terça-feira, 14 de outubro de 2025

Segunda-feira da 29ª semana do Tempo Comum

 
1ª Leitura (Rom 4,20-25):
Irmãos: Perante a promessa de Deus, Abraão não se deixou abalar pela desconfiança, antes se fortaleceu na fé, dando glória a Deus, plenamente convencido de que Deus era capaz de cumprir o que tinha prometido. Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça». Não é só por causa dele que está escrito «Isto foi-lhe atribuído», mas também por causa de nós, que acreditamos n’Aquele que ressuscitou dos mortos, Jesus, Nosso Senhor, que foi entregue à morte por causa das nossas faltas e ressuscitou para nossa justificação.
 
Salmo Responsorial: Lc 1
R. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo.
 
O Senhor nos deu um Salvador poderoso, na casa de David, seu servo, como prometeu pela boca dos seus santos, os profetas dos tempos antigos;
 
Para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos daqueles que nos odeiam; para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, recordando a sua sagrada aliança:
 
O juramento que fizera a Abraão, nosso pai, que nos havia de conceder esta graça: de O servirmos um dia, sem temor, livres das mãos dos nossos inimigos, em santidade e justiça na sua presença, todos os dias da nossa vida.
 
Aleluia. Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 12,13-21): Alguém do meio da multidão disse a Jesus: Mestre, diz ao meu irmão que reparta a herança comigo. Ele respondeu: Homem, quem me encarregou de ser juiz ou árbitro entre vós?. E disse-lhes: Atenção! Guardai-vos de todo tipo de ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens. E contou-lhes uma parábola: A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: Que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita. Então resolveu: Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, goza a vida! Mas Deus lhe diz: Tolo! Ainda nesta noite, tua vida te será retirada. E para quem ficará o que acumulaste? Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não se torna rico diante de Deus.
 
«A vida não consiste na abundância de bens»
 
Frei Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho, se não nos tapamos os ouvidos e não fechamos os olhos, provocará em nós uma grande comoção pela sua clareza: E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas (Lc 12,15). Que é o que garante a vida do homem?
 
Sabemos muito bem em que está garantida a vida de Jesus, porque Ele mesmo disse: Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo (Jn 5,26). Sabemos que a vida de Jesus não somente procede do Pai, mas que consiste em fazer sua vontade, já que este é seu alimento, e a vontade do Pai equivale a realizar sua grande obra de salvação entre os homens, dando a vida por seus amigos, signo do mais sublime amor. A vida de Jesus é, pois, uma vida recebida totalmente do Pai e entregada totalmente ao mesmo Pai e, por amor ao Padre, aos homens. A vida humana poderá ser então suficiente em si mesma? Poderá negar-se que nossa vida é um dom, que a recebemos e que, somente por isso, já devemos agradecer? Que ninguém pense que é dono de sua própria vida (São Jerônimo).
 
Seguindo esta lógica, só falta perguntar-nos: Que sentido pode ter nossa vida se se encerra em si mesma, se tem prazer ao dizer: E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te (Lc 12,19) Se a vida de Jesus é um dom recebido e entregue sempre em amor, nossa vida; que não podemos negar ter recebido; deve converter-se, seguindo à de Jesus, em uma doação total a Deus e aos irmãos, porque, Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna (Jn 12,25).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Minha presunção exagerada me decepcionou, meu Cristo: caí muito baixo das alturas. Mas levanta-me de novo agora, pois vejo que me enganei a mim próprio» (São Gregório de Nazianzo)
 
«As realidades da verdade e do amor —nosso autêntico caminho— não se encontram no mundo das quantidades» (Bento XVI)
 
«A economia da Lei e da Graça desvia o coração dos homens da cobiça e da inveja (…). O Deus das promessas desde sempre pôs o homem em sentinela contra a sedução daquilo que, desde as origens, aparece como ‘bom para comer, de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência’ (Gn 3, 6)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.541)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* O episódio narrado no evangelho de hoje só se encontra no Evangelho de Lucas e não tem paralelo nos outros evangelhos.
Ele faz parte da longa descrição da viagem de Jesus, desde a Galileia até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), na qual Lucas colocou a maior parte das informações que ele conseguiu coletar a respeito de Jesus e que não se encontram nos outros três evangelhos (cf. Lc 1,2-3). O evangelho de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição de uma herança.
 
* Lucas 12,13: Um pedido para repartir herança. “Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo". Até hoje, a distribuição da herança entre os familiares sobreviventes é sempre uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de brigas e tensões sem fim. Naquele tempo, a herança tinha a ver também com a identidade das pessoas (1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior era a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo de a herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar o esfacelamento ou desintegração da herança e manter vivo o nome da família, o mais velho recebia o dobro dos outros filhos (Dt 21,17; cf. 2Rs 2,11).
 
* Lucas 12,14-15: Resposta de Jesus: cuidado com a ganância. “Jesus respondeu: "Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?" Na resposta de Jesus transparece a consciência que ele tinha da sua missão. Jesus não se sente enviado por Deus para atender ao pedido de arbitrar entre os parentes que brigam entre si por causa da repartição da herança. Mas o pedido do homem despertou nele a missão de orientar as pessoas, pois “ele falou a todos: Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens". Fazia parte da sua missão esclarecer as pessoas a respeito do sentido da vida. O valor de uma vida não consiste em ter muitas coisas mas sim em ser rico para Deus (Lc 12,21). Pois, quando a ganância toma conta do coração, não há como repartir a herança com equidade e paz.
 
* Lucas 12,16-19: Parábola que faz pensar no sentido da vida. Em seguida, Jesus conta uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita”. O homem rico está totalmente fechado dentro da preocupação com os seus bens que aumentaram de repente por causa de uma colheita abundante. Ele só pensa em acumular para garantir-se uma vida despreocupada. Ele diz: “Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!”
 
* Lucas 12,20: Primeira conclusão da parábola. “Mas Deus lhe disse: Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” A morte é uma chave importante para redescobrir o sentido verdadeiro da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte. Aqui transparece um pensamento muito frequente nos livros sapienciais: para que acumular bens nesta vida, se você não sabe para quem vão ficar os bens que você acumulou, nem sabe o que vai fazer o herdeiro com aquilo que você deixou para ele (Ecle 2,12.18-19.21).
 
* Lucas 12,21: Segunda conclusão da parábola. “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus”. Como tornar-se rico para Deus? Jesus deu várias sugestões e conselhos: quem quer ser o primeiro, seja o último (Mt 20,27; Mc 9,35; 10,44); é melhor dar que receber (At 20,35); o maior é o menor (Mt 18,4; 23,11; Lc 9,48) preserva vida quem perde a vida (Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35; Lc 9,24).
 
Para um confronto pessoal
1) O homem pediu a Jesus para ajudar na repartição da herança. E você, o que você pede a Deus nas suas orações?
2) O consumismo cria necessidades e desperta em nós a ganância. Como você faz para não ser vítima da ganância provocado pelo consumismo?

XXIX Domingo do Tempo Comum

SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA, presbítero e Padroeiro do Brasil
Santos João de Brébeuf, Isaac Jogues, presbíteros, e companheiros mártires
São Paulo da Cruz, presbítero
 
1ª Leitura (Ex 17,8-13):
Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel. Moisés disse a Josué: «Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão». Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec. Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos. Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr do sol e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada.
 
Salmo Responsorial: 120
R. O nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
 
Levanto os meus olhos para os montes: donde me virá o auxílio? O meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
 
Não permitirá que vacilem os teus passos, não dormirá Aquele que te guarda. Não há-de dormir nem adormecer Aquele que guarda Israel.
 
