Santa Faustina Kowalska, virgem
São Benedito, o Mouro, religioso
Beato Bartolo Longo, leigo
Salmo Responsorial:
110
R. O Senhor recorda a sua aliança
para sempre.
Louvarei o
Senhor de todo o coração, no conselho dos justos e na assembleia. Grandes são
as obras do Senhor, admiráveis para os que nelas meditam.
Instituiu
um memorial das suas maravilhas: o Senhor é misericordioso e compassivo. Deu
sustento àqueles que O temem e jamais esquecerá a sua aliança.
Fiéis e
justas são as obras das suas mãos, são imutáveis todos os seus preceitos,
irrevogáveis pelos séculos dos séculos, estabelecidos na retidão e na verdade.
Enviou a
redenção ao seu povo, firmou com ele uma aliança eterna; santo e venerável é o
seu nome, o louvor do Senhor permanece para sempre.
Aleluia. Dou-vos um
mandamento novo, diz o Senhor: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.
Aleluia.
Evangelho (Lc
10,25-37): Um doutor da Lei se levantou e, querendo
experimentar Jesus, perguntou: «Mestre, que devo fazer para herdar a vida
eterna?». Jesus lhe disse: «Que está escrito na Lei? Como lês?». Ele respondeu:
«Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com
toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti
mesmo!». Jesus lhe disse: «Respondeste corretamente. Faze isso e viverás». Ele,
porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus
retomou: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de
assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora,
deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele
caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu
com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.
Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de
compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e
vinho. Depois colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde
cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da
pensão, recomendando: Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres
gasto a mais». E Jesus perguntou: «Na tua opinião, qual dos três foi o próximo
do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?». Ele respondeu: «Aquele que usou
de misericórdia para com ele». Então Jesus lhe disse: «Vai e faze tu a mesma
coisa».
«Mestre, que devo
fazer para herdar a vida eterna?»
Rev. Pe. Ivan LEVYTSKYY CSsR (Lviv, Ucrânia)
Alguém
dizia que o cristão entra na Igreja para amar a Deus e sai para amar o próximo.
O Papa Bento sublinha que o programa do cristão - o programa do bom samaritano,
o programa de Jesus - é «um coração que vê». Ver e parar! Na parábola, duas
pessoas veem o necessitado, mas não param. Por isso Cristo repreende os
fariseus dizendo: «Tendes olhos e não vedes» (Mc 8,18) Pelo contrário, o
samaritano vê e para, tem compaixão e assim salva a vida ao necessitado e a si
mesmo.
Quando o
famoso arquiteto catalão Antonio Gaudí foi atropelado por um eléctrico, algumas
pessoas que passavam não pararam para ajudar aquele ancião ferido. Não levava
nenhum documento e pelo aspecto parecia um mendigo. Se tivessem sabido quem era
aquele próximo, certamente teriam feito fila para o ajudar.
Quando
praticamos o bem, pensamos que o fazemos pelo próximo, mas na verdade também o
fazemos por Cristo: «Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a
um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt
25,40) E o meu próximo, disse Bento XVI, é qualquer pessoa que tenha
necessidade de mim e que eu possa ajudar.
Se cada um,
ao ver o próximo em necessidade, parasse e se compadecesse dele uma vez por dia
ou por semana, a crise diminuiria e o mundo seria melhor. «Nada nos faz tão
semelhantes a Deus como as boas obras» (São Gregório de Nisa).
«Aquele que usou de
misericórdia para com ele»
Ir. Lluís SERRA i Llançana (Roma, Itália)
O mestre da
Lei vai mais longe ainda e pergunta a Jesus: «E quem é o meu próximo?» (Lc
10,29). A resposta chega através de um conto, de uma parábola, de história
curta, sem formulações teóricas complicadas, mas com um grande conteúdo. O
modelo de próximo é um samaritano, quer dizer um marginado, um excluído do povo
de Deus. Um sacerdote e um levita passam de longe ao ver o homem espancado e
mal ferido. Os que parecem estar mais perto de Deus (o sacerdote e o levita)
são os que estão mais distantes do próximo. O mestre da Lei evita pronunciar a
palavra samaritano para indicar a quem se comportou como próximo do homem mal
ferido e diz: «Aquele que usou de misericórdia para com ele» (Lc 10,37).
A proposta
de Jesus é clara: «Vai e faze tu o mesmo». Não é a conclusão teórica do debate,
e sim o convite a viver a realidade de amor, o qual é muito mais do que um
sentimento etéreo, pois se trata de um comportamento que vence as
descriminações sociais e que surge do coração da pessoa. São João da Cruz nos
recorda que «ao entardecer da vida te examinarão o amor».
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 10,25-26: "O que devo
fazer para herdar a vida eterna?"
Um doutor,
conhecedor da lei, quer provocar Jesus e pergunta: "O que devo fazer para
herdar a vida eterna?" O doutor acha que deve fazer algo para poder
herdar. Ele quer garantir a herança pelo seu próprio esforço. Mas uma herança
não se merece. Herança, nós a recebemos pelo simples fato de sermos filho ou filha.
“Você já não é escravo, mas filho; e se é filho, é também herdeiro por vontade
de Deus”. (Gal 4,7). Como filhos e filhas não podemos fazer nada para merecer a
herança. Podemos é perdê-la!
* Lucas 10,27-28: A resposta do
doutor
Jesus
responde com uma nova pergunta: "O que diz a lei?" O doutor responde
corretamente. Juntando duas frases da Lei, ele diz: "Amar a Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento e ao
próximo como a ti mesmo!" A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do
Levítico (Lv 19,18). Jesus aprova a resposta e diz: "Faz isto e
viverás!" O importante, o principal, é amar a Deus! Mas Deus vem até mim
no próximo. O próximo é a revelação de Deus para mim. Por isso, devo amar
também o próximo de todo o meu coração, de toda a minha alma, com toda a minha
força e com todo o meu entendimento!
