sábado, 3 de outubro de 2015

XXVII Domingo do Tempo Comum

XXVII Domingo do Tempo Ordinário

Textos: Gn 2, 18-24; Heb 2, 9-11; Mc 10, 2-16

Evangelho (Mc 10,2-16): Aproximaram-se então alguns fariseus e, para experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. Jesus perguntou: Qual é o preceito de Moisés a respeito? Os fariseus responderam: Moisés permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la. Jesus então disse: Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe! Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. Jesus respondeu: Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casar com outro, comete adultério também. Algumas pessoas traziam crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele! E abraçava as crianças e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava.

«O que Deus uniu o homem não separe»

Rev. D. Fernando PERALES i Madueño (Terrassa, Barcelona, Espanha)

S Francisco de Assis, Diácono
Hoje, os fariseus põem novamente a Jesus num compromisso com a questão sobre o divórcio. Mas Jesus mais que dar uma resposta definitiva, faz uma pergunta aos seus interlocutores pelo que diz a Sagrada Escritura e sem criticar a Lei de Moisés, faz entender que é legitima, mas temporal: Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito, (Mc 10,5).

Jesus lembra o que diz o Livro do Gênesis: Desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher, (Mc 10,6, cf. Gn 1,27). Jesus fala de uma unidade que será a Humanidade. O homem deixará os seus pais e se unirá a sua mulher, sendo um com ela para formar a Humanidade. Isto supõe uma realidade nova: Dois seres formam uma unidade, não como uma associação, senão como procriadores da Humanidade. A conclusão é evidente: O que Deus uniu o homem não separe, (Mc 10,9).

Enquanto tenhamos do matrimônio uma imagem de associação, a indissolubilidade resultará incompreensível. Se reduzimos o matrimônio a interesses associativos, entende-se que a dissolução apareça como legítima. Falar assim do matrimônio é um abuso de linguagem, já que não é mais que uma associação de dois solteiros desejosos de fazer mais agradável a sua existência. Quando o Senhor fala do matrimônio está dizendo outra coisa. O Concílio Vaticano II lembra-nos: Deste modo, por meio do ato humano com o qual os cônjuges mutuamente se dão e recebem um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela lei divina. Em vista do bem tanto dos esposos e da prole como da sociedade, este sagrado vínculo não está ao arbítrio da vontade humana. O próprio Deus é o autor do matrimônio, o qual possui diversos bens e fins, tudo o que é de máxima importância para a propagação do gênero humano (Gaudium et spes, n. 48).

De regresso a casa, os Apóstolos perguntam pelas exigências do matrimônio, e a continuação tem lugar uma cena carinhosa com as crianças. As duas cenas estão relacionadas. A segunda é como uma parábola que explica como é possível o matrimônio. O Reino de Deus é para aqueles que se assemelhem a uma criança e aceitam construir algo novo. O mesmo o matrimônio, se captamos bem o que significa: deixar, unir-se e devir.

A natureza religiosa do matrimonio.

 Pe. Antonio Rivero, L.C.

4 de outubro - Dia da morte de Santa Teresa de Jesus
Sínteses da mensagem: Hoje a mensagem litúrgica pode resumir-se assim: a natureza religiosa do matrimonio. Não é só uma instituição natural. Desde o início está marcada pela mão de Deus. A criação do homem e a criação do matrimonio são simultâneas; tem a mesma fonte: o Deus do Amor e da Vida; e a mesma meta: comunicar a vida. Se Deus é a fonte de toda a vida; o matrimonio, também, ao dar vida a novos filhos, tem que ver com Deus; tem uma natureza religiosa. O divórcio, por tanto, nunca entrou nos planos de Deus.  Esta mensagem é muito atual hoje, a poucos dias de celebrar o Sínodo da família em Roma. 

