S.
Raimundo de Peñafort, presbítero
Bta.
Lindalva Justo de Oliveira, virgem e mártir
1ª
Leitura (Is 60,1-6): Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou
a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e
a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te
ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora.
Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão
chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires
ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os
tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma
multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá,
trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.
Salmo
Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.
Ó Deus, concedei ao rei o poder
de julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele governará o vosso povo com
justiça e os vossos pobres com equidade.
Florescerá a justiça nos seus
dias e uma grande paz até ao fim dos tempos. Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.
Os reis de Társis e das ilhas
virão com presentes, os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão de servir.
Socorrerá o pobre que pede
auxílio e o miserável que não tem amparo. Terá compaixão dos fracos e dos
pobres e defenderá a vida dos oprimidos.
2ª
Leitura (Ef 3,2-3a.5-6): Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça
que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o
mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos
filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos
apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus,
pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por
meio do Evangelho.
Evangelho
(Mt 2,1-12): Depois que Jesus nasceu na cidade de Belém da Judéia, na
época do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém,
perguntando: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua
estrela no Oriente e viemos adorá-lo». Ao saber disso, o rei Herodes ficou
alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. Ele reuniu todos os sumos
sacerdotes e os escribas do povo, para perguntar-lhes onde o Cristo deveria
nascer. Responderam: «Em Belém da Judéia, pois assim escreveu o profeta: «E tu,
Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de
Judá, porque de ti sairá um príncipe que será o pastor do meu povo, Israel». Então
Herodes chamou, em segredo, os magos e procurou saber deles a data exata em que
a estrela tinha aparecido. Depois, enviou-os a Belém, dizendo: «Ide e procurai
obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me,
para que também eu vá adorá-lo». Depois que ouviram o rei, partiram. E a
estrela que tinham visto no Oriente ia à frente deles, até parar sobre o lugar
onde estava o menino. Ao observarem a estrela, os magos sentiram uma alegria
muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe
ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não
voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, passando por outro caminho.
Hoje, o profeta Isaías anima-nos:
«De pé! Deixa-te iluminar! Chegou a tua luz! A glória do SENHOR te ilumina» (Is
60,1). Essa luz que viu o profeta é a estrela que voem os Magos em Oriente,
junto com outros homens. Os Magos descobrem seu significado. Os demais a
contemplam como algo que admiram mas, que não lhes afeta. E, assim, não reagem.
Os Magos dão-se conta de que, com ela, Deus envia-lhes uma mensagem importante e
que vale a pena deixar a comodidade do seguro e se arriscar a uma viagem
incerta: a esperança de encontrar o Rei leva-os a seguir essa estrela, que
haviam anunciado os profetas e esperado o povo de Israel durante séculos.
Chegam a Jerusalém, a capital dos
judeus. Acham que aí saberão lhe dizer o lugar exato onde nasceu seu Rei.
Efetivamente, lhe responderam: «Em Belém da Judéia, porque assim está escrito
por meio do profeta» (Mt 2,5). A notícia da chegada dos Magos e sua pergunta
propaga-se por toda Jerusalém em pouco tempo: Jerusalém era na época uma
pequena cidade e, a presença dos Magos com seu séquito foi vista por todos os
habitantes, pois «Ao saber disso, o rei Herodes sobressaltou-se e, com ele toda
a cidade de Jerusalém» (Mt 2,3), diz o Evangelho.