O Senhor é quem te guarda, o Senhor está a teu lado, Ele é o teu abrigo. O sol não te fará mal durante o dia, nem a lua durante a noite.
 
O Senhor te defende de todo o mal, o Senhor vela pela tua vida. Ele te protege quando vais e quando vens, agora e para sempre.
 
2ª Leitura (2Tim 3,14—4,2): Caríssimo: Permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem-preparado para todas as boas obras. Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina.
 
Aleluia. A palavra de Deus é viva e eficaz, pode discernir os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 18,1-8): Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir: «Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário! ’ Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Não temo a Deus e não respeito ninguém. Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!’». E o Senhor acrescentou: «Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?».
 
«A necessidade de orar sempre, sem nunca desistir»
 
Rev. D. Pere CALMELL i Turet (Barcelona, Espanha)
 
Hoje, Jesus nos lembra que «a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir» (Lc 18,1). Ensina com suas obras e com as palavras. São Lucas se apresenta como o evangelista da oração de Jesus. Efetivamente, em algumas das cenas da vida do Senhor, que os autores inspirados da Escritura Santa nos transmitem, é unicamente Lucas quem nos mostra rezando.
 
No Batizado no rio Jordão, na escolha dos Doze apóstolos e na Transfiguração. Quando um discípulo lhe pediu «Senhor, ensina-nos a orar» (Lc 11,1), de seus lábios saiu o Pai Nosso. Quando anuncia as negações a Pedro: «Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça» (Lc 22,32). Na crucifixão: «Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” Repartiram então suas vestes tirando a sorte» (Lc 23,34). Quando morre na Cruz: «Pai, em tuas mãos entrego meu espírito», do Salmo 31. O Senhor mesmo é modelo da oração de petição, especialmente em Getsêmani, segundo a descrição de todos os evangelistas.
 
— Posso ir concretizando como elevarei o coração a Deus nas distintas atividades, porque não é o mesmo fazer um trabalho intelectual que manual; estar na igreja que no campo de esportes ou em casa; conduzir pela cidade que pela autoestrada; não é o mesmo a oração de petição que a de agradecimento; ou a adoração que pedir perdão; de boa manhã que quando levamos todo o cansaço do dia. São Josemaria Escrivá nos dá uma receita para a oração de petição: «Mais consegue aquele que importuna mais de perto... Portanto, aproxima-te a Deus: esforça-te por ser santo».
 
Santa Maria é modelo de oração, também de petição. Em Canaã de Galileia é capaz de avançar a hora de Jesus, à hora dos milagres, com sua petição, cheia de amor por aqueles esposos e cheia de confiança em seu Filho.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Faça o que puder, e o que não puder, peça a Deus!» (Santo Agostinho)
 
«A oração muda os nossos corações. Faz-nos entender melhor como é o nosso Deus. Mas para isso é importante falar com o Senhor, não com palavras vãs» (Francisco)
 
«(…) Jacob (…) luta durante uma noite inteira com ‘alguém’, um ser misterioso que se nega a revelar o seu nome, mas que o abençoa, antes de o deixar, ao raiar da aurora (cf. Gn 32,25-31). A tradição espiritual da Igreja divisou nesta narrativa o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.573)
 
«… o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?»
 
Pe. Marcelo de Moraes
 
*
A oração coleta do 29º Domingo do Tempo Comum leva-nos a pedir a Deus que nos dê a graça de consagrarmos sempre ao Seu serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração.
 
* Assim, a liturgia da Palavra propõe-nos uma reflexão sobre a oração e a confiança em Deus. De facto, a nossa oração deve ser sincera e, porque confiamos em Deus, deve partir de uma vontade dedicada e principalmente de acordo com a vontade d’Ele. Como Moisés, Aarão e Hur, somos chamados a interceder pelo povo. Como Josué e o exército israelita, somos chamados a combater, confiantes em Deus. Ainda que pareça atrasar-se a ação de Deus, antes do pôr do sol chegaremos, como os israelitas naquele dia, à vitória.
 
* O convite à oração, que será confirmado no Evangelho, é intercalado pelo apelo de Paulo a permanecermos firmes em Deus e a proclamarmos com audácia a Sua Palavra. Jesus é, de facto, audaz na proclamação da Palavra. No Evangelho, Ele diz uma parábola aos discípulos sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar.
 
* A pergunta retórica de Jesus tem a função de gerar uma resposta positiva, uma proclamação de fé, fundada na Palavra: «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?».
 
* A intenção de Jesus ao pronunciar esta parábola é explícita: “Sobre a necessidade de orar sempre, sem desanimar”. No entanto, dois aspetos são importantes nesta passagem de Lucas: a oração e a fé. De facto, a fé motiva a oração e a oração é sempre confiante, cheia de esperança, quando é sustentada pela fé. As duas perguntas de Jesus são fundamentais para a compreensão da mensagem do Evangelho: Deus é justo. A fé torna-nos justos e aptos para acolher o Senhor na sua vinda à terra.
 
* Dado que a viúva pobre é apresentada como alguém que clama por justiça contra o seu adversário, o Evangelho leva-nos a perguntar: «Quem é o meu adversário?». No nosso caso, não é necessário que o adversário seja uma pessoa, até porque nem mesmo na parábola ele é especificado. Não é, de facto, necessário que o nosso adversário esteja fora de nós, ou seja o demónio, ou seja, que seja alguém específico. Num sentido geral, o nosso adversário pode ser aquilo ou quem nos põe em perigo, que nos coloca em constrangimento ou em sofrimento; ou ainda, aquilo que nos tira a paz ou o que nos afasta de Deus. Por outro lado, a atitude da pobre viúva mostra a perseverança e a confiança que devemos ter na oração.
 
* Jesus, no entanto, com duas perguntas, termina a parábola com dois aspetos importantes:
- Do lado de Deus, através de uma pergunta retórica, que claramente exige uma resposta positiva, fica-nos a certeza de que Ele fará justiça aos seus eleitos: «Sim, Deus fará justiça».
- Do nosso lado, através da última pergunta de Jesus, cuja resposta não é claramente um «sim», devemos pensar que quando o Filho do homem voltar, para encontrar ou não fé na terra, algo depende de nós. A fé, de facto, motiva a oração. Por isso a oração não pode ser gerada por um motivo egoísta, desenquadrado da vontade de Deus nas nossas vidas, mas deve ser fundamentada na fé em Deus.
 
«… necessidade de orar sempre sem desanimar».  
Senhor, ensinaste-nos a orar. A tua relação com o Pai é modelo para a nossa relação com Ele. Somos filhos e, como filhos, somos convidados à intimidade com Deus, nosso Pai.
 
* «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens».   Senhor, ensina-me o verdadeiro Temor de Deus. Que eu saiba respeitar-Te, que eu saiba colocar-Te na minha vida no lugar que Te é devido. 
 
* «‘Faz-me justiça contra o meu adversário’». Obrigado, Senhor, porque fazes sempre justiça. És justo e compassivo. Obrigado, Senhor.
 
* «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?».  Obrigado, Senhor, pela Tua misericórdia. Que eu sabia reconhecer a Tua justiça, o Teu amor e os Teus cuidados para comigo. Obrigado, Senhor, porque cuidas de mim.
 
