar em todo o tempo. Convite feito aos seus discípulos e hoje é dirigido também a nós, mais uma vez: vigiai e orai. Vigiar na Bíblia significa estar atentos a tudo o que pode acontecer, permanecer para aquilo que o Senhor pedir. Quem vigia nunca é apanhado de surpresa; o seu vigiar não é vazio, mas cheio de oração. A oração fortalece a alma, dá força, faz-nos dirigir a Deus como Pai e prepara-nos para o encontro com o Filho.
Vigilância e oração são atitudes típicas do tempo de Advento, levam-nos ao encontro, fazem-nos caminhar “direitos”, de cabeça levantada, fazem-nos viver com plenitude a nossa dignidade de filhos. Quem reza está sempre pronto: o orante tem os olhos voltados para o Senhor (cf. Sal 25, 15). A vinda do Filho do homem não é algo de tremendo: a sua vinda é o cumprimento do nosso maior desejo, a estrada de regresso a casa. O segredo de uma vigilância espiritual, de uma liberdade plena e de abertura ao Senhor, é a contínua oração do coração. A oração é a arma mais poderosa para enfrentar as adversidades do mundo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sábado XXXIV do Tempo Comum

Evangelho (Lc 21,34-36): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo o momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem».

«Ficai atentos e orai a todo o momento»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha).

Hoje, último dia do Tempo Comum, Jesus adverte-nos com clareza meridiana sobre a sorte da nossa passagem por esta vida. Se nos empenhamos, obstinadamente, em viver absorvidos pelos afazeres imediatos da vida, chegará o último dia da nossa existência terrena tão de repente que a própria cegueira da nossa gula nos impedirá de reconhecer o mesmíssimo Deus que virá (porque aqui estamos de passagem, sabia?) para levar-nos à intimidade do Seu Amor infinito. Será qualquer coisa como o que ocorre com um menino malcriado: está tão entretido com os seus brinquedos, que no final esquece o carinho dos seus pais e a companhia dos seus amigos. Quando se dá conta, chora desconsolado pela sua inesperada solidão.

O antídoto que Jesus nos oferece é igualmente claro: «ficai atentos e orai a todo o momento» (Lc 21, 36). Vigiar e orar… O mesmo aviso que deu aos seus Apóstolos na noite em que foi traído. A oração tem uma componente admirável de profecia, muitas vezes esquecida na pregação, ou seja, de passar de mero “ver” a “observar” o quotidiano na sua mais profunda realidade. Como escreveu Evágrio Pôntico, «a vista é o melhor de todos os sentidos; a oração é a mais divina de todas as virtudes». Os clássicos da espiritualidade chamam-lhe “visão sobrenatural”, olhar com os olhos de Deus. Ou o que é o mesmo, conhecer a Verdade: de Deus, do mundo, de mim próprio. Os profetas foram, não só os que “pregaram o que haveria de vir”, mas também os que sabiam interpretar o presente na sua justa medida, alcance e densidade. Resultado: souberam reconduzir a história, com a ajuda de Deus.

Tantas vezes nos lamentamos da situação do mundo. – Onde iremos parar? Dizemos. Hoje, que é o último dia do Tempo Comum, é dia também de resoluções definitivas. Quem sabe, já está na hora de mais alguém estar disposto a levantar-se da sua embriaguez do presente e ponha mãos à obra de um futuro melhor. Quer ser você? Pois, ânimo! E que Deus o abençoe.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Rezemos pelas Almas do Purgatório
* Estamos chegando ao fim do longo discurso apocalíptico e também ao fim do ano eclesiástico. Jesus dá um último conselho convocando-nos para a vigilância (Lc 21,34-35) e para a oração (Lc 21,36).

