R. Senhor, ficarei saciado, quando surgir a vossa glória.
Ouvi, Senhor, uma causa justa, atendei a minha súplica. Escutai a minha oração, feita com sinceridade.
Firmai os meus passos nas vossas veredas, para que não vacilem os meus pés. Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me, ouvi e escutai as minhas palavras.
Protegei-me à sombra das vossas asas, longe dos ímpios que me fazem violência. Senhor, mereça eu contemplar a vossa face e ao despertar saciar-me com a vossa imagem.
2ª Leitura (2Tes 2,16—3,5): Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras. Entretanto, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança.
Evangelho (Lc 20,27-38): Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, os quais negam a ressurreição, e lhe perguntaram: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. Ora, havia sete irmãos. O primeiro se casou e morreu, sem deixar filhos. Também o segundo e o terceiro se casaram com a mulher. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher». Na ressurreição, ela será esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa». Jesus respondeu-lhes: «Neste mundo, homens e mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos; serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’. Ele é Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele».
A resposta de Jesus tem duas partes. Na primeira tenta que possam compreender que a instituição do matrimônio não tem ração de ser na outra vida «Os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam» (Lc 20,35). O que se perdura e alcança a sua máxima plenitude é tudo o que tenhamos semeado de amor autêntico, de amizade, de fraternidade, de justiça e verdade...
O segundo momento da resposta deixa-nos duas certezas: «Ele é Deus não de mortos, mas de vivos» (Lc 20,38). Confiar neste Deus quer dizer, dar-nos conta que estamos feitos para a vida. E a vida consiste em estar com Ele constantemente, sempre. Além disso, «Todos vivem para Ele» (Lc 20,38): Deus é a fonte da vida. O crente, imerso em Deus pelo batismo, foi arrancado para sempre do domínio da morte.
«O amor se transforma em uma realidade cumprida se é incluído em um amor que proporcione realmente eternidade». (Bento XVI)
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Quando Cristo morreu, teve de
obedecer à lei do sepulcro; ao ressuscitar, pelo contrário, aboliu-a, até tal
ponto que deitou por terra a perpetuidade da morte e a transformou de eterno em
temporal» (S. Leão, Magno)
«Estamos numa viagem, numa
peregrinação rumo à plenitude da vida, e é essa plenitude de vida é a que
ilumina o nosso caminho» (Francisco)
«Ser testemunha de Cristo é ser
testemunha da sua ressurreição´ (At 1, 22), éter comido e bebido com Ele depois
da sua ressurreição dos mortos´ (At 10, 41). A esperança cristã na ressurreição
é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Nós ressuscitaremos
como Ele, com Ele e por Ele» (Catecismo da Igreja Católica, nº 995)
Por se não fosse pouco errada a conclusão dos saduceus, a argumentação que propõem —a fictícia historieta da mulher que teve por esposos a sete irmãos — supera a ridicularia. Não devemos nos surpreender que agora surjam os “modernos saduceus” que contradizem a voz do Vicário de Cristo esgrimindo argumentos tão falsos como forçados (que se o custo das visitas pastorais do Papa deveria se destinar aos pobres; que se o Papa é o culpável de milhões de mortes...). Nada novo na faz da terra! Só a cegueira da descrença é capaz de tramar tais tolices.
Os saduceus “brincaram” com a eternidade e, o resultado foi que não ficou nem rastro deles. Lógico! Sem esperança não há vida. Pior ainda: Sem um horizonte de eternidade não se pode amar. Por acaso podemo-nos "apaixonar” por um tempo? Hei aqui a resposta de Bento XVI: «O amor humano é, em si, uma promessa que não se pode cumprir. Deseja eternidade e só pode oferecer finitude. Mas, por outra parte, sabe que essa promessa não é insensata nem contraditória, pois em última instância a eternidade mora nela. Suas autênticas dimensões implicam, em definitiva, a perspectiva futura de Deus, à espera de Deus».
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Quando Cristo morreu, teve de obedecer à lei do sepulcro; ao ressuscitar, pelo contrário, aboliu-a, até tal ponto que deitou por terra a perpetuidade da morte e a transformou de eterno em temporal» (S. Leão, Magno)
«Estamos numa viagem, numa peregrinação rumo à plenitude da vida, e é essa plenitude de vida é a que ilumina o nosso caminho» (Francisco)
«Ser testemunha de Cristo é ser testemunha da sua ressurreição´ (At 1, 22), éter comido e bebido com Ele depois da sua ressurreição dos mortos´ (At 10, 41). A esperança cristã na ressurreição é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Nós ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele» (Catecismo da Igreja Católica, nº 995)
Mas fica-se com a nítida sensação de que a visão bíblica, jogando com a ideia de que o homem é uma unidade orgânica, introduz uma noção mais completa de ressurreição, enquanto ela consiste em «retomar novamente a vida» como tal, embora doutra forma. Veja-se a este propósito com atenção o capítulo 15 da 1ª Carta aos Coríntios.
Para nós, que vivemos neste mundo, é difícil (ou melhor, é impossível) imaginar o que será a vida definitiva. Do texto evangélico, todavia, podemos tirar ao menos uma conclusão: a vida definitiva não será exatamente como a vida que temos agora. Se assim fosse, pelo menos em muitos casos, seria bem pouco. O que o texto diz é que seremos como anjos, como «filhos de Deus». Não me compete (nem tenho autoridade para o fazer) definir o que é ser como anjo ou filho de Deus. Penso que querer saber mais significaria ter já ultrapassado essa soleira invisível que separa o tempo cronológico do tempo definitivo.
* Testemunhas da ressurreição. «Hoje, muitos têm dificuldade em acreditar no além. Isso deve-se, por um lado, à crítica de herança marxista que vê na espera da vida eterna uma evasão da responsabilidade de transformar este mundo; e, por outro lado, à civilização do bem-estar, que se limita a propor uma felicidade hedonista neste mundo. Mas tanto uma como a outra posição são redutivas da realidade total. Será possível que os que, apesar de todos os esforços para ultrapassar a sua condição de deserdados da sorte, nunca tiveram sucesso, estarão definitivamente excluídos de todo e qualquer tipo de redenção»?
Nós, como cristãos, temos a tarefa de ser as testemunhas da ressurreição, ou seja, da certeza de que a vida não se reduz a esta vida, mas é muito mais que isso, tem uma outra dimensão. Mais: dizendo que o nosso Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos, fazemos uma afirmação que não diz respeito só ao Além, mas também ao presente, na medida em que o esforço por melhorar esta vida, afinal, não morre ingloriamente no vazio do pó da terra.
O «Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob» é o Deus dos vivos, de quem já hoje está realmente vivo, mas vivo em todos os sentidos; ou seja, fisicamente, enquanto empenhado profundamente na vida para melhorar a situação da humanidade; e vida total que não pode acabar, porque é a própria vida de Deus, vida que, portanto, continua para além da morte física.