S. Hilário de Poitiers, Bispo e Doutor da Igreja
Salmo Responsorial: 43
R. Pela vossa
misericórdia, salvai-nos, Senhor.
Agora, Senhor, nos rejeitais e confundis e já não saís à
frente dos nossos exércitos. Obrigais-nos a fugir diante dos nossos adversários
e os nossos inimigos podem saquear à vontade.
Fazeis de nós o opróbrio dos nossos vizinhos, a irrisão e o
desprezo dos povos que nos cercam. Fazeis de nós ocasião de escárnio para os
pagãos e motivo para os povos zombarem de nós.
Despertai, Senhor. Porque dormis? Levantai-Vos. Não nos
rejeiteis para sempre. Porque escondeis a vossa face? Esqueceis Vós a nossa
miséria e tribulação?
Aleluia. Jesus pregava o Evangelho do reino e curava todas as
enfermidades entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,40-45): Um leproso aproximou-se de
Jesus e, de joelhos, suplicava-lhe: «Se queres, tens o poder de purificar-me!».
Jesus encheu-se de compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o tocou, dizendo:
«Eu quero, fica purificado». Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou
purificado. Jesus, com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: «Não contes
nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta, por tua
purificação, a oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho”.
Ele, porém, assim que partiu, começou a proclamar e a divulgar muito este
acontecimento, de modo que Jesus já não podia entrar, publicamente, na cidade.
Ele ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele».
«‘Se queres, tens o poder de purificar-me’ (...) ‘Eu quero, fica
purificado’!»
Rev. D. Xavier PAGÉS i
Castañer (Barcelona, Espanha)
Durante o nosso tempo diário de oração desejamos e pedimos
para ouvirmos a voz do Senhor. Mas, provavelmente, com demasiada frequência
preocupamo-nos em preencher esse tempo com as palavras que Lhe queremos dizer e
não deixamos tempo para ouvir o que Deus nos quer comunicar. Velemos pois para
cuidarmos o silêncio interior que —evitando distrações e concentrando a nossa
atenção—abre um espaço para acolhermos os afetos, inspirações… que o Senhor,
certamente, quer suscitar nos nossos corações.
Um risco que não podemos esquecer, é o perigo de que o nosso
coração —com o tempo —se vá endurecendo. Por vezes, os golpes da vida podem-nos
converter, mesmo sem nos darmos conta, numa pessoa mais desconfiada,
insensível, pessimista, sem esperança… Devemos pedir ao Senhor que nos torne
conscientes desta possível deterioração interior. A oração é uma ótima ocasião
para dar uma olhadela serena à nossa vida e a todas as circunstâncias que a
rodeiam. Devemos ler os diversos acontecimentos à luz dos Evangelhos, para descobrirmos
que aspectos necessitam uma verdadeira conversão.
Tomara que peçamos a nossa conversão com a mesma fé e
confiança com que o leproso se apresentou a Jesus: «De joelhos, suplicava-lhe:
“Se queres, tens o poder de purificar-me”!». (Mc 1,40). Ele é o único que pode
tornar possível aquilo que por nós próprios resultaria impossível. Desejamos
que Deus atue com a sua graça em nós, para que o nosso coração seja purificado
e, dócil no seu agir, seja cada dia mais um coração à imagem e semelhança do
coração de Jesus. Ele, com confiança, diz-nos: «‘Eu quero, fica purificado’»
(Mc 1,41).
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Jesus, sobretudo com seu estilo de vida e com suas ações,
há demostrado como no mundo em que moramos está presente o amor. Este amor [misericordioso
de Deus] se faz notar particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça,
a pobreza» (São Joao Paulo II)
«Vivemos neste mundo no que Deus não tem a evidência do
palpável. Só se pode lhe encontrar com o impulso do coração e reconhecer que
não só vivemos de “pão”, se não ante tudo da obediência à Palavra de Deus»
(Bento XVI)
«Os homens, cooperadores muitas vezes inconscientes da
vontade divina, podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações
por suas orações e também por seus sofrimentos (cf. Col 1,24). Tornam-se então
plenamente “cooperadores de Deus” (1Cor 3,9) e do seu Reino» (Catecismo da Igreja
Católica, n°307).
Reflexão
* Reintegrar os
excluídos na convivência fraterna. Jesus não só cura, mas também quer que a
pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra a pessoa na convivência.
Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele
precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O
doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico. Jesus obrigou o
leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente.
Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.
* O leproso anuncia o
bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido
o leproso de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu,
começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente
numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por que? É que Jesus tinha
tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo, Jesus, ele
mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar
nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas
oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão total!
* Resumindo.
Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós
vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como
viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos
versículos 16 a 45 do primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a
missão da comunidade e apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo
poderem avaliar a sua missão. Ris o esquema:
TEXTO |
ATIVIDADE DE JESUS |
OBJETIVO DA MISSÃO |
1. Marcos 1,16-20 |
Jesus chama os primeiros discípulos |
formar comunidade |
2. Marcos 1,21-22 |
o povo fica admirado com o ensino |
criar consciência crítica |
3. Marcos 1,23-28 |
Jesus expulsa um demônio |
combater o poder do mal |
4. Marcos 1,29-31 |
cura da sogra de Pedro |
restaurar a vida para o serviço |
5. Marcos 1,32-34 |
cura de doentes e endemoninhados |
acolher os marginalizados |
6. Marcos 1,35 |
Jesus levanta cedo para rezar |
ficar unido ao Pai |
7. Marcos 1,36-39 |
Jesus segue em frente no anúncio |
não se fechar nos resultados |
8. Marcos 1,40-45 |
a cura um leproso |
reintegrar os excluídos |
Para um confronto
pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar testemunho da
experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele
conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este
testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos
trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não
se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto
de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo
que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. Já tive esta
coragem?
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