Bto.
João Soreth Presbítero de nossa Ordem e fundador das Ordens II e III
Btas.
Mª Pilar de S. Francisco de Borja, Teresa do Menino Jesus e Mª de S. José, Virgens
e Mártires de nossa Ordem.
Bta.
Mª das Mercês do Sagrado Coração Prat, Religiosa da Companhia de Santa Teresa, Virgem
e mártir
1ª
Leitura (Jer 1,1.4-10): Palavras de Jeremias, filho de Helcias, um dos
sacerdotes de Anatot, no território de Benjamim: O Senhor dirigiu-me a palavra,
dizendo: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que
saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as
nações». Então eu disse: «Ah, Senhor Deus, mas eu não sei falar, porque sou uma
criança». O Senhor respondeu-me: «Não digas: ‘Sou uma criança’, porque irás ao
encontro daqueles a quem Eu te enviar e dirás tudo quanto Eu te mandar dizer.
Não tenhas receio diante deles, porque Eu estou contigo, para te salvar – diz o
Senhor». Depois o Senhor estendeu a mão, tocou-me na boca e disse-me: «Eu ponho
as minhas palavras na tua boca. Hoje dou-te poder sobre os povos e os reinos,
para arrancar e destruir, para arruinar e demolir, para construir e plantar».
Salmo
Responsorial: 70
R. A minha boca proclamará a
vossa salvação.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido. Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me, prestai
ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação. Vós sois a minha defesa e o meu refúgio: meu
Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha
esperança, a minha confiança desde a juventude. Desde o nascimento Vós me
sustentais, desde o seio materno sois o meu protetor.
A minha boca proclamará a vossa
justiça, dia após dia a vossa infinita salvação. Desde a juventude Vós me
ensinais e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
Aleluia. A semente é a palavra
de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontrar permanecerá para sempre.
Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,1-9): Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar.
Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e
sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes
muitas coisas em parábolas, dizendo: «O semeador saiu para semear. Enquanto
semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as
comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra.
Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram
queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos,
que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram
frutos: umas cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça».
«O semeador saiu para semear»
P. Júlio César RAMOS González SDB
(Mendoza, Argentina)
Hoje, Jesus – pela mão de Mateus
– introduz-nos nos mistérios do Reino através desta forma tão característica de
nos apresentar a sua dinâmica, por meio de Parábolas.
A semente é a palavra proclamada,
e o semeador é Ele mesmo. Ele não procura semear no melhor dos terrenos para
garantir a melhor das colheitas. Ele veio para que todos «tenham vida, e a
tenham em abundância» (Jo 10,10). Por isso, é que não se poupa a espalhar
mãos-cheias generosas de sementes, seja «à beira do caminho (Mt 13,4), seja no
«terreno cheio de pedras» (v. 5), ou «no meio dos espinhos» (v. 7), e
finalmente «em terra boa» (v.8).
Assim, as sementes espalhadas por
mãos generosas produzem a percentagem de rendimento que as possibilidades
“toponímicas” lhes permitem. O Concílio Vaticano II diz: «A palavra do Senhor é
comparada à semente lançada ao campo: os que a ouvem com fé e pertencem ao
pequeno rebanho de Cristo, acolheram o reino de Deus; e então a semente germina
por virtude própria e cresce até ao tempo da ceifa» (Lumen gentium, n. 5).
«Os que a ouvem com fé», diz-nos
o Concílio. Estamos habituados a ouvi-la, talvez a lê-la e talvez a meditá-la.
Conforme a profundidade de escuta na fé, assim será a possibilidade de produzir
frutos. Embora estes venham, de certa forma, garantidos pela potência vital da
Palavra-semente, não é menor a responsabilidade que nos cabe na escuta atenta
dessa Palavra. Por isso, «Quem tem ouvidos, ouça» (Mt 13,9).
