terça-feira, 30 de novembro de 2021

Quinta-feira da 1ª semana do Advento

1ª Leitura (Is 26,1-6): Naquele dia, cantarão este hino na terra de Judá: «Nós temos uma cidade forte; muralhas e fortificações foram postas para nos proteger. Abri as portas para que entre um povo justo, um povo que pratica a fidelidade. O seu coração está firme: dar-lhe-eis a paz, porque em Vós tem confiança». Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a nossa fortaleza eterna. Humilhou os habitantes das alturas, abateu a cidade inacessível, derrubou-a por terra, arrasou-a até ao solo. Ela é calcada aos pés, os pés dos infelizes, os passos dos pobres.

Salmo Responsorial: 117

R. Bendito o que vem em nome do Senhor.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos poderosos.

Abri-me as portas da justiça: entrarei para dar graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor: os justos entrarão por ela. Eu Vos dou graças porque me ouvistes e fostes o meu salvador.

Senhor, salvai os vossos servos, Senhor, dai-nos a vitória. Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. O Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.

Aleluia. Procurai o Senhor, enquanto Se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Aleluia.

Evangelho (Mt 7, 21.24-27): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!».

«Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor! ’, entrará no Reino dos Céus»

Abbé Jean-Charles TISSOT (Freiburg, Suiça)

Hoje, o Senhor pronuncia estas palavras no final do Seu “Sermão da Montanha”, no qual dá um sentido novo e mais profundo aos Preceitos do Antigo Testamento, a “palavra” de Deus aos homens. Manifesta-se como Filho de Deus, e como tal pede-nos que recebamos o que nos diz como palavras de suma importância; palavras de vida eterna que devem ser postas em prática, e não são só para serem ouvidas, mas sem implicação pessoal – com o risco de serem esquecidas ou de nos contentarmos em admirá-las ou em admirar o seu autor.

«Construir uma casa sobre a areia» (cf. Mt 7,26) é uma imagem para descrever um comportamento insensato, que não leva a nenhum resultado e acaba no fracasso de uma vida, depois de um esforço longo e penoso para construir algo. “Bene curris, sed extra viam”, dizia Sto. Agostinho: corres bem, mas fora do trajeto aprovado, podemos traduzir assim. Que pena só chegar até aí: o momento da prova, das tempestades e das inundações que a nossa vida necessariamente contém!

O Senhor quer ensinar-nos a usar um fundamento sólido, cujo crescimento deriva do esforço para pôr em prática os seus ensinamentos, vivendo-os dia a dia no meio dos pequenos problemas que Ele tratará de resolver. A nossa resolução diária de viver os ensinamentos de Cristo deve terminar em propósitos concretos, se não definitivos, mas dos quais possamos tirar alegria e reconhecimento na hora do nosso exame de consciência, à noite. A alegria de ter conseguido uma pequena vitória sobre nós próprios é uma preparação para outras batalhas, e – com a graça de Deus – não nos faltará a força para perseverar até ao fim.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Permanecei vigilantes porque, quando a alma está dominada por um pesado torpor, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo» (Santo Efrém)

«O Evangelho de hoje (Mt 7,21ss) trata de uma equação matemática: Eu conheço a Palavra e a coloco em prática. Eu sou construído sobre a rocha. Agora, como faço para colocar a palavra em prática? É mesmo como construir uma casa na rocha, onde a imagem da pedra refere-se ao Senhor» (Francisco)

«A oração de fé não consiste somente em dizer «Senhor, Senhor!», mas em preparar o coração para fazer a vontade do Pai (Mt 7,21). Jesus exorta os seus discípulos a levar para a oração esta solicitude em cooperar com o desígnio de Deus (cf. Mt 9,38)» (Catecismo da Igreja Católica, 2.611)

«Entrará no Reino dos Céus(...)aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus»

+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)

Hoje, a palavra do Evangelho convida-nos a meditar com seriedade sobre a infinita distância que há entre o mero “escutar-invocar” e o “fazer” quando se trata da mensagem e da pessoa de Jesus. E dizemos “mero” porque não podemos esquecer que há modos de escutar e de invocar que não comportam o fazer. De fato, todos os que —tendo escutado o anúncio evangélico — acreditam, não serão confundidos; e todos os que, tendo acreditado, invocam o nome do Senhor, se salvarão ensina-o São Paulo na Carta aos Romanos (ver 10,9-13). Trata-se, neste caso, dos que acreditam com fé autêntica, aquela que «atua mediante a caridade», como escreve também o Apóstolo.

