Salmo Responsorial: 117
R. Bendito o que vem
em nome do Senhor.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a
sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos poderosos.
Abri-me as portas da justiça: entrarei para dar graças ao
Senhor. Esta é a porta do Senhor: os justos entrarão por ela. Eu Vos dou graças
porque me ouvistes e fostes o meu salvador.
Senhor, salvai os vossos servos, Senhor, dai-nos a vitória.
Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. O
Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.
Aleluia. Procurai o Senhor, enquanto Se pode encontrar, invocai-O,
enquanto está perto. Aleluia.
Evangelho (Mt 7, 21.24-27): Naquele tempo, Jesus
disse aos discípulos: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará
no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que
está nos céus. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é
como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva,
vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou,
porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas
palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua
casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram
contra a casa, e ela desabou, e grande foi a sua ruína!».
«Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor! ’, entrará no Reino dos
Céus»
Abbé Jean-Charles
TISSOT (Freiburg, Suiça)
«Construir uma casa sobre a areia» (cf. Mt 7,26) é uma
imagem para descrever um comportamento insensato, que não leva a nenhum
resultado e acaba no fracasso de uma vida, depois de um esforço longo e penoso
para construir algo. “Bene curris, sed extra viam”, dizia Sto. Agostinho:
corres bem, mas fora do trajeto aprovado, podemos traduzir assim. Que pena só
chegar até aí: o momento da prova, das tempestades e das inundações que a nossa
vida necessariamente contém!
O Senhor quer ensinar-nos a usar um fundamento sólido, cujo
crescimento deriva do esforço para pôr em prática os seus ensinamentos,
vivendo-os dia a dia no meio dos pequenos problemas que Ele tratará de
resolver. A nossa resolução diária de viver os ensinamentos de Cristo deve
terminar em propósitos concretos, se não definitivos, mas dos quais possamos
tirar alegria e reconhecimento na hora do nosso exame de consciência, à noite.
A alegria de ter conseguido uma pequena vitória sobre nós próprios é uma
preparação para outras batalhas, e – com a graça de Deus – não nos faltará a
força para perseverar até ao fim.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Permanecei vigilantes porque, quando a alma está dominada
por um pesado torpor, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua
vontade. Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como
do corpo» (Santo Efrém)
«O Evangelho de hoje (Mt 7,21ss) trata de uma equação
matemática: Eu conheço a Palavra e a coloco em prática. Eu sou construído sobre
a rocha. Agora, como faço para colocar a palavra em prática? É mesmo como
construir uma casa na rocha, onde a imagem da pedra refere-se ao Senhor»
(Francisco)
«A oração de fé não consiste somente em dizer «Senhor,
Senhor!», mas em preparar o coração para fazer a vontade do Pai (Mt 7,21).
Jesus exorta os seus discípulos a levar para a oração esta solicitude em
cooperar com o desígnio de Deus (cf. Mt 9,38)» (Catecismo da Igreja Católica,
2.611)
«Entrará no Reino dos Céus(...)aquele que põe em prática a vontade de
meu Pai que está nos céus»
+ Rev. D. Antoni ORIOL
i Tataret (Vic, Barcelona, Espanha)
Mas é um fato que muitos acreditam e não fazem. A carta do
apóstolo Santiago denuncia-o de uma maneira impressionante: «Sede, pois
executores da palavra e não vos conformeis com ouvi-la somente, enganando-vos a
vós mesmos» (1,22); «a fé, se não tem obras, está verdadeiramente morta»
(2,17); «como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está
morta» (2,26). É o que rejeita, também inolvidavelmente, São Mateus quando
afirma: «Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos
Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus»
(7,21).
É necessário, portanto, escutar e cumprir; é assim que
construímos sobre a rocha e não em cima da areia. Como cumprir? Perguntemo-nos:
Deus e o próximo enchem-me a cabeça —sou crente por convicção? E quanto ao
bolso, compartilho os meus bens com critério de solidariedade? No que se refere
à cultura, contribuo para consolidar os valores humanos no meu país?; No
aumento do bem, fujo do pecado de omissão?; Na conduta apostólica, procuro a
salvação eterna dos que me rodeiam? Numa palavra: sou uma pessoa sensata que,
com obras, edifico a casa da minha vida sobre a rocha de Cristo?
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Trata-se de
adquirir a verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus
expressa na Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a
Palavra de Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não
é falar bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser
uma revelação do seu amor e da sua presença no mundo.
* Quem ouve e pratica
a palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa
em si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência
do amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a
palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece
(Ct 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para
merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que
dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a
rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
* O evangelista
encerra o Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada
com o ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como
os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do
povo com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o
povo aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.
Para um confronto
pessoal
1. Sou dos que
dizem “Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
2. Observo a lei
para merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?