Jesus Cristo cruza-se na vida de
muitas pessoas, a quem não interessa. Um pequeno esforço teria mudado suas
vidas, teriam encontrado o Rei do Gozo e da Paz. Isso requer a boa vontade de
procurar, de nos movimentar, de perguntar sem nos desanimar, como os Magos, de
sair de nossa poltronaria, de nossa rotina, de apreciar o imenso valor de
encontrar a Cristo. Se não o encontramos, não encontramos nada na vida, pois só
Ele é o Salvador: encontrar Jesus é encontrar o Caminho que nos leva a conhecer
a Verdade que nos dá a Vida. E, sem Ele, nada de nada vale a pena.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que todos os povos venham a se incorporar à família dos patriarcas (...). Que todas as nações, na pessoa dos três Magos, adorem ao Autor do universo» (São Leão Magno)
«O mistério do Natal se irradia
sobre a terra, se espalhando em círculos concêntricos: a Sagrada Família de
Nazaré, os pastores de Belém e, finalmente, os Magos, que constituem as
primícias dos povos pagãos» (Bento XVI)
«A epifania é a manifestação de
Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. Juntamente com
o batismo de Jesus no Jordão e com as bodas de Caná, ela celebra a adoração de
Jesus pelos “magos” vindos do Oriente (Mt 2,1). Nesses “magos”, representantes
das religiões pagãs de povos vizinhos, o Evangelho vê as primícias das nações
que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação (...)» (Catecismo da Igreja
Católica, n° 528)
* O episódio da adoração dos
magos, exclusivo de Mateus, é uma “narrativa da infância de Jesus” (1,18-2,23).
Mateus escreve para uma comunidade judeo-cristã, siro-palestiniana da Galileia,
apresentando-lhe Jesus, “o Cristo, o Filho de Deus vivo” (16,16), como o novo
Moisés (cf. Dt 18,18). Para isso, aplica a Jesus um midrash (“conto” religioso
que ilustra uma passagem bíblica) relativo ao nascimento de Moisés. Diz ele que
os adivinhos e astrólogos egípcios avisaram o Faraó que uma mulher hebreia
trazia no seio o libertador de Israel. Então o Faraó mandou matar os meninos
hebreus, afogando-os no Nilo (Ex 1,22-2,10: ExR 1,66d). Mas Moisés foi salvo
das águas, para mais tarde libertar Israel do Egito passando através das águas.
O mesmo acontece agora: Herodes quer matar Jesus, mas Ele é salvo da morte,
para mais tarde poder salvar a todos do poder da morte, passando por ela.
* v. 1. Mateus mostra que
Jesus nasce em Belém de Judá, a cidade de David (cf. vv. 5-6), no fim do
reinado de Herodes I (37-4 a.C.), por volta de 7/6 a.C. Os “magos” (Dn 1,20;
2,10.27; 4,4; 5,11), são, como no referido midrash, astrólogos, sábios
adivinhos, vindos “do Oriente”. Ou seja: gentios que exercem uma profissão
proibida pela Lei (cf. Lv 12,31; 20,6; Dt 18,14; Mq 3,7). Jesus vem para todos,
também para os pecadores (cf. 9,13).
* v. 2. Os magos “viram a
sua estrela no Oriente”. O verbo “ver” (gr. oraô) indica aqui uma visão
sobrenatural (cf. 3,16; 17,3; 28,8.17; Ex 3,3; Nm 24,16), não se referindo a
nenhum fenómeno astronómico (como, por exemplo, a tripla conjunção dos planetas
Júpiter e Saturno em 7 a.C. ou algo semelhante em 6 a.C.: cf. Mark Kidger, The
Star of Bethlehem. An Astronomer’s View. Princeton/NJ: Princeton University
Press, 20172; Michael Molnar, The Star of Bethlehem. The Legacy of the Magi.
New Brunswick: Rutgers University Press, 20132), mas é um “sinal” (12,38) que
lhes foi dado por Deus. Na Antiguidade, era costume associar o nascimento duma
pessoa ilustre ao aparecimento duma estrela. A “estrela” surge “no Oriente”
(gr. anatolê), palavra que significa também “nascer/subir”. É uma referência à
profecia de Balaão, vidente gentio (c. 1200 a.C.), que “viu” uma estrela “subir
de Jacob” (Nm 24,17). Esta estrela era, no princípio, David, mas depois passou
também a designar o Messias, chamado “Oriente” nos LXX, a tradução grega da
Bíblia (Jr 23,5; Zc 3,8; 6,12; cf. Lc 1,78). É o que acontece. Deus fala a cada
um na sua própria linguagem cultural: a José, em sonhos (vv. 13.19); aos
judeus, nas profecias (v. 6); aos magos, na “visão” duma estrela.