Mas é um fato que muitos acreditam e não fazem. A carta do apóstolo Santiago denuncia-o de uma maneira impressionante: «Sede, pois executores da palavra e não vos conformeis com ouvi-la somente, enganando-vos a vós mesmos» (1,22); «a fé, se não tem obras, está verdadeiramente morta» (2,17); «como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (2,26). É o que rejeita, também inolvidavelmente, São Mateus quando afirma: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus» (7,21).

É necessário, portanto, escutar e cumprir; é assim que construímos sobre a rocha e não em cima da areia. Como cumprir? Perguntemo-nos: Deus e o próximo enchem-me a cabeça —sou crente por convicção? E quanto ao bolso, compartilho os meus bens com critério de solidariedade? No que se refere à cultura, contribuo para consolidar os valores humanos no meu país?; No aumento do bem, fujo do pecado de omissão?; Na conduta apostólica, procuro a salvação eterna dos que me rodeiam? Numa palavra: sou uma pessoa sensata que, com obras, edifico a casa da minha vida sobre a rocha de Cristo?

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha. O Sermão da Montanha é uma nova leitura da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a casa na rocha.

* Trata-se de adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.

* Quem ouve e pratica a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece (Ct 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.

* O evangelista encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.

Para um confronto pessoal

1. Sou dos que dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?

2. Observo a lei para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Quarta-feira da 1ª semana do Advento

 Beato Charles de Foucauld, presbítero

1ª Leitura (Is 25,6-10a): Sobre este monte, o Senhor do Universo há de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; Ele destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».

Salmo Responsorial: 22

R. Habitarei para sempre na casa do Senhor.

O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome. Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa à vista dos meus adversários; com óleo me perfumais a cabeça e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.

Aleluia. O Senhor vem salvar o seu povo: felizes os que estão preparados para ir ao seu encontro. Aleluia.

Evangelho (Mt 15,29-37): Partindo dali, Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha e sentou-se. Grandes multidões iam até ele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Eles os trouxeram aos pés de Jesus, e ele os curou. A multidão ficou admirada, quando viu mudos falando, aleijados sendo curados, coxos andando e cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel. Jesus chamou seus discípulos e disse: «Sinto compaixão dessa multidão. Já faz três dias que estão comigo, e não têm nada para comer. Não quero mandá-los embora sem comer, para que não desfalecem pelo caminho». Os discípulos disseram: «De onde vamos conseguir, num lugar deserto, tantos pães que possamos saciar tão grande multidão?» Jesus perguntou: «Quantos pães tendes?» Eles responderam: «Sete, e alguns peixinhos». Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. Depois tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.

«Quantos pães tendes? Eles responderam: Sete, e alguns peixinhos»

Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)

Hoje, contemplamos no Evangelho a multiplicação dos pães e peixes. Muitas pessoas —comenta o evangelista Mateus — «iam até ele» (Mt 15,30) ao Senhor. Homens e mulheres que necessitam de Cristo, cegos, coxos e doentes de todo tipo, assim como outros que os acompanhavam. Todos nós também temos necessidade de Cristo, de sua ternura, do seu perdão, da sua luz, da sua misericórdia... Nele acha-se a plenitude do humano.

O Evangelho de hoje nos ajuda a dar-nos conta, também, da necessidade de homens que conduzam outros a Jesus Cristo. Os que levam os doentes a Jesus para que os cure são imagem de todos aqueles que sabem que o maior ato de caridade para com o próximo é aproximá-lo a Cristo, fonte de toda a Vida. A vida de fé exige, portanto, a santidade e o apostolado.

São Paulo exorta a ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (cf. Fl 2,5). Nosso relato mostra como é o coração: «Sinto compaixão dessa multidão» (Mt 15,32). Não pode deixá-los porque estão famintos e fatigados. Cristo busca o homem em toda a necessidade e faz-se encontrado. Que bom é o Senhor conosco! e que importantes somos as pessoas diante dos seus olhos! Só em pensá-lo dilata-se o coração humano cheio de agradecimento, admiração e desejo sincero de conversão.

