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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Quarta-feira da 3ª semana do Advento

 Beata Maria dos Anjos, virgem de nossa Ordem

1ª Leitura (Is 45,6b-8.18.21b-25): «Eu sou o Senhor e não há outro. Formo a luz e crio as trevas, dou a felicidade e crio a desgraça. Sou Eu, o Senhor, que faço tudo isto. Derramai, ó céus, o orvalho lá do alto e as nuvens chovam a justiça; abra-se a terra e germine a salvação e com ela floresça a justiça. Sou Eu, o Senhor, que o realizo». Assim fala o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra e a consolida, que não a criou para ficar deserta, mas a formou para ser habitada: «Eu sou o Senhor e não há outro». Quem anunciou tudo isto no passado? Quem o predisse há tanto tempo? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de Mim; Eu sou o Deus justo e salvador e não há outro. Voltai-vos para Mim e sereis salvos, todos os confins da terra, porque Eu sou Deus e não há outro. Juro pelo meu nome, é justo o que sai da minha boca, a minha palavra é irrevogável: Diante de Mim se hão de dobrar todos os joelhos, em meu nome hão de jurar todas as línguas, dizendo: ‘Só no Senhor está a justiça e a fortaleza’». Hão de vir, cobertos de vergonha, à sua presença todos os que se levantaram contra Ele. No Senhor terá salvação e glória toda a descendência de Israel.

Salmo Responsorial: 84

R. Desça o orvalho do alto dos céus e as nuvens chovam o Justo.

Escutemos o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra.

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu.

O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.

Aleluia. Clama com voz forte, arauto da boa nova: O Senhor vem com poder e majestade. Aleluia.

Evangelho (Lc 7,19-23): Naquele tempo, João enviou a dois dos seus discípulos e os enviou ao Senhor, para perguntar: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?». Eles foram ter com Jesus e disseram: «João Batista nos mandou a ti para perguntar se tu és aquele que há de vir ou se devemos esperar outro». Naquela ocasião, Jesus havia curado a muitos de suas doenças, moléstias e espíritos malignos, e proporcionado a vista a muitos cegos. Respondeu, pois: «Ide contar a João o que vistes e ouvistes: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados e surdos ouvem, mortos ressuscitam e a pobres se anuncia a Boa Nova. E feliz de quem não se escandaliza a meu respeito».

«Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados»

Rev. D. Bernat GIMENO i Capín (Barcelona, Espanha)

Hoje, quando vemos que, na nossa vida, não sabemos que esperar, quando por vezes perdemos a confiança, porque não nos atrevemos a olhar para além das nossas imperfeições, quando estamos alegres por ser fiéis a Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, inquietos ou abatidos porque não saboreamos os frutos da nossa missão apostólica, então o Senhor quer que, como João Batista, nos perguntemos: «Devemos esperar outro?» (Lc 7,20).

É claro que o Senhor é “rápido” e quer aproveitar estas incertezas — sem dúvida, perfeitamente normais — para que façamos um exame de toda a nossa vida, vejamos as nossas imperfeições, os nossos esforços, as nossas enfermidades… e, assim, nos confirmemos na nossa fé e multipliquemos “infinitamente” a nossa esperança.

O Senhor não tem limites na hora de cumprir a sua missão: «Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados…» (Lc 7,22). Onde ponho a minha esperança? Onde está a minha alegria? Porque a esperança está intimamente relacionada com a alegria interior. O cristão, como é natural, tem de viver como uma pessoa normal, na rua, mas sempre com os olhos postos em Cristo, que nunca falha. Um cristão não pode viver a sua vida à margem da de Cristo e do Seu Evangelho. Centremos o nosso olhar Nele, que tudo pode, absolutamente tudo, e não coloquemos limites à nossa esperança. “Nele encontrarás muito mais do que podes desejar ou pedir» (S. João da Cruz).

A liturgia não é um “jogo sagrado”, e a Igreja dá-nos este tempo de Advento porque quer que cada crente reanime em Cristo a virtude da esperança na sua vida. Perdemo-la frequentemente porque confiamos demais nas nossas forças e não queremos reconhecer que estamos “doentes”, necessitados dos cuidados da mão do Senhor. Mas é assim que tem de ser, e como Ele nos conhece e sabe que todos somos feitos da mesma “pasta”, oferece-nos a sua mão salvadora.

