sexta-feira, 31 de julho de 2015

Sábado XVII do Tempo Comum

Evangelho (Mt 14,1-12): Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do rei Herodes. Ele disse aos seus cortesãos: «É João Batista! ele ressuscitou dos mortos; por isso, as forças milagrosas atuam nele». De fato, Herodes tinha mandado prender João, acorrentá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é permitido viver com ela». Herodes queria matá-lo, mas ficava com medo do povo, que o tinha em conta de profeta. Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. Instigada pela mãe, ela pediu: «Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, ordenou que atendessem ao pedido dela. E mandou cortar a cabeça de João, na prisão. A cabeça foi trazida num prato, entregue à moça, e esta a levou para a sua mãe. Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois vieram contar tudo a Jesus.

«A fama de Jesus chegou aos ouvidos do rei Herodes»

Rev. D. Joan Pere PULIDO i Gutiérrez (Sant Feliu de Llobregat, Espanha)

Sto Afonso Maria de Liguori
Bispo e Doutor
Hoje, a liturgia convida-nos a contemplar uma injustiça: A morte de João Batista; e, também, descobrir na Palavra de Deus a necessidade de um testemunho claro e concreto de nossa fé para encher o mundo de esperança.

Convido-os a focalizar nossa reflexão na personagem do tetrarca Herodes. Realmente, para nós, não é um verdadeiro testemunho, mas nos ajudará a destacar alguns aspectos importantes para a nossa declaração de fé em meio do mundo. «Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do rei Herodes» (Mt 14,1). Esta afirmação distingue uma atitude aparentemente correta, mas pouco sincera. É a realidade que hoje podemos achar em muitas pessoas e, talvez também em nós mesmos. Muitas pessoas têm ouvido falar de Jesus, mas, quem é Ele realmente? Que implicância pessoal nos une a Ele?

Em primeiro lugar, é necessário dar uma resposta correta; a do tetrarca Herodes não passa de ser uma vaga informação: «É João Batista! Ele ressuscitou dos mortos» (Mt 14,2). Com certeza sentimos falta da afirmação de Pedro diante da pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’» (Mt 16,15-16). E esta afirmação não dá lugar para o medo ou para a indiferença, e sim abre a porta a um testemunho fundamentado no Evangelho da esperança. Assim o definia João Paulo II na sua Exortação apostólica A Igreja na Europa: «Junto à Igreja toda, convido aos meus irmãos e irmãs na fé a se abrirem constante e confiadamente a Cristo e, a se deixar renovar por Ele, anunciando com o vigor da paz e o amor a todas as pessoas de boa vontade que, quem encontra ao Senhor conhece a Verdade, descobre a Vida e, reconhece o Caminho que conduz a ela».

Que, hoje sábado, a Virgem Maria, a Mãe da Esperança, nos ajude de verdade a encontrar Jesus e, a dar um bom testemunho Dele aos nossos irmãos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete do rei com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época.

* Mateus 14,1-2. Quem é Jesus para Herodes
O texto começa informando a opinião de Herodes a respeito de Jesus: "Ele é João Batista, que ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem". Herodes procurava compreender Jesus a partir dos medos que o assaltavam após o assassinato de João. Herodes era um grande supersticioso que escondia o medo atrás da ostentação da sua riqueza e do seu poder.

* Mateus 14,3-5: A causa escondida do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde quatro antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, lá na Galileia, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia, sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Mateus informa que o motivo do assassinato de João foi a denúncia que o Batista fez a Herodes por ele ter casado com Herodíades, mulher do seu irmão Filipe. Flávio José, escritor judeu daquela época, informa que o motivo real da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (Lc 22,25). A denúncia de João contra Herodes foi a gota que fez transbordar o copo: "Não te é permitido casar com ela”.  E João foi preso.

* Mateus 14,6-12: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Marcos informa que a festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia” (Mc 6,21). É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a Salomé, a jovem dançarina, filha de Herodíades. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento, atendeu ao capricho da menina e mandou o soldado trazer a cabeça de João num prato e dar à dançarina, que o entregou à sua mãe. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala.

As três marcas do governo de Herodes: a nova Capital, o latifúndio e a classe dos funcionários:
1. A Nova Capital.  Tiberíades foi inaugurada quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Lá moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juízes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Tiberíades era a cidade dos palácios do Rei, onde vivia o pessoal de roupa fina (cf. Mt 11,8). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.
2. O Latifúndio.  Os estudiosos informam que, durante o longo governo de Herodes, cresceu o latifúndio em prejuízo das propriedades comunitárias. O Livro de Henoque denuncia os donos das terras e expressa a esperança dos pequenos: “Então, os poderosos e os grandes já não serão mais os donos da terra!” (Hen 38,4). O ideal dos tempos antigos era este: “Cada um debaixo da sua vinha e da sua figueira, sem que haja quem lhes cause medo” (1 Mac 14,12; Miq 4,4; Zac 3,10). Mas a política do governo de Herodes tornava impossível a realização deste ideal.
3. A Classe dos funcionários. Herodes criou toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, coletores de impostos, militares, policiais, juízes, promotores, chefes locais. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Nos evangelhos, alguns fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessária muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil.

