Salmo Responsorial: Jer 31
R. Como o pastor
guarda o seu rebanho, assim nos guarda o Senhor.
Escutai, ó povos, a palavra do Senhor, e anunciai-a às ilhas
distantes: Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como um pastor
ao seu rebanho.
O Senhor resgatou Jacob e libertou-o das mãos do seu
dominador. Regressarão com brados de alegria ao monte Sião, acorrendo às
bênçãos do Senhor.
A virgem dançará alegremente, exultarão os jovens e os
velhos. Converterei o seu luto em alegria e a sua dor será mudada em consolação
e júbilo.
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a
vida por meio do Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Lc 9,43b-45): Todos se admiravam com
tudo o que Jesus fazia, ele disse aos discípulos: «Prestai bem atenção às
palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens».
Mas eles não compreendiam esta palavra. O sentido lhes ficava oculto, de modo
que não podiam entender. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
«O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Para di-lo com uma imagem: podemos encontrar no Céu todos os
vícios e pecados, menos a soberbia, já que o soberbo não reconhece nunca o seu
pecado e, não se deixa perdoar por um Deus, que ama até o ponto de morrer por
nós. E no inferno, poderemos encontrar todas as virtudes, menos a humildade,
pois o humilde se reconhece tal como ele é e, sabe muito bem que sem a graça de
Deus não pode deixar de ofender-lhe, como tampouco pode corresponder a sua
Bondade.
Uma das chaves da sabedoria cristã é reconhecer a grandeza e
a imensidade do Amor de Deus e, ao mesmo tempo admitir a nossa pequenez e a
vileza do nosso pecado. Somos tão lentos para entender isso! No dia que
descubramos que temos o Amor de Deus bem ao nosso alcance, diremos como Santo
Agostinho, com lagrimas de Amor: «Tarde te amei, meu Deus!». Esse dia pode ser
hoje. Pode ser hoje. Pode ser.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 9,43b-44: O contraste.
“O povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos
discípulos: "Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser
entregue na mão dos homens”. O contraste é muito grande. De um lado, a vibração
e a admiração do povo por tudo que Jesus dizia e fazia. Jesus parece
corresponder a tudo aquilo que o povo sonho, crê e espera. Por outro lado, a
afirmação de Jesus de que será preso e entregue na mão dos homens. Ou seja, a
opinião das autoridades sobre Jesus é totalmente contrária à opinião do povo.
* Lucas 9,45: O
anúncio da Cruz. “Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia.
Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer
perguntas sobre o assunto”. Os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra
sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar
transparecer sua ignorância!
* O título Filho do
Homem. Este nome aparece com grande frequência nos evangelhos: 12 vezes em
João, 13 vezes em Marcos, 28 vezes em Lucas, 30 vezes em Mateus. Ao todo, 83
vezes nos quatro evangelhos. É o nome
que Jesus mais gostava de usar. Este título vem do AT. No livro de Ezequiel,
ele indica a condição bem humana do profeta (Ez 3,1.4.10.17; 4,1 etc.). No
livro de Daniel, o mesmo título aparece numa visão apocalíptica (Dn 7,1-28), na
qual Daniel descreve os impérios dos Babilônios, dos Medos, dos Persas e dos
Gregos. Na visão do profeta, estes quatro impérios têm a aparência de “animais
monstruosos” (cf. Dn 7,3-8). São impérios animalescos, brutais, desumanos, que
perseguem, desumanizam e matam (Dn 7,21.25). Na visão do profeta, depois dos
reinos anti-humanos, aparece o Reino de Deus que tem a aparência, não de um
animal, mas sim de uma figura humana, Filho de homem. Ou seja, é um reino com
aparência de gente, reino humano, que promove a vida. Humaniza. (Dn 7,13-14).
Na profecia de Daniel a figura do Filho do Homem representa, não um indivíduo,
mas sim, como ele mesmo diz, o “povo dos Santos do Altíssimo” (Dn 7,27; cf Dn
7,18). É o povo de Deus que não se deixa desumanizar nem enganar ou manipular
pela ideologia dominante dos impérios animalescos. A missão do Filho do Homem,
isto é, do povo de Deus, consiste em realizar o Reino de Deus como um reino
humano. Reino que não persegue a vida, mas sim a promove! Humaniza as pessoas.
Apresentando-se aos discípulos como Filho do Homem, Jesus
assume como sua esta missão que é a missão de todo o Povo de Deus. É como se
dissesse a eles e a todos nós: “Venham comigo! Esta missão não é só minha, mas
é de todos nós! Vamos juntos realizar a missão que Deus nos entregou, e
realizar o Reino humano e humanizador que ele sonhou!” E foi o que ele fez e
viveu durante toda a sua vida, sobretudo, nos últimos três anos. Dizia o Papa
Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser
humano”. Quanto mais humano, tanto mais divino. Quanto mais “filho do homem” e
tanto “filho de Deus!” Tudo que desumaniza as pessoas afasta de Deus. Foi o que
Jesus condenou, colocando o bem da pessoa humana como prioridade acima das
leis, acima do sábado (Mc 2,27). Na hora de ser condenado pelo tribunal
religioso do sinédrio, Jesus assumiu este título. Perguntado se era o “filho do
Deus” (Mc 14,61), ele responde que é o “filho do Homem: “Eu sou. E vocês verão
o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso” (Mc 14,62). Por causa
desta afirmação foi declarado réu de morte pelas autoridades. Ele mesmo sabia
disso pois tinha dito: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate para muitos” (Mc 10,45).
Para um confronto
pessoal
1) Como você na
sua vida combina sofrimento e fé em Deus?
2) No tempo de
Jesus havia o contraste: povo pensava e esperava de um jeito, enquanto as
autoridades religiosas pensavam e esperavam de outro jeito. Existe hoje o mesmo
contraste
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