Sta.
Isabel Rainha de Portugal, viúva
Beata
Maria Crocifissa Curcio, Virgem de nossa Ordem
Ven. D. Frei Vital Maria, bispo e mártir
1ª
Leitura (Gen 19,15-29): Naqueles dias, os Anjos que se tinham hospedado
em casa de Lot insistiram com ele, dizendo: «Levanta-te, toma a tua esposa e as
duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo de Sodoma». E, como
ele hesitasse, os homens tomaram-no pela mão, assim como à esposa e às duas
filhas, porque o Senhor queria poupá-los. Quando os levavam para fora da
cidade, um deles disse: «Foge, se queres salvar a vida. Não olhes para trás,
nem te demores em nenhum lugar da planície. Foge para os montes, para não
pereceres». Lot respondeu: «Isso não, meu Senhor, eu te peço. O teu servo
encontrou graça a teus olhos e mostraste-me uma grande misericórdia,
salvando-me a vida. Mas não posso fugir para os montes, sem que a desgraça caia
sobre mim e eu morra. Olha, perto daqui há uma pequena cidade, onde posso
refugiar-me e escapar do perigo. Como a cidade é pequena, ali salvarei a vida».
Ele respondeu: «Está bem. Concedo-te ainda esta graça: não destruirei a cidade
de que falas. Foge depressa para lá, porque nada posso fazer, enquanto não
tiveres lá chegado». – É por isso que se deu àquela cidade o nome de Soar –.
Começava o sol a aparecer sobre a terra, quando Lot entrou em Soar. Então o
Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo que vinham do alto dos
céus. Destruiu aquelas cidades e toda a planície, bem como todos os seus
habitantes e a vegetação da terra. Entretanto, a mulher de Lot olhou para trás
e transformou-se numa estátua de sal. Abraão levantou-se muito cedo e foi ao
local onde estivera na presença do Senhor. Olhou para Sodoma e Gomorra e para
toda a planície e viu o fumo que subia da terra, como fumo de uma fornalha. Foi
assim que, ao destruir as cidades da planície, Deus se recordou de Abraão e fez
que Lot escapasse à catástrofe, quando destruiu as cidades em que ele habitara.
Salmo
Responsorial: 25
R. Tenho sempre diante de mim
a vossa bondade.
Observai-me, Senhor, e ponde-me à
prova, purificai-me os rins e o coração. Tenho sempre diante de mim a vossa
bondade e deixo-me guiar pela vossa verdade.
Não permitais que a minha alma se
junte aos pecadores, nem a minha vida aos homens sanguinários. Suas mãos estão
cheias de crimes e a sua destra foi subornada.
Eu, porém, procedo com retidão:
salvai-me e tende piedade de mim. Os meus pés seguem por caminho reto: nas
assembleias bendirei o Senhor.
Aleluia. Eu confio no Senhor,
a minha alma espera na sua palavra. Aleluia.
Evangelho
(Mt 8,23-27): Então Jesus entrou no barco, e seus discípulos o seguiram.
Nisso, veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o barco ser coberto
pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Eles foram acordá-lo. «Senhor», diziam,
«salva-nos, estamos perecendo!» «Por que tanto medo, homens de pouca fé?»,
respondeu ele. Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma
grande calmaria. As pessoas ficaram admiradas e diziam: «Que homem é este, que
até os ventos e o mar lhe obedecem?».
«Então, levantando-se,
repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria»
Frei Lluc TORCAL Monje del
Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)
Hoje, terça-feira XIII do tempo
comum, a liturgia oferece-nos um dos fragmentos mais impressionantes da vida pública
do Senhor. A cena apresenta uma grande vivacidade, contrastando radicalmente a
atitude dos discípulos com a de Jesus. Podemos imaginar-nos a agitação que
reinou na barca quando «veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o
barco ser coberto pelas ondas» (Mt 8,24), mas a agitação não foi suficiente
para acordar Jesus que dormia. Tiveram que ser os discípulos quem, no seu
desespero, acordaram Jesus: «Senhor, salva-nos, estamos perecendo!» (Mt 8,25).
O Evangelista serve-se de todo
este dramatismo para nos revelar o autêntico ser de Jesus. A tempestade não
tinha perdido a sua fúria e os discípulos continuavam cheios de agitação quando
o Senhor, simples e tranquilamente, «levantando-se, repreendeu os ventos e o
mar, e fez-se uma grande calmaria» (Mt 8,26). Da Palavra repreendedora de Jesus
seguiu-se a calma, a calma que não estava apenas destinada a realizar-se nas águas
agitadas do céu e do mar: a Palavra de Jesus dirigia-se sobretudo a acalmar os
corações temerosos dos seus discípulos. «Por que tanto medo, homens de pouca
fé?» (Mt 8,26).
Os discípulos passaram da
perturbação e do medo à admiração própria daquele que acaba de assistir a
alguma coisa impensável até então. A surpresa, a admiração, a maravilha de uma
mudança drástica na situação em que viviam despertou neles uma pergunta
central: «Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?» (Mt 8,27).
Quem é aquele que pode acalmar as tempestades do céu e da terra e, ao mesmo
tempo, as dos corações dos homens? Apenas «quem dormindo como homem numa barca,
pode dar ordens aos ventos e ao mar, como Deus» (Nicetas de Remesiana).
