sexta-feira, 29 de setembro de 2017

XXVI Domingo do Tempo Comum

Textos: Ezequiel 18, 25-28; Filipenses 2, 1-11; Mateus 21, 28-32

Sta Teresa do Menino Jesus
Virgem de nossa Ordem e Doutora
Evangelho (Mt 20,28-32): «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi.  Qual dos dois fez a vontade do pai?» Os sumos sacerdotes e os anciãos responderam: «O primeiro». Então Jesus lhes disse: «Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Pois João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes, para crer nele».

«Qual dos dois fez a vontade do pai?»

Dr. Josef ARQUER (Berlin, Alemanha)

Hoje, contemplamos o pai dono de uma vinha pedindo aos seus dois filhos: «Filho, vai trabalhar hoje na vinha!» (Mt 21,29). Um diz que “sim” e não vai. O outro diz que “não” e vai. Nenhum dos dois mantém a palavra dada.

Seguramente, o que diz “sim” e fica em casa não pretende enganar o seu pai. Será apenas preguiça, não apenas “preguiça para fazer”, mas também para refletir. O seu lema é: “O que me importa o que disse ontem?”.

O do “não”, sim que se importa com o que disse ontem. Tem remorsos pelo desaire com seu pai. Da dor arranca a valentia de retificar. Corrige a palavra falsa com o fato certo. “Errare, humanum est?”. Sim, mas ainda mais humano —e mais de acordo com a verdade interior gravada em nós— retificar. Mesmo que custe, porque significa humilhar-se, arrasar a soberba e a vaidade. Alguma que outra vez vivemos momentos assim: corrigir uma decisão precipitada, um juízo temerário, uma valorização injusta… Depois um suspiro de alivio: —Obrigado, Senhor!

«Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus» (Mt 21,31). S. João Crisóstomo realça a maestria psicológica do Senhor perante os “sumos sacerdotes”: «Não lhes atira à cara diretamente: Porque não acreditastes em João? Mas pelo contrário confronta-os —o que resulta muito mais pujante— com os publicanos e as prostitutas. Assim os recrimina com a força patente dos fatos, a malícia de um comportamento marcado pelos respeitos humanos e pela vanglória».

Inseridos na cena, provavelmente sentiremos a falta de um terceiro filho, dado às meias tintas, em cujo comportamento nos seria mais fácil reconhecer e pedir desculpa, envergonhados. Inventamo-lo com autorização de Senhor e ouvimo-lo responder ao pai, com voz apagada: `Pode ser que sim pode ser que não…” E há quem diga ter ouvido no final “o mais provável é que, talvez, quem sabe…”.

Não bastam as palavras, o que conta são os fatos.

Pe. Antonio Rivero L.C

Mês do SSmo Rosário
Cristo, falando aos dirigentes dos judeus, que acreditavam que pertencer ao povo eleito de Deus já estava tudo conseguido, fala-nos também para nós. Esta parábola será complementada com as próximas dos seguintes domingos: a vinha que o dono tem que arrendar para outros, e o banquete festivo ao que tem de convidar outros, diante da rejeição dos primeiros convidados. O povo eleito não soube ver o dia da graça, não soube acolher o Enviado de Deus.

Em primeiro lugar, fatos, não palavras. O primeiro filho disse: “sim, mas não foi”. Jesus critica a hipocrisia dos fariseus, e a nossa, que cuidavam a fachada com mil palavras vazias e altissonantes, mas não os conteúdos da sua fé. Não poderia acontecer a mesma coisa conosco? É fácil quando estamos na igreja, cantar cantos ao Senhor, ou responder “amém” a orações e propósitos. Porém, depois essa fé se traduz em obras? Quantos de nós estamos batizados, fizemos a primeira comunhão, somos casados pela Igreja, vamos à missa aos domingos, levamos uma medalha no pescoço, fazemos peregrinações a santuários, rezamos o terço…e depois, na vida, o nosso estilo de atuação não se parece em nada ao que dizem acreditar. Pronunciamos o “sim” superficialmente, sem personalidade, por costume ou por medo.

Em segundo lugar, fatos, não palavras. O segundo filho, quem é? “Disse não, mas depois foi”. Quantos estamos refletidos nesse segundo filho! Temos momentos de rebeldia: rebeldia contra a autoridade paterna ou contra os superiores ou contra a Igreja ou contra Deus mesmo. Momentos de desânimo ou de birras. Momentos de inconstância e de cansaço. Momentos de irreflexão ou de egoísmo. Causas dessa mudança de humor? Influências externas que são autenticas rajadas ideológicas e éticas; talvez este filho do “não, mas sim” não recebeu a semente da fé na família ou na escola. Certamente não seria o modelo para seguir este filho; Jesus não nos convida a imitar este filho ou as prostitutas ou os publicanos, mas imitar a capacidade que tiveram de se converter e mudar. Se essas pessoas estão adiante no Reino, não é pelo que tinham sido, mas pela mudança que deram, como o bom ladrão, na última hora, na cruz.

Finalmente, fatos, não palavras. O ideal é dizer “sim” com convicção e logo ser consequente e perseverar no bem. Jesus já disse em outros momentos: “Não entrará no Reino dos Céus aquele que diz Senhor, Senhor, mas o que cumpre a vontade do meu Pai do céu…o que cumpre a vontade do meu Pai do céu, esse é o meu irmão, a minha irmã e a minha mãe…o que edifica sobre rocha é o que ouve estas palavras e as coloca em prática…que o nosso sim seja sim, e o nosso não, não”. As declarações, as promessas e as manifestações duram pouco. O que custa é agir com coerência. Dizer “sim” é simples. Mas agir conforme a esse “sim”, é outra história. Portanto: Sim, à vontade de Deus. Sim, à verdade, à castidade, à obediência, ao respeito, à caridade. Sim, para ajudar o pobre, o emigrante, o doente. Sim, à oração e ao sacrifício. Sim, aos momentos de luz e de escuridão; de alegria e de tristeza, de êxito e de fracasso. E por consequência: Não, ao pecado, e às manifestações do mesmo.

Para refletir: ao qual dos três filhos nos parecemos: “Sim, mas não…Não, mas sim…Sim e é sim? Com qual queremos parecer de hoje em adiante? Pensemos nisto: quantos santos e santas veneramos que foram do “Não, mas depois foram”: santo Agostinho, santa Maria Madalena, santo Inácio de Loyola…! E também temos santos do “Sim e foram”: santa Teresa do Menino Jesus, Teresa de Jesus, são João XXIII e são João Paulo II…Porém não temos santos do “Sim, mas não foi”.

Para rezar: Senhor, desejo aprender de Vós a dizer “Sim”, como a vossa Mãe Santíssima. Senhor, fácil é dizer de boca “Sim”, mas difícil praticá-lo. Dai-me coerência de vida entre a minha palavra e os meus fatos.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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