Pede hoje ao Senhor o desejo do
profeta: «Bastava descobrir as tuas palavras e eu já as devorava, as tuas
palavras para mim são prazer e alegria do coração, pois a ti sou consagrado,
Senhor, Deus dos exércitos» (Jr 15,16).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O semeador divino joga também
agora a sua semente: convida-nos a difundir a mensagem divina, com a doutrina e
com o exemplo» (São Josemaria)
«O Senhor joga com abundância e
gratuitamente a semente da Palavra de Deus. O semeador não desanima porque sabe
que parte desta semente está destinada a cair em ‘terra boa’, isto é, em
corações ardentes capazes de acolher a Palavra com disponibilidade, para o bem
de muitos» (Bento XVI)
«As parábolas são, para o homem,
uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou
como terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino
neste mundo estão secretamente no coração das parábolas (...)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 546)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No capítulo 13 do Evangelho
de Mateus começa o terceiro grande discurso, o Sermão das Parábolas. Como
já dissemos anteriormente no comentário do evangelho do dia 9 de julho, Mateus
organizou o seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus ou como um novo
“Pentateuco” com seus cinco livros. Por isso, o seu evangelho traz cinco grande
discursos ou ensinamentos de Jesus, seguidos por partes narrativas, nas quais
se descreve como Jesus praticava o que tinha ensinado nos discursos. Eis o
esquema:
Introdução:
nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
1. Sermão da Montanha:
a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa
Mt 8 e 9
2. Sermão da Missão:
como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa
Mt 11 e 12
3. Sermão das Parábolas: o
mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa
Mt 14 a 17
4. Sermão da
Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa 19 a 23
5. Sermão da vinda
futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão: paixão, morte e
ressurreição (Mt 26 a 28).
* No evangelho de hoje vamos meditar sobre a
parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio
de comparações e parábolas. Geralmente, quando terminava de contar uma
parábola, ele não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir
ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). De vez em quando, ele explicava para os discípulos
(Mt 13,36). As parábolas falam das coisas da vida: semente, lâmpada, grão de
mostarda, sal, etc. São coisas que existem na vida de todos, tanto do povo
daquele tempo como de hoje. Deste modo, a experiência que hoje nós temos destas
coisas da vida tornam-se para nós um meio para descobrir a presença do mistério
de Deus em nossas vidas. Falar em Parábolas é revelar o mistério do Reino
presente na vida.
* Mateus 13,1-3: Sentado num barco, Jesus
ensina o povo. Como no Sermão da Montanha (Mt 5,1-2), também aqui Mateus
faz uma breve introdução ao Sermão das Parábolas, descrevendo o jeito de Jesus
ensinar o povo na praia, sentado no barco, e muita gente ao redor para escutar.
Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha frequentado a escola
superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um
desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades
religiosas, começou a ensinar o povo. O povo gostava de ouvi-lo. Jesus ensinava
sobretudo através de parábolas. Já vimos várias: do pescador de homens (Mt
4,19), do sal (Mt 5,13), da lâmpada (Mt 5,15), das aves do céu e dos lírios do
campo (Mt 6,26.28), da casa construída na rocha (Mt 7,24). Mas agora, no
capítulo 13, as parábolas começam a ter um significado especial: servem para
revelar o mistério do Reino de Deus presente no meio do povo e na atividade de
Jesus.
* Mateus 13,4-8: A parábola da semente retrata
a vida do camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O
terreno tinha muitas pedras. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso,
muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas
plantas (Mt 12,1). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor
semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.
A parábola do semeador descreve o que todos sabiam e faziam: a semente jogada
pelo agricultor vai caindo. Uma parte cai à beira do caminho; outra parte, nas
pedras ou entre os espinhos; outra parte em terra boa, onde, de acordo com a
qualidade do terreno, vai produzindo trinta, sessenta e até cem. Uma parábola é
uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar
as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. O povo da Galileia
entendia de semente, de terreno, chuva, sol, e colheita. Ora, eram exatamente
estas coisas conhecidas do povo que Jesus usou na parábola para explicar o
mistério do Reino.
* Mateus 13,9: Quem tem ouvidos ouça. A
expressão “Quem tem ouvidos ouça” significa: “É isso! Vocês ouviram. Agora
tratem de entender!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a
busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a
pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da
semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem
pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas
entrega a fonte. O agricultor que escutou a parábola, diz: “Semente no terreno,
eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que
seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe
com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida. Certa vez, alguém
perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o
sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para
o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser
sal é difícil e exigente. A parábola funcionou!
Para um confronto pessoal
1. Como foi o ensino do
catecismo que você recebeu quando criança? Foi de comparações tiradas da vida?
Você lembra de alguma comparação importante que a catequista contou? E hoje,
como é a catequese na sua comunidade?
2. Às vezes, somos
caminho; outras vezes, pedra; outras vezes, espinhos; outras vezes, é terra
boa. O que sou eu? Na nossa comunidade, o que somos? Quais os frutos que a
Palavra de Deus está produzindo na minha vida, na minha família e na nossa
comunidade: trinta, sessenta ou cem?
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