Textos: Ap
7, 2-4.9-14; 1Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12a
Evangelho (Mt 5,1-12a): Naquele tempo, Vendo as
multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e
ele começou a ensinar: Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino
dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos,
porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça,
porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que
promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois
vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra
vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa
nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de
vós.
«Alegrai-vos e exultai»
Mons. F. Xavier CIURANETA i Aymí Bispo Emérito de
Lleida (Lleida, Espanha)
Hoje,
celebramos a realidade de um mistério salvador, expresso no credo, que se torna
muito consolador: Creio na comunhão dos santos. Todos os santos que já passaram
para a vida eterna, a começar pela Virgem Maria, formam uma unidade: Felizes os
puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). E também estão, ao mesmo tempo,
em comunhão conosco. A fé e a esperança não podem unir-nos, porque eles já
gozam da visão eterna de Deus; mas une-nos, por outro lado, o amor que não
passa nunca (1Cor 13,13); esse amor que nos une, juntamente com eles, ao mesmo
Pai, ao mesmo Cristo Redentor e ao mesmo Espírito Santo. O amor que os torna
solidários e solícitos para conosco. Portanto, não veneramos os santos somente
pela sua exemplaridade, mas sobretudo pela unidade no Espírito de toda a
Igreja, que se fortalece com a prática do amor fraterno.
Por
esta profunda unidade, devemos sentir-nos perto de todos os santos que, antes
de nós, acreditaram e esperaram o mesmo que nós cremos e esperamos e, acima de
tudo, amaram Deus Pai e os seus irmãos, os homens, procurando imitar o amor de
Cristo.
Os
santos apóstolos, os santos mártires, os santos confessores que viveram ao
longo da história são, portanto, nossos irmãos e intercessores; neles se
cumpriram as palavras proféticas de Jesus: Felizes sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de
mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, (Mt
5,11-12). Os tesouros da sua santidade são bens de família, com que podemos
contar. São estes os tesouros do céu, que Jesus convida a juntar (cf. Mt 6,20).
Como afirma o Concílio Vaticano II, A nossa fraqueza é assim grandemente
ajudada pela sua solicitude de irmãos (Lumen gentium, 49). Esta solenidade
traz-nos uma notícia reconfortante, que nos convida à alegria e à festa.
Todos estamos chamados a ser santos
por ser batizados.
Pe. Antonio Rivero L.C.
Hoje celebramos toda essa multidão inumerável
de pessoas, irmãos nossos, que já gozam de Deus e continuam em comunhão conosco
desde o céu. É uma festa que nos enche de alegria e otimismo: se eles puderam
ser santos, por que nós não? Qual foi o segredo da sua santidade?
Em
primeiro lugar, a festa de todos os Santos nos convida a celebrar, a princípio,
dois fatos. O primeiro é que, verdadeiramente, a força do Espírito de Jesus age
em todas as partes, é uma semente capaz de arraigar em todas as partes, que não
necessita condições especiais de raça, ou de cultura, ou de classe social. Por
isso esta festa é uma festa gozosa, fundamentalmente gozosa: o Espírito de
Jesus deu, e dá, e dará fruto, e dará em todas as partes. O segundo fato que
celebramos é que todos esses homens e mulheres de todo tempo e lugar têm algo
em comum, algo que os une. Todos eles “lavaram e alvejaram as suas vestes no
sangue do Cordeiro”, mediante o batismo (1ª leitura). Todos eles foram pobres,
famintos e sedentos de justiça, limpos de coração, trabalhadores da paz
(Evangelho). E isso os une. Porque hoje não celebramos uma festa superficial,
hoje não celebramos que “no fundo, todo mundo é bom e tudo terminará bem”, mas
celebramos a vitória dolorosamente alcançada por tantos homens e mulheres no
seguimento do Evangelho (conhecendo-o explicitamente ou sem conhecê-lo). Porque
existe algo que une o santo desconhecido das selvas amazônicas com o mártir das
perseguições de Nero e com qualquer outro santo de qualquer outro lugar: une-os
a busca e a luta por uma vida mais fiel, mais entregada, mais dedicada ao
serviço dos irmãos e do mundo novo que Deus quer.
