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domingo, 4 de outubro de 2020

Terça-feira da 27ª semana do Tempo Comum

 SÃO BRUNO, Presbítero

1ª Leitura (Gal 1,13-24): Irmãos: Certamente ouvistes falar do meu proceder outrora no judaísmo e como perseguia terrivelmente a Igreja de Deus e procurava destruí-la. Fazia mais progressos no judaísmo do que muitos dos meus compatriotas da mesma idade, por ser extremamente zeloso das tradições dos meus pais. Mas quando Aquele que me destinou desde o seio materno e me chamou pela sua graça, Se dignou revelar em mim o seu Filho para que eu O anunciasse aos gentios, decididamente não consultei a carne e o sangue, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que foram Apóstolos antes de mim; mas retirei-me para a Arábia e depois voltei novamente a Damasco. Três anos mais tarde, subi a Jerusalém para ir conhecer Pedro e fiquei junto dele quinze dias. Não vi mais nenhum dos Apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor. – O que vos escrevo, diante de Deus o afirmo: não estou a mentir –. A seguir fui às regiões da Síria e da Cilícia. Eu era pessoalmente desconhecido das Igrejas da Judeia que estão em Cristo. Só tinham ouvido dizer: «Aquele que outrora nos perseguia anuncia agora a fé que então combatia». E davam glória a Deus a respeito de mim.

Salmo Responsorial: 138

R. Conduzi-me, Senhor, pelo caminho da eternidade.

Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser: sabeis quando me sento e quando me levanto. De longe penetrais o meu pensamento, observais todos os meus passos.

Vós formastes as entranhas do meu corpo e me criastes no seio de minha mãe. Dou-Vos graças por me terdes feito tão maravilhosamente: admiráveis são as vossas obras.

Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra.

Aleluia. Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia.

Evangelho (Lc 10,38-42): Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu: «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».

«Marta, Marta! Preocupas-te e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária»

Rev. D. Josep RIBOT i Margarit (Tarragona, Espanha)

Hoje, como em cada dia, podemos aprender do Evangelho. Jesus, convidado na casa de Betânia, dá-nos uma lição de humanidade: Ele, que amava as pessoas, deixa-se amar, porque as duas coisas são importantes. Rejeitar as demonstrações de afeto, de Deus e dos outros, seria um erro grave, de consequências nefastas para a santidade.

Marta ou Maria? Mas..., por quê confrontar aqueles que tanto se queriam, e que tanto queriam a Deus? Jesus amava Marta e Maria, e o seu irmão Lázaro, e ama-nos a cada um de nós.

No caminho da santidade não há duas almas iguais. Todos procuramos amar a Deus, mas com um estilo e personalidade próprios, sem imitar ninguém. O nosso modelo está em Cristo e na Virgem. Incomoda-nos a maneira como os outros se relacionam com Deus? Tentemos aprender da sua piedade pessoal.

«Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha no serviço? Manda, pois, que ela me venha ajudar! » (Lc 10,40). Servir os outros, por amor a Deus, é uma honra, não uma carga. Servimos com alegria, como a Virgem a sua prima Santa Isabel ou nas bodas de Caná, ou como Jesus, no lava-pés na Última Ceia?

«Marta, Marta, preocupas-te e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária» (Lc 10,41-42). Não percamos a paz, nem o bom humor. E para isso, cuidemos a presença de Deus. «Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir (…); ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos» (São Josemaria).

«Maria escolheu a melhor parte, e essa não lhe será tirada» (Lc 10,42). Deus quer-nos felizes. Que a nossa Mãe do Céu nos ajude a experimentar a alegria da entrega.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz o episódio de Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro. Maria, sentada aos pés de Jesus escutava a sua palavra. Marta, na cozinha, ocupada nos afazeres domésticos. Esta família amiga de Jesus é mencionada somente nos evangelhos de Lucas (Lc 10,38-41) e de João (Jo 11,1-39; 12,2).