* «Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».  Obrigado, Senhor, pelo dom da fé. Que eu saiba fazê-la crescer. Que eu alimente a fé em mim. Sim, Senhor, quando voltares, encontrarás fé na terra. Esta é a minha resposta: «Eu creio em Ti e quero acreditar sempre».
 
MEDITAÇÃO
1 – Como é a minha vida de oração? Rezo só quando preciso? Rezo por hábito, ou rezo porque amo a Deus? Reconheço e louvo a Deus em todos os momentos da minha vida?
2 – Dou a Deus o lugar e o tempo que lhe são devidos? Respeito a Deus? Respeito o meu próximo? A partir desta parábola, sinto-me mais parecido com a viúva (necessitado[a], mas confiante…) ou sou mais parecido com o juiz iníquo?
3 – Quem é o meu adversário? Quais são os meus problemas que me fazem clamar pela justiça divina?
4 – Reconheço que sou eleito(a) de Deus, o seu (a sua) escolhido(a)? Tenho clamado a Deus dia e noite por alguma razão? Sinto que sou acolhido(a) nos meus pedidos? Reconheço que Deus tem o seu tempo de agir e age sempre em conformidade com o bem que Ele quer para mim?
5 – Tenho procurado crescer na fé? Faço do meu dia a dia uma constante oportunidade de crescimento na fé, seja através da oração como através de leituras espirituais e instrutivas? A Eucaristia dominical é para mim sempre momento de encontro com Deus e crescimento na fé?
 
PROPÓSITO E ORAÇÃO FINAL
A partir desta palavra proponho-me:
– a buscar crescer na fé, através da oração e através da busca de conhecimento das razões da fé da Igreja;
– a orar, com o coração agradecido a Deus, porque Ele é bom e justo sempre.

18 de outubro: São Lucas, evangelista

1ª Leitura (2Tim 4,9-17a):
Caríssimo: Demas abandonou-me por amor do mundo presente. Ele partiu para Tessalônica, Crescente para a Galácia e Tito para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e trá-lo na tua companhia, porque me é muito útil no ministério. Enviei Tíquico a Éfeso. Quando vieres, traz o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo, e também os livros, especialmente os pergaminhos. Alexandre, o caldeireiro, fez-me muito mal: o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras. Acautela-te dele, tu também, que ele se opôs fortemente à nossa pregação. Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram. Deus lhes perdoe. Mas o Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem.
 
Salmo Responsorial: 144
R. Os vossos santos, Senhor, proclamem a glória do vosso reino.
 
Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os Vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino, e anunciem os vossos feitos gloriosos.
 
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino eterno, o vosso domínio estende-se a todas as gerações.
 
O Senhor é justo em todos os seus caminhos, perfeito em todas as suas obras. O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O invocam em verdade.
 
Aleluia. Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 10,1-9): O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa! ’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós. Permanecei naquela mesma casa; comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’».
 
«O Reino de Deus está próximo de vós»
 
Frei Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)
 
Hoje, na festa de São Lucas —o Evangelista da mansidão de Cristo — a Igreja proclama este Evangelho que nos apresenta as características centrais do apóstolo de Cristo.
 
O apóstolo é, no primeiro lugar, aquele que foi chamado pelo Senhor, designado por Ele mesmo, com o propósito de ser enviado no seu nome: É Jesus quem chama a quem quer para lhe confiar uma missão concreta! «O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir» (Lc 10,1).
 
O apóstolo pode ter sido chamado pelo Senhor, mas também depende totalmente Dele. «Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis em saudar ninguém pelo caminho!» (Lc 10,4). Esta proibição de Jesus aos discípulos indica, acima de tudo, que eles deixarão em suas mãos aquilo que é mais essencial para viver:
 
O Senhor, que veste os lírios dos campos e dá alimento aos pássaros, quer que seu discípulo busque, em primeiro lugar, o Reino dos céus e não, que, «não fiqueis ansiosos com o que comer ou beber. Não vos inquieteis! Os pagãos deste mundo é que vivem procurando todas essas coisas, mas o vosso Pai sabe que delas precisais» (Lc 12,29-30).
 
O apóstolo é, também, quem prepara o caminho do Senhor, anunciando sua paz, curando os enfermos e manifestando, assim, a vinda do Reino. A tarefa do apóstolo é, então, fundamental em e para a vida da Igreja, porque dela depende a futura acolhida ao Mestre entre os homens.
 
O melhor testemunho que nos pode oferecer a festa de um Evangelista, daquele que narrou o anúncio da Boa Nova, é fazer-nos mais conscientes da dimensão apostólico-evangelizadora de nossa vida cristã.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Todo aquele que ama a Deus acredita que o Evangelho foi escrito para ele e que lhe foi dado como um dom, com o encargo de que guarde esta joia preciosa» (São Beda, o Venerável)
 
«São Lucas introduz-nos no conhecimento da luz discreta, e ao mesmo tempo penetrante, que a Palavra de Deus irradia, iluminando a realidade e os acontecimentos da história» (São João Paulo II)
 
«São Lucas deu-nos três parábolas principais sobre a oração. O primeiro, "o amigo importuno" (cf. Lc 11,5-13), convida à oração insistente (...). A segunda, "a viúva importuna" (cf. Lc 18,1-8), centra-se numa das qualidades da oração: é preciso rezar sempre, sem se cansar (...). A terceira parábola, “o fariseu e o publicano” (cf. Lc 18,9-14), refere-se à humildade do coração que reza (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.613)
 
Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* Hoje, festa do evangelista São Lucas, o evangelho traz o envio dos setenta e dois discípulos que devem anunciar a Boa Nova de Deus nos povoados, aldeias e cidades da Galileia.
Os setenta e dois somos todos e todas nós que viemos depois dos Doze. Através da missão dos discípulos e discípulas, Jesus tenta resgatar os valores comunitários da tradição do povo que estavam sendo abafados pelo duplo cativeiro da dominação romana e da religião oficial. Jesus procura renovar e reorganizar as comunidades para que sejam novamente uma expressão da Aliança, uma amostra do Reino de Deus. Por isso, ele insiste na hospitalidade, na partilha, na comunhão de mesa, na acolhida aos excluídos. Esta insistência de Jesus transparece nos conselhos que dava aos discípulos e às discípulas quando os enviava em missão. No tempo de Jesus havia vários outros movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus e outros. Eles também formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35; Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Mas como veremos havia uma grande diferença. 
 
* Lucas 10,1-3: A Missão. Jesus envia os discípulos para os lugares aonde ele próprio deve ir. O discípulo é porta-voz de Jesus. Não é dono da Boa Nova. Ele os envia dois a dois. Isto favorece a ajuda mútua, pois a missão não é individual, mas sim comunitária. Duas pessoas representam melhor a comunidade.
 
* Lucas 10,2-3: A Corresponsabilidade. A primeira tarefa é rezar para que Deus envie operários. Todo discípulo e discípula deve sentir-se responsável pela missão. Por isso deve rezar ao Pai pela continuidade da missão. Jesus envia seus discípulos como cordeiros no meio de lobos. A missão é tarefa difícil e perigosa. Pois o sistema em que eles viviam os discípulos e ainda vivemos era e continua sendo contrária à reorganização do povo em comunidades vivas.
 
* Lucas 10,4-6: A Hospitalidade. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus não podem levar nada, nem bolsa, nem sandálias. Mas devem levar a paz. Isto significa que devem confiar na hospitalidade do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz, mostra que confia no povo. Acredita que vai ser recebido, e o povo se sente respeitado e confirmado. Por meio desta prática o discípulo critica as leis de exclusão e resgata os antigos valores da convivência comunitária. Não saudar ninguém pelo caminho significa que não se deve perder tempo com coisas que não pertencem à missão.
 