Para um confronto pessoal
1. Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso, que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um covarde diante dos grandes e um bajulador corrupto diante da moça. Covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sexta-feira da 17ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 13,54-58): Jesus foi para sua própria cidade e se pôs a ensinar na sinagoga local, de modo que ficaram admirados. Diziam: «De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não estão todas conosco? De onde, então, lhe vem tudo isso?». E ele tornou-se para eles uma pedra de tropeço. Jesus, porém, disse: «Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua própria casa!». E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua própria casa»

Rev. D. Jordi POU i Sabater (Sant Jordi Desvalls, Girona, Espanha)

Hoje, como naquele tempo, é difícil falar de Deus àqueles que nos conhecem há muito tempo. No caso de Jesus, são João Crisóstomo comenta: «Os nazarenos admiravam-se Dele, mas essa admiração não os levava a crer, mas a sentir inveja, como se dissessem: "Porque Ele, e não eu"? Jesus conhecia bem aqueles que em vez ouvi-lo, escandalizavam-se por causa Dele. Eram parentes, amigos, vizinhos pessoas que Ele apreciava, mas justamente a eles não chegará a mensagem da salvação.

Nós — que não podemos fazer milagres nem temos a santidade de Cristo — não provocaremos inveja (ainda se por acaso possa acontecer, se realmente nos esforçarmos por viver como cristãos). Seja como for, nos encontraremos, como Jesus, com aqueles a quem amamos ou apreciamos, são os que menos nos escutam. Neste sentido, devemos recordar, também, que as pessoas veem mais os defeitos do que as virtudes, e aqueles que estiveram ao nosso lado durante anos podem dizer interiormente — Tu que fazias (ou fazes) isto ou aquilo, o que vais me ensinar?

Pregar ou falar de Deus entre as pessoas do nosso povo ou família é difícil, mas é necessário. É preciso dizer que Jesus quando ia a casa estava precedido pela fama de seus milagres e sua palavra. Talvez, nós precisaremos estabelecer um pouco de fama de santidade por fora (e dentro) de casa antes de “predicar” às pessoas da casa.

São João Crisóstomo acrescenta no seu comentário: «Presta atenção, por favor, na amabilidade do Mestre: não lhes castiga por não ouvi-lo, mas diz com doçura: "Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua própria casa (Mt 13,57). Resulta evidente que Jesus iria triste desse lugar, mas continuaria suplicando para que sua palavra salvadora fosse bem-vinda no seu povo.

E nós (que nada vamos perdoar ou deixar de lado), igual temos que orar para que a palavra de Jesus chegue até aqueles que amamos, mas não querem nos ouvir.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Santo Inácio de Loyola, Presbítero
* O evangelho de hoje conta como foi a visita de Jesus à Nazaré, sua comunidade de origem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre.

* Mateus 13, 53-57ª: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. O povo ficou admirado, não entendeu a atitude de Jesus: "De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres?” Jesus, filho do lugar, que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Nazaré ficou escandalizado e não o aceitou: “Não é ele o filho do carpinteiro?” O povo não aceitou o mistério de Deus presente num homem comum como eles conheciam Jesus. Para poder falar de Deus ele teria de ser diferente. Como se vê, nem tudo foi bem sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que se recusavam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: “Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?" Não deram conta de crer.

* Mateus 13, 57b-58: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é honrado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* Os irmãos e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?  Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois se trata de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste” (Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor” (Mc 10,39.40).

Para um confronto pessoal
1. Em Jesus algo mudou no seu relacionamento com a Comunidade de Nazaré. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a família? Por quê?
2. A participação na comunidade tem ajudado você a acolher e a confiar mais nas pessoas, sobretudo nos mais simples e pobres?

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Jesus Cristo na vivência e no pensamento de Santa Teresa.

Secundino Castro Sánchez

Teresa de Jesus (1515-1582), nascida numa família cristã de raízes judias, foi educada na fé da Igreja Católica. Muito depressa deu mostras de uma rara sensibilidade religiosa (Vida 1,5). Para ela, a princípio, a religião concentrava-se na figura de Deus, sem especificar muito (Vida 2,7). Depois surge a pessoa de Jesus como expressão do divino (Vida 3,1). Mais tarde Jesus introdu-la no mistério trinitário (Contas de Consciência 14), e desde ali redescobre a Deus (Contas de Consciência 15), mas com mais profundidade, sem que nunca falte no horizonte da sua existência Jesus Cristo homem e Deus (Contas de Consciência 66,3), como centro de compreensão e de vivência de toda a realidade divina e humana.

O PRIMEIRO ENCONTRO COM JESUS CRISTO

A descoberta de Jesus, como Deus que saiu ao nosso encontro, coincide com o despertar da sua puberdade (Vida 3,6) e supõe para ela o começo de uma religiosidade adulta. Começa a entender toda a sua existência como relação – oração, assim o diz ela (Vida 4,7).

Teresa vê os seus primeiros anos como se fossem uma nova criação de Deus, onde tudo era bom (Vida 1), mas logo a seguir também ela foi apanhada pela tentação (Vida 2), e é então quando Jesus a começa a chamar (Vida 3,6).

Interrogando-se acerca do sentido da sua vida e contemplando a de Jesus, pensa que a melhor resposta ao seu amor é consagrar-se inteiramente a Ele, ainda que para isso tenha que usar de grande violência. Acerca disto escreve: “Recordo-me, e a meu parecer com toda a verdade, que quando saí de casa de meu pai [para fazer-se religiosa], foi tal a aflição, que não creio que será maior quando eu morrer” (Vida 4,1). E assim a sua primeira séria decisão é por Cristo, fazendo-se carmelita.

