sexta-feira, 10 de março de 2023

Mês de São José - Domingo III da Quaresma

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
- Com humildade e respeito aqui nos reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto, esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo castíssimo de Maria, vossa Mãe santíssima, a São José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a São José como o amastes na terra e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores, nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Padre Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto estes devotos exercícios que em vosso louvor alegremente começamos. Amém.

LECTIO DIVINA
1ª Leitura (Ex 17,3-7): Naqueles dias, o povo israelita, atormentado pela sede, começou a altercar com Moisés, dizendo: «Porque nos tiraste do Egipto? Para nos deixares morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos?». Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que hei de fazer a este povo? Pouco falta para me apedrejarem». O Senhor respondeu a Moisés: «Passa para a frente do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma na mão a vara com que fustigaste o Rio e põe-te a caminho. Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber». Moisés assim fez à vista dos anciãos de Israel. E chamou àquele lugar Massa e Meriba, por causa da altercação dos filhos de Israel e por terem tentado o Senhor, ao dizerem: «O Senhor está ou não no meio de nós?».

Salmo Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso salvador. Vamos à sua presença e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. Pois Ele é o nosso Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de erem visto as minhas obras».

2ª Leitura (Rom 5,1-2.5-8): Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Ora, a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.

Senhor, Vós sois o Salvador do mundo: dai-nos a água viva, para não termos sede.

Evangelho (Jo 4,5-42): Chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da propriedade que Jacó tinha dado a seu filho José. Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria buscar água. Jesus lhe disse: «Dá-me de beber!» Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar algo para comer. A samaritana disse a Jesus: «Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?» De fato, os judeus não se relacionam com os samaritanos. Jesus respondeu: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva». A mulher disse: «Senhor, não tens sequer um balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água viva? Serás maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual bebeu ele mesmo, como também seus filhos e seus animais?» Jesus respondeu: «Todo o que bebe desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna». A mulher disse então a Jesus: «Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água”. Ele lhe disse: “Vai chamar teu marido e volta aqui!» — «Eu não tenho marido», respondeu a mulher. Ao que Jesus retrucou: «Disseste bem que não tens marido. De fato, tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste a verdade». A mulher lhe disse: «Senhor, vejo que és um profeta! Os nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis que em Jerusalém está o lugar em que se deve adorar». Jesus lhe respondeu: «Mulher, acredita-me: vem a hora em que nem nesta montanha, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade». A mulher disse-lhe: «Eu sei que virá o Messias (isto é, o Cristo); quando ele vier, nos fará conhecer todas as coisas». Jesus lhe disse: «Sou eu, que estou falando contigo». Nisto chegaram os discípulos e ficaram admirados ao ver Jesus conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: «Que procuras?», nem: «Por que conversas com ela?». A mulher deixou a sua bilha e foi à cidade, dizendo às pessoas: «Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?» Saíram da cidade ao encontro de Jesus. Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: «Rabi, come!» Mas ele lhes disse: «Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis». Os discípulos comentavam entre si: “Será que alguém lhe trouxe alguma coisa para comer?» Jesus lhes disse: «O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra. Não dizeis vós: ‘Ainda quatro meses, e aí vem a colheita! ’? Pois eu vos digo: levantai os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita! Aquele que colhe já recebe o salário; ele ajunta fruto para a vida eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. Pois nisto está certo o provérbio ‘Um é o que semeia e outro é o que colhe’: eu vos enviei para colher o que não é fruto do vosso cansaço; outros se cansaram e vós entrastes no que lhes custou tanto cansaço». Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava: «Ele me disse tudo o que eu fiz». Os samaritanos foram a ele e pediram que permanecesse com eles; e ele permaneceu lá dois dias. Muitos outros ainda creram por causa da palavra dele, e até disseram à mulher: «Já não é por causa daquilo que contaste que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo».

«Dá-me de beber!»

P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)

Hoje, como naquele meio-dia em Samaria, Jesus aproxima-se da nossa vida, na metade de nosso caminho Quaresmal, pedindo-nos como à Samaritana: «Dá-me de beber!» (Jo 4,7) «Sua sede material —nos diz João Paulo II— é signo de uma realidade muito mais profunda: manifesta o ardente desejo de que, tanto a mulher com a que fala como os demais samaritanos, abram-se a fé ».

O Prefácio da celebração eucarística de hoje nos falará de que este diálogo termina com uma troca salvífica onde o Senhor, «(...) ao pedir água à Samaritana, já tinha infundido nela a graça da fé, e se quis estar sedento da fé daquela mulher, foi para acender nela o fogo do amor divino».