* Lucas 10,7: A Partilha. Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas sim permanecer na mesma casa. Isto é, devem conviver de maneira estável, participar da vida e do trabalho do povo do lugar e viver do que recebem em troca, pois o operário merece o seu salário. Isto significa que devem confiar na partilha. Assim, por meio desta nova prática, eles resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência.
 
* Lucas 10,8: A Comunhão de mesa. Os fariseus, quando iam em missão, iam prevenidos. Achavam que não podiam confiar na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso, levavam sacola e dinheiro para poder cuidar da sua própria comida. Assim, em vez de ajudar a superar as divisões, as observâncias da Lei da pureza enfraqueciam ainda mais a vivência dos valores comunitários. Os discípulos de Jesus devem comer o que o povo lhes oferece. Não podem viver separados, comendo sua própria comida. Isto significa que devem aceitar a comunhão de mesa. No contato com o povo, não podem ter medo de perder a pureza legal. Agindo assim, criticam as leis da pureza em vigor e anunciam um novo acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
 
* Lucas 10,9a: A Acolhida aos excluídos. Os discípulos devem tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Mt 10,8). Isto significa que devem acolher para dentro da comunidade os que dela foram excluídos. Esta prática solidária critica a sociedade excludente e aponta saídas concretas. É o que hoje faz a pastoral dos excluídos, migrante e marginalizados.
 
* Lucas 10,9b: A chegada do Reino. Caso todas estas exigências forem preenchidas, os discípulos podem e devem gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Anunciar o Reino não é em primeiro lugar ensinar verdades e doutrinas, mas sim levar a uma nova maneira de viver e de conviver como irmãos e irmãs a partir da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai/Mãe de todos nós.
 
Para um confronto pessoal
1) Hospitalidade, partilha, comunhão de mesa, acolhida aos excluídos: são as pilastras que sustentam a vida comunitária. Como isto está sendo realizado na minha comunidade?
2) O que é para mim ser Cristão ou ser Cristã? Numa entrevista na TV, alguém respondeu ao repórter: “Sou cristão procuro viver o evangelho, mas não participo na comunidade da Igreja”. O repórter comentou: “Então você se considera um bom jogador de futebol, mas não faz parte de nenhum time!” É o meu caso?

Sexta-feira da 28ª semana do Tempo Comum

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir
São Longinos, mártir
 
1ª Leitura (Rom 4,1-8):
Irmãos: Que diremos de Abraão, nosso antepassado segundo a carne? Se Abraão foi justificado pelas obras, tinha motivo para se gloriar. Mas ninguém se pode gloriar diante de Deus. De facto, que diz a Escritura? «Abraão acreditou em Deus e isto foi-lhe atribuído como justiça». Ora, a quem faz um trabalho o salário não é atribuído como favor, porque é uma obrigação. Pelo contrário, a quem não faz as obras, mas acredita em Deus, que justifica o ímpio, a sua fé é-lhe atribuída como justiça. Assim também David proclama feliz o homem a quem Deus atribui a justiça independentemente das obras: «Felizes aqueles a quem foram perdoadas as ofensas e absolvidos os pecados. Feliz o homem a quem o Senhor não atribui o pecado».
 
Salmo Responsorial: 31
R. Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação.
 
Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado. Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade e em cujo espírito não há engano.
 
Confessei-vos o meu pecado e não escondi a minha culpa. Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta e logo me perdoastes a culpa do pecado.
 
Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor, exultai, vós todos os que sois rectos de coração.
 
Aleluia. Desça sobre nós a vossa bondade, porque em Vós esperamos, Senhor. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 12,1-7): Entretanto, milhares de pessoas se ajuntaram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e não há nada de escondido que não venha a ser conhecido. Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, nos quartos, será proclamado sobre os telhados. A vós, porém, meus amigos, eu digo: não tenhais medo dos que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de fazer morrer, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este deveis temer. Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
 
«Não temais, pois. Mais valor tendes vós do que numerosos pardais»
 
Pe. Salomon BADATANA Mccj (Wau, Sudão do Sul)
 
Hoje, contemplamos Nosso Senhor Jesus Cristo dirigindo-se à multidão depois de se ter enfrentado com as autoridades religiosas judaicas, ou seja, com os fariseus e os escribas. O Evangelho conta-nos que a multidão era tão grande que se atropelavam uns aos outros. Aí fica claro que estavam sedentos da Palavra de Jesus, que falava com tão extraordinária autoridade aos seus líderes religiosos.
 
Mas S. Lucas informa-nos que, antes de mais, Jesus começou a falar aos seus discípulos dizendo: «Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia» (Lc 12,1). Nosso Senhor quer levar-nos à prática da sinceridade e transparência, superando a hipocrisia com que procediam os fariseus e os escribas, pois mostravam uma atitude externa não conforme com o seu caminho interior de vida: fingiam ser o que não eram.
 
É contra isto que Jesus nos quer prevenir no Evangelho de hoje quando diz: «Nada há escondido que não venha a ser conhecido.» (Lc 12,2). Sim, tudo virá a ser revelado. Por este motivo devemos lutar para ajustar a nossa vida de acordo com o que professamos e proclamamos. Obviamente, isto não é fácil. Mas não devemos temer, pois o nosso Deus está atento. Tal como disse S. João Paulo II, «o amor de Deus não impõe cargas que não possamos levar (…). Porque para tudo o que nos peça, Ele nos capacitará com a ajuda necessária». Nada se passa sem que Ele o saiba. Até os nossos cabelos estão contados! Sim, nós temos valor perante Deus. Não tenhamos medo, pois o seu amor não tem limites.
 
Senhor, concede-nos a sabedoria para conduzirmos a nossa vida de acordo com as exigências da nossa fé, mesmo no meio das dificuldades deste mundo. Ámém.
 
«Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia»
 
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San Domenico di Fiesole, Florença, Itália)
 
Hoje o Senhor nos convida a refletir sobre um tipo de má levedura que não fermenta o pão, mas sim o engrandece em aparência, deixando-o cru e incapaz de nutrir: Cuidado com o fermento dos fariseus; (Lc 12,1). Chama-se hipocrisia e é somente aparência de bem, máscara feita com farrapos de cores atraentes, mas encobrem vícios e deformidades morais, infecções no espírito e micróbios que sujam o pensamento e, por tanto, a própria existência.
 
Por isso, Jesus, adverte ter cuidado com esses usurpadores que, ao predicar com maus exemplos e com o brilho de palavras mentirosas, tentam semear ao redor uma infecção. Lembro que um jornalista, brilhante por seu estilo e professor de filosofia, quis afrontar a posição da Igreja sobre a questão do matrimônio entre homossexuais. E, com passo alegre e uma grande quantidade de sofismas enormes como elefantes, tentou contrariar as boas razões que o Magistério expôs em um documento recente. Vemos aqui um fariseu de nossos dias, que depois de ter-se declarado batizado e crente, afastou-se do pensamento da Igreja e do espírito de Cristo, pretendendo passar por mestre, acompanhante e guia dos fiéis.
 
Passando a outro assunto, o Mestre aconselha distinguir entre medo e medo: não tenhais medo dos que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada, (Lc 12,4), seriam os perseguidores da ideia cristã, que matam a dezenas de fieis em tempos de caçar homens ou de vez em quando a testemunhas singulares de Jesus Cristo.
 