O Carmelo é uma Ordem contemplativa, e Teresa começa a viver a sua religiosidade como encontro com Jesus. Diz ela: “Procurava o mais que podia trazer a Jesus Cristo, nosso Bem e Senhor, presente dentro de mim, e esta era a minha maneira de oração: se pensava em algum passo [do evangelho], representava-o no interior” (Vida 4,7).

Para Teresa meditar é pensar em Jesus, amá-l’O e trazê-l’O consigo como se O tivesse dentro de si ou em frente. Pouco a pouco começa a estabelecer-se tal relação entre ambos que Teresa a entende como uma amizade muito profunda (Vida 8,5). A comunicação dá-se já não só na oração, estende-se à vida inteira. Orar para ela é algo muito precioso: “Tratar de amizade estando muitas vezes tratando a sós” (Vida 8,5). Ali se dá conta de que necessita do amigo, e Ele também dela. Desta forma tão simples os tesouros da fé fazem-se presentes na sua alma.

VICISSITUDES NO ENCONTRO COM CRISTO

E assim passou algum tempo, até que, por sentir-se imperfeita, começou a deixar esta particular amizade, julgando equivocadamente que era mais humildade (Vida 7,1). Parecia-lhe que não era digna desse encontro tão belo. A relação arrefeceu um pouco e Teresa caiu nalgumas imperfeições. Intentou reconstruir a amizade, mas ao não conseguir despojar-se desses obstáculos, os encontros com o amigo resultavam um tormento. Sentia-se como mulher infiel ao esposo, ainda que as suas “ingratidões” eram bem pequenas. Intentava ser fiel, fazia grandes esforços até que um dia se deu conta de que neste processo de reabilitação confiava demasiado em si mesma e não se punha totalmente nas mãos do seu Senhor (Vida 8,11-12).

E um dia, diante de uma imagem de um Cristo, marcado pelas chagas dos açoites da paixão (Vida 9), deposita totalmente a sua confiança n’Ele, e sente que o Senhor a reabilita por dentro. A leitura das Confissões de Santo Agostinho foi-a preparando. E desde então começa a ser toda d’Ele. Cada vez que se põe a fazer oração, representando-se a Cristo, sente-se cheia de Deus. Esta percepção será o primeiro efeito da vinda de Jesus a ela (Vida 10,1). Ao refletir sobre isto, julgava que até este momento era ela quem buscava a Cristo, agora é Ele quem busca a Teresa (Vida 23,1ss).

CRISTO CONDUZ À CONVERSÃO PLENA
Esta conversão – assim a chamam alguns – abre-a para um processo novo de fidelidade. Entretanto, sente a proteção do amigo Cristo, e como Ele suavemente a vai introduzindo na Sua Pessoa (Vida 24,1ss). Teresa vê que a presença de Deus a envolve como uma nuvem da qual não pode sair. Até que um dia rezando o “Veni, Creator”, percebe que uma força interior a arrebata por dentro e remove as seguranças do seu eu. Escuta estas palavras: “Já não quero que tenhas conversações com homens, senão com anjos” (Vida 24,5). É o Amado que a quer para Si. Entra nas profundidades da mística (6Moradas). A partir daqui, já não se vai recriminar de nenhuma falta consciente.

TERESA E CRISTO RESSUSCITADO

Seguidamente começa a perceber que Alguém lhe fala (Vida 25,1). São palavras que ela chama interiores, porque não se ouvem com os ouvidos corporais, tocam na alma. Palavras cheias de força, de claridade, de afeto e de consolação. Ao principio não identificava a sua origem, mas depressa compreende que quem lhe fala é Cristo (6Moradas 8,2). Antes era ela quem dirigia a Ele a sua palavra de súplica ou de afeto, agora é Ele, quem desde o mais íntimo dela, a chama pelo seu nome, e sai assim ao seu encontro. Teresa vai-se deixando modelar por esta palavra que coincide em tudo com as que nos transmitem os Evangelhos.

Depois destas percepções, quando levava nelas como uns dois anos, Jesus Cristo deixa-Se ver (Vida 27-29). Teresa contempla-O, mas também como antes, não é uma visão ocular, percebe-o com mais claridade desta maneira. Trata-se de visões também interiores. Sempre O vê ressuscitado, ainda que se mostre em alguns dos momentos da vida terrena (Vida 29,4). Estes fenômenos transfiguram o ser de Teresa; fazem-na perceber o sentido de Cristo; dá-se conta de que Ele é o centro e a origem da vida humana. Sem Ele nada tem sentido nem beleza, sem Ele tudo empalidece. Nestes encontros entende o mistério da fé cristã e descobre a verdade. As visões muitas vezes juntam-se com as palavras, e quem lhe fala é esse Cristo a quem agora também vê. Teresa sente-se mudada, está a transformar-se noutra. Desde esta vertente, aqueles primeiros encontros, a que chamava oração, agora adquiriam o seu verdadeiro sentido. Mais ainda, as visões e as locuções crescem em intensidade. Sente-se transbordada (Vida 38,17-18).

