São Basílio e São Gregório de Nazianzo, Bispos e Doutores da Igreja
Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos,
Senhor, todos os povos da terra.
Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça
ao filho do rei. Ele governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com
equidade.
Florescerá a justiça nos seus dias e uma grande paz até ao
fim dos tempos. Ele dominará de um ao outro mar, do grande rio até aos confins
da terra.
Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes, os reis
da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas. Prostrar-se-ão diante dele todos os
reis, todos os povos o hão de servir.
Socorrerá o pobre que pede auxílio e o miserável que não tem
amparo. Terá compaixão dos fracos e dos pobres e defenderá a vida dos
oprimidos.
2ª Leitura (Ef 3,2-3a.5-6): Irmãos: Certamente já
ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação,
foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi
dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito
Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança
que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em
Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Aleluia. Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorar o Senhor.
Aleluia.
Evangelho (Mt 2,1-12): Depois que Jesus nasceu na
cidade de Belém da Judéia, na época do rei Herodes, alguns magos do Oriente
chegaram a Jerusalém, perguntando: «Onde está o rei dos judeus que acaba de
nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo». Ao saber disso, o
rei Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. Ele reuniu
todos os sumos sacerdotes e os escribas do povo, para perguntar-lhes onde o
Cristo deveria nascer. Responderam: «Em Belém da Judéia, pois assim escreveu o
profeta: «E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais
cidades de Judá, porque de ti sairá um príncipe que será o pastor do meu povo,
Israel». Então Herodes chamou, em segredo, os magos e procurou saber deles a
data exata em que a estrela tinha aparecido. Depois, enviou-os a Belém,
dizendo: «Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o
encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo». Depois que ouviram o
rei, partiram. E a estrela que tinham visto no Oriente ia à frente deles, até
parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao observarem a estrela, os magos
sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com
Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus
cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho
para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, passando por outro
caminho.
«Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele e o adoraram»
Rev. D. Joaquim
VILLANUEVA i Poll (Barcelona, Espanha)
Chegam a Jerusalém, a capital dos judeus. Acham que ai
saberão lhe dizer o lugar exato onde nasceu seu Rei. Efetivamente, lhe
responderam: «Em Belém da Judéia, porque assim está escrito por meio do
profeta» (Mt 2,5). A notícia da chegada dos Magos e sua pergunta propaga-se por
toda Jerusalém em pouco tempo: Jerusalém era na época uma pequena cidade e, a
presença dos Magos com seu séquito foi vista por todos os habitantes, pois «Ao
saber disso, o rei Herodes sobressaltou-se e, com ele toda a cidade de
Jerusalém» (Mt 2,3), diz o Evangelho.
Jesus Cristo cruza-se na vida de muitas pessoas, a quem não
interessa. Um pequeno esforço teria mudado suas vidas, teriam encontrado o Rei
do Gozo e da Paz. Isso requer a boa vontade de procurar, de nos movimentar, de
perguntar sem nos desanimar, como os Magos, de sair de nossa poltronaria, de
nossa rotina, de apreciar o imenso valor de encontrar a Cristo. Se não o
encontramos, não encontramos nada na vida, pois só Ele é o Salvador: encontrar
Jesus é encontrar o Caminho que nos leva a conhecer a Verdade que nos dá a
Vida. E, sem Ele, nada de nada vale a pena.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Que todos os povos venham a se incorporar à família dos
patriarcas (...). Que todas as nações, na pessoa dos três Magos, adorem ao
Autor do universo» (São Leão Magno)
«O mistério do Natal se irradia sobre a terra, se espalhando
em círculos concêntricos: a Sagrada Família de Nazaré, os pastores de Belém e,
finalmente, os Magos, que constituem as primícias dos povos pagãos» (Bento XVI)
«A epifania é a manifestação de Jesus como Messias de
Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. Juntamente com o batismo de Jesus no
Jordão e com as bodas de Caná, ela celebra a adoração de Jesus pelos “magos”
vindos do Oriente (Mt 2,1). Nesses “magos”, representantes das religiões pagãs
de povos vizinhos, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa
Nova da salvação pela Encarnação (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 528)
Herodes e os Magos... que distinto protagonismo o dia da Epifania!
Comentário do Pe.
Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro lugar, vejamos Herodes que deu a ordem de busca,
captura e degolação de Jesus. Herodes o grande pela suntuosidade das suas construções:
palácios, fortalezas, jardins, hipódromos, estádios, o mesmo templo de
Jerusalém. Grande por sanguinário: afogou como traição o seu cunhado Aristóbulo
na piscina de Jericó no ano 30; matou a sua sogra Alessandra, o seu cunhado
Hostobar, o seu filho Alexandre e o seu filho Antipatros, com só cinco dias da
sua morte. Terminou com um câncer demolidor, cujo cheiro fétido invadia as
moradas do palácio. Grande pelos seus adultérios, pois amou 10 mulheres e se
casou com todas elas, mas não que Marianne, tanto que a decapitou por ciúmes. E
mandou os criados dar vozes ao seu nome pelos corredores e salões, de dia e de
noite, para sugestioná-lo que ainda vivia. Esse é Herodes o grande que quis
matar Jesus. E por Jesus veio neste mundo. Herodes, acolhe Cristo no teu
coração!
Em segundo lugar, vejamos agora os Magos, que se colocaram
em caminho para adorar Jesus. Viram uma estrela, linguagem comum para eles.