Medo absolutamente diverso e motivado é o poder perder o corpo e a alma e, isso está nas mãos do Juiz divino; não que morra a alma (seria uma sorte para o pecador), mas sim que goste de uma amargura que se pode chamar de mortal no sentido de absoluta e interminável. Se escolheres viver bem aqui, não serás enviado às penas eternas. Aqui não podes escolher não morrer, em quanto vives escolhe o não morrer eternamente (Santo Agostinho).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Não tema nenhum inimigo externo: supere-se a si mesmo e o mundo será derrotado» (Santo Agostinho)
 
«A coerência na vida, entre a fé e o testemunho. Este é um cristão, não tanto pelo que diz, mas pelo que faz! Esta coerência que nos dá vida é uma graça do Espírito Santo que devemos de pedir» (Francisco)
 
«A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos ‘seis dias’, indo do menos perfeito para o mais perfeito. Deus ama todas as suas criaturas e cuida de cada uma, até dos passarinhos (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 342)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
*
O evangelho de hoje traz uma última crítica de Jesus contra as autoridades religiosas do seu tempo.
 
* Lucas 12,1ª: Milhares buscam Jesus. “Enquanto isso, milhares de pessoas se reuniram, de modo que uns pisavam nos outros”. Esta frase deixa transparecer a enorme popularidade de Jesus e o desejo do povo de encontrar-se com ele (cf. Mc 6,31; Mt 13,2). Deixa transparecer também o abandono em que se encontrava o povo. “São como ovelhas sem pastor”, dizia Jesus em outra ocasião quando via a multidão aproximar-se dele para ouvir a sua palavra (Mc 6,34).
 
* Lucas 12,1b: Cuidado com a hipocrisia. “Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: "Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”.  Marcos já falava do fermento dos fariseus e dos herodianos e sugeria que se tratava da mentalidade ou da ideologia dominante da época que esperava um messias glorioso e poderoso (Mc 8,15; 8,31-33). Aqui no nosso texto, Lucas identifica o fermento dos fariseus com a hipocrisia. Hipocrisia é uma atitude que inverte os valores. Esconde a verdade. Mostra uma casca bonita que encobre e disfarça a podridão dentro da casca. No caso, a hipocrisia era a casca aparente da fidelidade máxima à palavra de Deus que escondia a contradição da vida deles. Jesus quer o contrário. Quer a coerência que não deixa no escondido.
 
* Lucas 12,2-3: O escondido será revelado. “Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados".  É a segunda vez que Lucas fala deste assunto (cf. Lc 8,17). Em vez da hipocrisia dos fariseus que esconde a verdade, os discípulos devem ter a sinceridade. Não devem ter medo da verdade. Jesus os convida a partilhar com os outros os ensinamentos que dele aprenderam. Os discípulos não podem conservá-los só para si, mas devem divulgá-los. Um dia, as máscaras vão cair e tudo será revelado às claras, proclamado sobre os telhados (cf. Mt 10,26-27).  
 
* Lucas 12,4-5: Não ter medo. “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer. Vou mostrar a quem vocês devem temer: tenham medo daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes digo: é a este que vocês devem temer”. Aqui Jesus se dirige aos seus amigos, os discípulos e discípulas. Eles não devem ter medo daqueles que matam o corpo, que torturam, machucam e fazem sofrer. Os torturadores podem até matar o corpo, mas não conseguem matar neles a liberdade e o espírito. Devem ter medo, isto sim, de que o medo do sofrimento os leve a esconder ou a negar a verdade e, assim, os faça ofender a Deus. Pois quem se afasta de Deus se perde para sempre.
 
* Lucas 12,6-7: Vocês valem mais que muitos pardais. “Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais”. Os discípulos não devem ter medo de nada, pois eles estão na mão de Deus. Jesus manda olhar os passarinhos. Dois pardais se vendem por poucos centavos e no entanto nenhum pardal cai no chão sem o consentimento do Pai. Até os cabelos na cabeça estão contados. Lucas diz que nenhum cabelo cai sem a licença do Pai (Lc 21,18). E caem tantos cabelos! Por isso, “não tenham medo. Vocês valem muito mais que muitos pardais”. É a lição que Jesus tirou da contemplação da natureza. (cf Mt 10,29-31)
 
* A contemplação da natureza. No Sermão da Montanha, a mensagem mais importante, Jesus a tirou da contemplação da natureza. Eles dizem: "Vocês ouviram o que foi dito: 'Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!' Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu." (Mt 5,43-45.48). A observação do ritmo do sol e da chuva levaram Jesus e esta afirmação revolucionária: “Eu lhes digo amem os seus inimigos!” O mesmo vale para o convite de olhar os lírios do campo e as aves do céu (Mt 6,25-30). Esta surpreendente atitude contemplativa diante da natureza levou Jesus a criticar verdades aparentemente eternas. Seis vezes em seguida ele teve a coragem de corrigir publicamente a Lei de Deus: “Antigamente foi dito, mas eu digo...”. A descoberta feita na contemplação renovada da natureza tornou-se para ele uma luz muito importante para reler a história com outros olhos e descobrir nela luzes que antes não eram percebidas. Hoje está em andamento uma nova visão do universo. As descobertas da ciência a respeito da imensidão do macrocosmo e do microcosmo estão sendo fonte de uma nova contemplação do universo, Já está começando a crítica de muitas verdades aparentemente eternas.
 
Para um confronto pessoal
1) O escondido será revelado. Tem em mim algo do qual tenho medo de que seja revelado?
2) A contemplação dos pardais e das coisas da natureza levaram Jesus a atitudes novas e surpreendentes que revelavam a bondade gratuita de Deus. Tenho costume de contemplar a natureza?

Quinta-feira da 28ª semana do Tempo Comum

Santa Margarida Maria Alacoque, virgem
Santa Edwiges, viúva e religiosa
São Gerardo Majella, religioso
 
1ª Leitura (Rom 3,21-30a):
Irmãos: Independentemente da Lei de Moisés, manifestou-se agora a justiça de Deus, de que dão testemunho a Lei e os Profetas; porque a justiça de Deus vem pela fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os crentes. De facto não há distinção alguma, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus; e todos são justificados de maneira gratuita pela sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus, que Deus apresentou como vítima de propiciação, mediante a fé, pelo seu sangue. Assim Deus manifestava a sua justiça, tolerando as faltas outrora cometidas, no tempo da sua paciência. Ele quis manifestar a sua justiça no tempo presente, não só para ser justo, mas também para justificar aquele que vive da fé em Jesus. Onde está então o motivo para alguém se gloriar? Fica eliminado. Por que lei? Pela lei das obras? Não. Pela lei da fé. Na verdade, estamos convencidos de que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei. Deus será somente Deus dos judeus? Não o será também dos gentios? Sim, Ele é também Deus dos gentios, porque há um só Deus.
 
Salmo Responsorial: 129
R. No Senhor está a misericórdia e abundante redenção.
 
Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor, Senhor, escutai a minha voz. Estejam os vossos ouvidos atentos à voz da minha súplica.
 
Se tiverdes em conta as nossas faltas, Senhor, quem poderá salvar-se? Mas em Vós está o perdão, para Vos servirmos com reverência.
 
Eu confio no Senhor, a minha alma espera na sua palavra. A minha alma espera pelo Senhor mais do que as sentinelas pela aurora.
 