Chegará a perceber que Cristo ressuscitado está como esculpido no seu próprio ser. A amizade com Ele envolve-a de tal maneira que não só o sente como relação – um Tu que a ama entranhadamente – mas também como quem por dentro a enche de vida, nela vive e a sustenta, é Alguém que enche todo o seu ser. É o que os místicos chamam transformação em Cristo, profundíssima amizade de dois que sentem o mesmo e se querem com tal intensidade que cada um vive mais no outro do que em si mesmo. Mas esta relação não é só psicológica, invade todo o seu ser. Ela escreve sobre isso: “De imediato se recolheu a minha alma, e pareceu-me ser toda ela como um claro espelho; não havia costas, nem lados, nem alto, nem baixo, que não fosse tudo claridade; e no centro dela se me representou Cristo Nosso Senhor, como O costumo ver. Parecia-me que em todas as partes da minha alma O via tão claramente como num espelho, e esse espelho, (não sei dizer como) também se esculpia todo no mesmo Senhor, por uma comunicação muito amorosa que eu não saberei explicar” (Vida 40,5).

CRISTO CONDUZ AO MISTÉRIO TRINITÁRIO

Jesus Cristo que é o Filho de Deus e seu Enviado, Palavra do Pai, feito homem em Maria pelo Espírito Santo, o Mediador do nosso encontro com o Pai, conduz Teresa ao mistério Trinitário. Com a luz do Ressuscitado entenderá o mistério e sentirá que as Pessoas Divinas habitam dentro da alma do ser humano que está em graça (Contas de Consciência 15; 36; 60). A experiência trinitária é muito intensa na vida de Teresa. Terá experiências de cada Pessoa, e perceberá também a sua unidade. A sua alegria é transbordante porque Jesus Cristo, o Amado, é amigo da alma, condu-la ao mais profundo da fé da Igreja (Contas de Consciência 55,3).

A NOVA VIDA

Tudo isto repercute na vida moral de Teresa, que se mostra cheia de Evangelho. As Bem-aventuranças (Caminho de Perfeição 2) e o Pai Nosso (Caminho de Perfeição 27-42) refletem-se com toda a claridade na sua pessoa. Ela gostava de dizer que as experiências religiosas se conhecem pelos seus efeitos (7Moradas 3,1). Os de Teresa são as virtudes teologais, a confiança ilimitada no Pai, a humildade e a fortaleza, entre muitas outras. Sente também como o humano ressuscita numa personalidade nova, livre, gozosa, cheia de energia e de doçura, de luz e de paz. No livro de Moradas principal¬mente pode comprovar-se quanto acabamos de dizer. Agora compreende de verdade o que significa ser cristão.

SEMPRE JESUS CRISTO

Em tempos de Teresa havia certa polêmica acerca do sentido da Humanidade de Jesus no processo da oração (Vida 22,1; 6Moradas 7,5). Uma corrente espiritual pensava que na primeira parte deste processo, no chamado plano ascético, devia meditar-se sobre a vida e os mistérios do Senhor; mas na segunda, na mística, teria que deixar para trás o humano do Senhor e caminhar pela Sua Divindade. Teresa descobre que isto é inaceitável. A realidade inteira do Senhor deve acompanhar o cristão em todo este processo de subida. Em defesa da Humanidade de Cristo escreve dois capítulos memoráveis (Vida 22; 6Moradas 7), em que, com argumentos teológicos, bíblicos e desde o humanismo cristão, demonstra que desviar-se dessa consideração do Senhor vai em detrimento do mais profundo e belo da revelação cristã.

O tempo posterior deu razão a Santa Teresa que, com a sua vivência pessoal e com os seus ensinamentos acerca de Cristo, brindou à Igreja uma das espiritualidades mais nitidamente cristãs, onde o Cristo humano-divino preenche tudo. A sua mística não é algo acrescentado ao cristianismo, nem um balcão ou porta que se lhe brinda; é a sua essência, pois ela vincula a sua vivência à realidade de Cristo histórico-ressuscitado e vivido na comunidade. As suas experiências místicas aconteceram em momentos altos da liturgia (Contas de Consciência 25). Contribuiu de forma singular na Igreja para uma compreensão plena de Jesus, que termina em mística, mas que se enraíza nos Evangelhos e na comunidade que vive e celebra os mistérios.

Quinta-feira da 17ª semana do Tempo ComumV

Evangelho (Mt 13,47-53): Naquele tempo, disse Jesus ao povo: «Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isso?» — «Sim», responderam eles. Então Ele acrescentou: «Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas». Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali.

«Recolhem em cestos o que é bom e jogam fora o que não presta»

Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho constitui uma chamada vital à conversão. Jesus não nos poupa da dura realidade: «Os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo» (Mt 13,49-50). E a advertência é clara! Não podemos fraquejar.

Agora devemos optar livremente: ou buscamos a Deus e ao bem com todas as nossas forças, ou colocamos nossas vidas à beira da morte. Ou estamos com Cristo ou estamos contra Ele. Converter-se significa, nesse caso, optar totalmente por fazer parte do grupo dos justos e levar uma vida digna de filhos. Porém, temos em nosso interior a experiência do pecado: sabemos o bem que deveríamos fazer, mas fazemos o mal; como podemos dar uma verdadeira unidade às nossas vidas? Sozinhos, não podemos fazer muito. Somente se nos colocamos nas mãos de Deus podemos fazer algum bem e pertencer ao grupo dos justos.

«Por não sabermos quando virá nosso Juiz, devemos viver cada dia como se não houvesse o dia seguinte» (São Jerônimo). Essa frase é um convite a viver com intensidade e responsabilidade nossa vida cristã. Não se trata de ter medo, mas sim de viver com esperança esse tempo de graça, louvor e glória.