Esse desejo salvador de Jesus tornado “sede” é, hoje em dia também, “sede” de nossa fé, de nossa resposta de fé perante tantos convites quaresmais à conversão, à mudança, a nos reconciliar com Deus e os irmãos, a nos preparar o melhor possível para receber uma nova vida de ressuscitados na Páscoa que se nos aproxima.

«Sou eu, que estou falando contigo» (Jo 4,26): esta direta e manifesta confissão de Jesus sobre sua missão, coisa que não tinha feito com ninguém antes, mostra igualmente o amor de Deus que se faz mais procura do pecador e promessa de salvação que saciará abundantemente o desejo humano da Vida verdadeira. É assim que, mais para frente neste mesmo Evangelho, Jesus proclamará: «Se alguém tiver sede, venha a mim e beba, quem crê em mim, como diz a Escritura: ‘Do seu interior manarão rios de água viva’» (Jo 7,37b-38). Por isso, o teu compromisso é hoje sair de ti e dizer aos homens:« Vinde ver um homem que me disse tudo...» (Jo 4,29).

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Há uma razão no cansaço de Jesus. A força de Cristo te criou, a fraqueza de Cristo te regenerou. Com sua força nos criou, com sua fraqueza veio nos buscar» (Santo Agostinho)

«No encontro com a Samaritana, junto ao poço, surge o tema da “sede” de Cristo, que culmina no grito da cruz: ‘Tenho sede’ (Jo 19,28). Certamente essa sede, como o cansaço, tem uma base física. Mas Jesus tinha sede da fé de todos nós» (Bento XVI)

«‘Se conhecesses o dom de Deus!’ (Jo 4, 10). A maravilha da oração revela-se precisamente, à beira dos poços onde vamos buscar a nossa água: aí é que Cristo vem ao encontro de todo o ser humano; Ele antecipa-Se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido brota das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.560)

“Aquele que beber desta água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede”

Pe. Thomaz Hughes, SVD

O texto de hoje, quase um capítulo inteiro, é tirado do Quarto Evangelho, e, portanto, tem que ser interpretado levando em conta as características do Evangelho de João - entre eles, o uso de símbolos (pessoas, eventos, coisas e números) e de “mal-entendidos” para dar oportunidade para uma explicação mais profunda sobre a pessoa e missão de Jesus. O capítulo é tão denso, que é impossível fazer jus ao seu conteúdo numa curta reflexão.

O relato vem da Comunidade do Discípulo Amado, onde certamente havia muitos samaritanos, vistos como impuros pelo judaísmo oficial. Embora os Sinóticos desconheçam qualquer ministério de Jesus entre os samaritanos, a Samaria foi palco de um dos primeiros trabalhos missionários da Igreja primitiva (At 1,8; 8,1-25). Os samaritanos eram descendentes da mistura entre os Israelitas do Reino do Norte e os migrantes pagãos, que foram levados à Samaria pelos Assírios, depois da queda do Reino de Israel em 721 a.C. O segundo livro dos Reis conta que os Assírios deportaram uma grande parte da população de Israel e levaram para lá gente de cinco nações pagãs (2Rs 17,1-6.24-41). Essas pessoas trouxeram a sua religião original, mas também adotaram o javismo como culto “ao Deus da terra”, formando assim uma religião com fortes traços de sincretismo. Os samaritanos aceitaram somente os cinco livros da Lei, rejeitando os profetas e toda a ênfase sobre o Templo de Jerusalém. Isso causou muito conflito com os Judeus, e no século antes de Jesus o Sumo Sacerdote de Jerusalém destruiu duas vezes o seu Templo no Monte Gazirim. Esse contexto histórico é essencial para entender o diálogo de Jesus com a mulher sobre os seus “cinco maridos”. Eles simbolizam os cinco Deuses dos povos que colonizaram Samaria e “aquele que você tem agora que não é seu marido” é o javismo sincretista dos samaritanos, pois “marido” é um símbolo profético para indicar Javé na sua relação com a sua esposa, o povo de Israel.

O diálogo segue a técnica típica joanina do ‘mal-entendido” (diálogo com Nicodemos também). Falando da água, a mulher entende somente água natural; mas Jesus se refere à sua revelação divina e ao Espírito Santo, água viva que será dada a quem aceita Jesus. Pode-se entendê-lo também como símbolo da água do batismo, que confere o Espírito Santo, e que é “uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (v. 14).