Aleluia. Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor: ninguém vai ao Pai senão por Mim. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 11,47-54): Naquele tempo, o Senhor disse: «Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas! No entanto, foram vossos pais que os mataram. Com isso, sois testemunhas e aprovais as ações de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos. É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e a alguns, eles matarão ou perseguirão; por isso se pedirá conta a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o Santuário. Sim, eu vos digo: esta geração terá de prestar conta disso. Ai de vós, doutores da Lei, porque ficastes com a chave da ciência!: vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar». Quando Jesus saiu de lá, os escribas e os fariseus começaram a importuná-lo e a provocá-lo em muitos pontos, armando ciladas para apanhá-lo em suas próprias palavras.
 
«Construís os túmulos dos profetas! No entanto, foram vossos pais que os mataram»
 
Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz (El Montanyà, Barcelona, Espanha)
 
Hoje o Evangelho nos fala do sentido, aceitação e trato dado aos profetas: «Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e a alguns, eles matarão ou perseguirão» (Lc 11,49).
 
São pessoas de diferente condição social ou religiosa, que tem recebido a mensagem divina e tem se impregnado dela; impulsionadas pelo Espírito, o expressam com signos ou palavras compreensíveis para seu tempo. É uma mensagem transmitida através de discursos, nunca lisonjeiros, ou ações, quase sempre difíceis de aceitar. Uma característica da profecia é sua incomodidade. O dom resulta incômodo para aquele que o recebe, o esfolia internamente e, é molesto para seu entorno, que hoje, graças à Internet ou aos satélites, pode se estender ao mundo todo.
 
Os contemporâneos do profeta pretendem o condenar ao silêncio, o caluniam, o desacreditam, assim até que morre. Chega então o momento de lhe erigir o sepulcro e, de lhe organizar homenagens, quando já não incomoda. Não faltam atualmente profetas que gozam de fama universal. A Madre Teresa, João XXIII, Monsenhor Romero... Lembramo-nos daquilo que nos reclamavam e nos exigiam? Aplicamos o que nos fizeram ver? A nossa geração se lhe pedirá contas sob a capa de ozônio que destruiu, da desertificação que nossa dilapidação de água causou, mas também do ostracismo que temos reduzido aos nossos profetas
 
Ainda há pessoas que se reservam para elas o direito de saber em exclusiva, que o compartilham “no melhor dos casos” com os seus, com aqueles que lhe permitem continuar no colo dos seus sucessos e da fama. Pessoas que fecham o passo aos que tentam entrar nos âmbitos do conhecimento, não seja que talvez saibam tanto quanto eles e os ultrapassem: «Ai de vós, doutores da Lei, porque ficastes com a chave da ciência! vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar».
 
Agora, como nos tempos de Jesus, muitos analisam frases e estudam textos para desacreditar aos que incomodam com suas palavras: É esse nosso agir? «Não há nada mais perigoso que julgar as coisas de Deus com os discursos humanos» (São João Crisóstomo).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O que pensar de quem se enfeita com um nome e não o é? Assim, muitos chamam-se cristãos, mas não são encontrados assim na realidade, porque não são o que dizem, nem na vida, nem nos costumes, nem na esperança, nem na caridade» (Santo Agostinho)
 
«É característico da tentação adotar uma aparência moral: não nos convida diretamente a fazer o mal, isso seria muito grosseiro. Finge mostrar-nos o melhor» (Bento XVI)
 
«Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo: Ele é o “homem perfeito”, que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar; com a sua oração, convida-nos à oração; com a sua pobreza, incita-nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições» (Catecismo da Igreja Católica, nº 520)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
*
Novamente, pela enésima vez, o evangelho de hoje fala do conflito entre Jesus e as autoridades religiosas da época.
 
* Lucas 11,47-48: Ai de vocês, que constroem túmulos para os profetas. “Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos”. Mateus diz que se trata de escribas e fariseus (Mt 23,19). O raciocínio de Jesus é claro. Se os pais mataram os profetas e os filhos construíram os túmulos, é porque os filhos  aprovaram o crime dos pais. Além disso, todo mundo sabe que profeta morto não incomoda. Deste modo os filhos tornam-se testemunhas e cúmplices no mesmo crime (cf. Mt 23,29-32).
 
* Lucas 11,49-51: Pedir contas do sangue derramado desde a criação do mundo. “É por isso que a sabedoria de Deus disse: 'Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão, a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário'. Sim, eu digo a vocês: pedirão contas disso a esta geração”. Comparado com o evangelho de Mateus, Lucas costuma oferecer uma versão abreviada do texto de Mateus. Mas aqui ele acrescentou a observação: “derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel”. Ele fez a mesma coisa com a genealogia de Jesus. Mateus, que escrevia para os judeus convertidos, começa em Abraão (Mt 1,1.2.17), enquanto Lucas vai até Adão (Lc 3,38). Lucas universaliza e inclui os pagãos, pois escreve o seu evangelho para os pagãos convertidos. A informação sobre o assassinato de Zacarias no Templo é dada pelo livro das Crônicas: “Então o espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada. Ele se dirigiu ao povo e disse: "Assim fala Deus: Por que é que vocês estão desobedecendo aos mandamentos de Javé? Vocês vão se arruinar. Vocês abandonaram Javé, e ele também os abandona!" Então eles se reuniram contra o profeta e, por ordem do rei, o apedrejaram no pátio do Templo de Javé”.  (2Cr 24,20-21). Jesus conhecia a história do seu povo até nas minúcias. Ele sabe que vai ser o próximo na lista de Abel até Zacarias. Até hoje a lista continua aberta. Muita gente é morta pela causa da justiça e da verdade.
 
* Lucas 11,52: Ai de vocês, especialistas em leis.
“Ai de vocês, especialistas em leis, porque vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar". Fecham o Reino como? Eles pensam ter o monopólio da ciência a respeito de Deus e da lei de Deus e impõem o seu modo de ver aos outros, sem deixar margem para um pensamento diferente. Apresentam Deus apenas como juiz severo e em nome de Deus impõem leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino. É importante notar a diferença entre Mateus e Lucas. Mateus fala da entrada no Reino do céu e a frase é redigida na forma verbal do presente: "Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam” (Mt 23,13). A expressão entrar no Reino do Céu pode significar entrar no céu depois da morte, mas é mais provável que se trate da entrada na comunidade ao redor de Jesus e nas comunidades dos primeiros cristãos. Lucas fala da chave da ciência e a frase é redigida na forma verbal do passado. Lucas simplesmente consta que a pretensão dos escribas de possuir a chave da ciência a respeito de Deus e da lei de Deus impediu a eles de reconhecer Jesus como Messias e impediu que o povo judeu reconhecesse Jesus como messias: Vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar.
 
* Lucas 11,53-54: Reação contra Jesus. A reação das autoridades religiosas contra Jesus foi imediata. “Quando Jesus saiu daí, os doutores da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca”. Considerando-se os únicos intérpretes verdadeiros da lei de Deus, tentam provocar Jesus em torno da interpretação da Bíblia para poder pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca. Assim, continua e cresce a oposição contra Jesus e cresce o desejo de eliminá-lo (Lc 6,11; 11,53-54; 19,48; 20,19-20; 22,2).
 
Para um confronto pessoal
1) Muitas pessoas que queriam entrar foram impedidas de entrar ou deixaram de crer por causa de atitudes anti-evangélicas de sacerdotes. Você tem experiência neste ponto?
2) Os escribas começaram a criticar Jesus que pensava e agia diferente deles. Não é difícil encontrar motivos para criticar quem pensa diferente de nós. Você tem experiência neste ponto?