Cristo nos ensina o caminho para nossa própria glorificação. Cristo é o caminho, portanto, nossa salvação, nossa felicidade e tudo o que possamos imaginar passa por Ele. E se tudo o temos em Cristo, não podemos deixar de amar a Igreja que nos o apresenta e é seu corpo místico. Contra as visões puramente humanas dessa realidade é necessário que recuperemos a visão divino-espiritual: nada melhor do que Cristo e o cumprimento de sua vontade!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* O evangelho de hoje traz a última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar. Esta parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos outros três evangelhos.

* Mateus 13,47-48: A parábola da rede lançada ao mar
"O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora”.   A história contada é bem conhecida do povo da Galileia que vive ao redor do lago. É o trabalho deles. A história reflete o fim de um dia de trabalho. Os pescadores saem para o mar com esta única finalidade: jogar a rede, apanhar muito peixe, puxar a rede cheia para a praia, escolher os peixes bons para levar para casa e jogar fora os que não servem. Descreve a satisfação do pescador no fim de um dia de trabalho pesado e cansativo. Esta história deve ter provocado um sorriso de satisfação no rosto dos pescadores que escutavam Jesus. O pior é chegar à praia no fim do dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).

* Mateus 13,49-50: A aplicação da parábola
Jesus aplica a parábola, ou melhor, dá uma sugestão para as pessoas poderem discutir a parábola e aplicá-la em suas vidas. “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." Como entender esta fornalha de fogo? São imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus ou não querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um lugar onde joga os detritos e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente que é alimentado diariamente pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O lixão de Jerusalém ficava num vale perto da cidade que se chamava Geena, onde, na época dos reis havia até uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isso, a fornalha da Geena tornou-se símbolo de exclusão e de condenação. Não é Deus que exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas que todos tenham vida e vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si mesmo.

* Mateus 13,51-53: O encerramento do Sermão das Parábolas
No final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte pergunta: "Vocês compreenderam tudo isso?" Ele respondeu “Sim!” E Jesus termina a explicação com outra comparação que descreve o resultado que ele quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:

(1) Jesus compara o doutor da lei com o pai de família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e velhas".  A educação em casa se faz transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.

(2) Trata-se de um doutor da Lei que se torna discípulo do Reino. Havia, portanto doutores da lei que aceitavam Jesus como revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre em Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer. Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a ideia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou: "É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia, comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal, na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia se iluminou por dentro e tomou outro aspecto. Aquele rosto, tão severo adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho mudaram tudo, sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a sabedoria acumulada do doutor da Lei. . O mesmo Deus, que parecia tão distante e severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!

Para um confronto pessoal
1) A experiência do Filho já entrou em você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro modo?
2) O que te revelou o Sermão das Parábolas sobre o Reino?

terça-feira, 28 de julho de 2015

Quarta-feira da 17ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 10,38-42): Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu: «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas.No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».

«Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, também nós que estamos ocupados com muitas coisas devemos ouvir o que o Senhor nos recorda: «No entanto, uma só é necessária» (Lc 10,42): o amor, a santidade. Este é o objetivo, o horizonte que não podemos perder nunca de vista no meio de nossas ocupações cotidianas.

Porque ocupados estaremos sempre se obedecermos à indicação do Criador: «Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!» (Gn 1,28). A Terra! O mundo: é aqui o nosso lugar de encontro com o Senhor. «Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno» (Jo 17,15). Sim, o mundo é o altar para nós e para nossa entrega a Deus e aos outros.

S. Marta, S. Lázaro e S. Maria
Somos do mundo, mas não podemos ser mundanos. Muito pelo contrário, somos chamados a ser como a bela expressão de João Paulo II sacerdotes da criação, sacerdotes do nosso mundo, de um mundo que amamos apaixonadamente.

Eis aqui a questão: o mundo e a santidade, o trabalho diário e a única coisa necessária. Não são duas realidades opostas: temos que procurar a confluência de ambas. E essa confluência se produz em primeiro lugar e sobre tudo em nosso coração, que é onde se pode unir o céu e a terra. Porque no coração humano é onde pode nascer o diálogo entre o Criador e a criatura.

É necessário, portanto, a oração. «O nosso tempo é um tempo em constante movimento, que freqüentemente desemboca no ativismo, com o risco fácil de acabar fazendo por fazer. Temos que resistir a essa tentação, procurando ser antes de fazer. Recordamos a este respeito a reprovação de Jesus a Marta: «Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária (Lc 10,41-42)» (João Paulo II).

Não há oposição entre o ser e o fazer, mas sim há uma ordem de prioridade, de precedência: «Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada» (Lc 10,42).

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O evangelho de hoje traz o episódio de Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro. Maria, sentada aos pés de Jesus escutava a sua palavra. Marta, na cozinha, ocupada nos afazeres domésticos. Esta família amiga de Jesus é mencionada somente nos evangelho de Lucas (Lc 10,38-41) e de João (Jo 11,1-39; 12,2).

