Sto Afonso Mª de Ligório Bispo e Doutor |
Salmo
Responsorial: 83
R. Como é agradável a
vossa morada, Senhor do Universo!
A
minha alma suspira ansiosamente pelos átrios do Senhor. O meu ser e a minha
carne exultam no Deus vivo.
Até
as aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos,
junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
Felizes
os que moram em vossa casa: podem louvar-Vos continuamente. Felizes os que em
Vós encontram a sua força, os que caminham para ver a Deus em Sião.
Um
dia em vossos átrios vale por mais de mil longe de Vós. Antes quero ficar no
vestíbulo da casa do meu Deus, do que habitar nas tendas dos pecadores.
Aleluia. Abri, Senhor,
o nosso coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,47-53): Naquele tempo, disse Jesus ao povo:
«Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo
tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia,
sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não
prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os
maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e
ranger de dentes. Entendestes tudo isso?» — «Sim», responderam eles. Então Ele
acrescentou: «Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos
Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas».
Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali.
«Recolhem em cestos o
que é bom e jogam fora o que não presta»
Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona,
Espanha)
Mês do SSmo Salvador |
Hoje,
o Evangelho constitui uma chamada vital à conversão. Jesus não nos poupa da
dura realidade: «Os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os
maus na fornalha de fogo» (Mt 13,49-50). E a advertência é clara! Não podemos
fraquejar.
Agora
devemos optar livremente: ou buscamos a Deus e ao bem com todas as nossas
forças, ou colocamos nossa vidas à beira da morte. Ou estamos com Cristo ou
estamos contra Ele. Converter-se significa, nesse caso, optar totalmente por
fazer parte do grupo dos justos e levar uma vida digna de filhos. Porém, temos
em nosso interior a experiência do pecado: sabemos o bem que deveríamos fazer,
mas fazemos o mal; como podemos dar uma verdadeira unidade às nossas vidas?
Sozinhos, não podemos fazer muito. Somente se nos colocamos nas mãos de Deus
podemos fazer algum bem e pertencer ao grupo dos justos.
«Por
não sabermos quando virá nosso Juiz, devemos viver cada dia como se não
houvesse o dia seguinte» (São Jerônimo). Essa frase é um convite a viver com
intensidade e responsabilidade nossa vida cristã. Não se trata de ter medo, mas
sim de viver com esperança esse tempo de graça, louvor e glória.
Cristo
nos ensina o caminho para nossa própria glorificação. Cristo é o caminho,
portanto, nossa salvação, nossa felicidade e tudo o que possamos imaginar passa
por Ele. E se tudo o temos em Cristo, não podemos deixar de amar a Igreja que
nos o apresenta e é seu corpo místico. Contra as visões puramente humanas dessa
realidade é necessário que recuperemos a visão divino-espiritual: nada melhor
do que Cristo e o cumprimento de sua vontade!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a última
parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar. Esta
parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos outros
três evangelhos.
* Mateus 13,47-48: A
parábola da rede lançada ao mar
"O
Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o
tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e
escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados
fora”. A história contada é bem
conhecida do povo da Galileia que vive ao redor do lago. É o trabalho deles. A
história reflete o fim de um dia de trabalho. Os pescadores saem para o mar com
esta única finalidade: jogar a rede, apanhar muito peixe, puxar a rede cheia
para a praia, escolher os peixes bons para levar para casa e jogar fora os que
não servem. Descreve a satisfação do pescador no fim de um dia de trabalho
pesado e cansativo. Esta história deve ter provocado um sorriso de satisfação
no rosto dos pescadores que escutavam Jesus. O pior é chegar na praia no fim do
dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).
* Mateus 13,49-50: A
aplicação da parábola
Jesus
aplica a parábola, ou melhor dá uma sugestão para as pessoas poderem discutir a
parábola e aplicá-la em suas vidas. “Assim acontecerá no fim dos tempos: os
anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na
fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." Como entender esta fornalha de fogo? São
imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus ou não
querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um lugar onde joga os detritos
e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente que é alimentado diariamente
pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O lixão de Jerusalém ficava num
vale perto da cidade que se chamava geena, onde, na época dos reis havia até
uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isso, a
fornalha da geena tornou-se símbolo de exclusão e de condenação. Não é Deus que
exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas que todos tenham vida e
vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si mesmo
* Mateus 13,51-53: O
encerramento do Sermão das Parábola
No
final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte pergunta:
"Vocês compreenderam tudo isso?" Ele responderam “Sim!” E Jesus
termina a explicação com uma outra comparação que descreve o resultado que ele
quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se torna
discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas
novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:
(1) Jesus compara o doutor da lei com o
pai de família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e
velhas". A educação em casa se faz
transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam
ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a
riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão
aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela
transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da
vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender
as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.
(2) Trata-se de um doutor da Lei que se
torna discípulo do Reino. Havia portanto doutores da lei que aceitavam Jesus
como revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre
em Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser
doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma
finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer.
Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de
rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram
com a ideia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia
intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou:
"É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia,
comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é
muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal,
na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar
uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários
anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de
novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia
se iluminou por dentro e tomou um outro aspecto. Aquele rosto, tão severo
adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho, mudaram tudo,
sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de
filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo
Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a
sabedoria acumulada do doutor da Lei. O mesmo Deus, que parecia tão distante e
severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!
Para um confronto
pessoal
1) A experiência do Filho já entrou em
você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro modo?
2) O que te revelou o Sermão das
Parábolas sobre o Reino?