No debate sobre o local de adoração de Deus, Jesus demonstra que no Novo Israel (a Igreja) a localidade não importa, porque o culto nascerá do Espírito de Verdade. Diante dessa nova revelação, outros debates casuísticos perdem o seu sentido! Uma lição para hoje, quando perdemos tempo discutindo inutilmente se se deve cultuar Deus na sábado ou no domingo, deste ou daquele jeito! Frequentemente partimos do que nos divide, muitas vezes coisas absolutamente secundárias, em lugar de olhar ao que no une.

A mulher samaritana, diante do encontro com Jesus, torna-se missionária do seu próprio povo. A evangelizada torna-se evangelizadora. Não é possível encontrar-nos com a Vida Nova em Jesus sem que nos tornemos missionários - não proselitistas, angariando adeptos para a nossa confissão religiosa, mas missionários, alastrando a mensagem do Reino de Deus entre nós, na construção de um mundo onde todos “tenham a vida e a vida plenamente” (Jo 10,10).

É importante não reduzir este texto a uma leitura moralizante - como se a mulher fosse da má fama, e agora se converteu para uma vida regular! É muito mais profundo. Quem faz a experiência de intimidade com Jesus, a encarnação do Deus da vida, necessariamente entre num processo de conversão, no seguimento do Mestre, e torna-se missionário da Boa Nova. Nunca cansemos nessa busca da água viva, pois só ela pode nos satisfazer. Peçamos com a mulher “Senhor, dá-nos essa água para que não tenha mais sede”.

O texto mostra bem como a proposta de Jesus para os seus seguidores é inclusiva - a mulher representa os que são excluídos, por motivo de pobreza, gênero, raça ou religião. Jesus não aceita a exclusão de quem quer que seja. Até os discípulos se chocaram quando encontraram Jesus dialogando com a mulher, pois as suas cabeças ainda trabalharam com os conceitos de “puro e impuro”, de “eles e nós”. Jesus veio para acabar com essas divisões, muitas vezes criadas em nome da religião e de Deus, com consequências desastrosas. O contato com a fonte de água viva nos impulsiona para a criação de comunidades alternativas, baseadas na vivência de solidariedade, paz e justiça, na dinâmica do Reino de Deus.

ORAÇÃO - Ó glorioso S. José, a bondade de vosso coração é sem limites e indizível, e neste mês que a piedade dos fiéis vos consagrou mais generosas do que nunca se abrem as vossas mãos benfazejas. Distribui entre nós, ó nosso amado Pai, os dons preciosíssimos da graça celestial da qual sois ecônomo e o tesoureiro; Deus vos criou para seu primeiro esmoler. Ah! que nem um só de vossos servos possa dizer que vos invocou em vão nestes dias. Que todos venham, que todos se apresentem ante vosso trono e invoquem vossa intercessão, a fim de viverem e morrerem santamente, a vosso exemplo nos braços de Jesus e no ósculo beatíssimo de Maria. Amém.

LADAINHA DE SÃO JOSÉ (atualizada)
Senhor tende piedade de nós.
Jesus Cristo tende piedade de nós.
Senhor tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, escutai-nos.
Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, ...
Deus Espírito Santo Paráclito, ...
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, ...
Santa Maria, rogai por nós.
São José,
Ilustre filho de Davi,
Luz dos Patriarcas,
Esposo da Mãe de Deus,
Guardião do Redentor,
Guarda da puríssima Virgem,
Provedor do Filho de Deus,
Zeloso defensor de Cristo,
Servo de Cristo,
Ministro da salvação,
Chefe da Sagrada Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José prudentíssimo,
José fortíssimo,
José obedientíssimo,
José fidelíssimo,
Espelho de paciência,
Amante da pobreza,
Modelo dos trabalhadores,
Honra da vida em família,
Guardião das virgens,
Sustentáculo das famílias,
Amparo nas dificuldades,
Socorro dos miseráveis,
Esperança dos enfermos,
Patrono dos exilados,
Consolo dos aflitos,
Defensor dos pobres,
Patrono dos moribundos,
Terror dos demônios,
Protetor da Santa Igreja,
Patrono da Ordem Carmelita,
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade nós.

V. - O Senhor o constituiu dono de sua casa.
R. - E fê-lo príncipe de todas as suas possessões.

ORAÇÃO: Deus, que por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito Santo. Amém.

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