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

15 de outubro: Santa Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja

1ª Leitura (Rom 2,1-11):
Não tens desculpa, quem quer que sejas, tu que julgas os outros. Ao julgares os outros, condenas-te a ti próprio, pois tu, que te fazes juiz, cometes as mesmas ações. Ora nós sabemos que o juízo de Deus se exerce conforme a verdade contra aqueles que praticam essas ações. E tu, que fazes as mesmas coisas que condenas nos outros, pensas que te furtarás ao juízo de Deus? Ou desprezas as riquezas da sua bondade, paciência e magnanimidade, não reconhecendo que a bondade de Deus te convida à conversão? Pela tua obstinação e pelo teu coração impenitente, estás a acumular contra ti um tesouro de ira para o dia da ira, em que se revelará o justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna para aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a glória, a honra e a imortalidade; a ira e a indignação para aqueles que, pela sua rebeldia, rejeitam a verdade e obedecem à injustiça. Tribulação e angústia para todo o homem que pratica o mal: primeiro para o judeu, mas também para o não judeu; glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem: primeiro para o judeu, mas também para o não judeu. Porque Deus não faz acepção de pessoas.
 
Salmo Responsorial: 61
R. Só em Deus descansa, ó minha alma.
 
Só em Deus descansa a minha alma, d’Ele me vem a salvação. Ele é meu refúgio e salvação, minha fortaleza: jamais serei abalado.
 
Minha alma, só em Deus descansa: d’Ele vem a minha esperança. Ele é meu refúgio e salvação, minha fortaleza: jamais serei abalado.
 
Povo de Deus, em todo o tempo ponde n’Ele a vossa confiança, desafogai em sua presença os vossos corações. Deus é o nosso refúgio.
 
Aleluia. As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 11,42-46): Naquele tempo, o Senhor disse: «Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Isto é que deveríeis praticar, sem negligenciar aquilo. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro assento nas sinagogas e de serdes cumprimentados nas praças. Ai de vós, porque sois como túmulos que não se veem, sobre os quais as pessoas andam sem saber». Um doutor da Lei tomou a palavra e disse: «Mestre, falando assim, insultas também a nós!». Jesus respondeu: «Ai de vós igualmente, doutores da Lei, porque carregais as pessoas com fardos insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos!».
 
«Isto é que deveríeis praticar, sem negligenciar aquilo»
 
Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada, Barcelona, Espanha)
 
Hoje o Divino Mestre dá-nos algumas lições: entre elas, fala-nos dos dízimos e também da coerência que devem ter os educadores (pais, mestres e todo cristão apóstolo). No Evangelho segundo São Lucas da Missa de hoje, o ensino aparece de maneira mais sintética, mas nas passagens paralelas de Mateus (23,1ss.) é bastante extenso e concreto. Todo o pensamento do Senhor conclui em que a alma de nossa atividade deve de ser a justiça, a caridade, a misericórdia e a fidelidade (cf. Lc 11,42).
 
Os dízimos no Antigo Testamento e nossa atual colaboração com a Igreja, segundo as leis e os costumes, vão na mesma linha. Mas dando o valor da lei obrigatória às pequenas coisas—como o faziam os Mestres da Lei— é exagerado e fadigoso: «Ai de vós igualmente, doutores da Lei, porque carregais as pessoas com fardos insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos!» (Lc 11,46).
 
É verdade que as pessoas que afinam têm delicadezas de generosidade. Tivemos vivências recentes de pessoas que da colheita trazem para a Igreja —para o culto e para os pobres— 10% (o dízimo); outros que reservam a primeira flor (as primícias), o melhor fruto do seu horto; ou também oferecem a mesma quantia que gastaram na viagem de lazer ou de férias; outros trazem o produto preferido do seu trabalho, tudo isso com o mesmo fim. Adivinha-se aí assimilado, o espírito do Santo Evangelho. O amor é engenhoso; das coisas pequenas obtém alegrias e méritos perante Deus.
 
O bom pastor passa na frente do rebanho. Os bons pais são modelo: o exemplo arrasta. Os bons educadores esforçam-se em viver as virtudes que ensinam. Isso é a coerência. Não só com um dedo, senão com a mão toda: Vida de Sacrário, devoção à Virgem, pequenos serviços no lar, difundir bom humor cristão... «As almas grandes dão-se conta das pequenas coisas» (São Josemaria).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Fazei tudo por Amor. Portanto, não há pequenas obras: tudo é grande. A perseverança nas pequenas coisas, por Amor, é heroísmo» (São Josemaria)
 
«Muitos podem conhecer a ciência, mesmo a teologia. Mas se eles não fizerem essa teologia de joelhos, ou seja, humildemente, como os pequenos, não compreenderão nada» (Francisco)
 
«Jesus (...) muitas vezes argumentou, no quadro da interpretação rabínica da Lei (366). Mas, ao mesmo tempo, Jesus tinha forçosamente de Se confrontar com os doutores da Lei porque não Se contentava com propor a sua interpretação a par das deles: ‘ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas’ (Mt 7, 28-29)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 581)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* No Evangelho de hoje continua o relacionamento conflituoso entre Jesus e as autoridades religiosas da época.
Hoje, na igreja acontece o mesmo conflito. Numa determinada diocese, o bispo convocou os pobres a participar ativamente. Eles atenderam ao pedido e em grande número começaram a participar. Surgiu um grave conflito. Os ricos diziam que foram excluídos e alguns sacerdotes começaram a dizer: “O bispo só faz política e esquece o evangelho!”
 
* Lucas 11,42: Ai de vocês, que deixam de lado a justiça e o amor. “Ai de vocês, fariseus, porque vocês pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo”.  Esta crítica de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetida contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a justiça e o amor. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Santa Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
 
A observação final de Jesus dizia: “Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo”. Esta advertência  faz lembrar uma outra observação de Jesus que serve de comentário: "Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu" (Mt 5,17-20)
 
*  Lucas 11,43: Ai de vocês, que gostam dos lugares de honra. “Ai de vocês, fariseus, porque gostam do lugar de honra nas sinagogas, e de serem cumprimentados em praças públicas”.  Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento hipócrita de alguns fariseus. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes (cf. Mt 6,5; 23,5-7). Marcos acrescenta que eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! Pessoas assim vão receber um julgamento mais severo (Mc 12,38-40). Hoje acontece o mesmo na nossa igreja.
 
*  Lucas 11,44: Ai de vocês, túmulos escondidos. “Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, e os homens pisam sobre eles sem saber". Lucas modificou a comparação. Em Mateus se diz: “Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt 23,27-28).  A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Por meio dela, Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. Lucas fala em sepulcros escondidos: “Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, e os homens pisam sobre eles sem saber". Quem pisa ou toca num sepulcro torna-se impuro, mesmo quando o sepulcro existe escondido debaixo do chão. A imagem é muito forte: por fora, o fariseu de sempre parece justo e bom, mas esse aspecto é um engano, pois dentro dele existe um sepulcro escondido que, sem o povo se dar conta, espalha um veneno que mata, comunica uma mentalidade que afasta de Deus, sugere uma compreensão errada da Boa Nova do Reino. Uma ideologia que faz do Deus vivo um ídolo morto!
 
* Lucas 11,45-46: Crítica do doutor da lei e a resposta de Jesus. “Um especialista em leis tomou a palavra, e disse: "Mestre, falando assim insultas também a nós!"  Na resposta Jesus não voltou atrás mas deixou bem claro que a mesma crítica valia também para os escribas: "Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo”. No Sermão da Montanha, Jesus expressou a mesma crítica que serve de comentário: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo” (Mt 23,2-4). 
 