Em primeiro lugar, o matrimonio não é só uma instituição sociológica, ou algo privado entre o homem e a mulher. O matrimonio é compartilhar o poder de Deus de comunicar o amor e a vida a outros; por tanto tem uma natureza religiosa. Isto é o que Cristo no evangelho defende, esta característica do matrimonio, proibindo o divórcio que nunca entrou nos planos de Deus. A fidelidade é uma qualidade bem conhecida no matrimonio cristão e, certamente, em qualquer matrimonio realmente humano. Existem muitas razões para manter o princípio da inseparabilidade no matrimonio. Duas razões. A primeira, está na natureza do amor, o ser fiel e verdadeiro, um ao outro e permanentemente. O homem e a mulher são os únicos seres na terra que podem comprometer-se para sempre. Nisto também são imagem de Deus. E segunda: a fidelidade permanente no matrimonio é a única resposta para manter a sua estabilidade como instituição, tão especial para a formação dos filhos. Por isso, não só o ensinamento de Jesus, senão a experiência humana confirma os valores religiosos do matrimonio. É por isto que o matrimonio é um sacramento, fonte da graça divina.

Em segundo lugar, porque então muitos matrimônios não vivem esta dimensão religiosa nas suas vidas? Muitos matrimônios hoje andam como que não podendo com a sua alma. Eles têm perdido, se é que tiveram; ou tem esquecido, se é que viveram; o espírito de sacrifício, que é fundamental e indispensável para aguentar os diversos influxos da sociedade, os roces da convivência e as crises da vida. A crise da primavera matrimonial, a crise da desilusão, que aparece no segundo ou terceiro ano de matrimonio; creia-se que tudo seria cor de rosas. Não tinham experimentado a convivência diária, os roces diários, os defeitos diários. No noivado só vêm as rosas; nunca os espinhos. A crise do verão matrimonial: a crise do silencio. Se o marido e a mulher, ao invés de avançar um em direção ao outro, superando as decepções inevitáveis que surgem no transcurso dos primeiros anos, atrincheiram-se no silencio e no conformismo, entram, mais ou menos nesta época, em uma etapa decisiva. Se o demônio mudo apodera-se deles, conjugando seus esforços com os estragos do tempo, caem ambos em uma espécie de adormecimento. A crise do outono matrimonial: a da indiferença. O tempo tem passado e tem paralisado o amor, e inclusive tem matado. A crise do inverno matrimonial: a perda. Perde-se o cabelo, a boa presença, a saúde, a memória, o dinheiro, os aplausos de ontem. Perdem-se os seres queridos, a quem tanto amávamos. Vamos para o túmulo. E isto é doloroso e sanguinário.

Finalmente, tem que ficar claro hoje o seguinte: o matrimonio, todo matrimonio, é o direito natural do homem e da mulher a casar-se; direito natural que, por ser Deus o fundador, é de direito divino e tem natureza religiosa. Direito divino no que, por ser de Deus, Deus manda, dispõe e governa. Ou o que é maravilhoso: o matrimonio é uno, fiel, irrompível, irrepetível, inseparável, vitalício... assim como é o amor, como a vida, como Deus. Os cristãos, por serem portadores da fé, da graça e do Espírito, automaticamente elevam o matrimonio civil a sacramento. Nem mesmo os casados pelo civil podem divorciar-se. Se casaram porque a sua consciência deu-lhes o visto bom, sem impedimento dirimente algum que obstaculiza a validez do matrimonio, se a sua vontade foi casar-se de uma vez por todas e para sempre... não existe divórcio que valha.

Para refletir: Vivem tudo isto nossos matrimônios de hoje? Porque alguns matrimônios optam pelo divórcio? Que fazer diante das crises que virão para amadurecer os matrimônios?

Para rezar:
Senhor, Pai santo,
Deus onipotente e eterno,
Te damos graças e te bendizemos
Pelo teu santo Nome. Tu tens criado
Ao homem e a mulher
Para que um sejam um para o outro
ajuda e apoio. Lembra-te hoje de nós.
Protege-nos e concede-nos
Que nosso amor seja entrega
e dom, a imagem de Cristo e da Igreja.
Ilumina-nos e fortalece-nos na tarefa
na formação de nossos filhos,
para que sejam autênticos cristãos
e construtores esforçados da
Cidade eterna. Faça que vivamos
juntos toda nossa vida, na alegria e paz,
para que nossos corações
possam elevar sempre até ti,
por meio do teu Filho no Espirito Santo,
o louvor e a ação de graças. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem comunicar-se com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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