— Obrigado, Senhor, por me tirares do barro e encheres o meu coração de esperança.

É aquele que ia chegar? (Lucas 7,19-23)

* Hoje olhamos com especial atenção para a afirmação de Jesus: “feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de queda”. Jesus é o caminho e é a luz. Podemos meditar precisamente a partir destes dados. Todo aquele que escuta a palavra de Jesus e contempla a sua vida e não vê, interpreta erradamente e tropeça nele que é a verdade como quem tropeça numa pedra. É necessário escutar e ver Jesus sem preconceitos e sem ideias pré-concebidas para descobrir nele o Messias. Ele é aquele que me vem salvar de mim mesmo, do meu egoísmo, da minha falsa verdade, da minha megalomania que não me deixam perceber que preciso de um salvador.

* Pergunta de Batista e testemunho que lhe presta Jesus: Lucas, apresentando-nos Batista, nos mostra a fi­gura de um crente que optou viver por Deus em cada instante. Ele tem se unido sempre a seu Deus, o tem sentido incrivelmente próximo e creu reconhecê-lo em um misterioso homem da Galileia, vindo batizar-se, por ele, no Jordão: Jesus de Nazaré (cf 3,16-17). Porém, em sua solidão e escuridão da prisão herodiana, um enorme temor lhe enche de tristeza: Acaso se equi­vocou a respeito ao que assinalou como sendo o cordeiro de Deus? Apesar de tudo, a fé de João é maior que sua dúvida. Assim, em vez de pôr em julgamento sua espera, manda uma embaixada a Jesus, pedindo luz e ajuda para compreen­der. João se reduz mais ao essencial, se faz mais pobre que pode, perguntando simplesmente: «És tu o que há de vir, ou temos que esperar outro?» (v.19). E Jesus responde a pergunta de João, indicando o que faz ante os olhos dos enviados por ele (v.21). Porém não são simplesmente os milagres que res­pondem em seu favor, remetendo-se aos textos bíblicos do Antigo Testamento, mas também o fato de que, em suas obras, se descobrem os sinais do começo de uma humanidade nova, que sabe acolher a Palavra de Deus, ver suas maravilhas e caminhar por suas trilhas: «Os cegos veem, os coxos andam… os surdos ouvem…» (v.22ab). Porém, sobretudo responde o profeta encarcerado: “aos pobres se lhes anuncia a boa notícia» (v.22c). Um pobre como o prisioneiro João compreenderá e não se escandalizará ante o estilo paradoxo do atuar de Deus, em Jesus; antes, será, realmente, “feliz” (v.23).

* A palavra evangélica me apresenta, hoje, o Batista, como testemunho de Cristo, com sua vida. Em João se me apre­senta a figura do verdadeiro pobre declarado feliz por Jesus, o crente que caminha na paciência e sabe corrigir as próprias apreciações da espera segundo o estilo imprevisível do vir de Deus.        Por esta razão, pode aprofundar em sua própria esperança até o testemu­nho supremo. Da figura evangélica do Batista, também aprendo que a fé mais forte e sincera pode coexistir com a dúvida e que, só há um modo para vencer esta dúvida, que atormenta o coração. João me recorda que só posso su­perar a prova com a oração: renunciando a pôr em juízo a promessa de Deus e revisando meus limita­dos modos de compreender a promessa divina e de espe­rar seu cumprimento, ai é onde encontro a paz. A essa fé que invoca, Deus responderá ofertando-me um novo modo de ver as coisas, que me permite contemplar os sinais de seu amor em minha vida e os sinais dessa humanidade nova que segue criando ainda hoje. Des­cubro, assim, a verdade da palavra do profeta Isaias, se­gundo o qual, mais além dos aparentes desmentidos da história, o Senhor pode e quer salvar a seu povo, ainda quando sua atuação não deixa de ser, em grande parte, mis­teriosa e refrataria a toda comparação com as soluções humanas para tais problemas.

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