Missa da Aurora
Salmo Responsorial: 96(97)
R. Brilha hoje uma
luz sobre nós, / pois nasceu para nós o Senhor.
1. Deus é rei! Exulte a terra de alegria, / e as ilhas
numerosas rejubilem! / E proclama o céu sua justiça, / todos os povos podem ver
a sua glória. – R.
2. Uma luz já se levanta para os justos, / e a alegria para
os retos corações. / Homens justos, alegrai-vos no Senhor, / celebrai e
bendizei seu santo nome! – R.
II Leitura: Tít. 3,4-7 - Caríssimo, manifestou-se
a bondade de Deus, nosso salvador, e o seu amor pelos homens: ele salvou-nos
não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua
misericórdia, quando renascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito
Santo, que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de nosso Salvador,
Jesus Cristo. Justificados assim pela sua graça, nos tornamos, na esperança,
herdeiros da vida eterna. – Palavra do Senhor.
Aleluia. Glória a Deus nos altos céus, / e paz na terra entre os
homens, que ele ama. Aleluia
Evangelho: Lc 2,15-20 - Quando os anjos se
afastaram, voltando para o céu, os pastores disseram entre si: “Vamos a Belém
ver este acontecimento que o Senhor nos revelou”. Os pastores foram às pressas
a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o
visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os
pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava
todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram,
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme
lhes tinha sido dito.
Hoje surgiu a luz para o mundo: o Senhor nasceu para nós.
Rev. D. Bernat GIMENO i
Capín (Barcelona, Espanha)
Depois de Maria e José, foram estes pastores do Evangelho os
primeiros que foram iluminados pela presença de Jesus Menino. Os pastores, que
eram considerados como os últimos na sociedade. Temos de ser pastores para
acolher o Menino e ser conscientes do nosso nada.
Que Jesus seja luz, não nos pode deixar indiferentes.
Contemplemos os pastores: era tão grande o gozo que sentiam pelo que haviam
visto que não deixavam de falar disso: «Todos os que ouviram os pastores
ficavam admirados com aquilo que contavam» (Lc 2,19).
«Teu Salvador já está aqui», também nos diz o profeta e isso
nos enche de alegria e de paz. Queridos irmãos, isto nos falta a muitos
cristãos no dia de hoje: falar Dele com alegria, paz e convencimento; cada um
desde a sua vocação, quer dizer, desde o desígnio eterno que Deus tem “para
mim”. E isto será possível se antes estamos convencidos da nossa identidade: os
laicos, religiosos e sacerdotes. Todos formamos “o povo santo” do qual nos fala
o profeta Isaías.
Foi desígnio de Deus que fossem pastores a adorar ao Menino
Jesus. Todos somos pastores. Todos têm de ser pobres e humildes, os últimos...
Contemplando o presépio de nossa casa, com os pastores de plástico ou de barro,
vemos uma imagem da Igreja, que o profeta na primeira leitura descreve como uma
“cidade-não-abandonada” e como “a querida” (Is 62,12). Neste Natal façamos o
propósito de amar mais a nossa Igreja... que não é nossa, senão Dele e nós a
recebemos e entramos a participar nela como indignos servos, e a recebemos como
um dom, como um presente imerecido. De aí que a nossa aclamação da alegria
neste Natal tem de ser uma profunda e sincera ação de graças.
Vamos a Belém
Encontrá-Lo-emos pela fé, que nos faz descobri-lo para além
das aparências. Também eles não viram Jesus na Sua divindade. Contemplaram um
menino envolvido em paninhos, reclinado numa manjedoura. Mas tinham fé no que
os anjos lhes tinham dito e adoraram-No. E contaram cheios de alegria o que
lhes tinha acontecido.
Temos a Jesus conosco neste momento, mas não podemos
contemplá-lo como é.
Avivemos o desejo de O ver, repitamos o ato de fé do
apóstolo que duvidava da ressurreição: -Meu Senhor e meu Deus (Jo 20, 28).
Que oração tão bela para estes dias de Natal! Ou então
aquela de Sto.Tomás de Aquino: «Adoro-Te com amor Deus escondido» (Adoro Te de
devote, latens Deitas)
Há anos, no Peru, um miúdo estava em risco de não ser
admitido à primeira comunhão, pois o pároco duvidava se ele saberia o
suficiente. O bispo, que estava ali, interrogou o rapaz. E, na igreja, perto do
sacrário, perguntou-lhe: -Olha lá, onde é que está Jesus?
