quarta-feira, 20 de junho de 2012


MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Vigésimo primeiro dia
Ingratidão dos homens para com o divino Coração de Jesus

     "Se feridas não recebe o Coração de Jesus, estranhas indignidades tem sofrido desde que instituiu o Sacramento de Seu amor. Pode-se imaginar coisa mais indigna do que os ultrajes que o judeu, o herege, o ateu lhe fazem suportar há tantos séculos, e até ao fim do mundo?" (Nouet).
Contudo, ainda mais deplorável é o procedimento dos que têm o nome de cristãos, e que ainda conservam algumas práticas do Cristianismo. Jesus habita entre os homens, digna-se descer-lhes ao coração; chega a dizer estas admiráveis palavras: "São minhas delícias estar com os filhos dos homens”.(Prov 8,3).
Mas, Senhor, como Vos tratam esses ingratos? Dignais residir no meio deles que até vos recusam decente habitação. Ousam hospedar-vos sob um teto de palha, ao passo que vivem em palácios. "Não vedes", dizia com amargura de coração o Santo Rei Davi ao profeta Natã, "que enquanto eu habito em casa de cedro, a arca do Senhor meu Deus ainda está debaixo da tenda!" (2 Reis 7,2). Oh Arca verdadeira do Novo Testamento, da qual a antiga não era mais que imperfeita figura! Oh Senhor! Oh Jesus! quem hoje se incomoda e se aflige no seio de sua opulência com a lembrança de vossa desnudez nas Igrejas? Se ao menos à míngua de esplendor nos templos materiais, achásseis em nossos corações acolhimento submisso e respeitoso! Mas não! Dia e noite estais no santuário, esperando e chamando os homens, e dias, noites, semanas se passam sem que os vejais aparecer; ou se vos fazem certas visitas, somente os costumes, as conveniências os conduzem dos sofrimentos de meu Deus; meu coração, deles conservará contínua lembrança.
O corpo está em vossa presença, mas o coração bem longe está! No Sacramento vos achais sempre ocupado com eles, sempre em estado de vítima diante de vosso Pai, oferecendo por eles vossas chagas; ao passo que em vossa presença pensam em tudo, menos em adorar-vos; conservam postura tão pouco respeitosa, que o próprio herege, que nega vossa presença real, os censura!
Na Comunhão da missa Jesus se lhes oferece: "Eis aqui o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo"; vinde todos a Ele. O próprio Jesus os convida com estas admiráveis palavras: "Comei, amigos, e bebei; embriagai-vos com a torrente de minhas delícias, caríssimos meus; vinde, comei meu pão, bebei meu vinho, que vos preparei". Todos, porém, fogem, como se não tivessem chagas a curar, nem máculas a apagar; respondem que têm outros convites a satisfazer e outros amigos a servir.
Céus! tomai-vos de espanto à vista de tal prodígio de ingratidão! (Jer 11,12).
Oh cristãos! Oh povo insensato e perverso! É este o reconhecimento que tributais a vosso Senhor e a vosso Deus? (Deut 32, 5-6).
Oh Jesus, tão terno, generoso, e cheio de amor para conosco, podíamos nós fazer chaga mais cruel em vosso coração? Ah! eu vos ouço dizer: "Esperei que um daqueles a quem amo viesse compadecer-se da minha dor; mas não houve um só, ninguém se apresentou”.(Sl 68).

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