XXVII Domingo do
Tempo Ordinário
Textos: Gn 2, 18-24; Heb 2, 9-11; Mc 10, 2-16
«O que Deus uniu o homem
não separe»
Rev. D. Fernando PERALES i Madueño (Terrassa, Barcelona,
Espanha)
S Francisco de Assis, Diácono |
Hoje,
os fariseus põem novamente a Jesus num compromisso com a questão sobre o
divórcio. Mas Jesus mais que dar uma resposta definitiva, faz uma pergunta aos
seus interlocutores pelo que diz a Sagrada Escritura e sem criticar a Lei de
Moisés, faz entender que é legitima, mas temporal: Foi por causa da dureza do
vosso coração que Moisés escreveu este preceito, (Mc 10,5).
Jesus
lembra o que diz o Livro do Gênesis: Desde o princípio da criação Deus os fez
homem e mulher, (Mc 10,6, cf. Gn 1,27). Jesus fala de uma unidade que será a
Humanidade. O homem deixará os seus pais e se unirá a sua mulher, sendo um com
ela para formar a Humanidade. Isto supõe uma realidade nova: Dois seres formam
uma unidade, não como uma associação, senão como procriadores da Humanidade. A
conclusão é evidente: O que Deus uniu o homem não separe, (Mc 10,9).
Enquanto
tenhamos do matrimônio uma imagem de associação, a indissolubilidade resultará
incompreensível. Se reduzimos o matrimônio a interesses associativos,
entende-se que a dissolução apareça como legítima. Falar assim do matrimônio é
um abuso de linguagem, já que não é mais que uma associação de dois solteiros
desejosos de fazer mais agradável a sua existência. Quando o Senhor fala do
matrimônio está dizendo outra coisa. O Concílio Vaticano II lembra-nos: Deste
modo, por meio do ato humano com o qual os cônjuges mutuamente se dão e recebem
um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela
lei divina. Em vista do bem tanto dos esposos e da prole como da sociedade,
este sagrado vínculo não está ao arbítrio da vontade humana. O próprio Deus é o
autor do matrimônio, o qual possui diversos bens e fins, tudo o que é de máxima
importância para a propagação do gênero humano (Gaudium et spes, n. 48).
De
regresso a casa, os Apóstolos perguntam pelas exigências do matrimônio, e a
continuação tem lugar uma cena carinhosa com as crianças. As duas cenas estão
relacionadas. A segunda é como uma parábola que explica como é possível o
matrimônio. O Reino de Deus é para aqueles que se assemelhem a uma criança e
aceitam construir algo novo. O mesmo o matrimônio, se captamos bem o que
significa: deixar, unir-se e devir.
A natureza religiosa do
matrimonio.
Pe. Antonio
Rivero, L.C.
4 de outubro - Dia da morte de Santa Teresa de Jesus |
Em
primeiro lugar, o matrimonio não é só uma instituição sociológica, ou algo
privado entre o homem e a mulher. O matrimonio é compartilhar o poder de Deus
de comunicar o amor e a vida a outros; por tanto tem uma natureza religiosa.
Isto é o que Cristo no evangelho defende, esta característica do matrimonio,
proibindo o divórcio que nunca entrou nos planos de Deus. A fidelidade é uma
qualidade bem conhecida no matrimonio cristão e, certamente, em qualquer
matrimonio realmente humano. Existem muitas razões para manter o princípio da
inseparabilidade no matrimonio. Duas razões. A primeira, está na natureza do
amor, o ser fiel e verdadeiro, um ao outro e permanentemente. O homem e a
mulher são os únicos seres na terra que podem comprometer-se para sempre. Nisto
também são imagem de Deus. E segunda: a fidelidade permanente no matrimonio é a
única resposta para manter a sua estabilidade como instituição, tão especial
para a formação dos filhos. Por isso, não só o ensinamento de Jesus, senão a
experiência humana confirma os valores religiosos do matrimonio. É por isto que
o matrimonio é um sacramento, fonte da graça divina.
Em
segundo lugar, porque então muitos matrimônios não vivem esta dimensão
religiosa nas suas vidas? Muitos matrimônios hoje andam como que não podendo
com a sua alma. Eles têm perdido, se é que tiveram; ou tem esquecido, se é que
viveram; o espírito de sacrifício, que é fundamental e indispensável para
aguentar os diversos influxos da sociedade, os roces da convivência e as crises
da vida. A crise da primavera matrimonial, a crise da desilusão, que aparece no
segundo ou terceiro ano de matrimonio; creia-se que tudo seria cor de rosas.
Não tinham experimentado a convivência diária, os roces diários, os defeitos
diários. No noivado só vêm as rosas; nunca os espinhos. A crise do verão
matrimonial: a crise do silencio. Se o marido e a mulher, ao invés de avançar um
em direção ao outro, superando as decepções inevitáveis que surgem no
transcurso dos primeiros anos, atrincheiram-se no silencio e no conformismo,
entram, mais ou menos nesta época, em uma etapa decisiva. Se o demônio mudo
apodera-se deles, conjugando seus esforços com os estragos do tempo, caem ambos
em uma espécie de adormecimento. A crise do outono matrimonial: a da
indiferença. O tempo tem passado e tem paralisado o amor, e inclusive tem
matado. A crise do inverno matrimonial: a perda. Perde-se o cabelo, a boa
presença, a saúde, a memória, o dinheiro, os aplausos de ontem. Perdem-se os
seres queridos, a quem tanto amávamos. Vamos para o túmulo. E isto é doloroso e
sanguinário.
Finalmente,
tem que ficar claro hoje o seguinte: o matrimonio, todo matrimonio, é o direito
natural do homem e da mulher a casar-se; direito natural que, por ser Deus o
fundador, é de direito divino e tem natureza religiosa. Direito divino no que,
por ser de Deus, Deus manda, dispõe e governa. Ou o que é maravilhoso: o
matrimonio é uno, fiel, irrompível, irrepetível, inseparável, vitalício...
assim como é o amor, como a vida, como Deus. Os cristãos, por serem portadores
da fé, da graça e do Espírito, automaticamente elevam o matrimonio civil a
sacramento. Nem mesmo os casados pelo civil podem divorciar-se. Se casaram
porque a sua consciência deu-lhes o visto bom, sem impedimento dirimente algum
que obstaculiza a validez do matrimonio, se a sua vontade foi casar-se de uma
vez por todas e para sempre... não existe divórcio que valha.
Para
refletir:
Vivem tudo isto nossos
matrimônios de hoje? Porque alguns matrimônios optam pelo divórcio? Que fazer
diante das crises que virão para amadurecer os matrimônios?
Para
rezar:
Senhor,
Pai santo,
Deus
onipotente e eterno,
Te
damos graças e te bendizemos
Pelo
teu santo Nome. Tu tens criado
Ao
homem e a mulher
Para
que um sejam um para o outro
ajuda
e apoio. Lembra-te hoje de nós.
Protege-nos
e concede-nos
Que
nosso amor seja entrega
e
dom, a imagem de Cristo e da Igreja.
Ilumina-nos
e fortalece-nos na tarefa
na
formação de nossos filhos,
para
que sejam autênticos cristãos
e
construtores esforçados da
Cidade
eterna. Faça que vivamos
juntos
toda nossa vida, na alegria e paz,
para
que nossos corações
possam
elevar sempre até ti,
por
meio do teu Filho no Espirito Santo,
o
louvor e a ação de graças. Amém.
Qualquer sugestão ou dúvida podem comunicar-se com o padre
Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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