Sta.
Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja
Bto.
Nicolau de Narbonne, Presbítero e 8º Prior Geral de nossa Ordem
1ª
Leitura (At 14,5-18): Naqueles dias, surgiu em Icônico um movimento, da
parte dos pagãos e dos judeus, com os seus chefes, para maltratar e apedrejar
Barnabé e Paulo. Conscientes da situação, estes refugiaram-se nas cidades da
Licaônia, Listra, Derbe e seus arredores, onde começaram a anunciar a boa nova.
Havia em Listra um homem inválido dos pés, coxo de nascença, que nunca tinha
podido andar. Um dia em que escutava as palavras de Paulo, este fixou nele os
olhos e, vendo que tinha fé para ser curado, disse-lhe com voz forte:
«Levanta-te e põe-te direito sobre os pés». Ele levantou-se e começou a andar.
Ao ver o que Paulo tinha feito, a multidão exclamou em licaônico: «Os deuses
tomaram forma humana e desceram até nós». A Barnabé chamavam Zeus e a Paulo
Hermes, porque era este que falava. Então o sacerdote do templo de Zeus, que
estava à entrada da cidade, trouxe touros e grinaldas para as portas do templo
e, juntamente com a multidão, pretendia oferecer-lhes um sacrifício. Quando
souberam isto, os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram as túnicas e
precipitaram-se para a multidão, clamando: «Amigos, que fazeis? Nós somos
homens como vós e vimos anunciar-vos que deveis abandonar estes ídolos e
voltar-vos para o Deus vivo, que fez o céu, a terra e o mar e tudo o que neles
existe. Nas gerações passadas, permitiu que todas as nações seguissem os seus
caminhos. Mas nem por isso deixou de dar testemunho da sua generosidade,
concedendo-vos do céu as chuvas e estações férteis, para saciar de alimento e
felicidade os vossos corações». Com estas palavras, a custo impediram a
multidão de lhes oferecer um sacrifício.
Salmo
Responsorial: 113
R. Glória, Senhor, ao vosso
nome!
Não a nós, Senhor, não a nós, mas
ao vosso nome dai glória, pela vossa misericórdia e fidelidade, porque diriam
os povos: «Onde está o seu Deus?»
O nosso Deus está no céu, faz
tudo o que Lhe apraz. Os ídolos dos gentios são ouro e prata, são obra das mãos
dos homens.
Bendito seja o Senhor, que fez o
céu e a terra. O céu é a morada do Senhor; a terra, deu-a aos filhos dos
homens.
Aleluia. O Espírito Santo vos
ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Aleluia.
Evangelho
(Jo 14,21-26): «Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama.
Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a
ele». Judas, não o Iscariotes, perguntou-lhe: «Senhor, como se explica que tu
te manifestarás a nós e não ao mundo?». Jesus respondeu-lhe: «Se alguém me ama,
guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa
morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis
não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto
estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome,
ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito».
«Mas o Defensor, o Espírito
Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo
o que eu vos tenho dito»
Rev. D. Norbert ESTARRIOL i
Seseras (Lleida, Espanha)
Hoje, Jesus mostra-nos o seu
imenso desejo de que participemos da sua plenitude. Incorporados nele, estamos
na fonte da vida divina que é a Santíssima Trindade. «Deus está contigo. Na tua
alma habita, em graça, a Beatíssima Trindade. —Por isso, tu, apesar das tuas
misérias, podes e deves estar em contínuo diálogo com o Senhor» (São
Josemaria).
Jesus assegura que estará
presente em nós pela graça divina que habita na alma. Assim, os cristãos já não
somos órfãos. Já que nos ama tanto, apesar de não necessitar de nós, não quer
prescindir de nós.
«Quem acolhe e observa os meus
mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o
amarei e me manifestarei a ele» (Jo 14,21). Este pensamento ajuda-nos a ter
presença de Deus. Então, não têm lugar outros desejos ou pensamentos que, pelo
menos, às vezes, nos fazem perder o tempo e nos impedem de cumprir a vontade
divina. Eis uma recomendação de São Gregório Magno: «Que não nos seduza o
elogio da prosperidade, porque é um caminhante tonto aquele que vê, durante o
seu caminho, prados deliciosos e se esquece para onde queria ir».