O pequeno respondeu apontando para a cruz: -Ali parece que
está mas não está. Mais abaixo parece que não está mas está.
O bispo disse ao pároco: – pode admiti-lo à primeira
comunhão sem receio.
Que bela lição na sua simplicidade!
Temos de procurar a Jesus cada dia na Santa Missa, na
comunhão, e no sacrário das nossas igrejas.
Que bom se neste Natal procuramos aumentar a nossa fé na
presença de Jesus no Sacrário! E nos esforçamos por viver em cada domingo o
encontro com Ele na Santa Missa!
Encontraram Maria e
José
Eles são modelos para nós, pela sua simplicidade e pela sua
fé. O Espírito Santo, pela boca de Isabel, louvou a fé de Maria, feliz porque
acreditou (Lc 1, 45). Primeiro na encarnação virginal. Depois no presépio de
Belém. Ela via um menino na sua pequenez humana e não na Sua natureza divina,
escondida também para Ela. Mas era como se visse.
Aparentemente aquele menino era como os outros. Chorava,
precisava que O amamentasse, que O vestisse. Dormia tranquilamente no Seu colo.
Jesus, perfeito Deus, quis ser também perfeito homem, em tudo igual a nós exceto
no pecado (Heb 4, 15).
Vamos olhar para Jesus Menino, contemplar a Sua Humanidade
Santíssima, enamorar-nos dela. No Sacrário está como em Belém. Podemos
falar-Lhe como a um amigo. Melhor, como ao Amigo com letra grande, o Amigo de
verdade.
Quando comungamos temo-Lo em nosso peito. Podemos imaginar
como Lhe pegaria a Virgem e também S. José e imitá-los no carinho, na fé, na
confiança, na delicadeza.
Tantos vão comungar sem se confessarem. Sem se preocupar em
agradecer a Jesus após a comunhão. Que pena se alguém vai ao altar apenas
porque é moda, ou para dar nas vistas!
Meditando-os em Seu
Coração
A nossa há de levar-nos a encarar tudo também com olhos
diferentes. Não entendemos tudo o que acontece, mas sabemos que está nas mãos
de Deus, que tudo conduz para o bem: tudo concorre para o bem dos que amam a
Deu (Rom 8, 28). É uma das lições do presépio. Desilusões, alegrias tudo ali se
mistura. E a Virgem aparece serena, porque sabe encarar as coisas com os olhos
de Deus, com visão sobrenatural.
Também nós pelo dia fora, temos de imitar Nossa Senhora.
Sabermos vir até Jesus no Sacrário, procurar nele a serenidade. Vinde a Mim,
vós todos que andais sobrecarregados e fatigados e Eu vos aliviarei (Mt 11,28).
Ir a Jesus, ao Amigo que nos espera e pode dar solução a todas as nossas
necessidades.
«Para mim -dizia um sacerdote santo do nosso tempo -o
Sacrário foi sempre Betânia, o lugar tranquilo e aprazível onde está Cristo,
onde Lhe podemos contar as nossas preocupações, os nossos sofrimentos, as
nossas aspirações e as nossas alegrias, com a mesma simplicidade e naturalidade
com que aqueles amigos seus, Marta, Maria e Lázaro, lhe falavam» (J.ESCRIVA,
Cristo que passa, 154)
Sabermos falar-Lhe na comunhão, fazendo os nossos pedidos,
contando as nossas alegrias e apresentando os nossos queixumes.
Sabermos oferecer com Ele na Santa Missa os nossos trabalhos
e sofrimentos. Ao vir à terra – diz a Carta aos Hebreus, com palavras dum salmo
do Antigo Testamento -Jesus exclama para o Pai: Eis que venho para fazer a Tua
vontade (Heb 10, 7).
Isso foi a vida de Jesus, desde o presépio até ao Calvário,
em que se consumou o Seu Sacrifício. E este torna-se presente na Santa Missa,
onde havemos de nos oferecer com Ele. Pondo sobre a mesa do altar as nossas
penas e alegrias.
