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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Quarta-feira da 16ª semana do Tempo Comum

Bto. João Soreth Presbítero de nossa Ordem e fundador das Ordens II e III
Btas. Mª Pilar de S. Francisco de Borja, Teresa do Menino Jesus e Mª de S. José, Virgens e Mártires de nossa Ordem.
Bta. Mª das Mercês do Sagrado Coração Prat, Religiosa da Companhia de Santa Teresa, Virgem e mártir
 
1ª Leitura (Jer 1,1.4-10):
Palavras de Jeremias, filho de Helcias, um dos sacerdotes de Anatot, no território de Benjamim: O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações». Então eu disse: «Ah, Senhor Deus, mas eu não sei falar, porque sou uma criança». O Senhor respondeu-me: «Não digas: ‘Sou uma criança’, porque irás ao encontro daqueles a quem Eu te enviar e dirás tudo quanto Eu te mandar dizer. Não tenhas receio diante deles, porque Eu estou contigo, para te salvar – diz o Senhor». Depois o Senhor estendeu a mão, tocou-me na boca e disse-me: «Eu ponho as minhas palavras na tua boca. Hoje dou-te poder sobre os povos e os reinos, para arrancar e destruir, para arruinar e demolir, para construir e plantar».
 
Salmo Responsorial: 70
R. A minha boca proclamará a vossa salvação.
 
Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido. Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me, prestai ouvidos e libertai-me.
 
Sede para mim um refúgio seguro, a fortaleza da minha salvação. Vós sois a minha defesa e o meu refúgio: meu Deus, salvai-me do pecador.
 
Sois Vós, Senhor, a minha esperança, a minha confiança desde a juventude. Desde o nascimento Vós me sustentais, desde o seio materno sois o meu protetor.
 
A minha boca proclamará a vossa justiça, dia após dia a vossa infinita salvação. Desde a juventude Vós me ensinais e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
 
Aleluia. A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontrar permanecerá para sempre. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 13,1-9): Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram frutos: umas cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça».
 
«O semeador saiu para semear»
 
P. Júlio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
 
Hoje, Jesus – pela mão de Mateus – introduz-nos nos mistérios do Reino através desta forma tão característica de nos apresentar a sua dinâmica, por meio de Parábolas.
 
A semente é a palavra proclamada, e o semeador é Ele mesmo. Ele não procura semear no melhor dos terrenos para garantir a melhor das colheitas. Ele veio para que todos «tenham vida, e a tenham em abundância» (Jo 10,10). Por isso, é que não se poupa a espalhar mãos-cheias generosas de sementes, seja «à beira do caminho (Mt 13,4), seja no «terreno cheio de pedras» (v. 5), ou «no meio dos espinhos» (v. 7), e finalmente «em terra boa» (v.8).
 
Assim, as sementes espalhadas por mãos generosas produzem a percentagem de rendimento que as possibilidades “toponímicas” lhes permitem. O Concílio Vaticano II diz: «A palavra do Senhor é comparada à semente lançada ao campo: os que a ouvem com fé e pertencem ao pequeno rebanho de Cristo, acolheram o reino de Deus; e então a semente germina por virtude própria e cresce até ao tempo da ceifa» (Lumen gentium, n. 5).
 
«Os que a ouvem com fé», diz-nos o Concílio. Estamos habituados a ouvi-la, talvez a lê-la e talvez a meditá-la. Conforme a profundidade de escuta na fé, assim será a possibilidade de produzir frutos. Embora estes venham, de certa forma, garantidos pela potência vital da Palavra-semente, não é menor a responsabilidade que nos cabe na escuta atenta dessa Palavra. Por isso, «Quem tem ouvidos, ouça» (Mt 13,9).
 