* Lucas 21,34-35: Cuidado para não perder a consciência crítica
“Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra”.  Um conselho semelhante Jesus já tinha dado quando perguntaram a ele sobre a chegada do Reino (Lc 17,20-21). Ele respondeu que a chegada do Reino acontece como o relâmpago. Vem de repente, sem aviso prévio. As pessoas devem estar atentas e preparadas, sempre (Lc 17,22-27). Quando a espera é longa, corremos o perigo de ficar desatentos e não dar mais atenção aos acontecimentos. “os corações ficam insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Hoje, as muitas distrações nos tornam insensíveis e a propaganda pode até perverter em nós o sentido da vida. Alheios ao sofrimento de tanta gente no mundo, já não percebemos as injustiças que se cometem.

* Lucas 21,36: Oração como fonte de consciência crítica e de esperança
 “Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem".  A oração constante é um meio muito importante para não perdermos a presença do espírito. Ela aprofunda em nosso coração a consciência da presença de Deus no meio de nós e, assim, traz força e luz para aguentarmos os dias maus e crescermos na esperança.

* Resumo do Discurso Apocalíptico (Lc 21,5-36)
Passamos cinco dias em seguida, de terça feira até hoje sábado, meditando e aprofundando o significado do Discurso Apocalíptico para as nossas vidas. Todos os três evangelhos sinóticos trazem este discurso de Jesus, cada um a seu modo. Procuramos ver de perto a versão que o evangelho de Lucas nos oferece. Damos aqui um breve resumo do que pudemos meditar nestes cinco dias.

Todo Discurso Apocalíptico é uma tentativa para ajudar as comunidades perseguidas a situar-se dentro do conjunto do plano de Deus e assim terem esperança e coragem para continuar firme na caminhada. No caso do Discurso Apocalíptico do evangelho de Lucas, as comunidades perseguidas viviam no ano 85. Jesus falava no ano 33. Seu discurso descreve as etapas ou sinais da realização do plano de Deus. Ao todo são 8 sinais ou períodos desde Jesus até o fim dos tempos. Lendo e interpretando sua vida à luz dos sinais dados por Jesus, as comunidades descobriam a que altura estava a execução do plano. Os sete primeiros sinais já tinham acontecido. Pertenciam todos ao passado. É sobretudo no 6° e no 7° sinal (perseguição e destruição de Jerusalém) que as comunidades encontram a imagem ou o espelho do que estava acontecendo no presente delas. Eis os sete sinais:
Introdução ao Discurso (Lc 21,5-7)
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em todos os lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome e pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
6º sinal: a perseguição dos cristãos e a missão que devem realizar (Lc 21,12-19) + Missão
7º sinal: a destruição de Jerusalém (Lc 21,20-24)
Chegando neste sétimo sinal, as comunidades concluem: “Estamos no 6° e no 7° sinal. E aqui vem a pergunta mais importante: “Quanto falta para que chegue o fim?”Quem está sendo perseguido não quer saber sobre o futuro distante. Mas quer saber se vai estar vivo no dia seguinte ou se terá força para aguentar a perseguição até o dia seguinte. A resposta a esta pergunta inquietante vem no oitavo sinal:
8º sinal: mudanças no sol e na lua (Lc 21,25-26) anunciam a chegada do Filho do Homem. (Lc 21,27-28).

Conclusão: falta pouco, tudo está conforme o plano de Deus, tudo é dor de parto, Deus está conosco. Dá para aguentar. Vamos testemunhar nossa fé na Boa Nova de Deus trazida por Jesus.
No fim, Jesus confirma tudo com a sua autoridade (Lc 21,29-33).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede vigilância para não sermos surpreendidos pelos fatos. Como vivo este conselho de Jesus?
2) O último pedido de Jesus no fim do ano eclesiástico é este: Fiquem atentos, e rezem todo o tempo. Como vivo este conselho de Jesus em minha vida?

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sexta-feira da 34ª semana do Tempo Comum

Imaculada Conceição
da Medalha Milagrosa
Evangelho (Lc 21,29-33): E Jesus contou-lhes uma parábola: «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».

«Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto»

Diácono D. Evaldo PINA FILHO (Brasilia, Brasil).