* Lucas 10,29: "E quem é o meu
próximo?"
Querendo
justificar-se, o doutor pergunta: "E quem é o meu próximo?" Ele quer
saber para si mesmo: "Em que próximo Deus vem até mim?" Ou seja, qual
é a pessoa humana próxima de mim que é revelação de Deus para mim? Para os
judeus, a expressão próximo estava ligada ao clã. Quem não era do clã, não era
próximo. Conforme o Deuteronômio, eles podiam explorar ao “estrangeiro”, mas
não ao “próximo” (Dt 15,1-3). A proximidade era baseada nos laços de raça e de
sangue. Jesus tem outra maneira de ver, que ele expressa na parábola do Bom
Samaritano.
4. Lucas 10,30-36: A parábola
1. Lucas 10,30: O assalto na estrada de Jerusalém para
Jericó
Entre Jerusalém e Jericó encontra-se o deserto
de Judá, refúgio de revoltosos, marginais e assaltantes. Jesus conta um caso
real que deve ter acontecido muitas vezes. “Um homem ia descendo de Jerusalém
para Jericó, e caiu na mão de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o
espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto”.
2. Lucas 10,31-32: Passa um sacerdote, passa um levita
Casualmente,
passa um sacerdote e, em seguida, um levita. São funcionários do Templo, da
religião oficial. Os dois viram o assaltado, mas passaram adiante. Não fizeram
nada. Por que não fizeram nada? Jesus não o diz. Ele deixa você supor ou se
identificar. Deve ter acontecido muitas vezes, tanto no tempo de Jesus como no
tempo de Lucas. Acontece também hoje: uma pessoa de igreja passa perto de um
pobre sem dar-lhe ajuda. Pode até ser que o sacerdote e o levita tenham tido a
justificativa: "Ele não é meu próximo!" ou: "Ele está impuro e
se eu tocar nele, ficarei impuro também!" E hoje: "Se eu ajudar,
perco a missa do domingo e faço pecado mortal!"
3. Lucas 10,33-35: Passa um
samaritano
Em seguida,
chega um samaritano que estava de viagem. Ele vê, move-se de compaixão,
aproxima-se, cuida das chagas, coloca o homem no seu próprio animal, leva-o até
a hospedaria, cuida dele durante a noite e, no dia seguinte, dá ao dono da
hospedaria dois denários, o salário de dois dias, dizendo: "Cuida dele e o
que gastares a mais no meu regresso te pago!" É ação concreta e eficiente.
É ação progressiva: chegar, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se e partir
para a ação. A parábola diz "um samaritano que estava de viagem".
Jesus também estava em viagem até Jerusalém. Jesus é o bom samaritano. As
comunidades devem ser o bom samaritano.
* Lucas 10,36-37: Quem dos três foi
o próximo do homem assaltado?
No início,
o doutor tinha perguntado: "Quem é o meu próximo?" Por de trás da
pergunta estava a preocupação consigo mesmo. Ele queria saber: "A quem
Deus me manda amar, para que eu possa ter a consciência em paz e dizer: Fiz
tudo que Deus pede de mim!" Jesus faz outra pergunta: "Quem dos três
foi o próximo do homem assaltado?" A condição de próximo não depende da
raça, do parentesco, da simpatia, da vizinhança ou da religião. A humanidade
não está dividida em próximos e não-próximos. Para você saber quem é o seu
próximo, isto depende de você chegar, ver, mover-se de compaixão e se
aproximar. Se você se aproximar, o outro será o seu próximo! Depende de você e
não do outro! Jesus inverteu tudo e tirou a segurança que a observância da lei
poderia dar ao doutor.
* Os Samaritanos.
A palavra
samaritano vem de Samaria, capital do reino de Israel no Norte. Depois da morte
de Salomão, em 931 antes de Cristo, as dez tribos do Norte se separaram do
reino de Judá no Sul e formaram um reino independente (1 Rs 12,1-33). O Reino
do Norte sobreviveu durante uns 200 anos. Em 722, o seu território foi invadido
pela Assíria. Grande parte da sua população foi deportada (2 Rs 17,5-6) e gente
de outros povos foram trazidos para Samaria (2 Rs 17,24). Houve mistura de raça
e de religião (2 Rs 17,25-33). Desta mistura nasceram os samaritanos. Os judeus
do Sul desprezavam os samaritanos como infiéis e adoradores de falsos deuses (2
Rs 17,34-41). Havia muito preconceito contra os samaritanos. Eles eram mal
vistos. Dizia-se deles que tinham uma doutrina errada e que não faziam parte do
povo de Deus. Alguns chegaram ao ponto de dizer que ser samaritano era coisa do
diabo (Jo 8,48). Muito provavelmente, a causa deste ódio não era só a raça e a
religião. Era também um problema político-econômico, ligado à posse da terra.
Esta rivalidade perdurava até o tempo de Jesus. Mesmo assim Jesus coloca os
samaritanos como exemplo e modelo para os outros.
Para um confronto pessoal
1. O samaritano da parábola não era do povo judeu, mas
era ele que fazia o que Jesus pede. Isto acontece hoje? Você conhece gente que
não frequenta a igreja mas vive o que evangelho pede? Quem são hoje o
sacerdote, o levita e o samaritano?
2. O doutor perguntou: “Quem é o meu próximo?” Jesus
perguntou: “Quem foi próximo do homem assaltado?” São duas perspectivas
diferentes: o doutor pergunta a partir de si mesmo. Jesus pergunta a partir das
necessidades do outro. Qual é a minha perspectiva?
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