MÊS DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
Vigésimo
primeiro dia
Ingratidão
dos homens para com o divino Coração de Jesus
"Se feridas não
recebe o Coração de Jesus, estranhas indignidades tem sofrido desde que
instituiu o Sacramento de Seu amor. Pode-se imaginar coisa mais indigna do que
os ultrajes que o judeu, o herege, o ateu lhe fazem suportar há tantos séculos,
e até ao fim do mundo?" (Nouet).
Contudo, ainda mais deplorável é o
procedimento dos que têm o nome de cristãos, e que ainda conservam algumas
práticas do Cristianismo. Jesus habita entre os homens, digna-se descer-lhes ao
coração; chega a dizer estas admiráveis palavras: "São minhas delícias estar
com os filhos dos homens”.(Prov 8,3).
Mas, Senhor, como Vos tratam esses
ingratos? Dignais residir no meio deles que até vos recusam decente habitação.
Ousam hospedar-vos sob um teto de palha, ao passo que vivem em palácios. "Não
vedes", dizia com amargura de coração o Santo Rei Davi ao profeta
Natã, "que enquanto eu habito em casa de cedro, a arca do Senhor meu
Deus ainda está debaixo da tenda!" (2 Reis 7,2). Oh Arca
verdadeira do Novo Testamento, da qual a antiga não era mais que imperfeita
figura! Oh Senhor! Oh Jesus! quem hoje se incomoda e se aflige no seio de sua
opulência com a lembrança de vossa desnudez nas Igrejas? Se ao menos à míngua
de esplendor nos templos materiais, achásseis em nossos corações acolhimento
submisso e respeitoso! Mas não! Dia e noite estais no santuário, esperando e
chamando os homens, e dias, noites, semanas se passam sem que os vejais
aparecer; ou se vos fazem certas visitas, somente os costumes, as conveniências
os conduzem dos sofrimentos de meu Deus; meu coração, deles conservará contínua
lembrança.
O corpo está em vossa presença, mas o
coração bem longe está! No Sacramento vos achais sempre ocupado com eles,
sempre em estado de vítima diante de vosso Pai, oferecendo por eles vossas
chagas; ao passo que em vossa presença pensam em tudo, menos em adorar-vos;
conservam postura tão pouco respeitosa, que o próprio herege, que nega vossa
presença real, os censura!
Na Comunhão da missa Jesus se lhes oferece:
"Eis aqui o Cordeiro de Deus, eis
Aquele que tira os pecados do mundo"; vinde todos a Ele. O próprio
Jesus os convida com estas admiráveis palavras: "Comei, amigos, e bebei;
embriagai-vos com a torrente de minhas delícias, caríssimos meus; vinde, comei
meu pão, bebei meu vinho, que vos preparei". Todos, porém, fogem,
como se não tivessem chagas a curar, nem máculas a apagar; respondem que têm
outros convites a satisfazer e outros amigos a servir.
Céus! tomai-vos de espanto à vista de tal
prodígio de ingratidão! (Jer 11,12).
Oh cristãos! Oh povo insensato e perverso!
É este o reconhecimento que tributais a vosso Senhor e a vosso Deus? (Deut 32,
5-6).
Oh Jesus, tão terno, generoso, e cheio de
amor para conosco, podíamos nós fazer chaga mais cruel em vosso coração? Ah! eu
vos ouço dizer: "Esperei que um daqueles a quem amo viesse compadecer-se da minha
dor; mas não houve um só, ninguém se apresentou”.(Sl 68).
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