Salmo Responsorial: 96
R. Alegrai-vos,
justos, no Senhor.
O Senhor é Rei: exulte a terra, rejubile a multidão das
ilhas. Ao seu redor, nuvens e trevas; a justiça e o direito são a base do seu
trono.
Derretem-se os montes como cera, diante do Senhor de toda a
terra. Os céus proclamam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua
glória.
A luz resplandece para o justo e a alegria para os corações retos.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e louvai o seu nome santo.
Aleluia. Nós Vos louvamos, ó Deus; nós Vos bendizemos, Senhor. O coro
glorioso dos Apóstolos canta os vossos louvores. Aleluia.
Evangelho (Jo 20,2-8): Maria Madalena saiu
correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que
Jesus mais amava. Disse-lhes: «Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o
colocaram». Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam
juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo.
Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que
vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de
linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não
estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O outro discípulo, que
tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu.
«Viu e creu»
Rev. D. Manel VALLS i
Serra (Barcelona, Espanha)
Cada um pode reviver esses "ver" e
"crer" a propósito do nascimento de Jesus, o Verbo encarnado. João
movido pela intuição do seu coração —e, deveríamos acrescentar pela
"graça"— "vê mais além do que seus olhos naquele momento podem
contemplar. Na realidade, se ele crê, vê sem "ter visto" ainda a
Cristo, com o qual já tem implícita a louvação para aqueles que «não viram, e
creram!» (Jo 20,29), com o qual acaba o capítulo do seu Evangelho.
Pedro e João "correm" juntos até o túmulo, mais o
texto nos diz que João «o outro discípulo correu mais depressa, chegando
primeiro ao túmulo» (Jo 20,4). Parece como se João desejasse mais estar ao lado
de Aquele que amava —Cristo— do que estar fisicamente ao lado de Pedro, ante o
qual, porém —com um gesto de esperá-lo e que seja ele quem entre primeiro ao
túmulo— demonstra que é Pedro quem tem a primazia no Colégio Apostólico. Com
tudo, o coração ardente, cheio de zelo, fervoroso de amor por João, é o que o
leva a "correr" e "avançar", convidando-nos a viver
igualmente a nossa fé com este desejo ardente de encontrar ao Ressuscitado.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«João, junto da manjedoura, diz-nos: vede o que se concede a
quem se entrega a Deus de coração puro. Eles participarão da total e
inesgotável plenitude da vida humano-divina de Cristo como recompensa real»
(Santa Teresa Benedita da Cruz)
«Que melhor comentário sobre o `mandamento novo´, do que
aquele de que nos fala São João? Peçamos ao Pai que o vivamos, mesmo que seja
sempre de forma imperfeita, de modo tão intenso que contagie aqueles que
encontramos no nosso caminho» (Benedito XVI)
«Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»:
Jo 1, 14), a Igreja chama “Encarnação” ao facto de o Filho de Deus ter assumido
uma natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação (...)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº461)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* No evangelho de
João o discípulo amado representa a nova comunidade que nasce ao redor de
Jesus. O Discípulo Amado está ao pé da Cruz junto com Maria, a mãe de Jesus (Jo
19,26). Maria representa o Povo da antiga aliança. No fim do primeiro século,
época em que foi feita a redação final do Evangelho de João, havia o conflito
crescente entre a sinagoga e a igreja. Alguns cristãos queriam abandonar o
Antigo Testamento e ficar só com o Novo Testamento. Ao pé da Cruz Jesus diz:
“Mulher, eis aí teu filho!” e ao discípulo amado: “Filho, eis aí tua mãe!” Os
dois devem permanecer unidos, como mãe e filho. Separar o Antigo Testamento do
Novo Testamento era naquele tempo o mesmo que hoje chamamos de separação entre
fé (NT) e vida (AT).
* No evangelho de
hoje, Pedro e o Discípulo Amado, alertados pelo testemunho de Maria Madalena,
correm juntos para o Santo Sepulcro. O jovem é mais veloz que o velho e chega
primeiro. Ele olha para dentro do sepulcro, observa tudo, mas não entra. Ele
deixa Pedro entrar primeiro. Pedro entrou. É sugestiva a maneira como o
evangelho descreve a reação dos dois homens diante do que ambos viram: “Então
Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos
de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a
cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava
enrolado num lugar à parte. Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro
ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou”. Ambos viram a mesma coisa, mas
só se diz do Discípulo Amado que ele acreditou: “Depois entrou o discípulo:
olhou e acreditou!” Por quê? Será que Pedro não acreditou?
* O discípulo
amado tem um olhar diferente que percebe mais que os outros. Tem um olhar
amoroso que percebe a presença da novidade de Deus. Na madrugada depois daquela
noite de pescaria e depois da pesca milagrosa, é ele, o discípulo amado, que
percebe a presença de Jesus e diz: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Naquela ocasião,
Pedro, alertado pela afirmação do discípulo amado também reconheceu e começou a
enxergar. Pedro aprendeu do discípulo amado. Em seguida, Jesus perguntou três
vezes; “Pedro, você me ama?” (Jo 21,15.16.17). Por três vezes, Pedro respondeu:
“Tu sabes que eu te amo!” Depois da terceira vez, Jesus confiou as ovelhas aos
cuidados de Pedro, pois neste momento também Pedro se tornou “Discípulo Amado”.
Para um confronto
pessoal
1. Todos que
acreditamos em Jesus somos hoje o Discípulo Amado. Será que tenho o mesmo olhar
amoroso para perceber a presença de Deus e crer na sua ressurreição?
2. Separar o
Antigo do Novo Testamento é o mesmo que separar Vida e Fé. Como faço e vivo
isto?
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