Hoje nós somos convidados por Jesus a ver os sinais que se descortinam no nosso tempo e época e a reconhecer nestes sinais a aproximação do Reino de Deus. O convite é para que repousemos o nosso olhar na figueira e nas outras árvores— «Olhai a figueira e todas as árvores» (Lc 21,29)— e para que fixemos nossa atenção naquilo que percebemos estar acontecendo nelas: «basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21,30). As figueiras começavam a brotar. Os botões começavam a surgir. Não era apenas a expectativa das flores ou dos frutos viriam a surgir, mas sobretudo o prenúncio do verão, em que todas as árvores “começam a brotar”.

Segundo o Papa Bento XVI, «a Palavra de Deus impele-nos a mudar o nosso conceito de realismo». Efetivamente, «realista é quem conhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus». Essa Palavra viva que nos indica o verão como sinal de proximidade e de exuberância da luminosidade é a própria Luz: «quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto» (Lc 21,31). Neste sentido, «a Palavra já não é apenas audível, não possui apenas uma voz, agora a Palavra tem um rosto (...) que podemos ver: Jesus de Nazaré” (Bento XVI).

A comunicação de Jesus com o Pai foi perfeita; e tudo o que Ele recebeu do Pai, Ele deu-nos a nós, comunicando-se da mesma forma perfeita conosco. Assim, a proximidade do Reino de Deus, que expressa a livre iniciativa de Deus que vem ao nosso encontro, deve mover-nos a reconhecer a proximidade do Reino, para que também nós nos comuniquemos de forma perfeita com o Pai por meio da Palavra do Senhor – Verbum Domini -, reconhecendo os sinais do Reino de Deus que está perto como realização das promessas do Pai em Cristo Jesus.

«O Reino de Deus está perto»

+ Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus convida-nos a ver como brota a figueira, símbolo da Igreja que se renova periodicamente graças àquela força interior que Deus lhe comunica (recordemos a alegoria da videira e dos ramos, cf. Jo 15): «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21, 29-30).

O discurso escatológico que lemos nestes dias, segue um estilo profético que distorce deliberadamente a cronologia, de maneira que põe no mesmo plano acontecimentos que hão de acontecer em momentos diversos. O fato de que no fragmento escolhido para a leitura de hoje tenhamos um âmbito muito reduzido, dá-nos pé para pensar que teríamos que entender o que se nos diz como algo dirigido a nós, aqui e agora: «esta geração não passará antes que tudo aconteça» (Lc 21,32). De fato, Orígenes comenta: «Tudo isto pode suceder em cada um de nós; em nós pode ficar destruída a morte, definitiva inimiga nossa».

Eu queria falar hoje como os profetas: estamos a ponto de contemplar um grande broto na Igreja. Vede os sinais dos tempos (cf. Mt 16,3). Rapidamente ocorrerão coisas muito importantes. Não tenhais medo. Permanecei no vosso lugar. Semeai com entusiasmo. Depois podereis recolher formosas colheitas (cf. Sal 126,6). É verdade que o homem inimigo continuará a semear a discórdia. O mal não ficará separado até ao fim dos tempos (cf. Mt 13,30). Mas o Reino de Deus já está aqui entre nós. E abre caminho, ainda que com muito esforço (cf. Mt 11,12).

O Papa João Paulo II dizia-nos no início do terceiro milênio: «Duc in altum» (cf. Lc 5,4). Às vezes temos a sensação de não fazer nada proveitoso, ou inclusive de retroceder. Mas estas impressões pessimistas procedem de cálculos excessivamente humanos, ou da má imagem que malevolamente difundem de nós alguns meios de comunicação. A realidade escondida, que não faz ruído, é o trabalho constante realizado por todos com a força que nos dá o Espírito Santo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Rezemos pelas Almas do Purgatório
* O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos:
(1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31)
(2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33).

* Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores
Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”.  Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).

* Lucas 21,32-33:
“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!

* A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará!  Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!

* No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz!
Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia!  Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!”(Mt 25,40).

* Hoje acontece o mesmo.
Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?