Sto. Afonso Mª de Ligório, bispo e doutor da Igreja
1ª
Leitura (Jer 18,1-6): Palavra que o Senhor dirigiu ao profeta Jeremias:
«Levanta-te e desce à casa do oleiro; ali te farei ouvir as minhas palavras».
Eu desci à casa do oleiro e encontrei-o a trabalhar na roda. Quando o vaso que
ele estava a moldar não saía bem, como acontece com o barro nas mãos do oleiro,
ele começava de novo e fazia outro vaso, como lhe parecia melhor. Então o
Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Não poderei Eu tratar-vos como este
oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor –. Como o barro nas mãos do oleiro,
assim estais vós na minha mão, ó casa de Israel».
Salmo
Responsorial: 145
R. Feliz o que tem por auxílio
o Deus de Jacó.
Louva, minha alma, o Senhor.
Louvarei o Senhor toda a minha vida, cantarei hinos ao meu Deus, enquanto
viver.
Não ponhais a confiança nos
poderosos, no homem que nem a si se pode salvar. Vai-se-lhe o espírito e volta
ao pó da terra e assim ficam desfeitos os seus planos.
Feliz o que tem por auxílio o
Deus de Jacó, o que põe a sua confiança no Senhor, seu Deus, que fez o céu e a
terra, o mar e quanto neles existe.
Aleluia. Abri, Senhor, o nosso
coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,47-53): Naquele tempo, disse Jesus ao povo: «Reino dos Céus é
ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando
ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram
os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá
no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os
maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo
isso?» — «Sim», responderam eles. Então Ele acrescentou: «Assim, pois, todo
escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que
tira do seu tesouro coisas novas e velhas». Quando Jesus terminou de contar
essas parábolas, partiu dali.
«Recolhem em cestos o que é
bom e jogam fora o que não presta»
Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell
(Agullana, Girona, Espanha)
Hoje, o Evangelho constitui uma
chamada vital à conversão. Jesus não nos poupa da dura realidade: «Os anjos
virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo»
(Mt 13,49-50). E a advertência é clara! Não podemos fraquejar.
Agora devemos optar livremente:
ou buscamos a Deus e ao bem com todas as nossas forças, ou colocamos nossa
vidas à beira da morte. Ou estamos com Cristo ou estamos contra Ele.
Converter-se significa, nesse caso, optar totalmente por fazer parte do grupo dos
justos e levar uma vida digna de filhos. Porém, temos em nosso interior a
experiência do pecado: sabemos o bem que deveríamos fazer, mas fazemos o mal;
como podemos dar uma verdadeira unidade às nossas vidas? Sozinhos, não podemos
fazer muito. Somente se nos colocamos nas mãos de Deus podemos fazer algum bem
e pertencer ao grupo dos justos.
«Por não sabermos quando virá
nosso Juiz, devemos viver cada dia como se não houvesse o dia seguinte» (São
Jerônimo). Essa frase é um convite a viver com intensidade e responsabilidade
nossa vida cristã. Não se trata de ter medo, mas sim de viver com esperança
esse tempo de graça, louvor e glória.
Cristo nos ensina o caminho para
nossa própria glorificação. Cristo é o caminho, portanto, nossa salvação, nossa
felicidade e tudo o que possamos imaginar passa por Ele. E se tudo o temos em
Cristo, não podemos deixar de amar a Igreja que nos apresenta e é seu corpo
místico. Contra as visões puramente humanas dessa realidade é necessário que
recuperemos a visão divino-espiritual: nada melhor do que Cristo e o
cumprimento de sua vontade!
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«As minhas palavras são espírito
e são vida, e não podem ser ponderadas com base em critérios humanos. Não devem
de ser usadas para satisfazer a vã complacência, mas devem ser ouvidas em
silêncio e devem ser recebidas com humildade» (Thomas de Kempis)
«Aí onde vamos, mesmo na paróquia
menor, no canto mais perdido desta terra, lá está a única Igreja. E este é um
grande dom de Deus. A Igreja é uma para todos» (Francisco)
«(…) Para cumprir a vontade do
Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus. A Igreja é o Reino de Cristo
‘já presente em mistério’ (Concílio Vaticano II)» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 763)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a
última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar.
Esta parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos
outros três evangelhos.
* Mateus 13,47-48: A parábola
da rede lançada ao mar. "O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada
ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores
puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os
cestos, os que não prestam são jogados fora”. A história contada é bem
conhecida do povo da Galileia que vive ao redor do lago. É o trabalho deles. A
história reflete o fim de um dia de trabalho. Os pescadores saem para o mar com
esta única finalidade: jogar a rede, apanhar muito peixe, puxar a rede cheia
para a praia, escolher os peixes bons para levar para casa e jogar fora os que
não servem. Descreve a satisfação do pescador no fim de um dia de trabalho
pesado e cansativo. Esta história deve ter provocado um sorriso de satisfação
no rosto dos pescadores que escutavam Jesus. O pior é chegar na praia no fim do
dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).
* Mateus 13,49-50: A aplicação da parábola. Jesus aplica a parábola, ou melhor dá uma
sugestão para as pessoas poderem discutir a parábola e aplicá-la em suas vidas.
“Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus
dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e
ranger os dentes." Como entender
esta fornalha de fogo? São imagens fortes para descrever o destino daqueles que
se separam de Deus ou não querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um
lugar onde joga os detritos e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente
que é alimentado diariamente pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O
lixão de Jerusalém ficava num vale perto da cidade que se chamava geena, onde,
na época dos reis havia até uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso
deus Molok. Por isso, a fornalha da geena tornou-se símbolo de exclusão e de
condenação. Não é Deus que exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação,
mas que todos tenham vida e vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si
mesmo.
* Mateus 13,51-53: O encerramento do Sermão das
Parábola. No final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte
pergunta: "Vocês compreenderam tudo isso?" Ele respondera “Sim!” E
Jesus termina a explicação com uma outra comparação que descreve o resultado
que ele quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se
torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú
coisas novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:
(1) Jesus compara o doutor da lei com o pai de
família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e
velhas". A educação em casa se faz
transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam
ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a
riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão
aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela
transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da
vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender
as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.
(2) Trata-se de um doutor da Lei que se torna
discípulo do Reino. Havia portanto doutores da lei que aceitavam Jesus como
revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre em
Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser
doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma
finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer.
Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de
rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram
com a ideia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia
intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou:
"É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia,
comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é
muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal,
na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar
uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários
anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de
novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia
se iluminou por dentro e tomou um outro aspecto. Aquele rosto, tão severo
adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho, mudaram tudo,
sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de
filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo
Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a
sabedoria acumulada do doutor da Lei. O mesmo Deus, que parecia tão distante e
severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!
Para um confronto pessoal
1) A experiência do Filho
já entrou em você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro
modo?
2) O que te revelou o
Sermão das Parábolas sobre o Reino?