Esse Deus feito homem, que tudo pode, e que nos ama apaixonadamente e a quem necessitamos em tudo e para tudo — «sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5) — precisa, paradoxalmente, também de nós: esse é o significado dos sete pães e os poucos peixes que usará para alimentar a multidão do povo. Se nos déssemos conta de como Jesus se apoia em nós, e do valor que tem tudo o que fazemos para Ele, por pequeno que seja, nos esforçaríamos mais e mais para Lhe corresponder com todo o nosso ser.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Doente, a nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz» (São Gregório de Nissa).

«A Misericórdia é o segundo nome do Amor» (Francisco).

«A compaixão de Cristo (...) para com todos os que sofrem vai ao ponto de identificar-Se com eles: «Estive doente e visitastes-Me» (Mt 25, 36). O seu amor de predileção para com os enfermos não cessou, ao longo dos séculos, de despertar a atenção particular dos cristãos para aqueles que sofrem no corpo ou na alma. Ele está na origem de incansáveis esforços para os aliviar» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.503).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O evangelho de cada dia é como o sol que se levanta. Sempre o mesmo sol, todos os dias, a alegrar a vida e a fertilizar as plantas. O maior perigo é a rotina. A rotina mata o evangelho, e apaga o sol da vida.

*   São sempre os mesmos elementos que compõem o quadro do evangelho: Jesus, a montanha, o mar, a multidão, os doentes, os necessitados, os problemas da vida. Apesar de já bem conhecidos, como o sol de cada dia, estes mesmos elementos sempre trazem uma nova mensagem.

*   Como Moisés, Jesus sobe a montanha e o povo reúne ao redor. Eles trazem consigo seus problemas: os doentes, os coxos, aleijados, cegos, mudos, tantos... Não são os grandes, mas os pequenos. Eles são o começo do novo povo de Deus que se reúne ao redor do novo Moisés. Jesus cura a todos.

*   Jesus chama os discípulos. Ele sente compaixão do povo que não têm o que comer. Para os discípulos, a solução deve vir de fora: “Onde conseguir pão para tanta gente?” Para Jesus, a solução deve vir de dentro do povo: “Quantos pães vocês têm?” – “Sete e uns peixinhos”. Com este pouco Jesus matou a fome de todos, e ainda sobrou. Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Sobrava, e muito! Realmente, um outro mundo é possível!

*   A narração da multiplicação dos pães evoca a eucaristia e dela revela o valor, ao dizer: “Jesus tomou o pão em suas mãos, deu graças, o partiu e deu aos seus discípulos”. 

Para um confronto pessoal

1. Jesus teve compaixão. Existe compaixão em mim pelos problemas da humanidade? Faço algo?

2. Os discípulos esperam a solução de fora. Jesus desperta para a solução de dentro. E eu?

domingo, 28 de novembro de 2021

30 de novembro: Santo André, apóstolo

1ª Leitura (Rom 10,9-18): Irmãos: Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares em teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação. Na verdade, a Escritura diz: «Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido». Não há diferença entre judeu e grego: todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que O invocam. Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados? Está escrito: «Como são formosos os pés dos que anunciam o Evangelho!» Mas nem todos obedecem ao Evangelho, como Isaías diz: «Senhor, quem acreditou na nossa pregação?» A fé, portanto, vem da pregação e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo. Mas pergunto: Não a teriam ouvido? Ao contrário, como diz a Escritura: «A sua voz ressoou por toda a terra e as suas palavras até aos confins do mundo».

Salmo Responsorial: 18

R. Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. O dia transmite ao outro esta mensagem e a noite a dá a conhecer à outra noite.

Não são palavras nem linguagem, cujo sentido se não perceba. O seu eco ressoou por toda a terra e a sua notícia até aos confins do mundo.

Aleluia. Vinde comigo, diz o Senhor, e farei de vós pescadores de homens. Aleluia.

Evangelho (Mt 4,18-22): Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram.

«Eu farei de vós pescadores de homens»

Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália)

Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» e o levou onde estava Jesus (Jo 2,41). Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles. Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos tudo o que temos e somos ao seu serviço — isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio — para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”. O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Pedro e André não tinham visto que Jesus Cristo tivesse feito algum milagre. Nada tinham ouvido do prêmio eterno e, porém ao ouvir a voz do Salvador se olvidaram de tudo o que acreditavam ter» (São Gregório Magno)

«Que o apóstolo André nos ensine a seguir a Jesus com prontidão, a falar com entusiasmo de Ele, e sobretudo a cultivar com Ele uma relação de autêntica familiaridade, consentes de que só em Ele podemos encontrar o sentido último de nossa vida e de nossa morte» (Bento XVI)