* Lucas 10,38: A casa amiga em Betânia.
“Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa”. Jesus está a caminho para Jerusalém, onde será preso e morto. Ele chega na casa de Marta que o recebe. Lucas não diz que a casa de Marta ficava em Betânia. É João que nos faz saber que a casa de Marta ficava em Betânia, perto de Jerusalém. A palavra Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre no alto do Monte das Oliveiras, perto de Jerusalém. Quando ia a Jerusalém Jesus costumava passar na casa de Marta, Maria e Lázaro (Jo 12,2)

* É impressionante verificar como Jesus entrava e vivia nas casas do povo: na casa de Pedro (Mt 8,14), de Mateus (Mt 9,10), de Jairo (Mt 9,23), de Simão o fariseu (Lc 7,36), de Simão o leproso (Mc 14,3), de Zaqueu (Lc 19,5). O oficial reconhece: “Não sou digno de que entres em minha casa” (Mt 8,8). O povo procurava Jesus na casa dele (Mt 9,28; Mc 1,33; 2,1; 3,20). Os quatro amigos do paralítico tiram o telhado para fazer baixar o doente dentro da casa onde Jesus estava ensinando o povo (Mc 2,4). Quando ia a Jerusalém, Jesus parava em Betânia na casa de Marta, Maria e Lázaro (12,2). No envio dos discípulos e discípulas a missão deles é entrar nas casas do povo e levar a paz (Mt 10,12-14; Mc 6,10; Lc 10,1-9).

* Lucas 10,39-40: A atitude das duas irmãs.
“Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres”. Duas atitudes importantes, sempre presentes na vida dos cristãos: estar atenta à Palavra de Deus e estar atenta às necessidades das pessoas. Cada uma destas duas atitudes exige atenção total. Por isso, as duas vivem em tensão contínua que se expressa na reação de Marta: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!". Expressa-se também na reação dos apóstolos diante do problema que surgiu na comunidade de Jerusalém. O serviço à mesa das viúvas estava tomando todo o tempo deles e já não podiam dedicar-se inteiramente ao anúncio da Palavra. Por isso, eles reuniram a comunidade e disseram: “Não é correto que deixemos a pregação da palavra de Deus para servir às mesas” (At 6,2).

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* Lucas 10,41-42: A resposta de Jesus.
"Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada." Marta queria que Maria sacrificasse sua atenção à palavra para ajuda-la no serviço da mesa. Mas não se pode sacrificar uma atitude em favor da outra. O que é preciso é alcançar o equilíbrio. Não se trata de escolher entre vida contemplativa e vida ativa, como se aquela fosse melhor que esta. Trata-se de encontrar a justa distribuição das tarefas apostólicas e dos ministérios dentro da comunidade. Baseando-se nesta palavra de Jesus, os apóstolos pediram à comunidade que escolhesse sete diáconos (servidores). O serviço das mesas foi entregue aos diáconos e assim os apóstolos podiam continuar a sua atividade pastoral: “dedicar-se inteiramente à oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4). Não se trata de encontrar nesta palavra de Jesus um argumento para dizer que a vida contemplativa nos mosteiros é superior à vida ativa dos que labutam na pastoral. As duas atividades tem a ver com o anúncio da Palavra de Deus. Marta não pode exigir que Maria sacrifique a atenção à palavra. Bonita é a interpretação do místico medieval, o frade dominicano Mestre Eckart que dizia: Marta já sabia trabalhar e servir às mesas sem prejudicar em nada sua atenção à presença e à palavra de Deus. Maria, assim ele diz, ainda estava aprendendo junto de Jesus. Por isso, ela não podia ser interrompida. Maria escolheu o que para ela era a melhor parte. A descrição da atitude de Maria diante de Jesus evoca a outra Maria, da qual Jesus dizia: “Felizes os que ouvem a Palavra e a colocam em prática” (Lc 11,27).

Para um confronto pessoal
1. Como você equilibra na sua vida o desejo de Maria e a preocupação de Marta?
2. À luz da resposta de Jesus para Marta, os apóstolos souberam encontrar uma solução para o problema da comunidade de Jerusalém. A meditação das palavras e gestos de Jesus me ajuda a iluminar os problemas da minha vida?


segunda-feira, 27 de julho de 2015

28 de julho

São Pedro Poveda Castroverde
Presbítero Fundador da Instituição Teresiana e mártir


Pedro Poveda Castroverde nasceu em Linhares (Jaén) em 3 de dezembro de 1874. Desde criança sentiu atração pelo sacerdócio. Ingressou no seminário de Jaén e concluiu os estudos no de Guadix, diocese na qual recebeu a ordenação em 1897. Começou seu ministério no Seminário e no atendimento pastoral aos que viviam nas margens da população, criando uma escola para eles. Nomeado canônico de Covadonga ocupou-se da formação cristã dos peregrinos e começou a escrever livros sobre educação e a relação entre a fé e a ciência. A partir de 1911, com algumas jovens colaboradoras, começou a fundação de Academias e Centros pedagógicos que dariam início à Instituição Teresiana. Transferiu-se para Jaén para consolidar a mesma Instituição que receberia ali aprovação diocesana e depois, estando ele já em Madri como capelão real, a aprovação pontifícia. Sacerdote prudente e audaz, pacífico e aberto ao diálogo, entregou sua vida por causa da fé na madrugada de 28 de julho de 1936, identificando-se: "Sou sacerdote de Cristo" perante aqueles que o conduziriam ao martírio.

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Oração

Senhor nosso Deus, que concedestes a são Pedro Poveda, fundador da Instituição Teresiana, impulsionar a ação evangelizadora dos cristãos mediante a educação e a cultura, e entregar a sua vida no martírio como «sacerdote de Jesus Cristo»; concedei-nos que saibamos, como ele, participar fielmente da missão da Igreja com o testemunho de nossa vida cristã e a entrega generosa ao anúncio de vosso Reino. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Terça-feira da 17ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 13,36-43): Naquele tempo, Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: «Explica-nos a parábola do joio». Ele respondeu: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os que cortam o trigo são os anjos.  Como o joio é retirado e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará seus anjos e eles retirarão do seu Reino toda causa de pecado e os que praticam o mal; depois, serão jogados na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça».

