São
José de Cupertino, presbítero
1ª
Leitura (1Cor 12,31—13,13): Irmãos: Aspirai com ardor aos dons
espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que
ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos. se não
tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine. Ainda
que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não
tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e
entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me
aproveita. A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é
altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não
se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas
alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência
desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos,
de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é
imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia
como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era
infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos
face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita; depois, conhecerei como sou
conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade;
mas a maior de todas é a caridade.
Salmo
Responsorial: 32
R. Feliz o povo que o Senhor
escolheu para sua herança.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa. Cantai-Lhe um cântico novo, cantai-Lhe com
arte e com alma.
A palavra do Senhor é reta, da
fidelidade nascem as suas obras. Ele ama a justiça e a retidão: a terra está
cheia da bondade do Senhor.
Feliz a nação que tem o Senhor
por seu Deus, o povo que Ele escolheu para sua herança. Desça sobre nós a vossa
bondade, porque em Vós esperamos, Senhor.
Aleluia. As vossas palavras,
Senhor, são espírito e vida: Vós tendes palavras de vida eterna. Aleluia.
Evangelho
(Lc 7,31-35): Naquele tempo, disse Jesus: «Com quem, então, vou comparar
as pessoas desta geração? Com quem são parecidas? São parecidas com crianças
sentadas nas praças, que gritam umas para as outras: Tocamos flauta para vós e
não dançastes! Entoamos cantos de luto e não chorastes!. Veio João Batista, que
não come, nem bebe vinho, e dizeis: Tem um demônio!. Veio o Filho do Homem, que
come e bebe, e dizeis: É um comilão e beberrão, amigo de publicanos e de
pecadores!. Ora, a sabedoria é reconhecida graças a todos os seus filhos».
«Com quem, então, vou comparar
as pessoas desta geração?»
Rev. D. Xavier SERRA i Permanyer (Sabadell,
Barcelona, Espanha)
Hoje, Jesus constata a dureza de
coração das pessoas de seu tempo, especialmente os fariseus, tão seguros de si
mesmos que não há quem os converta. Não se calam nem diante de João Batista,
«que não comia pão, nem bebia vinho» (Lc 7,33), e o acusavam de possuir um
demônio; tampouco se calam diante do Filho do homem, «que come e bebe»,
acusando-o de comilão e bêbedo e, «amigo de publicanos e pecadores» (Lc 7,34).
Atrás dessas acusações se escondem seu orgulho e arrogância: ninguém lhes vai
dar lições; não aceitam a Deus, senão que fazem seu próprio Deus, um Deus que
não os mova de suas comodidades, privilégios e interesses.
Nós também temos esse perigo.
Quantas vezes criticamos tudo: se a Igreja diz isso, porque diz isso, se diz o
contrário... E até mesmo, poderíamos criticar nos referindo a Deus ou aos
outros. No fundo, talvez inconscientemente, queremos justificar nossa preguiça
e falta de desejo de uma verdadeira conversão, justificar nossa comodidade e
falta de docilidade. Disse São Bernardo: «Há algo mais lógico que não ver as
próprias chagas, especialmente se as tapou com a finalidade de não poder
vê-las? Disso resulta que, ainda que outro as ache, defenda com teimosia que
não são chagas, deixando que seu coração se abandone a palavras falsas».
Deixemos que a Palavra de Deus
chegue ao nosso coração e nos converta, nos mude, nos transforme com sua força.