«Cristo Senhor (...) ordenou aos Apóstolos, que anunciassem a todos o Evangelho, o qual, antes prometido pelos profetas, ele próprio cumpriu e promulgou por sua palavra, como fonte de toda verdade salvífica e toda regra moral» (Catecismo da Igreja Católica, n°75)

Comentário

Jesus reúne à sua volta alguns discípulos aos quais dirige um especial ensinamento, porque os quer como discípulos e como testemunhas. Depois da Ressurreição, enviá-los-á ao mundo inteiro. Os Doze, de pescadores de peixes, tornam-se pescadores de homens. É o que Jesus lhes garante: “farei de vós pescadores de homens” (v. 19). André, com o seu irmão Simão, é um dos primeiros a ouvir o chamamento de Jesus e a segui-lo. Mateus realça a prontidão com que o fizeram: “E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no.” (v. 20). O seguimento de Jesus não admite hesitações ou demoras. Exige radicalidade!

A adesão pronta de André, e dos outros apóstolos, ao seguimento de Jesus e à missão que lhes confiava, permitiram-lhes levar a “Boa Notícia” da salvação aos confins da terra. A fé, adesão a Cristo e ao projeto de salvação que nos propõe, vem da escuta da Palavra, isto é, de Cristo, Palavra definitiva de Deus aos homens. Pregar essa Palavra, para que todos possam conhecê-la e aderir-lhe é, ainda hoje, a missão da Igreja.

Somos, pois, convidados a escutar a Palavra, a acolhê-la no coração. É, sem dúvida, uma palavra exigente. Mas é Palavra salutar. Por isso, não podemos cair na tentação de lhe fechar os nossos ouvidos. Tal como certos remédios, a Palavra pode fazer-nos momentaneamente sofrer. Mas é a nossa salvação.

A palavra é também alimento. Os profetas dizem que Deus promoverá no mundo uma fome, não de pão, mas da sua Palavra. Precisamos de experimentar essa fome, sabendo que a Palavra de Deus nos pode saciar para além de todas as realidades terrestres, e muito mais do que podemos imaginar.

A palavra de Deus é exigência. Jesus fala de uma semente que deve crescer e espalhar-se por todo o lado. É a Palavra que torna fecundo o apostolado. Não pregamos palavras nossas, mas a Palavra que escutamos e acolhemos, e nos impele a proclamá-la, para pôr os homens em comunhão com Deus.

S. João ensina-nos que não é fácil escutar a palavra, porque não é fácil ser dóceis a Deus. Mas só quem dócil ao Pai, escuta a sua Palavra: “Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim” (Jo 6, 45).

A Palavra é a nossa felicidade. A palavra, meio de comunicação humana por excelência, permite-nos comunicar com Deus. Para entrar em comunicação e em comunhão com Deus, havemos de acolher a sua Palavra em nós.

Que Santo André nos ensine a escutar e a acolher a Palavra de Deus, para estarmos em comunhão com Ele e uns com os outros.

sábado, 27 de novembro de 2021

29 de novembro

 Beatos Dionísio da Natividade e Redento da Cruz
Mártires de nossa Ordem

Pierre Bertholo nasceu em Honfleur (Calvados, França) no ano 1600. Serviu os Reis de França e Portugal como cosmógrafo e almirante da armada. Fez-se carmelita em Goa, em 1635, onde professou no dia de Natal do ano seguinte, tomando o nome de Dionísio da Natividade, e onde foi ordenado sacerdote no dia 24 de agosto de 1638. Tomás Rodrigues da Cunha nasceu no lugar de Lisouros, freguesia de Cunha (Paredes de Coura, Portugal) em 1598. Entrou para o Carmelo Teresiano no convento de Goa, onde professou como irmão converso em 1615, tomando o nome de Redento da Cruz. O Padre Dionísio e o Irmão Redento foram enviados pelos superiores para Achém, na ilha de Sumatra, onde foram martirizados por muçulmanos no dia 29 de novembro de 1638 pela sua adesão a Cristo e pela sua firmeza na fé. Foram beatificados no dia 10 de junho de 1900 pelo Papa Leão XIII.
 
LAUDES
Hino
Ao raiar o sol de um novo dia,
que aparece a terra e a reanima,
penso no sol que amadureceu
dois cachos de uvas para a mesma vindima.
 
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.
 
Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.
 
Esse sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.
 
E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
contínua prova do nosso amor.
 
Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
Fonte de amor e Fonte de Luz!
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Cântico evangélico
Ant. Benditos sois vós quando por minha causa sois perseguidos: alegrai-vos e saltai de contentamento, porque nos céus será grande a vossa recompensa.
 
Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...
 
VÉSPERAS
Hino
Santos irmãos, Redento e Dionísio,
agora no Sol, que é Deus, imersos,
bendizeis a mão toda bondade,
que não vos traçou rumos diversos.
 
Amantes de Cristo até ao martírio,
irmanados na mesma vocação,
ofereceis a Deus, no mesmo cálice,
sangue de almas de oração.
 
Este sangue unido ao de Cristo,
que dá valor a toda a oblação,
caia hoje sobre a vossa família
como o Batismo de Vida e Redenção.
 
E a nós, vossos irmãos carmelitas,
que louvamos a Cristo no vosso louvor,
ajudai-nos a dar-lhe todos dias
continua prova de nosso amor.
 
Glória a ti, ó Pai Celeste,
pelo teu Filho, o Senhor Jesus,
e ao Espírito, Força dos mártires,
fonte de amor e fonte de Luz!
 
Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.
 
Cântico evangélico
Ant. Amaram a Cristo na sua vida e o imitaram na sua morte, por isso com Ele reinarão para sempre.
 
Oração
Deus eterno e onipotente, que concedestes aos mártires Dionísio e Redento a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo dos que morreram corajosamente por Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, ...

Segunda-feira da 1ª semana do Advento

 Beatos Dionísio da Natividade e Redento da Cruz, Mártires de nossa Ordem

1ª Leitura (Is 2,1-5): Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que hão de vir, que o monte do templo do Senhor se há de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.

Salmo Responsorial: 121

R. Vamos com alegria para a casa do Senhor.

Alegrei-me quando me disseram: «Vamos para a casa do Senhor». Detiveram-se os nossos passos às tuas portas, Jerusalém.

Jerusalém, cidade bem edificada, que forma tão belo conjunto! Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor.

Segundo o costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor; ali estão os tribunais da justiça, os tribunais da casa de David.

Pedi a paz para Jerusalém: vivam seguros quantos te amam. Haja paz dentro dos teus muros, tranquilidade em teus palácios.

Por amor dos meus irmãos e amigos, pedirei a paz para ti. Por amor da casa do Senhor nosso Deus, pedirei para ti todos os bens.

Aleluia. Vinde libertar-nos, Senhor, nosso Deus; mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. Aleluia.

Evangelho (Mt 8,5-11): Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um centurião aproximou-se dele, suplicando: «Senhor, o meu criado está de cama, lá em casa, paralisado e sofrendo demais». Ele respondeu: «Vou curá-lo». O centurião disse: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado. Pois eu, mesmo sendo subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens; e se ordeno a um: ‘Vai’e, ele vai, e a outro: ‘Vem’ e, ele vem; e se digo ao meu escravo: ‘Faz isto’, ele faz». Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o estavam seguindo: «Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé. Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó

«Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje, Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40). O grande pensador Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fiéis, encontra-se na agonia de Getsemani até ao final dos tempos».

O centurião de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama. Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8). Esta confissão fundamenta-se na esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria pobreza.

Só nos podemos aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele próprio mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Que pensamos que Jesus alabou na fé do centurião? A humildade. A humildade do centurião foi a porta por onde o Senhor entrou» (Santo Agostinho)

«O Senhor maravilhou-se deste centurião. Maravilhou-se da fé que ele tinha. Por isso não somente encontrou ao Senhor, se não que sentiu a alegria de ter sido encontrado pelo Senhor. É muito importante!» (Francisco)

Perante a grandeza deste sacramento [a eucaristia], o fiel só pode retomar humildemente e com ardente fé a palavra do centurião: « Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma [só] palavra e serei salvo» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1386)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

* A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.

* A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!” Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.

* O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.

* Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.

Para um confronto pessoal

1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?

2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Domingo I do Advento

1ª Leitura (Jer 33,14-16): Eis o que diz o Senhor: «Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá: Naqueles dias, naquele tempo, farei germinar para David um rebento de justiça que exercerá o direito e a justiça na terra. Naqueles dias, o reino de Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança. Este é o nome que chamarão à cidade: ‘O Senhor é a nossa justiça’».

