V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
Evangelho
(Mt 25,31-46): «Quando o Filho do Homem
vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se assentará em seu
trono glorioso. Todas as nações da terra serão reunidas diante dele, e ele
separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E
colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda. Então o Rei
dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em
herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu
estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber;
eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e
cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me’. Então os justos lhe
perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com
sede, e te demos de beber? Quando foi que te vimos como forasteiro, e te
recebemos em casa, sem roupa, e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou
preso, e fomos te visitar?’. Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo:
todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos,
foi a mim que o fizestes!’. Depois, o
Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide
para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava
com fome, e não me destes de comer; com sede, e não me destes de beber; eu era
forasteiro, e não me recebestes em casa; nu, e não me vestistes; doente e na
prisão, e não fostes visitar-me. E estes responderão: ‘Senhor, quando foi que
te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e não te
servimos?’ Então, o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo, todas as vezes
que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de
fazer!’ E estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida
eterna».
Comentário: Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart (Tarragona,
Espanha)
Todas as vezes que não
fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer!
Hoje
é-nos recordado o juízo final, «quando o Filho do Homem vier em sua glória,
acompanhado de todos os anjos» (Mt 25.31), e é-nos sublinhado que dar de comer,
beber, vestir… resultam obras de amor para um cristão, quando ao fazê-las se
sabe ver nelas o próprio Cristo.
Diz
São João da Cruz: «À tarde te examinarão no amor. Aprende a amar a Deus como
Deus quer ser amado e deixa a tua própria condição». Não fazer uma coisa que
tem que ser feita, em serviço dos outros filhos de Deus e nossos irmãos, supõe
deixar Cristo sem estes detalhes de amor devido: pecados de omissão.
O
Concilio Vaticano II, e a Gaudium et spes, ao explicar as exigências da
caridade cristã, que dá sentido à chamada assistência social, diz: «Sobretudo
em nossos dias, urge a obrigação de nos tornarmos o próximo de todo e qualquer
homem, e de o servir efetivamente quando vem ao nosso encontro, quer seja o
ancião, abandonado de todos, ou o operário estrangeiro injustamente desprezado,
ou o exilado, ou o filho duma união ilegítima que sofre injustamente por causa
dum pecado que não cometeu, ou o indigente que interpela a nossa consciência,
recordando a palavra do Senhor: «todas as vezes que o fizestes a um destes meus
irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25,40)»
Recordemos
que Cristo vive nos cristãos… e diz-nos: «Eu estou convosco todos os dias até
ao fim do mundo» (Mt 28,20).
O
IV Concilio de Latrão define o juízo final como verdade de fé: «Jesus Cristo há
de vir no fim do mundo, para julgar os vivos e os mortos, e para dar a cada um
segundo as suas obras, tanto aos condenados como aos eleitos (…) para receber
segundo as suas obras, boas ou más: aqueles com o diabo castigo eterno, e estes
com Cristo glória eterna».
Peçamos
a Maria que nos ajude nas ações de serviço a seu Filho nos irmãos.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
São Policarpo, Bispo e Mártir |
* Mateus 25,31-33: Abertura do Juízo final. O Filho do
Homem reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas como o
pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não erra:
ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe discernir bons
e maus. Jesus não julga nem condena (cf. Jo 3,17; 12,47). Ele apenas separa. É
a própria pessoa que se julga ou se condena pela maneira como se comportou com
relação aos pequenos e excluídos.
*
Mateus 25,34-36: A sentença para os que estiverem à direita do Juiz. Os que estão à sua direita são chamados de
“Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a bênção que Deus prometeu à Abraão e à
sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino,
preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este:
"Tive fome e sede, era estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me
acolheram e ajudaram!” Esta sentença nos faz saber quem são as ovelhas. São as
pessoas que acolheram o próprio Juiz quando este estava faminto, sedento,
estrangeiro, nu, doente e preso. E pelo jeito de falar "meu Pai" e
"Filho do Homem", ficamos sabendo que o Juiz é o próprio Jesus. Ele
se identifica com os pequenos!
* Mateus 25,37-40: Um pedido de esclarecimento e a
resposta do Juiz: Os que acolheram os
excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se
alcança observando normas e prescrições, mas sim acolhendo os necessitados. Mas
o curioso é que os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus
necessitado. Jesus responde: "Toda vez que o fizestes a um destes meus
irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!" Quem são estes "meus
irmãos mais pequeninos"? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as
expressões "meus irmãos" e "pequeninos" indicam os discípulos
(Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14; 28,10). Indicam também os membros mais
abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem
recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. No
contexto tão amplo desta parábola final, a expressão "meus irmãos mais
pequeninos" se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm
lugar. Indica todos os pobres. E os "justos" e os "benditos de
meu Pai" são todas as pessoas de todas as nações que acolhem o outro na
total gratuidade, independente do fato de ser cristão ou não.
* Mateus 25,41-43: A sentença para os que estiverem à
sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados de “malditos” e
são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Jesus usa a
linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não vão
entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram Jesus faminto,
sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos impede de entrar
no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a cegueira que nos
impede de ver Jesus nos pequeninos.
* Mateus 25,44-46: Um pedido de esclarecimento e a
resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente bem
comportada, pessoas que têm a consciência em paz. Estão certas de terem
praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham quando o Juiz diz
que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que vocês não fizeram
isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A omissão! Não
fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos e de
acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e
os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!
Para um confronto
pessoal
1) O que mais chamou a sua atenção nesta
parábola do Juízo Final?
2) Pare e pense: se o Juízo final fosse
hoje, você estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?
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