Mas para isso, peçamos o dom da humildade. Somente o humilde pode aceitar a
Deus; e permitir que se aproxime de nós, que como publicanos e pecadores
necessitamos que nos cure. Ai daquele que creia que não necessita do médico! O
pior para um doente é acreditar-se sadio, porque o mal avançará e nunca será
medicado. Todos estamos doentes de morte, e somente Cristo pode nos salvar,
sejamos ou não conscientes disso. Demos graças ao Salvador, acolhendo-o como
tal!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
« Não todos podem perceber a
sabedoria em toda sua perfeição. A todos, não obstante, se lhes infunde,
segundo sua capacidade, o espírito de sabedoria, com tal que tenham fé. Se
acreditar, posse o espírito de sabedoria» (Santo Ambrósio)
«Fara bem nos perguntar_ como
quero ser salvado? Da minha forma? Ou do modo divino, ou seja, na via de
Jesus?» (Francisco)
«(...) A fé e a prática do
Evangelho conferem a cada qual uma experiencia da vida “em Cristo” que o
ilumina e o torna capaz de avaliar as realidades divinas e humanas, segundo o
Espírito de Deus. Assim, o Espírito Santo pode servir-Se dos mais humildes para
iluminar os sábios e os mais elevados em dignidade» (Catecismo da Igreja
Católica, n° 2038)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje
veremos como a novidade da Boa Nova foi avançando de tal modo que as pessoas
agarradas às formas antigas da fé ficavam perdidas sem entenderem mais nada da
ação de Deus. Para esconder sua falta de abertura e de compreensão elas se defendiam
e buscavam pretextos infantis para justificar sua atitude de não aceitação.
Jesus reage com uma parábola para denunciar a incoerência dos seus adversários
"Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!"
* Lucas 7,31: Com que vou
comparar vocês? Jesus estranha a reação do povo e diz: "Com quem eu
vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles?” Quando uma coisa é evidente e as pessoas, ou
por ignorância ou por má vontade, não o percebem nem querem perceber, é bom
encontrar uma comparação evidente que lhes revele a incoerência e a má vontade.
E Jesus é mestre em encontrar comparações que falam por si.
* Lucas 7,32: Com crianças sem
juiz. A comparação que Jesus encontrou é esta. Vocês se parecem com
“crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: Tocamos
flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram”. No
mundo inteiro crianças mimadas têm a mesma reação. Reclamam quando os outros
não fazem e agem como elas querem. O motivo da queixa de Jesus é a maneira
arbitrária como, no passado, reagiram diante de João Batista e, agora no
presente, diante do próprio Jesus.
* Lucas
7,33-34: A opinião deles sobre João e Jesus. “Pois veio João Batista, que
não comia nem bebia, e vocês disseram: 'Ele tem um demônio!' Veio o Filho do
Homem, que come e bebe, e vocês dizem: Ele é um comilão e beberrão, amigo dos
cobradores de impostos e dos pecadores!”
Jesus foi discípulo de João Batista, acreditava nele e se fez batizar
por ele. Foi por ocasião do batismo no Jordão, que ele teve a revelação do Pai
a respeito da sua missão como Messias Servo (Mc 1,10). Ao mesmo tempo, Jesus
ressalta a diferença entre ele mesmo e João. João era mais severo, mais
ascético, não comia nem bebia. Ficava no deserto e ameaçava o povo com os
castigos do Juízo final (Lc 3,7-9). Por isso diziam que ele tinha um demônio,
era possesso. Jesus era mais acolhedor, comia e bebia como todo mundo. Andava
pelos povoados e entrava nas casas do povo, acolhia cobradores de impostos e
prostitutas. Por isso diziam que era comilão e beberrão. Apesar de generalizar
ao falar dos “homens desta geração” (Lc 7,31), provavelmente, Jesus tem em
mente a opinião das autoridades religiosas que não acreditavam em Jesus (Mc
11,29-33).
* Lucas 7,35: A conclusão
óbvia a que Jesus chega. E Jesus termina tirando a conclusão: “Mas a
sabedoria foi justificada por todos os seus filhos” A falta de seriedade e de
coerência aparece claramente na opinião que emitem sobre Jesus e João. A má
vontade é tão evidente que não precisa de prova. Isto faz lembrar a resposta de
Jó aos amigos que pretendiam ser sábios: “Oxalá vocês ficassem calados! Seria o
melhor ato de sabedoria!” (Jó 13,5).
Para um confronto pessoal
1) Quando emito opinião
sobre os outros sou como os fariseus e escribas que opinavam sobre João e
Jesus? Eles apenas expressavam seus próprios preconceitos e nada informavam
sobre as pessoas que por eles eram julgados.
2) Você conhece grupos na
igreja de hoje que mereceriam a parábola de Jesus?
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