Puseram-se em caminho motivados pela fé e pela fome de Deus e de repostas
transcendentes. Sortearam as dificuldades com a vontade. E chegaram à cova de
Belém. E ali entraram, e encontraram Jesus, Maria e José. Prostraram-se diante
do Menino Deus e lhe ofereceram os seus presentes: ouro por ser Rei, incenso
por ser Deus e mirra por ser Homem. Portanto, rei dos judeus, rei de todos.
Messias para os judeus, messias para todos. Salvador dos judeus, salvador do
mundo. Deus dos judeus, Deus de todos e para todos. Epifania: Fim do
exclusivismo judeu. Deus, portanto, igualmente de amancebados, santos ou
canalhas, ignorantes, exploradores e explorados, trapaceiros e prostitutas,
ciganos e paios, terroristas e guardas, ditadores e democratas, russos e
americanos... Deus é exclusiva de ninguém, nem sequer da Igreja. Isto é e
significa Epifania. Obrigado, Senhor, porque de pagão me fizestes cristão!
Finalmente, o que aprender desta festa? Com perigos, sem
perigos e apesar dos perigos, o homem -igual que os Magos- tem que ir ao
encontro de Deus e que, que o busca, com estrela ou sem estrela, o
encontra-entre outras coisas porque Deus é mais íntimo ao homem que o homem
mesmo. E essa é a mensagem soberana da Epifania ou apresentação de Jesus na
sociedade pagã ou natal dos pagãos. Assim como o do 24 foi o Natal dos judeus.
Que pena que Herodes, pagão, não quis entrar na festa do Natal, e preferiu
viver e morrer pagão. Mas que conste que Cristo veio também para ele. Pagãos
todos, vinde correndo a Belém, pois hoje é o dia da vossa festa e vos espera o
vosso Salvador e Senhor para vos abrir o seu coração cheio de ternura e misericórdia!
Para refletir:
1. Sei descobrir as “estrelas” que Deus me mandou para
colocar-me em caminho a Cristo e me encontrar com Ele?
2. Diante das dificuldades do caminho, o que faço: dou meio
volta ou continuo, renovando a minha fé e a minha esperança?
3. E ao chegar diante de Cristo, sou generoso para dar o
melhor que tenho e sou, ou só dou as sobras?
4. Ajudo os “pagãos” e os levo até Jesus?
Para rezar: Jesus,
trago-vos o meu ouro, pois sois o meu rei. Trago-vos o meu incenso para
oferecê-lo em sacrifício cheiroso da minha vida. Trago-vos a minha mirra para
embalsamar o meu corpo junto com o vosso na espera da ressurreição.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o
padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
«Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.» Sl 71
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de
Jahwéh, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de
todo o mundo.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao
encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos
da terra… Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-no com esperança
até o encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-no como “o
Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um
dom que Deus oferece a todos os homens, sem exceção.
A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.
O episódio da visita dos magos ao menino de Belém é um
episódio simpático e terno que, ao longo dos séculos, tem provocado um impacto
considerável nos sonhos e nas fantasias dos cristãos… No entanto, convém
recordar que estamos, ainda, no âmbito do “Evangelho da Infância”; e que os
fatos narrados nesta secção não são a descrição exata de acontecimentos históricos,
mas uma catequese sobre Jesus e a sua missão… Por outras palavras: Mateus não
está, aqui, interessado em apresentar uma reportagem jornalística que conte a
visita oficial de três chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está
interessado em (recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os
primeiros cristãos) apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem
oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.
A análise dos vários detalhes do relato confirma que a
preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético.
Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no fato
de Jesus ter nascido em Belém de Judá (vers. 1.5.6.7). Para entender esta
insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que
era a Belém que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em
Belém, é ligá-lo a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o
descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e
restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles
que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo
para o reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela
“especial” que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “magos” para
Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos
astronômicos complicados para concluir que no ano 6 a.C., uma conjunção de
planetas explicaria o fenômeno luminoso da estrela refulgente mencionada por
Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter
sulcado os céus do antigo Médio Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos
céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar fatos
históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de um personagem
importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição
judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (Nm 24,17). Ora,
é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da
catequese, vai inventar a “estrela”. Mateus está, sobretudo, interessado em
fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para rebater aqueles
que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos, ainda, as figuras dos “magos”. A palavra grega
“magos” usada por Mateus abarca um vasto leque de significados e é aplicada a
personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes
persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos
mesopotâmicos, em contato com o messianismo judaico. Seja como for, esses
“magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que
falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém
com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus
que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese
da Igreja primitiva, essa “luz”.
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de
forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o
Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “magos” do oriente
(que são pagãos) o adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da
notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos
sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu Salvador.
Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado
pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do
novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “magos” reflete a caminhada que
os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela),
percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho
para o encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que
fazer, encontram Jesus e adoram-no como “o Senhor”. É muito possível que um
grande número de pagão-cristãos da comunidade de Mateus descobrissem neste
relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.
Considerar as
seguintes questões:
• Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias
personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os “magos”,
Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, o
libertador enviado por Deus, estes distintos personagens assumem atitudes
diversas, que vão desde a adoração (os “magos”), até à rejeição total
(Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles
se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos
sagrados). Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil “conhecer as
Escrituras”, como profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas
e os valores de Jesus nos passem ao lado?
• Os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”,
que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas
atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa
história e da nossa vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que
aparecem no nosso caminho a vontade de Deus?
• Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação”
dos “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram
procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos
demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa
televisão, à nossa aparelhagem? Somos capazes de deixar tudo para responder aos
apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão
ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se
prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja – essa família de irmãos,
constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O
reconhecem como o seu Senhor.