Para um confronto pessoal
1) A hipocrisia mantém uma aparência enganadora. Até onde atua em mim a hipocrisia? Até onde a hipocrisia atua na nossa igreja?
2) Jesus criticava os escribas que insistiam na observância disciplinar das coisas miúdas da lei como dízimo da hortelã, da arruda e de todas as ervas, e esqueciam de insistir no objetivo da lei que é a prática da justiça e do amor. Vale para mim esta crítica?

domingo, 12 de outubro de 2025

15 de outubro

Santa Teresa de Jesus
Virgem de Nossa Ordem e Doutora da Igreja
Patrona da Ordem Terceira do Carmo
 

Nasceu em Ávila (Espanha) no ano 1515. Tendo entrado na Ordem das Carmelitas, fez grandes progressos no caminho da perfeição e teve revelações místicas. Ao empreender a reforma da Ordem teve de sofrer muitas tribulações, mas tudo suportou com coragem invencível. A doutrina profunda que escreveu nos seus livros é fruto das suas experiências místicas. Morreu em Alba de Tormes (Salamanca) no ano 1582.
 
INVITATÓRIO
R. Ao Senhor, Fonte da Sabedoria, vinde adoremos!
 
LAUDES
Hino
Deixando teus pais, Teresa,
quiseste aos mouros pregar,
trazê-los todos ao Cristo,
ou teu sangue derramar.
Pena porém mais suave
o Esposo a ti reservou:
tombares de amor ferida,
ao dardo que te enviou.
Acende, pois, nossas almas,
na chama do eterno amor:
jamais vejamos do inferno
o fogo devorador.
Louvamos contigo ao Filho,
que ao trino Deus nos conduz;
ele é o Jesus de Teresa,
Tu, Teresa de Jesus!
 
Ant 1. A minha alma tem sede de vós e por vós suspira, ó meu Deus.
 
Salmos e cântico do domingo da I Semana
 
Ant 2. Todas as criaturas vos agradeçam, Senhor, e os vossos santos com louvores vos bendigam.
 
Ant. 3. As vossas misericórdias, Senhor, eternamente cantarei na assembleia dos vossos santos.
 
Leitura Breve - 2Cor 4,5-7
Não nos pregamos a nós mesmos, pregamos a Jesus Cristo, o Senhor. Quanto a nós, apresentamo-nos a vós como vossos servos por causa de Jesus. Pois o Deus que disse: "Das trevas brilhe a luz!", foi ele quem reluziu em nossos corações, para que brilhe em todo o seu esplendor o conhecimento da sua glória, que se reflete no rosto de Cristo. Ora trazemos este tesouro em vasos de argila, para que reconheçam todos que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós.
 
Responsório breve
R. Falou-me o coração * é a vossa face que eu procuro, Senhor.
R. Falou-me o coração.
V. Senhor, a vossa face eu procuro. * É a vossa face.
Glória ao Pai. R. Falou-me o coração.
 
Cântico evangélico
Ant. Quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e a ele me manifestarei.
 
Preces
Aclamemos com alegria o Senhor da Glória, a Coroa de todos os Santos, que nos concedeu hoje a graça de celebrarmos Santa Teresa; e digamos:
 
R. Glória a vós, Senhor!
 
Senhor, fonte de vida e de santidade, que manifestais nos vossos Santos as maravilhas da vossa graça,
- queremos com Santa Teresa cantar eternamente as vossas misericórdias. R.
 
Vós, que desejais abrasar todo o mundo com o fogo do vosso Amor,
- fazei que sejamos, como Santa Teresa, servidores do vosso Amor entre os nossos irmãos. R.
 
Vós, que revelais aos vossos Anjos os mistérios do vosso coração,
- associai-nos mais a vós, para que, tendo experimentado melhor o vosso amor em nós, conduzamos os irmãos para vós. R.
 
Vós, que proclamastes bem-aventurados os puros de coração e prometestes que haveriam de ver-vos,
- purificai o nosso olhar, para que vos descubramos em todas as criaturas e nos elevemos sempre para vós. R.
 
Vós, que resistis aos soberbos e dais inteligência aos simples,
- fazei que sejamos humildes de coração, para adquirirmos em benefício de toda a Igreja a sabedoria, que nos enriquece. R.
 
(intenções livres)
 
Pai nosso...
 
Oração
Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa para recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS
Hino
Este é o dia em que Teresa,
qual pomba de branca alvura,
à terra tão pouco presa,
o templo do céu procura.
As falas do Espírito escuta:
Amada, vem do Carmelo!
Esquece, irmã, tua gruta,
que o meu amor é mais belo.
Cantemos o Esposo amado,
que vem desposar Teresa
com seu anel de noivado
e a lâmpada sempre acesa.
 
Ant.1. O Senhor mostrou-me a Cidade Santa, resplandecente da Glória de Deus, e brilhava como pedra preciosíssima.
 
Salmos e Cântico do Comum das Virgens ou dos Doutores da Igreja.
 
Ant.2. Esta é a morada de Deus entre os homens: no meio deles vai habitar o Senhor.
 
Ant.3. Procuro completar na minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu Corpo, isto é, a Igreja.
 
Leitura breve – Jd 20-21
Vós, porém, caríssimos, edificai-vos mutuamente sobre o fundamento da vossa santíssima fé; rezai no Espírito Santo, de modo que vos mantenhais no amor de Deus, aguardando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.
 
Responsório breve
R. Vós sois * o templo do Deus Vivo. R. Vós sois.
V. E o Espírito de Deus habita em vós. * O templo.
Glória ao Pai. R. Vós sois.
 
Cântico Evangélico
Ant. Não se perturbe o vosso coração: na casa de meu Pai existem muitas moradas e eu vou preparar um lugar para vós.
 
Preces
Glorifiquemos a Cristo, que amou a sua Igreja e se entregou por ela para santificá-la; e pedindo-lhe que a conserve sempre santa e imaculada em todos os seus membros, digamos com muita confiança:
 
R. Protegei, Senhor, a vossa Igreja!
 
Vós, que sois a Cabeça da Igreja, que alimentais e protegeis.
- fazei que todos os fiéis permaneçam sempre unidos convosco pela fé e pela caridade. R.
 
Vós, que edificastes a Igreja sobre o fundamento dos Apóstolos e, por meio deles, nos ensinais a verdade e nos conduzis à vossa mesa,
- iluminai e dirigi aqueles que colocastes à sua frente. R.
 
Vós, que amastes e escolhestes alguns membros do vosso povo, para que anunciassem a vossa palavra aos irmãos,
- enviai trabalhadores para a vossa messe. R.
 
Vós, que não cessais de chamar discípulos que, para edificação da Igreja, vos seguem mais de perto na castidade, pobreza e obediência,
- fazei que todos os religiosos, tendo a Virgem Maria por Mãe e Mestra, vos sigam e sirvam fielmente. R.
 
Vós, que suscitastes na Igreja a família do Carmelo,
- concedei aos Carmelitas a graça da fidelidade ao espírito de oração e de zelo apostólico, a exemplo de Santa Teresa. R.
 
(intenções livres)
 
Vós, que morrestes para nos justificar e ressuscitastes para nos livrar da morte eterna,
- concedei aos nossos irmãos e irmãs falecidos a alegria da Páscoa eterna na comunhão com Maria e todos os vossos Santos. R.
 
Pai Nosso ...
 
Oração
Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa para recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.