Pede hoje ao Senhor o desejo do profeta: «Bastava descobrir as tuas palavras e eu já as devorava, as tuas palavras para mim são prazer e alegria do coração, pois a ti sou consagrado, Senhor, Deus dos exércitos» (Jr 15,16).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O semeador divino joga também agora a sua semente: convida-nos a difundir a mensagem divina, com a doutrina e com o exemplo» (São Josemaria)
 
«O Senhor joga com abundância e gratuitamente a semente da Palavra de Deus. O semeador não desanima porque sabe que parte desta semente está destinada a cair em ‘terra boa’, isto é, em corações ardentes capazes de acolher a Palavra com disponibilidade, para o bem de muitos» (Bento XVI)
 
«As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 546)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* No capítulo 13 do Evangelho de Mateus começa o terceiro grande discurso, o Sermão das Parábolas.
Como já dissemos anteriormente no comentário do evangelho do dia 9 de julho, Mateus organizou o seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus ou como um novo “Pentateuco” com seus cinco livros. Por isso, o seu evangelho traz cinco grande discursos ou ensinamentos de Jesus, seguidos por partes narrativas, nas quais se descreve como Jesus praticava o que tinha ensinado nos discursos. Eis o esquema:
Introdução: nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
1. Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa Mt 8 e 9
2. Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa Mt 11 e 12
3. Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa Mt 14 a 17
4. Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa 19 a 23
5. Sermão da vinda futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão: paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).
 
* No evangelho de hoje vamos meditar sobre a parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio de comparações e parábolas. Geralmente, quando terminava de contar uma parábola, ele não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). De vez em quando, ele explicava para os discípulos (Mt 13,36). As parábolas falam das coisas da vida: semente, lâmpada, grão de mostarda, sal, etc. São coisas que existem na vida de todos, tanto do povo daquele tempo como de hoje. Deste modo, a experiência que hoje nós temos destas coisas da vida tornam-se para nós um meio para descobrir a presença do mistério de Deus em nossas vidas. Falar em Parábolas é revelar o mistério do Reino presente na vida.
 
* Mateus 13,1-3: Sentado num barco, Jesus ensina o povo. Como no Sermão da Montanha (Mt 5,1-2), também aqui Mateus faz uma breve introdução ao Sermão das Parábolas, descrevendo o jeito de Jesus ensinar o povo na praia, sentado no barco, e muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha frequentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades religiosas, começou a ensinar o povo. O povo gostava de ouvi-lo. Jesus ensinava sobretudo através de parábolas. Já vimos várias: do pescador de homens (Mt 4,19), do sal (Mt 5,13), da lâmpada (Mt 5,15), das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6,26.28), da casa construída na rocha (Mt 7,24). Mas agora, no capítulo 13, as parábolas começam a ter um significado especial: servem para revelar o mistério do Reino de Deus presente no meio do povo e na atividade de Jesus.
 
* Mateus 13,4-8: A parábola da semente retrata a vida do camponês.
Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muitas pedras. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mt 12,1). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza. A parábola do semeador descreve o que todos sabiam e faziam: a semente jogada pelo agricultor vai caindo. Uma parte cai à beira do caminho; outra parte, nas pedras ou entre os espinhos; outra parte em terra boa, onde, de acordo com a qualidade do terreno, vai produzindo trinta, sessenta e até cem. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. O povo da Galileia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, e colheita. Ora, eram exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usou na parábola para explicar o mistério do Reino.
 
* Mateus 13,9: Quem tem ouvidos ouça. A expressão “Quem tem ouvidos ouça” significa: “É isso! Vocês ouviram. Agora tratem de entender!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou a parábola, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou!
 
Para um confronto pessoal
1. Como foi o ensino do catecismo que você recebeu quando criança? Foi de comparações tiradas da vida? Você lembra de alguma comparação importante que a catequista contou? E hoje, como é a catequese na sua comunidade?
2. Às vezes, somos caminho; outras vezes, pedra; outras vezes, espinhos; outras vezes, é terra boa. O que sou eu? Na nossa comunidade, o que somos? Quais os frutos que a Palavra de Deus está produzindo na minha vida, na minha família e na nossa comunidade: trinta, sessenta ou cem?

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