Beata Maria dos Anjos, virgem de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 84
R. Desça o orvalho do alto dos céus
e as nuvens chovam o Justo.
Escutemos o
que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis. A sua salvação
está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra.
Encontraram-se
a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai
germinar da terra e a justiça descerá do Céu.
O Senhor
dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça
caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.
Aleluia. Clama com voz
forte, arauto da boa nova: O Senhor vem com poder e majestade. Aleluia.
Evangelho (Lc 7,19-23): Naquele
tempo, João enviou a dois dos seus discípulos e os enviou ao Senhor, para
perguntar: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?». Eles foram
ter com Jesus e disseram: «João Batista nos mandou a ti para perguntar se tu és
aquele que há de vir ou se devemos esperar outro». Naquela ocasião, Jesus havia
curado a muitos de suas doenças, moléstias e espíritos malignos, e proporcionado
a vista a muitos cegos. Respondeu, pois: «Ide contar a João o que vistes e
ouvistes: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados
e surdos ouvem, mortos ressuscitam e a pobres se anuncia a Boa Nova. E feliz de
quem não se escandaliza a meu respeito».
«Cegos recuperam a
vista, paralíticos andam, leprosos são purificados»
Rev. D. Bernat GIMENO i Capín (Barcelona, Espanha)
É claro que
o Senhor é “rápido” e quer aproveitar estas incertezas — sem dúvida,
perfeitamente normais — para que façamos um exame de toda a nossa vida, vejamos
as nossas imperfeições, os nossos esforços, as nossas enfermidades… e, assim,
nos confirmemos na nossa fé e multipliquemos “infinitamente” a nossa esperança.
O Senhor
não tem limites na hora de cumprir a sua missão: «Cegos recuperam a vista,
paralíticos andam, leprosos são purificados…» (Lc 7,22). Onde ponho a minha
esperança? Onde está a minha alegria? Porque a esperança está intimamente
relacionada com a alegria interior. O cristão, como é natural, tem de viver
como uma pessoa normal, na rua, mas sempre com os olhos postos em Cristo, que
nunca falha. Um cristão não pode viver a sua vida à margem da de Cristo e do
Seu Evangelho. Centremos o nosso olhar Nele, que tudo pode, absolutamente tudo,
e não coloquemos limites à nossa esperança. “Nele encontrarás muito mais do que
podes desejar ou pedir» (S. João da Cruz).
A liturgia
não é um “jogo sagrado”, e a Igreja dá-nos este tempo de Advento porque quer
que cada crente reanime em Cristo a virtude da esperança na sua vida.
Perdemo-la frequentemente porque confiamos demais nas nossas forças e não
queremos reconhecer que estamos “doentes”, necessitados dos cuidados da mão do
Senhor. Mas é assim que tem de ser, e como Ele nos conhece e sabe que todos
somos feitos da mesma “pasta”, oferece-nos a sua mão salvadora.
— Obrigado,
Senhor, por me tirares do barro e encheres o meu coração de esperança.
É aquele que ia
chegar? (Lucas 7,19-23)
* Pergunta de Batista e testemunho
que lhe presta Jesus:
Lucas, apresentando-nos Batista, nos mostra a figura de um crente que optou
viver por Deus em cada instante. Ele tem se unido sempre a seu Deus, o tem
sentido incrivelmente próximo e creu reconhecê-lo em um misterioso homem da
Galileia, vindo batizar-se, por ele, no Jordão: Jesus de Nazaré (cf 3,16-17).
Porém, em sua solidão e escuridão da prisão herodiana, um enorme temor lhe
enche de tristeza: Acaso se equivocou a respeito ao que assinalou como sendo o
cordeiro de Deus? Apesar de tudo, a fé de João é maior que sua dúvida. Assim,
em vez de pôr em julgamento sua espera, manda uma embaixada a Jesus, pedindo
luz e ajuda para compreender. João se reduz mais ao essencial, se faz mais
pobre que pode, perguntando simplesmente: «És tu o que há de vir, ou temos que
esperar outro?» (v.19). E Jesus responde a pergunta de João, indicando o que
faz ante os olhos dos enviados por ele (v.21). Porém não são simplesmente os
milagres que respondem em seu favor, remetendo-se aos textos bíblicos do
Antigo Testamento, mas também o fato de que, em suas obras, se descobrem os
sinais do começo de uma humanidade nova, que sabe acolher a Palavra de Deus,
ver suas maravilhas e caminhar por suas trilhas: «Os cegos veem, os coxos
andam… os surdos ouvem…» (v.22ab). Porém, sobretudo responde o profeta
encarcerado: “aos pobres se lhes anuncia a boa notícia» (v.22c). Um pobre como
o prisioneiro João compreenderá e não se escandalizará ante o estilo paradoxo
do atuar de Deus, em Jesus; antes, será, realmente, “feliz” (v.23).
* A palavra evangélica me apresenta,
hoje, o Batista, como testemunho de Cristo, com sua vida. Em João se me apresenta a figura
do verdadeiro pobre declarado feliz por Jesus, o crente que caminha na
paciência e sabe corrigir as próprias apreciações da espera segundo o estilo
imprevisível do vir de Deus. Por
esta razão, pode aprofundar em sua própria esperança até o testemunho supremo.
Da figura evangélica do Batista, também aprendo que a fé mais forte e sincera
pode coexistir com a dúvida e que, só há um modo para vencer esta dúvida, que
atormenta o coração. João me recorda que só posso superar a prova com a
oração: renunciando a pôr em juízo a promessa de Deus e revisando meus
limitados modos de compreender a promessa divina e de esperar seu
cumprimento, ai é onde encontro a paz. A essa fé que invoca, Deus responderá
ofertando-me um novo modo de ver as coisas, que me permite contemplar os sinais
de seu amor em minha vida e os sinais dessa humanidade nova que segue criando
ainda hoje. Descubro, assim, a verdade da palavra do profeta Isaias, segundo
o qual, mais além dos aparentes desmentidos da história, o Senhor pode e quer
salvar a seu povo, ainda quando sua atuação não deixa de ser, em grande parte, misteriosa
e refrataria a toda comparação com as soluções humanas para tais problemas.
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