«Explica-nos a parábola do joio»

Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Rubí, Barcelona, Espanha).

Hoje, com a parábola do joio e do trigo, a Igreja nos convida a meditar sobre a convivência do bem e do mal. O bem e o mal dentro do nosso coração; o bem e o mal que vemos em outros, que vemos existir neste mundo.

«Explica-nos a parábola» (Mt 13,36), pedem os discípulos a Jesus. E nós, hoje, podemos fazer o propósito de ter mais cuidado com a nossa oração pessoal, com o nosso trato cotidiano com Deus. Senhor, podemos dizer-lhe, explique-me por que não avanço suficientemente em minha vida interior. Explique-me como posso lhe ser mais fiel, como posso buscar-lhe em meu trabalho, ou através dessa circunstância que não entendo, ou não quero. Como posso ser um apóstolo qualificado. A oração é isso, pedir explicações a Deus. Como é minha oração? É sincera? É constante? É confiante?

Jesus Cristo nos convida a ter os olhos fixos no céu, nossa morada eterna. Frequentemente, vivemos enlouquecidos pela pressa, e quase nunca nos detemos para pensar que um dia próximo ou não, não o sabemos deveremos prestar contas a Deus de nossa vida, de como temos feito frutificar as qualidades que Ele nos tem dado. E o Senhor nos diz que no fim dos tempos haverá uma triagem. Devemos ganhar o Céu na terra, no dia-a-dia, sem esperar situações que possivelmente nunca virão. Devemos viver heroicamente o que é ordinário, o que aparentemente não possui nenhuma transcendência. Viver pensando na eternidade e ajudar os outros a pensar nela: paradoxalmente, «esforça-se para não morrer o homem que há de morrer; e não se esforça para não pecar o homem que há de viver eternamente» (São João de Toledo).

Colheremos o que houvermos semeado. Devemos lutar para dar 100% hoje. Para que quando Deus nos chame a sua presença Lhe apresentemos as mãos cheias: de atos de fé, de esperança, de amor. Que se concretizam em coisas muito pequenas e em pequenos vencimentos que, vividos diariamente, nos fazem mais cristãos, mais santos, mais humanos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz a explicação que Jesus, a pedido dos discípulos, deu da parábola do joio e do trigo. Alguns estudiosos acham que esta explicação, dada por Jesus aos discípulos, não seja de Jesus, mas sim da comunidade. É possível e provável, pois uma parábola, por sua própria natureza, pede o envolvimento e a participação das pessoas na descoberta do sentido. Assim como a planta já está dentro da sua semente, assim, de certo modo, a explicação da comunidade já está dentro da parábola. É exatamente este o objetivo que Jesus queria e ainda quer alcançar com a parábola. O sentido que nós hoje vamos descobrindo na parábola que Jesus contou dois mil anos atrás já estava implicado na história que Jesus contou, como a flor já está dentro da sua semente.

* Mateus 13,36: O pedido dos discípulos para explicar a parábola do joio e do trigo
Os discípulos, em casa conversam com Jesus e pedem uma explicação da parábola do joio e do trigo (Mt 13,24-30). Várias vezes se informa que Jesus, em casa, continuava o seu ensinamento aos discípulos (Mc 7,17; 9,28.33; 10,10). Naquele tempo não havia televisão e nas longas horas das noites do inverno o povo reunia para conversar e tratar dos assuntos doa vida. Jesus fazia o mesmo. Era nestas ocasiões que ele completava o ensinamento e a formação dos discípulos.

* Mateus 13,38-39: O significado de cada um dos elementos da parábola
Jesus responde retomando cada um dos seis elementos da parábola e lhes dá um sentido: o campo é o mundo; a boa semente são os membros do Reino; o joio são os membros do adversário (maligno); o inimigo é o diabo; a colheita é o fim dos tempos; os ceifadores são os anjos. Experimente você agora ler de novo a parábola (Mt 13,24-30) colocando o sentido certo em cada um dos seis elementos: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Aí, a história toma um sentido totalmente diferente e você alcança o objetivo que Jesus tinha em mente ao contar esta história do joio e do trigo ao povo. Alguns acham que esta parábola que deve ser entendida como uma alegoria e não como uma parábola propriamente dita.

* Mateus 13,40-43: A aplicação da parábola ou da alegoria
V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Com estas informações dadas por Jesus você entenderá a aplicação que ele dá: Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. O destino do joio é a fornalha, o destino do trigo bom é o brilho do sol no Reino do Pai. Por de trás destas duas imagens está a experiência das pessoas. Depois que elas escutaram Jesus e o aceitaram em suas vidas, tudo mudou para elas. O fim chegou. Ou seja, em Jesus chegou aquilo que, no fundo, todos esperavam: a realização das promessas. A vida agora se divide em antes e depois que escutaram e aceitaram Jesus em suas vidas. A nova vida começou como o brilho do sol. Se tivessem continuado a viver como antes, seriam como o joio jogado na fornalha, vida sem sentido e sem serventia para nada.