* Supondo que o
recém-nascido era filho do “rei Herodes”, os magos dirigem-se para Jerusalém, a
capital da Judeia, para se “prostrarem” diante dele como rei (Sl 72,11) e “o
adorarem” como Deus (Sl 86,9; Zc 14,16s; Is 66,23; Sr 50,17), como era habitual
nos povos da Antiguidade.
* v. 3. A notícia põe
Herodes e Jerusalém em sobressalto. Por quê? Porque Herodes não era judeu, nem
descendente de David, mas filho do idumeu Antipater e da nabateia Cipros. Era,
pois, um edomita judeu, a quem Roma dera o título de “rei” em 40 a.C. O Sumo
Sacerdote também não era legítimo, pois já desde 152 a.C. deixara de ser um
descendente de Sadoc, o Sumo-sacerdote do tempo de David (2Sm 15,24-29),
passando a ser um Sumo-sacerdote nomeado pelos governantes (1Mc 10,15-21).
Devendo o Messias restaurar a realeza davídica (destituída em 587 a.C.),
purificar o sacerdócio e instaurar o verdadeiro culto (Ml 3,3s; Zc 6,12s), os
usurpadores sentem-se ameaçados.
* v. 4. Herodes reúne (gr.
synagagô), então, os sumos sacerdotes e escribas para indagar “onde havia de
nascer o Cristo”. v. 5. Estes respondem, apelando às Escrituras: “Em Belém da
Judeia”, v. 6, como diz Mq 5,1, passagem que Mateus combina com 2Sm 5,2, para dizer
que Jesus, “filho de David” (1,8) é o Messias, o Rei-Pastor dado por Deus que
devia reinar sobre Judá e Israel (Ez 37,22-27), isto é, sobre todo o Povo de
Deus.
* v. 7. Herodes arquiteta
então uma investigação ardilosa, inquirindo junto dos magos acerca do tempo
exato em que lhes tinha aparecido a estrela, v. 8, e pedindo-lhes que fossem
até Belém (só a 10 km de Jerusalém) descobrir onde se achava “o Menino” e
depois o informassem, para ele ir também lá adorá-lo. De facto, pretende
matá-lo (v. 16). Ele fará Herodes Antipas, seu filho, que não se deslocará 16
km para ir de Tiberíades a Cafarnaum ver Jesus (cf. Lc 23,8). O termo “o
Menino” (9x neste capítulo) evoca Is 7,14ss; 9,5, designando Jesus como o
Messias.
* v. 9. Enquanto se
guiaram apenas pelo sinal da estrela, os magos não encontraram Jesus, mas
agora, iluminados pela Palavra de Deus, já sabem aonde ir e “partem” (Gn
22,6.19) para Belém. E eis que a estrela que tinham visto, reaparece e “avança
à sua frente” (26,32; 28,7; Ex 17,5; Js 3,11), levando-os a Jesus, mostrando
que é Ele quem rege os astros e não o oposto (Is 40,26; 47,13).
* v. 10. Ao vê-la,
enchem-se de “enorme alegria” (Is 39,2; Lc 2,10), certos de encontrar o Messias
(28,8; Lc 24,52).
