S. Cosme e S. Damião, mártires
Dia da Bíblia
Salmo Responsorial: 18
R. Os preceitos do
Senhor alegram o coração.
A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma. As ordens
do Senhor são firmes, dão a sabedoria aos simples.
O temor do Senhor é puro e permanece eternamente; os juízos
do Senhor são verdadeiros, todos eles são retos.
Embora o vosso servo se deixe guiar por eles e os observe
com cuidado, quem pode, entretanto, reconhecer os seus erros? Purificai-me dos
que me são ocultos.
Preservai também do orgulho o vosso servo, para que não
tenha poder algum sobre mim: então serei irrepreensível e imune de culpa grave.
2ª Leitura (Tg 5,1-6): Agora, vós, ó ricos, chorai
e lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. As vossas
riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça. O vosso
ouro e a vossa prata enferrujaram-se, e a sua ferrugem vai dar testemunho
contra vós e devorar a vossa carne como fogo. Acumulastes tesouros no fim dos
tempos. Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O
seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do
Universo. Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos
corações para o dia da matança. Condenastes e matastes o justo e ele não vos
resiste.
Aleluia. A vossa palavra, Senhor, é a verdade; santificai-nos na
verdade. Aleluia.
Evangelho (Mc 9,38-43.45.47-48): João disse a
Jesus: Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos,
porque ele não andava conosco. Jesus, porém, disse: Não o proibais, pois
ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim. Quem
não é contra nós, está a nosso favor. Quem vos der um copo de água para beber
porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. E quem provocar
a queda um só destes pequenos que creem em mim, melhor seria que lhe amarrassem
uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. Se tua mão te leva
à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo
as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva
à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os
dois, ser lançado ao inferno. Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor
entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno,
onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga.
«Ninguém que faz
milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim»
Rev. D. Valentí ALONSO
i Roig (Barcelona, Espanha)
Possivelmente, este Evangelho nos leva a refletir para
descobrir o que temos, por muito nosso que seja, que não nos permite ir a Deus,
e ainda mais, que nos distancia dele.
Jesus mesmo, nos orienta para saber qual é o pecado no que
nos fazem cair nossas coisas (mãos, pés e olhos). Jesus fala dos que
escandalizam aos pequenos que nele creem (cf. Mc 9,42). Escandalizar é
distanciar alguém do Senhor. Por tanto, valoremos em cada pessoa a sua
proximidade com Jesus, a fé que tem.
Jesus nos ensina que não faz falta ser dos Doze ou dos
discípulos mais íntimos para estarmos com Ele: Quem não é contra nós, está à
nosso favor, (Mc 9,40). Podemos entender que Jesus salva tudo. É uma lição do
Evangelho de hoje: há muitas pessoas que estão mais perto do Reino de Deus do
que pensamos, porque fazem milagres em nome de Jesus. Como confessou Santa
Teresinha do Menino Jesus: O Senhor não me poderá premiar segundo minhas obras
(...). Pois bem, eu confio que me premiará segundo as suas.
"Quem não é contra nós é a nosso favor".
Postado por ✝
icatolica.com
“Quem não é contra nós é a nosso favor”. É preciso
compreender bem a afirmação do Senhor. Certamente, ele é o Caminho e a Verdade
da humanidade; certamente ele fundou a Igreja, comunidade de seus discípulos;
dotou essa Igreja do seu Espírito, de pastores e de toda uma estrutura visível.
Esta Igreja de Cristo, nós cremos que permanece de modo pleno na Igreja
católica. Isto significa que os elementos essenciais da Igreja de Cristo
permanecem, por graça e fidelidade do Senhor, naquela Comunidade que ele fundou
desde o início, a Igreja una, santa, católica e apostólica. Quais são esses
elementos essenciais? A Palavra de Deus, pregada e interpretada segundo a
Tradição apostólica, a Eucaristia como banquete e sacrifício, os sete
sacramentos, o ministério de Pedro, presente nos seus sucessores, os Papas de
Roma, o ministério episcopal, no qual se concretiza a sucessão apostólica, a
caridade fraterna, os vários dons e carismas da comunidade, o sentido da missão
de anunciar Jesus ao mundo como Senhor e Salvador, o martírio como testemunho
máximo de Cristo, a presença materna da Virgem Maria e dos Santos, amigos de
Cristo. A Igreja católica é, portanto, Igreja de Cristo, pertence a Cristo e,
por graça de Cristo, conserva e conservará sempre, sem poder perder, estes
elementos. Mas, isso não significa que a Igreja seja proprietária de Cristo.