Salmo Responsorial 97/98
R. Os confins do
universo contemplaram a salvação do nosso Deus.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação e, às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!
Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa e da cítara suave! Aclamai, com os clarins e as trombetas, ao Senhor, o nosso rei!
II Leitura (Hb 1,1-6) - Muitas vezes e de diversos
modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou
por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as
coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo
com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados,
está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus, tão superior aos
anjos quanto excede o deles o nome que herdou. Pois a quem dentre os anjos
disse Deus alguma vez: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei"? Ou então:
"Eu serei seu Pai e ele será meu Filho"? E novamente, ao introduzir o
seu Primogênito na terra, diz: "Todos os anjos de Deus o adorem".
Aleluia. Despontou o santo dia para nós: ó nações, vinde adorar o
Senhor Deus, porque hoje grande luz brilhou na terra! Aleluia.
Evangelho (Jo 1,1-18): No princípio era a Palavra,
e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no
princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi
feito de tudo o que existe. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. Veio um
homem, enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de
dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. Não era ele
a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Esta era a luz verdadeira, que
vindo ao mundo a todos ilumina. Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por
meio dela, mas o mundo não a reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os
seus não a acolheram. A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se
tornarem filhos de Deus: são os que creem no seu nome. Estes foram gerados não
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E a
Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que
recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e de verdade. João dá
testemunho dele e proclama: «Foi dele que eu disse: ‘Aquele que vem depois de
mim passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia». De sua
plenitude todos nós recebemos, graça por graça. Pois a Lei foi dada por meio de
Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu
a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a
conhecer».
«E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós»
Mons. Jaume PUJOL i
Balcells, Arcebispo Emérito de Tarragona (Tarragona, Espanha)
O apóstolo João o explica usando expressões de grande
profundidade teológica: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de
Deus e o Verbo era Deus.» (Jo 1,1). João chama “Palavra” ao Filho de Deus, a
segunda pessoa da Santíssima Trindade. E Complementa: «E o verbo se fez carne e
habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o filho único recebe do seu
pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).
Isto é o que celebramos hoje, por isso fazemos festa.
Maravilhados, contemplamos Jesus acabado de nascer. É um recém-nascido… E, ao
mesmo tempo, Deus onipotente; sem deixar de ser Deus, agora é também um de nós.
Veio à terra para devolver-nos a condição de filhos de Deus.
Mas é necessário que cada um acolha em seu interior a salvação que Ele nos
oferece. Tal como explica São João, «Mas a todos aqueles que o receberam, aos
que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo
1,12). Filhos de Deus! Ficamos admirados ante este mistério inefável: «O Filho
de Deus se fez filho do homem para fazer aos homens filhos de Deus» (São João
Crisóstomo).
Acolhamos Jesus, busquemos: somente Nele encontraremos a
salvação, a verdadeira solução para nossos problemas; só Ele dá o último
sentido da vida e das contrariedades e da dor. Por isto, hoje lhes proponho:
vamos ler mais o Evangelho, vamos meditá-lo; vamos procurar viver
verdadeiramente de acordo com os ensinamentos de Jesus, ele Filho de Deus que
veio a nós. E então veremos como será verdade que, entre todos, faremos um
mundo melhor.
Hoje, uma grande luz desceu sobre a terra.
• Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos
dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, “filhos de Deus”. O
presépio que hoje contemplamos é, apenas, um quadro bonito e terno ou uma
interpelação a acolher a “Palavra”, de forma a crescermos até à dimensão do
homem novo?
• Hoje, como ontem, a “Palavra” continua a confrontar-se com
os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que
rouba a vida e a felicidade do homem. Sensíveis à “Palavra”, embarcados na
mesma aventura de Jesus – a “Palavra” viva de Deus – como nos situamos diante
de tudo aquilo que rouba a vida do homem? Podemos pactuar com a mentira, o
oportunismo, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos
direitos e à dignidade do homem?
• Jesus (esse menino do presépio) é para nós a “Palavra”
suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras “palavras” nos
condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de
alienação, de comodismo, de pecado? Quais são essas “palavras” que às vezes nos
seduzem e nos afastam da “Palavra” eterna de Deus que ecoa no Evangelho que
Jesus veio propor?
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