Salmo Responsorial: 24

R. Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador.

O Senhor é bom e reto, ensina o caminho aos pecadores. Orienta os humildes na justiça e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.

Os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos. O Senhor trata com familiaridade os que O temem e dá-lhes a conhecer a sua aliança.

2ª Leitura (1Tes 3,12—4,2): Irmãos: O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós a temos tido para convosco. O Senhor confirme os vossos corações numa santidade irrepreensível, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus, nosso Senhor, com todos os santos. Finalmente, irmãos, eis o que vos pedimos e recomendamos no Senhor Jesus: recebestes de nós instruções sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus e assim estais procedendo; mas deveis progredir ainda mais. Conheceis bem as normas que vos demos da parte do Senhor Jesus.

Aleluia. Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia e dai-nos a vossa salvação.

Evangelho (Lc 21,25-28.34-36): Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas. As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as potências celestes serão abaladas. Então, verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem».

«Ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, justamente ao começar um novo ano litúrgico, fazemos o propósito de renovar nossa ilusão e nossa luta pessoal visando à santidade, própria e de todos. A própria Igreja nos convida, recordando-nos no Evangelho de hoje, a necessidade de estar sempre atentos, sempre “enamorados” do Senhor: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida» (Lc 21,34).

Mas reparemos num detalhe que é importante entre namorados: essa atitude de alerta —de preparação— não pode ser intermitente, mas deve ser permanente. Por isso, nos diz o Senhor: «ficai atentos e orai a todo momento» (Lc 21,36). A todo momento! essa é a justa medida do amor. A fidelidade não se faz na base de “agora sim, agora não”. É, portanto, muito conveniente que nosso ritmo de piedade e de preparação espiritual seja um ritmo habitual (dia a dia e semana a semana). Tomara que cada jornada da nossa vida vivamo-la com a mentalidade de estrearmos; tomara que cada manhã —ao acordarmos— logremos dizer: Hoje volto a nascer (obrigado, meu Deus!); hoje volto a receber o Batismo; hoje volto a fazer a Primeira Comunhão; hoje me caso novamente... Para perseverar com ar alegre, há de se “reestreia” e se renovar.

Nesta vida não temos cidade permanente. Chegará o dia que incluso «as potências celestes serão abaladas» (Lc 25,26). Bom motivo para permanecer em estado de alerta! Mas, neste Advento, a Igreja acrescenta um motivo muito bonito para nossa gozosa preparação: certamente, um dia os homens «verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 25,27), mas agora Deus chega à terra com mansidão e discrição; em forma de recém-nascido, até o ponto que «Cristo viu-se envolto em fraldas dentro de um presépio» (São Cirilo de Jerusalém). Somente um espírito atento descobre neste Menino a magnitude do amor de Deus e sua salvação (cf. Sal 84,8).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Proclamamos a vinda de Cristo, não apenas a Sua primeira vinda, mas também uma segunda. A primeira está marcada pelo signo da paciência enquanto a outra trará o diadema da realeza divina» (S. Cirilo de Jerusalém)

«O Advento, tempo próprio para preparar os nossos corações para receberem o Salvador, ou seja, o único Justo e o único Juiz que pode dar a cada um o que merece. A salvação que se espera em Deus tem igualmente o sabor do amor» (Papa Francisco)

«A vinda do Filho de Deus à Terra é um acontecimento tão grandioso, que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da “primeira Aliança” (Hb 9,15), tudo Deus faz para convergir para Cristo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 522)

Advento: Tempo de Esperança

Dom Antonio Emidio Vilar, sdb Bispo Diocesano de S. João da Boa Vista (SP)

O Advento inicia o ano Litúrgico que celebra os mistérios da fé, da Salvação e se apoia em duas colunas, Natal e Páscoa, com 3 momentos: preparação (Advento e Quaresma); celebração (Natal a Epifania; Páscoa a Pentecostes); prolongamento (domingos do tempo comum).