* v. 11. Entrando “em
casa”, veem o Menino com Maria, sua Mãe. A “casa” simboliza a Igreja (9,28;
13,36; 17,25; At 2,2.46; Rm 16,5), e Maria, a comunidade cristã (12,46-50),
onde Jesus está presente no meio dos seus (18,20; 28,20). Ao vê-lo, os magos
reconhecem o Messias, não na figura de um rei poderoso, mas, pela fé, num bebé,
pobre, ignorado pelos seus. E vão mais longe do que os judeus (cf. 21,31): caem
por terra e prostram-se (cf. 4,9; 18,26; 2Cr 7,3; 29,30; Jt 6,18; Dn 3,5.15) em
adoração a Jesus, como Deus (v. 3). Abrem-se então à partilha e oferecem-lhe as
riquezas das suas terras, “ouro, incenso e mirra”: ouro, como a Rei (1Rs 10,2);
incenso, usado no culto, como a Deus (Ex 30,34; Lv 2,1s.15s); e mirra, usada no
culto (na sagração do Sumo-Sacerdote: Ex 30,23; Sl 45,9; Ct 3,6; Sr 24,15) e
nos funerais (Jo 19,39), anunciando assim veladamente a paixão e morte de Jesus
como Sumo-sacerdote. Cumprem-se deste modo as profecias que diziam que os
gentios adorariam a Deus e obedeceriam ao Messias, pondo ao seu serviço as suas
riquezas (cf. Is 49,23; 60,6.9; Jr 6,20; Sl 72,10-15; 86,9; 96,6; Ez 27,22; Zc
14,16).
* Uma tradição popular que
remonta ao séc. IV, viu nos magos três reis (Sl 72,10s; Is 60,3, tantos como os
presentes que são oferecidos), representantes das três grandes civilizações (e,
mais tarde, dos três continentes conhecidos), dando-lhes mesmo nomes que
indicam a missão que desempenham em nome de todos os gentios: Baltasar (“Deus
manifesta o Rei”: Babilónia/Ásia), Gaspar (“o que vai verificar”: Pérsia/
Europa) e Melchior (“o meu Rei é luz”: Arábia/África).
* v. 12. A retidão de
espírito e pureza de coração dos magos (cf. 5,8), que não suspeitam da malícia
de Herodes, permite que Deus os avise “num sonho” (1,20; Gn 20,3.6; 31,24; Nm
12,6) para não retornarem a Herodes. Pela fé em Jesus, os gentios entram no
Povo de Deus, que agora já não lhes fala por sinais, mas em sonhos, como aos
patriarcas. E regressam “por outro caminho”, pois o encontro com Jesus dá novo
rumo à vida.
* Mateus introduz aqui os grandes
temas da sua obra: o chamamento dos pecadores; o cumprimento das Escrituras em
Cristo; a universalidade da salvação pela fé em Cristo; o conhecimento de Deus,
único Senhor e Criador de tudo, que tudo rege com o seu poder. Apresenta também
as duas atitudes que irão ser tomadas em relação a Jesus: enquanto os grandes
deste mundo e o seu povo o rejeitam e procuram dar-lhe a morte, os gentios, os
afastados e pecadores, apesar das trevas em que vivem, vão ao seu encontro e
acolhem-no com fé, pondo ao seu serviço as riquezas e dons das suas culturas.
MEDITAÇÃO… (Que me diz Deus
nesta Palavra?)
1. Onde procuro Jesus, onde o encontro e como o reconheço?
2. O meu encontro com Ele mudou a minha vida? Levou-me à oração? Abriu-me à partilha?
3. Estou disposto a segui-lo no seu caminho?
R. Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.
Aleluia. Vimos a sua estrela
no Oriente e viemos adorar o Senhor. Aleluia.
«Quando entraram na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram»
Rev. D. Joaquim VILLANUEVA i Poll
(Barcelona, Espanha)
«Que todos os povos venham a se incorporar à família dos patriarcas (...). Que todas as nações, na pessoa dos três Magos, adorem ao Autor do universo» (São Leão Magno)
“Vimos a sua estrela no
Oriente e viemos adorá-lo”
Fr. Pedro Bravo, ocarm
1. Onde procuro Jesus, onde o encontro e como o reconheço?
2. O meu encontro com Ele mudou a minha vida? Levou-me à oração? Abriu-me à partilha?
3. Estou disposto a segui-lo no seu caminho?
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