* Lucas 10,38: A casa amiga em Betânia 

“Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa”.  Jesus está a caminho para Jerusalém, onde será preso e morto. Ele chega na casa de Marta que o recebe. Lucas não diz que a casa de Marta ficava em Betânia. É João que nos faz saber que a casa de Marta ficava em Betânia, perto de Jerusalém. A palavra Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre no alto do Monte das Oliveiras, perto de Jerusalém. Quando ia a Jerusalém Jesus costumava passar na casa de Marta, Maria e Lázaro (Jo 12,2)

* É impressionante verificar como Jesus entrava e vivia nas casas do povo: na casa de Pedro (Mt 8,14), de Mateus (Mt 9,10), de Jairo (Mt 9,23), de Simão o fariseu (Lc 7,36), de Simão o leproso (Mc 14,3), de Zaqueu (Lc 19,5). O oficial reconhece: “Não sou digno de que entres em minha casa” (Mt 8,8). O povo procurava Jesus na casa dele (Mt 9,28; Mc 1,33; 2,1; 3,20). Os quatro amigos do paralítico tiram o telhado para fazer baixar o doente dentro da casa onde Jesus estava ensinando o povo (Mc 2,4). Quando ia a Jerusalém, Jesus parava em Betânia na casa de Marta, Maria e Lázaro (12,2). No envio dos discípulos e discípulas a missão deles é entrar nas casas do povo e levar a paz (Mt 10,12-14; Mc 6,10; Lc 10,1-9).

* Lucas 10,39-40: A atitude das duas irmãs

“Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres”. Duas atitudes importantes, sempre presentes na vida dos cristãos: estar atenta à Palavra de Deus e estar atenta às necessidades das pessoas. Cada uma destas duas atitudes exige atenção total. Por isso, as duas vivem em tensão contínua que se expressa na reação de Marta: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!". Expressa-se também na reação dos apóstolos diante do problema que surgiu na comunidade de Jerusalém. O serviço à mesa das viúvas estava tomando todo o tempo deles e já não podiam dedicar-se inteiramente ao anúncio da Palavra. Por isso, eles reuniram a comunidade e disseram: “Não é correto que deixemos a pregação da palavra de Deus para servir às mesas” (At 6,2).

* Lucas 10,41-42: A resposta de Jesus

"Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada."  Marta queria que Maria sacrificasse sua atenção à palavra para ajudá-la no serviço da mesa. Mas não se pode sacrificar uma atitude em favor da outra. O que é preciso é alcançar o equilíbrio. Não se trata de escolher entre vida contemplativa e vida ativa, como se aquela fosse melhor que esta. Trata-se de encontrar a justa distribuição das tarefas apostólicas e dos ministérios dentro da comunidade. Baseando-se nesta palavra de Jesus, os apóstolos pediram à comunidade que escolhesse sete diáconos (servidores). O serviço das mesas foi entregue aos diáconos e assim os apóstolos podiam continuar a sua atividade pastoral: “dedicar-se inteiramente à oração e ao serviço da Palavra” (At 6,4). Não se trata de encontrar nesta palavra de Jesus um argumento para dizer que a vida contemplativa nos mosteiros é superior à vida ativa dos que labutam na pastoral. As duas atividades tem a ver com o anúncio da Palavra de Deus. Marta não pode exigir que Maria sacrifique a atenção à palavra.  Bonita é a interpretação do místico medieval, o frade dominicano Mestre Eckart que dizia: Marta já sabia trabalhar e servir às mesas sem prejudicar em nada sua atenção à presença e à palavra de Deus. Maria, assim ele diz, ainda estava aprendendo junto de Jesus. Por isso, ela não podia ser interrompida. Maria escolheu o que para ela era a melhor parte. A descrição da atitude de Maria diante de Jesus evoca a outra Maria, da qual Jesus dizia: “Felizes os que ouvem a Palavra e a colocam em prática” (Lc 11,27).

Para um confronto pessoal

1) Como você equilibra na sua vida o desejo de Maria e a preocupação de Marta?

2) À luz da resposta de Jesus para Marta, os apóstolos souberam encontrar uma solução para o problema da comunidade de Jerusalém. A meditação das palavras e gestos de Jesus me ajuda a iluminar os problemas da minha vida?

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