Advento, tempo de esperança, celebra: Um fato passado: Vinda histórica de Cristo prometida a Abraão, lembrada pelos profetas, esperada pelo povo, realizada em Belém. Um fato presente: Vinda de Jesus presente na Igreja, na Palavra, Eucaristia e irmãos. Um fato futuro: A segunda vinda, no fim do mundo. A liturgia fala de um novo tempo marcado de esperança e de alegria:

Em Jr 33,14-16, olhamos para o Passado. Após um longo exílio, o Povo, cansado e abatido, retorna para a sua terra, mas encontra tudo destruído, precisa recomeçar tudo de novo. O profeta Jeremias proclama a chegada de dias melhores; recorda as promessas de Deus, elimina a saudade do passado, o medo do presente e instaura o clima da Esperança. Surgirá um descendente de Davi que trará paz e salvação. O rebento esperado é Jesus de Nazaré. Com ele teve início o Reino de Paz e Justiça. Mas, a construção desse mundo novo não termina com o seu nascimento de Cristo, mas pede mais tempo, nossa ajuda e empenho.

Em 1Ts 3,12-4,2 vemos o Presente. Paulo lembra que a melhor maneira de esperar a vinda do Senhor é crescer no amor recíproco. Sem esse amor, é vazio o Advento e o próprio Natal.

Em Lc 21,25-28.34-36, vemos o Futuro. Os últimos dias da vida terrena de Jesus anunciam tempos difíceis de sofrimento, perseguição. Em linguagem apocalíptica, a segunda vinda de Cristo, com sinais catastróficos, não é um quadro do fim do mundo: as imagens dos profetas falam do dia do Senhor, quando Ele vai intervir na história para libertar o seu Povo.

A intenção é reavivar a Esperança pelo novo dia que surgirá e motivar a Vigilância para reconhecer e acolher o Senhor que vem. ‘Fiquem de pé e levantem a cabeça, pois a vossa libertação está próxima’. O Evangelho ensina a não esperar passivamente a vinda do Filho do Homem. É preciso estar atento a essa salvação oferecida e aceitá-la. É necessário reconhecer Jesus que vem nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. É preciso ter a vontade e a liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que ele nos transforme o coração e se faça vida em nossos gestos e palavras. É preciso ter presente, que este mundo novo está em construção e que depende de nossa resposta.

Como preparamos o Natal? Só com presentes, enfeites, músicas e festas, comes e bebes, ou preparamos um Natal verdadeiramente cristão, vivido num Clima de:

ORAÇÃO: na Comunidade, a liturgia do Advento; nas famílias, a Novena de Natal…

VIGILÂNCIA para perceber os sinais da presença de Deus; por Deus em primeiro lugar; ler a realidade com o olhar voltado à eternidade; crer que o Reino de Deus está presente entre nós. O perigo: Não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e preocupações da vida.

ESPERANÇA: Advento é participar de uma espera profunda de todos os homens pela vinda de Deus. De cabeça erguida apesar dos problemas que nos cercam.

CONVERSÃO: preparar o presépio e o coração. Natal cristão existe se Cristo vem ao coração. Senão, sua vinda é inútil se não removemos a bagagem inútil que impede caminhar para Cristo.

Como há dois mil anos em Belém, Cristo busca um lugar em nossa casa, em nosso coração.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Missa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

Comemora-se neste dia a manifestação da Imaculada Virgem Maria a Santa Catarina Labouré, em 1830, na Capela da Casa-Mãe das Filhas da Caridade. Três foram as aparições. Na noite de 18 para 19 de julho de 1830, na qual a Virgem apareceu sentada na cadeira presidencial da Capela, facilitando a Santa Catarina Labouré colocar suas mãos no colo da Virgem. Na segunda aparição, a Virgem se mostrou segurando o globo terrestre na altura do peito, como que apresentando o mundo a Deus. E, finalmente, a aparição com os braços abertos e estendidos sobre o mundo, derramando suas graças e pisando na serpente. Esta aparição deu origem à Medalha Milagrosa e à sua festa, aprovada pelo Papa Leão XIII, a 23 de julho de 1894.

 
Antífona da Entrada (cf. Jt 13,23.25)
O Senhor Deus vos abençoou, Virgem Maria, mais que a todas as mulheres na terra. Ele exaltou o vosso nome: que todos os povos cantem vosso louvor.
 
Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, pela Imaculada Virgem Maria, intimamente unida a seu Filho, nos cumulais de alegria pelos vossos imensos benefícios. Certos de seu socorro maternal, concedei-nos corresponder sempre à vossa infinita bondade e associar-nos com fé inabalável ao mistério da vossa redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
 
Primeira Leitura (Ap 12,1.5.14-17):
Leitura do Livro do Apocalipse. Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher revestida do sol, a lua debaixo de seus pés, e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono. À mulher, foram dadas duas asas de grande águia, a fim de voar para o deserto, para o lugar de seu retiro. A Serpente vomitou contra a mulher um rio de água, para arrastá-la nas suas águas. A terra, porém, acudiu a Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara. Este então se irritou contra a mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus. Palavra do Senhor.
 