* Parábola e Alegoria.
Existe a parábola. Existe a alegoria. Existe a mistura das duas que é a forma mais comum. Geralmente tudo é chamado de parábola. No evangelho de hoje temos o exemplo de uma alegoria. Uma alegoria é uma história que a pessoa conta, mas enquanto conta, ela não pensa nos elementos da história, mas sim no assunto que deve ser esclarecido. Ao ler uma alegoria não é necessário olhar primeiro a história como um todo, pois numa alegoria a história não se constrói em torno de um ponto central que depois serve como meio de comparação. Mas cada elemento tem a sua função independente a partir do sentido que recebe. Trata-se de descobrir o que cada elemento das duas histórias nos tem a dizer sobre o Reino como fez a explicação que Jesus deu da parábola: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Geralmente, as parábolas são alegorizantes. Mistura das duas.

Para um confronto pessoal
1) No campo existe tudo misturado: joio e trigo. No campo da minha vida, o que prevalece: o joio ou o trigo?
2) Você já tentou conversar com outras pessoas para descobrir o sentido de alguma parábola?

domingo, 26 de julho de 2015

27 de julho

Beato Tito Brandsma
PRESBÍTERO NOSSA ORDEM E MÁRTIR

Nasceu na cidade de Bolsward, na Frísia (Holanda), no ano de 1881.  Ainda muito jovem, entrou para a Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote em 1905. Estudou em Roma, onde conseguiu o grau de Doutor em Filosofia na Universidade Gregoriana. Retomando para a Holanda, ensinou em diversas escolas e foi nomeado professor de Filosofia, Teologia Mística e sua história, na Universidade Católica de Nimega, da qual também foi eleito "Reitor Magnífico". Salientou-se pela sua afabilidade para com todos. Foi jornalista profissional e, em 1935, foi designado Assistente Eclesiástico dos jornalistas católicos. Opôs-se à ocupação nazista da Holanda e, baseando-se no Evangelho, combateu tenazmente a ideologia do Nacional Socialismo (Nazismo), defendeu a liberdade da Educação e da Imprensa católicas e protestou contra a perseguição às crianças de origem judaica. Por estas razões foi preso: começa desta forma o seu Calvário de campo em campo, de prisão em prisão e, depois de tantos sofrimentos e humilhações, foi assassinado em Dachau, no ano de 1942. Até o seu último suspiro, não se cansou de levar a paz e o conforto espiritual a todos os seus colegas de prisão. No meio de inúmeros e atrozes sofrimentos soube comunicar o bem, o amor e a paz. No dia 3 de novembro de 1985 foi proclamado beato da Igreja de Cristo pelo Papa João Paulo II, que dele falou: " Frei Tito Brandsma foi o maior carmelita do século XX".

INVITATÓRIO
Ant. Vinde, adoremos o Senhor, Rei dos Mártires.

LAUDES
Hino
Ó Jesus, quando te contemplo,
eu redescubro, a sós contigo,
que te amo e que teu coração
me ama como a um dileto amigo.

Ainda que a descoberta exija
coragem, faz-me bem a dor:
por ela me assemelho a ti,
que ela é o caminho redentor.

Na minha dor me rejubilo;
já não a julgo sofrimento,
mas sim predestinada escolha,
que me une a ti neste momento.

Deixa-me, pois, nesta quietude,
malgrado o frio que me alcança.
Presença humana não permitas,
que a solidão já não me cansa,

pois de ti sinto-me tão próximo
como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,
que tudo é bom junto de ti.

Salmos, Cântico, Leitura, Responsório e Preces do Comum de um Mártir

Cântico evangélico
Ant. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, conservei a minha fé!

Oração
Senhor Deus, fonte e origem da vida, infundistes no Beato Tito a força do vosso Espírito e a coragem, para, mesmo durante a crueldade da perseguição e do martírio, proclamar a liberdade da Igreja e a dignidade da pessoa humana. Concedei-nos, por sua intercessão, empenharmo-nos na construção do Reino da justiça e da paz, sem nos envergonharmos do Evangelho, e que, em cada momento da vida, reconheçamos a vossa presença misericordiosa. Por N.S. J.C.

VÉSPERAS
Hino
Seguir os passos de Cristo,
imitando a Virgem Maria,
tendo de Elias o espírito,
é lema do Carmo, nossa alegria.

Maria, ó Mãe da nossa alma
acende em nós o fulgor
da luz ardente e calma,
que a Tito deu força, coragem e amor.

Viver no Carmo é contemplar
o Deus a Elias revelado.
Vi ver no Carmo é habitar
no Tabor com Cristo Transfigurado.

Viver no Carmelo é aceitar
ser holocausto, que se deixa consumir,
sem temer, mas antes desejar
os raios divinos atrair.

Viver no Carmelo é fitar
a Cruz, que se ama e se deseja,
para nela e por ela alcançar
que Cristo viva nos membros da Igreja.

Salmos, Cântico, Leitura, Responsório e Preces do Comum de um Mártir

Cântico evangélico
Ant. Na dureza do combate o Senhor lhe deu a vitória, pois mais forte do que tudo é a força do amor.

Oração
Senhor Deus, fonte e origem da vida, infundistes no Beato Tito a força do vosso Espírito e a coragem, para, mesmo durante a crueldade da perseguição e do martírio, proclamar a liberdade da Igreja e a dignidade da pessoa humana. Concedei-nos, por sua intercessão, empenharmo-nos na construção do Reino da justiça e da paz, sem nos envergonharmos do Evangelho, e que, em cada momento da vida, reconheçamos a vossa presença misericordiosa. Por N.S. J.C.