Em
segundo lugar, celebramos, portanto, esses dois fatos: que com Deus vivem já
homens e mulheres de todo tempo e lugar, e que esses homens e mulheres lutaram
com esforço no caminho do amor, que é o caminho de Deus. Mas ai podemos
acrescentar também um terceiro aspecto: Santo Agostinho, na homilia que a
Liturgia das Horas oferece para o dia de São Lourenço, explica isso deste modo:
“Os santos mártires imitaram Cristo até o derramamento de seu sangue, até a
semelhança da sua paixão. Imitaram-no os mártires, mas não só eles. A ponte não
caiu depois deles terem passado; a fonte não se secou depois deles terem bebido
nela”. Santo Agostinho se dirigia a uns cristãos que acreditavam que talvez só os
mártires, os que nas perseguições tinham derramado o sangue pela fé,
compartilhariam a gloria de Cristo. E às vezes nós também pensamos a mesma
coisa: que a santidade é um heroísmo próprio só de alguns. E ano é assim. A
santidade, o seguimento fiel e esforçado de Jesus Cristo, é também para nós:
para todos nós e para cada um de nós. É algo exigente, sem dúvida; é algo para
gente entregada, que leva as coisas à serio, não para gente superficial e que
se limita a ir empurrando as coisas com a barriga. Porém somos nós, cada um de nós, os chamados
a essa santidade, a esse seguimento. Como dizia Santo Agostinho na homilia
citada antes: “Nenhum homem, seja qual for o seu gênero de vida, deve
desesperar da sua vocação” (...). “Entendamos, pois, de que maneira o cristão
tem que seguir Cristo, ademais do derramamento de sangue, ademais do martírio”.
E hoje, na festa de Todos os Santos, somos convidados a celebrar que também nós
podemos entender e descobrir a nossa maneira de seguir Cristo.
Finalmente,
portanto, a festa de hoje é um chamado à santidade para todos nós. Ser santos
não é fazer necessariamente milagres, nem deixar obras surpreendentes para a
história. É difícil definir o que é a santidade, mas todos esses santos que
hoje celebramos nos demonstram que seguir Cristo é possível, e que isso é
santidade. Tiveram defeitos. Não eram perfeitos. Cometeram pecados. Foram
“normais”. Porém creram no Evangelho e o cumpriram. Alguns deixaram uma pegada
profunda. Outros passaram despercebidos. E hoje honramos todos. E aceitamos o
seu convite para seguir o seu caminho. Aqui também recomendaria ler a “Lumen
Gentium” do Concilio Vaticano II, nos seus números 39-41, que faz um chamamento
à santidade aos cristãos de todos os estados: jerarquia, leigos, religiosos.
Para refletir:
Realmente estou convencido de que não só posso ser santo, mas que devo ser
santo, por ser batizado? Peço a intercessão dos meus irmãos santos que já gozam
da amizade eterna com Deus no céu, ou nem sequer me lembro deles? Quais são os
santos da minha devoção e por que?
Para rezar:
Senhor, meu Deus, ajudai-me a ser santo. Santo sem premio, santo para não vos
ofender, santo para servir melhor os demais. Senhor, no dia de hoje, que
recorramos e celebramos a memória de todos os Santos, ajudai-me a me aproximar
mais de Vós. A eles rogo que peça ao Espírito, que conceda os dons necessários
para ser melhor. Não porque eu mereça algo, mas para que o meu louvor chegue a
Vós, mais pleno. Senhor, perdoai-me, pelas minhas faltas e pecados, por tudo o
que podia ter feito e não fiz, por tudo o que podia ter servido e não servi,
por tudo o que desperdicei. Dai-me a vossa benção para que o resto da minha
vida, seja fiel e caridoso, luz vossa e servidor de todos. Segundo Vós me
peçais em cada momento. Obrigado, Senhor, pela vossa Misericórdia para comigo.
Amém.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org