Aqui é preciso dizer claramente: a Igreja pertence a Cristo, mas Cristo não é
propriedade da Igreja! De fato, na força do seu Espírito Santo, ele manifesta
sua ação também fora da estrutura visível da Igreja católica. Pensemos nos
nossos irmãos separados, de tradição protestante. Eles têm tantos elementos da
Igreja de Cristo: a Palavra de Deus, a confissão de Jesus como Senhor e
Salvador, tantos dons e carismas, o amor sincero a Jesus, a caridade fraterna,
o elo missionário. Tudo isso deve ser, para nós, católicos, causa de alegria.
Ainda que não estejam em comunhão plena com a Igreja de Cristo e falte-lhe
elementos essenciais da Igreja de Cristo, eles não estão fora do caminho da
salvação! Hoje, Jesus nos convida à tolerância e ao amor a esses irmãos.
Isto não significa de modo algum dizer que está tudo bem,
que tanto faz ser católico como não ser, que o importante é a fé em Jesus e
pronto. Não! É preciso recordar que a divisão na Igreja é um pecado grave e
contraria o desejo de unidade que o Senhor deixou como testamento: “Pai, não
rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a
fim de que sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,20s). É também
absolutamente falso afirmar que as questões de doutrina não são importantes. O
Novo Testamento está repleto de advertências contra os que ensinam doutrinas
erradas e contrárias à fé dos apóstolos e são Paulo mesmo exorta a separar da
Comunidade quem pregar um evangelho diferente do dele (cf. Gl 1,6-9). A busca
de recompor a unidade visível da Igreja em torno de Cristo, com os mesmos
pastores, os mesmos sacramentos e a mesma doutrina é dever de todos os
cristãos! Mas, também é necessário deixar claro o dever que todos nós temos da
tolerância respeitosa e amorosa para com os irmãos separados. Se nos entristece
ouvi-los falar mal da Igreja – às vezes até caluniando-a e mentindo contra ela
-, deve alegrar-nos ouvi-los falar bem de Cristo e pregar o Evangelho. Ainda
mais: até para com os não-cristãos, como os espíritas, muçulmanos, budistas,
adeptos da seicho-no-iê… temos o dever do respeito e da tolerância. Deles, o
Senhor afirma no evangelho de hoje: “Quem vos der a beber um copo da água,
porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”. Então, que
fique bem claro o dever da tolerância que nós, discípulos de Cristo, temos para
com os demais.
Mas, a Palavra de Deus também fala hoje de radicalidade.
Tolerância para com os outros; radicalidade para conosco, no nosso ser
cristãos! Vejamos: (1) Radicalidade no respeito pela debilidade dos pequeninos
e fracos na fé: “Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor
seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”.
Deus nos livre de escandalizar, Deus nos livre de, por nossas atitudes, ser
causa de tropeço para os irmãos mais fracos na fé! (2) Radicalidade para cortar
o que em nós é escândalo, isto é, o que em nós leva ao pecado e ao afastamento
de Cristo: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a… Se teu pé te leva a pecar,
corta-o… Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!” Hoje, a tendência é arrancar
o Evangelho para não termos que arrancar nada em nós, para não termos que nos
incomodar nem mudar de vida! Jesus é claro: não entrará na vida quem
sinceramente não combater aquilo que o faz tropeçar no caminho cristão. (3)
Finalmente, a radicalidade de apoiar-se somente no Senhor e não nas nossas
posses espirituais e materiais: espiritualmente, nunca pensar que somos
proprietários do Senhor e da salvação e, materialmente, recordar que nossas
riquezas apodrecem e nosso outro enferruja. São Tiago nos adverte duramente na
segunda leitura de hoje: triste de quem é rico para si, desprezando os outros,
mas não é rico para Deus!
Que o Senhor, pela sua graça, nos dê toda tolerância e toda
intolerância. Toda tolerância com os irmãos e toda intolerância com o nosso
pecado e as nossas manhas! Que o Senhor nos converta, ele que é bendito para
sempre. Amém.
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