Quando pensamos que a terra se
afunda, não esqueçamos que o nosso Salvador é o próprio Deus feito homem, o
qual se nos dá pela fé.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Levou aos seus discípulos
consigo no barco, para ensinar-lhes estas duas coisas: não se amedrontar com os
perigos, nem se esvanecer com honras» (São João Crisóstomo)
«Jesus não quer que sejamos
pessoas passivas; Ele quer que sejamos instrumentos ativos, responsáveis, mas
ao mesmo tempo cheios de esperança. Esta é a chave para enfrentar as
tempestades da vida» (Bento XVI)
«A confiança filial é posta à
prova quando temos a sensação de nem sempre ser atendidos. O Evangelho
convida-nos a interrogarmo-nos sobre a conformidade da nossa oração com o
desejo do Espírito» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.756)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Mateus escreve para as
comunidades de judeus convertidos dos anos setenta que se sentiam como um
barquinho perdido no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar
o porto desejado. Jesus parecia estar dormindo no barco, pois não aparecia para
elas nenhum poder divino para salvá-las da perseguição. Em vista desta situação
de angústia e desespero, Mateus recolheu vários episódios da vida de Jesus para
ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e
poderoso presença de Jesus vencedor que domina o mar (Mt 8,23-27), que vence e
expulsa o poder do mal (Mt 9,28-34) e que tem poder de perdoar os pecados (Mt
9,1-8). Com outras palavras, Mateus quer comunicar esperança e sugerir que não
há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da
tempestade acalmada do evangelho de hoje.
* Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no
barco. Mateus segue o evangelho de Marcos, mas o abrevia e o ajeita dentro
do novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado de muito trabalho.
Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,3-34), os discípulos levaram Jesus no
barco e, de tão cansado que estava, Jesus dormiu em cima de um travesseiro (Mc
4,38). O texto de Mateus é bem mais breve. Ele apenas diz que Jesus entrou no barco
e os discípulos o acompanhavam. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o
mestre.
* Mateus 8,24-25: A situação desesperadora:
“Estamos afundando!” O lago da Galileia é cercado de altas montanhas. Às
vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca
tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os
discípulos eram pescadores experimentados. Se eles achavam que iam afundar,
então a situação era perigosa mesmo! Mas Jesus nem sequer acorda, e continua
dormindo. Eles gritam: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!"
Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço. É também
expressão da confiança tranquila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude
de Jesus e dos discípulos é grande!
* Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que
vocês têm medo?” Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do
grito desesperado dos discípulos. Ele se dirige a eles e diz: “Por que vocês
têm medo? Homens de pouca fé!” Em seguida, ele se levanta, ameaça os ventos e o
mar, e tudo fica calmo. A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o
mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega na casa de um amigo
e o cachorro, preso na corrente, ao lado do dono, late muito contra você. Mas
você não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O
episódio da tempestade acalmada evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava
pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Jesus refaz o êxodo. Evoca ainda o
profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei
contigo!” (Is 43,2). Por fim, o episódio da tempestade acalmada evoca e realiza
a profecia anunciada no Salmo 107:
23 Desciam de navio
pelo mar, comerciando na imensidão das águas.
24 Eles viram as obras
de Javé, suas maravilhas em alto-mar.
25 Ele falou,
levantando um vento impetuoso, que elevou as ondas do mar.
26 Eles subiam até o
céu e baixavam até o abismo, a vida deles se agitava na desgraça.
27 Rodavam, balançando
como bêbados, e de nada adiantou a perícia deles.
28 Na sua aflição,
clamaram para Javé, e ele os libertou de suas angústias.
29 Ele transformou a
tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram.
30 Ficaram alegres com
a bonança, e ele os guiou ao porto desejado. (Sl 107,23-30)
* Mateus 8,27: O espanto dos discípulos: “Quem
é este homem?” Jesus perguntou: “Por que vocês têm medo?” Os discípulos não
sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este homem a quem até o
mar e o vento obedecem?” Apesar da longa convivência com Jesus, ainda não sabem
direito quem ele é. Jesus parece um estranho para eles! Quem é este homem?
* Quem é este homem? Quem é Jesus para nós,
para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do
Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer sempre melhor o significado
e o alcance da pessoa de Jesus para a nossa vida. É desta pergunta que nasceu a
cristologia. Ela nasceu, não de altas considerações teológicas, mas sim do
desejo dos primeiros cristãos de encontrar sempre novos nomes e títulos para
expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas os nomes, títulos e
atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias,
Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Noivo,
Filho de Deus, Filho do Deus altíssimo, Carpinteiro, Filho de Maria, Profeta,
Mestre, Filho de Davi, Rabboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho,
Pastor, Pão da vida, Ressurreição, Luz do mundo, Caminho, Verdade, Vida,
Videira, Rei dos judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem, é
uma tentativa para expressar o que Jesus significava para eles. Mas um nome,
por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito
menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum
esquema, em nenhum título. Ele é maior, ultrapassa tudo! Ele não pode ser
enquadrado. O amor capta, a cabeça, não! É a partir da experiência viva do amor
que os nomes, os títulos e as imagens recebem o seu pleno sentido. Afinal, quem
é Jesus para mim, para nós?
Para um confronto pessoal
1. Qual era o mar agitado
no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu o seu
evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas do
mar da vida já ameaçaram afogar você? O que te salvou?
2. Quem é Jesus para mim?
Qual o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?
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