A presença de Deus no coração nos
ajudará a descobrir e realizar neste mundo os planos que a Providência nos
tenha atribuído. O Espírito do Senhor suscitará no nosso coração iniciativas
para situá-las no vértice de todas as atividades humanas e tornar presente,
assim, Cristo no alto da terra. Se tivermos esta intimidade com Jesus
chegaremos a ser bons filhos de Deus e nos sentiremos seus amigos em todos os
lugares e momentos: na rua, no meio do trabalho quotidiano, na vida familiar.
Toda a luz e o fogo da vida
divina se derramarão sobre cada um dos fiéis que estejam dispostos a receber o
dom do interior. A Mãe de Deus intercederá —como nossa mãe que é — para que
penetremos neste tratado com a Santíssima Trindade.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que quando Ele vier encontre
aberta a porta da tua morada, abre a tua alma a Ele, estende o interior da tua
mente para que possas contemplar nela riquezas de justiça, tesouros de paz,
suavidade de graça» (Santo Ambrósio)
«Jesus anuncia a vinda do
Espírito que, em primeiro lugar, ensinará os discípulos a compreender cada vez
mais plenamente o Evangelho, a acolhê-lo na sua existência e a torná-lo vivo
com o seu testemunho» (Francisco)
«O Espírito e a Igreja cooperam
para manifestar Cristo e a sua obra de salvação na liturgia. Principalmente na
Eucaristia, que é o memorial do mistério da salvação. O Espírito Santo é a
memória viva da Igreja (16)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.099)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O capítulo 14 do Evangelho
de João é um exemplo bonito de como se praticava a catequese nas comunidades da
Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das perguntas dos discípulos
e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua consciência e encontravam
uma orientação para os seus problemas. Assim, neste capítulo 14, temos a
pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a pergunta de Filipe com
a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas com a resposta de Jesus
(Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a Filipe (Jo 14,21) forma o
primeiro versículo do evangelho de hoje.
* João 14,21: Eu o amarei e me
manifestarei a ele. Este versículo traz o resumo da resposta de Jesus a
Filipe. Filipe tinha dito: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14,8).
Moisés tinha perguntado a Deus: “Mostra-me a tua glória!” (Ex 33,18). Deus
respondeu: “Não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar
vivendo” (Ex 33,20). O Pai não pode ser mostrado. Deus habita uma luz
inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença
do Pai pode ser experimentada através da experiência do amor. Diz a primeira carta
de São João: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a
Filipe: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E
quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a
ele”. Observando o mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo
(Jo 15,17), a pessoa mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será
amado pelo Pai e pode ter a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na
resposta a Judas, Jesus dirá como acontece esta manifestação do Pai na nossa
vida.
* João 14,22: A pergunta de Judas, pergunta de
todos. A pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não
ao mundo?” Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às
vezes, sobe em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e
que Deus nos ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas?
* João 14,23-24: Resposta de
Jesus. A resposta de Jesus é simples
e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a Filipe. O problema não é se nós
cristãos somos mais amados por Deus do que os outros, ou que os outros são
desprezados por Deus. Este não é o critério da preferência do Pai. O critério
da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor. "Se alguém me ama,
guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos
nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras”.
Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã, o Pai se manifesta
a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o amor ao próximo (Jo
15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a esta pergunta está
estampada no coração da humanidade, na experiência humana universal. Observe a
vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua vida uma doação aos
outros. Examine a sua própria experiência. Independentemente de religião,
classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma paz profunda e uma alegria que
conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta experiência é o reflexo da
manifestação do Pai na vida das pessoas. É a realização da promessa: Eu e meu
Pai viremos e faremos nele a nossa morada.
* João 14,25-26: A promessa do
Espírito Santo. Jesus termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as
coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que
ouviu do Pai (Jo 15,15). As palavras dele são fonte de vida e devem ser
meditadas, aprofundadas e atualizadas constantemente à luz da realidade sempre
nova que nos envolve. Para esta meditação constante das suas palavras Jesus nos
promete a ajuda do Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai
enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem
tudo o que eu lhes disse.
Para confronto pessoal
1) Jesus disse: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa
morada. Como eu experimento esta
promessa?
2) Temos a promessa do dom
do Espírito para nos ajudar a entender as palavra de Jesus. Eu invoco a luz do
Espírito quando vou ler e meditar a Escritura?