SÃO BRUNO, Presbítero
Salmo Responsorial:
138
R. Conduzi-me, Senhor, pelo caminho
da eternidade.
Senhor, Vós
conheceis o íntimo do meu ser: sabeis quando me sento e quando me levanto. De
longe penetrais o meu pensamento, observais todos os meus passos.
Vós
formastes as entranhas do meu corpo e me criastes no seio de minha mãe. Dou-Vos
graças por me terdes feito tão maravilhosamente: admiráveis são as vossas
obras.
Vós
conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto, quando
secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra.
Aleluia. Felizes os
que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia.
Evangelho (Lc
10,38-42): Naquele tempo, Jesus entrou num
povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma
irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra.
Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e
disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o
serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu:
«Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto,
uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».
«Marta, Marta!
Preocupas-te e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é
necessária»
Rev. D. Josep RIBOT i Margarit (Tarragona, Espanha)
Marta ou
Maria? Mas..., por quê confrontar aqueles que tanto se queriam, e que tanto
queriam a Deus? Jesus amava Marta e Maria, e o seu irmão Lázaro, e ama-nos a
cada um de nós.
No caminho
da santidade não há duas almas iguais. Todos procuramos amar a Deus, mas com um
estilo e personalidade próprios, sem imitar ninguém. O nosso modelo está em
Cristo e na Virgem. Incomoda-nos a maneira como os outros se relacionam com
Deus? Tentemos aprender da sua piedade pessoal.
«Senhor,
não te importas que minha irmã me deixe sozinha no serviço? Manda, pois, que
ela me venha ajudar! » (Lc 10,40). Servir os outros, por amor a Deus, é uma
honra, não uma carga. Servimos com alegria, como a Virgem a sua prima Santa
Isabel ou nas bodas de Caná, ou como Jesus, no lava-pés na Última Ceia?
«Marta,
Marta, preocupas-te e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é
necessária» (Lc 10,41-42). Não percamos a paz, nem o bom humor. E para isso,
cuidemos a presença de Deus. «Ficai a saber: escondido nas situações mais
comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir (…);
ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O
encontraremos» (São Josemaria).
«Maria escolheu
a melhor parte, e essa não lhe será tirada» (Lc 10,42). Deus quer-nos felizes.
Que a nossa Mãe do Céu nos ajude a experimentar a alegria da entrega.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 10,38: A casa amiga em
Betânia
“Enquanto
caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu
em sua casa”. Jesus está a caminho para
Jerusalém, onde será preso e morto. Ele chega na casa de Marta que o recebe.
Lucas não diz que a casa de Marta ficava em Betânia. É João que nos faz saber
que a casa de Marta ficava em Betânia, perto de Jerusalém. A palavra Betânia
significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre no alto do Monte das Oliveiras,
perto de Jerusalém. Quando ia a Jerusalém Jesus costumava passar na casa de
Marta, Maria e Lázaro (Jo 12,2)
* É impressionante verificar como Jesus entrava e vivia
nas casas do povo: na casa de Pedro (Mt 8,14), de Mateus (Mt 9,10), de Jairo
(Mt 9,23), de Simão o fariseu (Lc 7,36), de Simão o leproso (Mc 14,3), de
Zaqueu (Lc 19,5). O oficial reconhece: “Não sou digno de que entres em minha
casa” (Mt 8,8). O povo procurava Jesus na casa dele (Mt 9,28; Mc 1,33; 2,1;
3,20). Os quatro amigos do paralítico tiram o telhado para fazer baixar o
doente dentro da casa onde Jesus estava ensinando o povo (Mc 2,4). Quando ia a
Jerusalém, Jesus parava em Betânia na casa de Marta, Maria e Lázaro (12,2). No
envio dos discípulos e discípulas a missão deles é entrar nas casas do povo e
levar a paz (Mt 10,12-14; Mc 6,10; Lc 10,1-9).
* Lucas 10,39-40: A atitude das duas
irmãs
“Maria,
sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava
ocupada com muitos afazeres”. Duas atitudes importantes, sempre presentes na
vida dos cristãos: estar atenta à Palavra de Deus e estar atenta às
necessidades das pessoas. Cada uma destas duas atitudes exige atenção total.
Por isso, as duas vivem em tensão contínua que se expressa na reação de Marta:
"Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o
serviço? Manda que ela venha ajudar-me!". Expressa-se também na reação dos
apóstolos diante do problema que surgiu na comunidade de Jerusalém. O serviço à
mesa das viúvas estava tomando todo o tempo deles e já não podiam dedicar-se
inteiramente ao anúncio da Palavra. Por isso, eles reuniram a comunidade e
disseram: “Não é correto que deixemos a pregação da palavra de Deus para servir
às mesas” (At 6,2).
* Lucas 10,41-42: A resposta de
Jesus
"Marta,
Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é
necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será
tirada." Marta queria que Maria
sacrificasse sua atenção à palavra para ajudá-la no serviço da mesa. Mas não se
pode sacrificar uma atitude em favor da outra. O que é preciso é alcançar o
equilíbrio. Não se trata de escolher entre vida contemplativa e vida ativa,
como se aquela fosse melhor que esta. Trata-se de encontrar a justa distribuição
das tarefas apostólicas e dos ministérios dentro da comunidade. Baseando-se
nesta palavra de Jesus, os apóstolos pediram à comunidade que escolhesse sete
diáconos (servidores). O serviço das mesas foi entregue aos diáconos e assim os
apóstolos podiam continuar a sua atividade pastoral: “dedicar-se inteiramente à
oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4). Não se trata de encontrar nesta
palavra de Jesus um argumento para dizer que a vida contemplativa nos mosteiros
é superior à vida ativa dos que labutam na pastoral. As duas atividades tem a
ver com o anúncio da Palavra de Deus. Marta não pode exigir que Maria
sacrifique a atenção à palavra. Bonita é
a interpretação do místico medieval, o frade dominicano Mestre Eckart que
dizia: Marta já sabia trabalhar e servir às mesas sem prejudicar em nada sua
atenção à presença e à palavra de Deus. Maria, assim ele diz, ainda estava
aprendendo junto de Jesus. Por isso, ela não podia ser interrompida. Maria
escolheu o que para ela era a melhor parte. A descrição da atitude de Maria
diante de Jesus evoca a outra Maria, da qual Jesus dizia: “Felizes os que ouvem
a Palavra e a colocam em prática” (Lc 11,27).
Para um confronto pessoal
1) Como você equilibra na sua vida o desejo de Maria e a
preocupação de Marta?
2) À luz da resposta de Jesus para Marta, os apóstolos
souberam encontrar uma solução para o problema da comunidade de Jerusalém. A
meditação das palavras e gestos de Jesus me ajuda a iluminar os problemas da
minha vida?
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