Salmo Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor,
para fazer a vossa vontade.
Esperei no Senhor com toda a confiança e Ele atendeu-me. Feliz
de quem pôs a sua confiança no Senhor e não se voltou para os arrogantes, para
os que seguem a mentira.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações, mas abristes-me
os ouvidos; não pedistes holocaustos nem expiações, então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da Lei que faça a vossa
vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no meu coração».
«Proclamei a justiça na grande assembleia, não fechei os
meus lábios, Senhor, bem o sabeis. Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade».
Aleluia. As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor. Eu
conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,29-39): Logo que saíram da
sinagoga, foram com Tiago e João para a casa de Simão e André. A sogra de Simão
estava de cama, com febre, e logo falaram dela a Jesus. Ele aproximou-se e,
tomando-a pela mão, levantou-a; a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Ao
anoitecer, depois do pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que
tinham demônios. A cidade inteira se ajuntou à porta da casa. Ele curou muitos
que sofriam de diversas enfermidades; expulsou também muitos demônios, e não
lhes permitia falar, porque sabiam quem ele era. De madrugada, quando ainda
estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele
orava. Simão e os que estavam com ele se puseram a procurá-lo. E quando o
encontraram, disseram-lhe: «Todos te procuram». Jesus respondeu: «Vamos a
outros lugares, nas aldeias da redondeza, a fim de que, lá também, eu proclame
a Boa Nova. Pois foi para isso que eu saí». E foi proclamando nas sinagogas por
toda a Galileia, e expulsava os demônios.
«De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu
rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. »
+ Frei Josep Mª MASSANA
i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
De fato, vemos Jesus entregado em Corpo e alma em sua tarefa
de Messias e Salvador: cura aos doentes, como à sogra de São Pedro e muitos
outros, consola os que estão tristes, expulsa demônios, predica. Todos
levam-lhe seus doentes e endemoniados. Todos querem escutá-lo: «Todos te
procuram» (Mc 1,37), dizem os discípulos. Seguro que tinha uma atividade
frequentemente cansativa, que quase não lhe deixava nem respirar.
Mas, Jesus procurava também tempo de solidão para se dedicar
à oração: «De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e
saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava» (Mc 1,35). Em outras partes dos
Evangelhos vemos Jesus dedicado à oração em outras horas e, inclusive a altas
horas da noite. Sabia distribuir o tempo sabiamente, para que sua jornada
tivesse um equilíbrio razoável de trabalho e oração
Nós dizemos frequentemente: Não tenho tempo! Estamos
ocupados com o trabalho do lar, com o trabalho profissional e, com as
inumeráveis tarefas que enchem nossa agenda. Com frequência cremo-nos
dispensados da oração diária. Fazemos muitas coisas importantes, isso sim, mas
corremos o risco de esquecer a mais necessária: a oração. Devemos criar um
equilíbrio para fazer umas sem desatender as outras.
São Francisco o propõe assim: «Há que trabalhar fielmente e
com dedicação, sem apagar o espírito da santa oração e devoção, para o que hão
de servir as outras coisas temporais».
Deveríamos nos organizar um pouco mais. Disciplinar-nos,
“domesticando” o tempo. O que é importante há de caber. Ainda mais o que é
necessário.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Procurai reunir-vos mais vezes para celebrardes em ação de
graças e os louvores divinos. Quando vos reunis com frequência, num mesmo
lugar, debilita-se o poder de Satanás e a unidade da vossa fé impede-o de vos
causar qualquer tipo de mal» (Santo Ignácio de Antioquia)
«O “amor formoso” aprende-se, sobretudo, rezando. A oração leva
sempre consigo uma espécie de esconderijo com Cristo, em Deus. Apenas num
esconderijo destes o Espirito Santo pode atuar, ele que é fonte do “amor
formoso”» (São João Paulo II)
«Não se faz contemplação [oração] quando se tem tempo; ao
invés, arranja-se tempo para estar com o Senhor, com a firme determinação de
não Lho retirar durante o caminho, sejam quais forem as provações e a aridez do
encontro» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.710).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus acolhe os
marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o sábado na hora do
aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os
possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram as pessoas mais
marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam
entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras.
Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as
excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e
o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os
excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
* Permanecer unido ao
Pai pela oração. Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande
para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os
outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas
vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc
1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a
consciência da sua missão.
* Manter viva a
consciência da missão e não se fechar no resultado já obtido. Jesus se
tornou conhecido. Todos iam atrás dele. Esta publicidade agradou aos
discípulos. Eles vão em busca de Jesus para levá-lo de volta junto do povo que
o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram. Pensavam que Jesus fosse atender
ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e disse: Vamos para outros lugares.
Foi para isto que eu vim! Eles devem ter
estranhado! Jesus não era como eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência
muito clara da sua missão e quer transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles
se fechem no resultado já obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem
manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que
deve orientá-los na tomada das decisões.
* Foi para isto que
eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por
ora, é apenas uma pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos,
este mal-entendido, apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e
chegar a uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33;
9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa
Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências, para não permitir que
elas cresçam até à ruptura
Para um confronto
pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para
servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço
a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão
através da oração. E a minha oração?
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