Santo
Toribio Romo González, Presbítero e mártir
1ª
Leitura (Si 2,1-11): Filho, se queres servir o Senhor, prepara a tua
alma para a provação. Procura ter um coração reto e constante e não te
perturbes no tempo da adversidade. Une-te ao Senhor e não te afastes d’Ele,
para seres exaltado no fim da tua vida. Tudo aquilo que te aconteça, procura
aceitá-lo, e nas dificuldades da tua humilde condição sê paciente. Porque o ouro
prova-se no fogo e os homens eleitos na fornalha da humilhação. Confia no
Senhor e Ele cuidará de ti, segue o caminho reto e espera no Senhor. Vós que
temeis o Senhor, confiai na sua misericórdia e não vos afasteis, para não
cairdes. Vós que temeis o Senhor, confiai n’Ele e a recompensa não vos faltará.
Vós que temeis o Senhor, esperai os seus benefícios, a alegria eterna e a sua
misericórdia. Vós que temeis o Senhor, amai-O e iluminar-se-á o vosso coração.
Considerai as antigas gerações e vede: Quem confiou no Senhor e ficou
desiludido? Quem perseverou no seu temor e foi abandonado? Quem O invocou e não
foi atendido? Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados
e salva no tempo da tribulação. Ele é o protetor dos que O procuram de coração
sincero.
Salmo
Responsorial: 36
R. Confia ao Senhor os teus
caminhos e Ele te salvará.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo. Põe no Senhor as tuas delícias e Ele
satisfará os anseios do teu coração.
O Senhor conhece os dias dos bons
e a herança deles será eterna. Não serão confundidos no tempo da adversidade e
nos dias da fome serão saciados.
Afasta-te do mal e pratica o bem
e permanecerás para sempre: porque o Senhor ama a justiça e não desampara os
que Lhe são fiéis.
A salvação dos justos vem do
Senhor, Ele é o seu refúgio no tempo da tribulação. O Senhor os ajuda e
defende, porque n’Ele procuraram refúgio.
Aleluia. Toda a minha glória
está na cruz do Senhor, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o
mundo. Aleluia.
Evangelho
(Mc 9,30-37): Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia,
mas ele não queria que ninguém o soubesse. Ele ensinava seus discípulos e
dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o
matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará». Mas eles não
compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar. Chegaram a Cafarnaum.
Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis pelo caminho?». Eles, no
entanto, ficaram calados, porque pelo caminho tinham discutido quem era o
maior. Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: «Se alguém quiser ser o primeiro,
seja o último de todos, aquele que serve a todos!». Em seguida, pegou uma
criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: «Quem acolher em meu
nome uma destas crianças, estará acolhendo a mim mesmo. E quem me acolher,
estará acolhendo, não a mim, mas Àquele que me enviou».
«O Filho do Homem vai ser
entregue »
Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt,
Girona, Espanha)
Hoje, o Evangelho traz-nos dois
ensinamentos de Jesus que estão estreitamente ligados um ao outro. Por um lado,
o Senhor ensina que «o matarão e ao terceiro dia ressuscitará» (Mc 9,31). É a
vontade do Pai para Ele: por isso veio ao mundo; assim nos vai libertar da
escravidão do pecado e da morte eterna; desta forma Jesus nos fará filhos de
Deus. A entrega do Senhor até ao extremo de dar a sua vida por nós, mostra a
infinidade do Amor de Deus: um Amor sem medida, um Amor que não se importa de
se baixar até a loucura e ao escândalo da Cruz.
Parece aterrador ouvir a reação
dos Apóstolos, ainda demasiado ocupados em se contemplarem a si próprios e
esquecendo-se de aprenderem com o Mestre: «Não entendiam o que dizia» (Mc
9,32), pois pelo caminho iam discutindo qual deles seria o maior e, se por
acaso lhes tocasse, não se atreviam a fazer-lhe nenhuma pergunta.
Com delicada paciência, Jesus
acrescenta: devemos tornar-nos último e servidor de todos. Devemos acolher o
simples e o pequeno, pois o Senhor quis identificar-se com eles. Devemos
acolher a Jesus na nossa vida, pois assim abrimos as portas ao próprio Deus. É
como um programa de vida para ir caminhando.
Assim o explica com toda clareza
o Santo Cura de Ars, João Baptista, Mª Vianney: «Cada vez que podemos renunciar
à nossa vontade para fazer a dos outros, sempre que esta não esteja contra a
lei de Deus, conseguimos méritos que apenas Deus conhece». Jesus ensina-nos com
as suas palavras, mas, sobretudo com as suas obras. Aqueles Apóstolos, num princípio
duros em aprender, depois da Cruz e da Ressurreição, seguirão as impressões do
seu Senhor e do seu Deus. E, acompanhados por Maria Santíssima, se tornarão
cada vez menores para que Jesus cresça neles e no mundo.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Bendito sejas tu, meu Senhor
Jesus Cristo, que com teu sangue precioso e tua morte sagrada redimiste as
almas e, por tua misericórdia, as levaste do exilio à vida eterna» (Santa
Brígida)
«O ascenso a Deus se produz
precisamente no descenso do serviço humilde, no descenso do amor» (Bento XVI)
«Não é fácil, ao homem ferido
pelo pecado, manter o equilíbrio moral. O dom da salvação, que nos veio por
Cristo, dá-nos a graça necessária para perseverar na busca das virtudes. Cada
qual deve pedir constantemente esta graça de luz e de forca, recorrer aos
sacramentos, cooperar como o Espírito Santo e seguir os seus apelos a amar o
bem e acautelar-se do mal» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1811)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz o
segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro
anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a
palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um
Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com
um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto
Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o
maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se autopromover
às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de autopromoção
aparece nas nossas comunidades.
* Tanto na época de Jesus como
na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje,
a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi
profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem
sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à
invasão da ideologia do império romano. E hoje?
* Marcos 9,30-32: O anúncio da
Cruz. Jesus caminha através da Galileia,
mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos
discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que,
conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue
e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização
da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu
ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o
escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem
esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!
* Marcos 9,33-34: A
mentalidade de competição. Chegando
em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles
não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho
discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém
logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da
ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que
caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena
comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a
incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só
pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!
* Marcos 9,35-37: Servir, em
vez de mandar. A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que
ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de
todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um
servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar,
mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que
mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em
seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em
subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas
Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a
mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se
identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o
próprio Deus!
* Não é pelo fato de uma
pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos
discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15)
levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o
mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia
parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento
entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do
relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre
uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem
com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de
três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua
formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de
como Jesus formava seus discípulos.
Para um confronto pessoal
1) Jesus quer descer e
servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais
profundo do meu “eu” desconhecido?
2) Seguir Jesus e estar
com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se
torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?
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