Salmo Responsorial (Sl 44,11-12.14-15.16-17)
Refrão: À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir.

– Ouve, filha, vê e presta atenção, esquece o teu povo e a casa de teu pai. Da tua beleza se encantará o rei. Ele é teu senhor, rende-lhe homenagens. R.

– Toda formosa entra a filha do rei, com vestes bordadas de ouro. Em roupagens multicores apresenta-se ao rei; após ela vos são apresentadas as virgens, suas companheiras. R.

– Levadas entre cantos de alegria e de júbilo, ingressam no palácio real. Tomarão os vossos filhos o lugar de vossos pais, vós os estabelecereis príncipes sobre toda a terra. R.

 
Evangelho (Jo 2,1-12)
† Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: Naquele tempo, celebravam-se bodas em Cana da Galileia. E achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles não têm mais vinho”. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, isso nos compete a nós? Minha hora ainda não chegou”. Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham, cada qual, duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: “Enchei as talhas de água”. Eles encheram-nas até em cima. “Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes”. Logo que o chefe dos serventes provou a água tornada vinho, não sabendo de onde vinha (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o esposo e disse: “É costume servir primeiro o vinho bom, e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora”. Este foi o primeiro sinal de Jesus. Realizou-o em Cana da Galileia. Manifestou sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disso, desceram a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. E ali ficaram apenas alguns dias. Palavra da Salvação.
 
Sobre as Oferendas
Ó Senhor, celebrando a memória da Santíssima Virgem Maria, nós vos oferecemos exultantes este sacrifício de louvor e vos pedimos que a gratidão pelos vossos benefícios faça de nossa vida uma contínua ação de graças. Por Cristo, Nosso Senhor.
 
Antífona da Comunhão (Lc 1, 48.49)
Todas as gerações me chamarão bem-aventurada porque o Poderoso fez em mim grandes coisas. E santo é o seu nome.
 
Depois da Comunhão
Revigorados pelo sacramento da eterna redenção, nós vos pedimos, ó Senhor nosso Deus, que, celebrando com alegria a Imaculada Mãe de vosso Filho, prossigamos mais vigorosamente na peregrinação da fé, até que, admitidos à mesa do vosso Reino, possamos com ela glorificar-vos na eternidade. Por Cristo, Nosso Senhor.
 
RITO DE BENÇÃO E IMPOSIÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA
 
V. A nossa proteção está no Nome do Senhor,
R. Que fez o Céu e a terra.

V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
 
OREMOS
Deus Todo-Poderoso e misericordioso, que através da Imaculada Virgem Maria, Vos dignastes realizar continuamente inúmeros milagres para a salvação das almas, abençoai esta Medalha, para que aqueles que meditarem nela piedosamente, e devotamente a usarem, possam sentir a sua proteção materna e obter a vossa misericórdia. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
 
O sacerdote, então, asperge a Medalha com água benta, e diz ao colocá-la:
Recebei esta Medalha sagrada, usai-a fielmente e tratai-a com a devida veneração, para que a Santíssima e Imaculada Rainha do Céu vos proteja e defenda, e, sempre renovando os milagres da sua bondade, obtenha misericordiosamente o que, com humildade, pedis a Deus, para que possais descansar jubilosamente no seu abraço maternal por toda a vida e na hora da morte. Amém.

 
O sacerdote continua:

V. Senhor, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.

V. Cristo tende piedade de nós.
R. Cristo tende piedade de nós.

V. Senhor tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.
 
Pai Nosso que estais no Céu ...
 
· V. Oh Maria, concebida sem pecado,
· R. Rogai por nós que recorremos a vós.

· V. Senhor, escutai a minha oração,
· R. E o meu clamor chegue até Vós.

· V. O Senhor esteja convosco,
· R. Ele está no meio de nós.

 
OREMOS
Senhor Jesus Cristo, que Vos dignastes glorificar, por inumeráveis milagres, a Santíssima Virgem Maria, imaculada desde o primeiro momento da sua conceição, concedei a todos nós, que devotamente imploramos a sua proteção na terra, que possamos gozar eternamente da vossa presença no Céu. Vós que, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, pelos séculos e dos séculos. Amém.