Textos: At 13, 14.43-52; Ap 7, 9.14b-17; Jo
10, 27-30
Evangelho
(Jo 10,27-30): «As minhas ovelhas
escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna.
Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. Meu
Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las
da mão do Pai. Eu e o Pai somos um».
«As minhas ovelhas
escutam a minha voz, eu as conheço»
P. Josep LAPLANA OSB Monje de Montserrat (Montserrat,
Barcelona, Espanha)
Hoje, a
atenção de Jesus sobre os homens é a atenção do bom pastor, que toma sob sua
responsabilidade as ovelhas que lhe são confiadas e se ocupa de cada uma delas.
Entre Ele e elas existe um vínculo, um instinto de conhecimento e de
fidelidade: «As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem» (Jo 10,27). A voz do Bom Pastor é sempre um chamado a segui-lo, a
entrar no círculo magnético de influência.
Cristo nos
ganhou não somente com seu exemplo e com sua doutrina, e sim com o preço do seu
Sangue. Nós tivemos um preço muito alto, e por isso Ele não quer que nenhum dos
seus se perca. E, como toda evidência se impõe: uns seguem o chamado do Bom
Pastor e outros não. O anuncio do Evangelho a uns lhes produz raiva e a outros,
alegria. O que será que têm uns, e que não têm outros? Santo Agostinho, ante o
mistério abismal da escolha divina, respondia: «Deus não te deixa, se tu não o
deixas»; não te abandonará, se tu não o abandonas. Não ponha, portanto a culpa
em Deus, nem na Igreja, nem nos outros, porque o problema de tua fidelidade é
teu. Deus não nega suas graças a ninguém, e esta é a nossa força: agarremo-nos
bem forte á graça de Deus. Não é nenhum mérito nosso; simplesmente, fomos
“agraciados”.
A fé entra
pelo ouvido, pela audição da Palavra do Senhor, e o maior perigo que temos é a
surdez, não ouvir a voz do Bom Pastor, porque temos a cabeça cheia de ruídos e
de outras vozes discordantes, ou o que é ainda mais grave, aquilo que os
Exercícios de Santo Inácio dizem «fingir-se que é surdo», saber que Deus te
chama e não dar-se por aludido. Aquele que se nega ao chamado de Deus
conscientemente, reiteradamente, perde a sintonia com Jesus e perderá a alegria
de ser cristão para ir a outras pastagens que não saciam nem dão a vida eterna.
No entanto, Ele é o único que pode dizer: «Eu lhes dou a vida eterna. Por isso,
elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão» (Jo 10,28).
Vejamos o coração
misericordioso de Cristo, o Bom Pastor. E como devemos ser as ovelhas.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Bto João Batista Mantuano, Presbítero de nossa Ordem |
Das várias
imagens que tentam descrever quem é Jesus para nós (Cordeiro, Senhor, Rei,
Pedra angular, Luz, Verdade, Porta…), neste quarto domingo da Páscoa Jesus se
apresenta para nós como o Bom Pastor, seguindo o capítulo 10 do evangelho de
João. Pastor que conhece, ama, alimenta, defende e dá a vida pelas ovelhas. E
as ovelhas, por sua parte, escutam a sua voz e o seguem, isto é, obedecem-lhe.
Em primeiro
lugar, Cristo é Pastor para todos (1ª leitura). Para todo tipo de ovelhas: sãs
e doentes, calmas e rebeldes, nutridas e desnutridas, fortes e fracas, mancas e
íntegras, perdidas e fiéis, merinas e de boa lã ou montesinas e de boa carne.
Ovelhas que Ele conhece muito bem, ama-as com ternura e misericórdia, seguem-no
com alegria, alimenta-as diariamente com a vida eterna e as sacia nas fontes de
águas vivas dos sacramentos e as defende com o cajado da Igreja para que o lobo
não as arrebate do seu aprisco. Pastor que vai à frente, guiando-nos no
caminho. Jesus nos conhece e nos ama, adapta-se a cada um, ajudando-nos de
acordo com as nossas necessidades e debilidades. Num rebanho, algumas ovelhas
são lentas e preguiçosas, outras são muito ansiosas e rápidas; algumas estão
enfermas, outras mancas, algumas têm tendência a se perder, outras a se
desviar. Jesus é cuidadoso no guiar cada pessoa, com infinita compaixão e
misericórdia, às pastagens da vida verdadeira e perdurável. Pastor que sabe que
foi o seu Pai que colocou em suas mãos estas ovelhas (evangelho).
Em segundo
lugar, quais são as condições para pertencer ao rebanho de Cristo Pastor de
todos e para todos? “As minhas ovelhas escutam a minha voz… e elas me seguem”.
Escutar e seguir o Pastor. Escutá-lo com a inteligência e segui-lo com a
vontade. Escutar o seu ensinamento, contido nos santos evangelhos e explicado
pela Igreja. Conhecê-lo com a nossa inteligência e assim poder amá-lo, tendendo
a Ele com todo o impulso da nossa vontade. Quem se resistir a escutar a voz
deste Pastor caminha decididamente à sua própria perdição. Toda a Escritura é
um reiterado convite a escutar. Na primeira leitura Paulo e Barnabé falam à
cidade de Antioquia e foram muitos os que os escutavam, tantos que provocaram a
inveja e palavras injuriosas nos que estavam com os ouvidos fechados à Boa Nova
da ressurreição. Para escutar este Pastor se necessita humildade e silêncio
interior. E para seguir a voz desse Pastor se necessita docilidade, para se
deixar modelar pela sua doutrina, tornando-se cera mole em suas mãos. Aqui
entra o trabalho do Espírito Santo que vai modelando em nós, se permitirmos, a
imagem de Cristo, exortando-nos a sair daquele vício ou pecado, da
mediocridade, da tibieza, e a nos desprender do homem terreno e aspirar às
coisas celestes. É preciso seguir o Pastor, é preciso seguir o Cordeiro aonde
quer que Ele for, fazendo nossas as suas palavras, tendo a sua mesma mente e o
mesmo coração.
Finalmente,
Pastor, que antes foi Cordeiro (2ª leitura) que se imolou na Cruz para com a
sua morte nos dar a vida eterna e abrir para nós as portas do céu. Esse Pastor
também foi primeiro Cordeiro que se sacrificou para purificar e santificar
todas as ovelhas. Desde a fonte dos sacramentos nos salpica com o seu sangue
abençoado que nos limpa. O que este Cordeiro ganhou para nós? A segunda leitura
de hoje nos responde: preparou-nos o caminho para as pastagens eternas, o céu.
Uma enorme multidão, impossível de contar, “formada por gente de todas as
nações, famílias, povos e línguas”. Todos estão de pé, diante do trono do
Cordeiro, com túnicas brancas e palmas nas mãos, louvando-o de maneira
incessante. Ali, no céu, as suas ovelhas já não padecerão fome nem sede, nem
serão oprimidas pelo sol e pelo calor, pela injustiça e pela maldade dos lobos.
Agora vivem felizes do lado do Pastor- Cordeiro. E ali ninguém nos arrebatará
das mãos do seu Pai Celestial.
Para refletir: Estou convencido de que Cristo me
quer como sou, inclusive nos meus momentos maus e defeituosos? Imito Jesus o
Bom Pastor na educação dos meus filhos, ou como professor, e em tudo o que eu
fizer? Sou ovelha dócil, receptiva ou rebelde e arisca?
Para rezar: rezemos o salmo 23:
O
Senhor é o meu pastor;
Nada
me falta.
Em
verdes pastagens me faz repousar,
ÀS
águas tranquilas me conduz,
E
renova as minhas forças,
Levando
por caminhos retos
Em
honra do seu nome.
Se
eu andasse por vales escuros,
Ainda
assim não terei nenhum medo,
Porque
está meu Senhor junto a mim;
O
seu cajado me sustenta e me dá confiança.
Preparaste
para mim um banquete
À
vista dos meus inimigos;
Perfumaste
a minha cabeça;
E
o meu cálice transborda.
A
tua bondade e o teu amor me acompanham
Todos
os dias da minha vida,
E
na casa do Senhor habitarei, por tempos sem fim.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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