Sto.
Antônio de Sant’Ana Galvão, presbítero
Bto. João Ângelo Porro, presbítero da OSM
1ª
Leitura (Ef 5,21-33): Irmãos: Sede submissos uns aos outros no temor de
Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a
cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o
Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se
devem submeter em tudo aos maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como
Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela. Ele quis santificá-la,
purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a Si
mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem ruga, nem coisa alguma
semelhante, mas santa e imaculada. Assim devem os maridos amar as suas
mulheres, como os seus corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.
Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta
cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo. Por
isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois numa
só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja.
Portanto, cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo e a mulher respeite o
marido.
R. Felizes os que esperam no Senhor.
Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos de oliveira ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida.
Aleluia. Bendito sejais, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho (Lc 13,18-21): Naquele tempo, Jesus dizia: A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? É como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu jardim: cresceu, tornou-se um arbusto, e os pássaros do céu foram fazer ninhos nos seus ramos. Jesus disse ainda: Com que mais poderei comparar o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até tudo ficar fermentado.
«A que é semelhante o Reino de
Deus»
+ Rev. D. Francisco Lucas MATEO
Seco (Pamplona, Navarra, Espanha)
Hoje, os textos da liturgia,
mediante duas parábolas, põem diante de nossos olhos uma das características
próprias do Reino de Deus: é algo que cresce lentamente - como um grão de
mostarda - mas que chega a ser grande ao ponto de oferecer refúgio às aves do
céu. Assim o manifestava Tertuliano: Somos de ontem e enchemos tudo! Com essa
parábola, Nosso Senhor exorta à paciência, à fortaleza e à esperança. Essas
virtudes são particularmente necessárias a aqueles que se dedicam à propagação
do Reino de Deus. É necessário saber esperar a que a semente plantada, com a
graça de Deus e com a cooperação humana, vá crescendo, aprofundando suas raízes
na boa terra y elevando-se pouco a pouco até converter-se em árvore. Faz falta,
em primeiro lugar, ter fé na virtualidade -fecundidade-contida na semente do
Reino de Deus. Essa semente é a Palavra; é também a Eucaristia, que se semeia
em nós mediante a comunhão. Nosso Senhor Jesus Cristo se comparou a si mesmo com: verdade, em verdade vos digo; se o grão de trigo, caído na terra, não
morrer, fica só; se morrer produz muito fruto;(Jo 12,24).
Parábolas que animam a paciência e a esperança; parábolas que se referem ao Reino de Deus e à Igreja, e que se aplicam também ao crescimento deste mesmo Reino em cada um de nós.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Confiança e fé viva guardam a alma, pois quem acredita e espera alcançará todas as coisas» (Santa Teresinha do Menino Jesus)
«A vitória do Senhor é certa, o seu amor fará crescer cada semente do bem presente na terra» (Francisco)
«(...) É justo e bom orar para que a vinda do Reino da justiça e da paz influencie a marcha da história; mas também é importante levedar pela oração a massa das humildes situações quotidianas (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.660)
Reflexão
· Depois de se ter manifestado como Senhor do
tempo, ao curar a mulher curvada em dia de sábado, Jesus manifesta-se como o
«hoje» da salvação que se realiza no amor. O reino de Deus está no meio de nós.
As duas parábolas do texto evangélico que escutamos hoje revelam-nos duas
características desse reino: a sua grande expansão e a sua força
transformadora.
· Entre as
várias narrativas parabólicas que Lucas coloca ao narrar a caminhada de Jesus
para Jerusalém, apenas estas duas se referem ao reino de Deus. Esse reino tem
uma grande expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos. Os modestos
começos do ministério de Jesus têm um grande desenvolvimento: a sua palavra que
ecoa no mundo inteiro e da qual todos recebem vida, é comparável à árvore
cósmica de Daniel (4,7a-9), cuja imagem é evocada no crescimento do arbusto de
mostarda (vv. 18s.).
· As parábolas sobre o Reino animam-nos à confiança e à paciência. À confiança, porque o Senhor nos revela que o reino de Deus cresce em nós. É semelhante a uma pequena semente, mas tem uma grande força, semelhante à de um pouco de fermento que faz levedar três medidas de farinha. O fermento não se vê, mas atua em segredo, tal como a semente está escondida na terra, mas está viva e pode dar origem a uma grande árvore.
· O Reino tem, pois, uma grande força dinâmica. Ora, esta força está em nós, porque Deus está em nós, atua em nós para transformar a nossa vida. Por enquanto não vemos o que faz: está escondido, é segredo, mas certamente faz grandes coisas.
· A única condição é misturar o fermento em todas as medidas de farinha, como faz a mulher ao amassar. Fora de comparações: devemos guardar em nós este fermento e misturá-lo na nossa vida na oração, na reflexão, na decisão firme; devemos amassar sempre em nós o bom trigo do Evangelho com a nossa vida, não separar a nossa vida da palavra do Senhor, confrontar-nos em todas as situações com as propostas de Jesus, com a sua presença em nós.
· O fermento é, também, o pão eucarístico que cada dia nos é oferecido. Recebendo o Corpo real de Cristo, podemos deixar-nos transformar em cada vez mais, e mais profundamente, no Corpo Místico de Cristo.
· Acolhendo em nós o Palavra e o Pão, podemos caminhar com confiança e paciência rumo à santidade e pôr-nos ao serviço do Senhor, «contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo» (Cst. 32), para que, «a comunidade humana, santificada pelo Espírito Santo, se torne uma oblação agradável a Deus (cf. Rm 15,16)» (Cst. 31). Assim seremos fermento, luz, sal, testemunhas da «presença de Cristo» entre os homens e do «Reino de Deus que vem» (Cst. 50) ou, «com a graça de Deus, pela nossa vida religiosa, dar um testemunho profético, empenhando-nos sem reserva, no advento da nova humanidade em Jesus Cristo» (Cst n. 39).
Para um confronto pessoal
1) Estou ciente de que o Reino de Deus está presente entre nós e que cresce misteriosamente e se espalha na história de cada homem, na igreja?
2) Percebi das duas parábolas que o Reino não pode ser vislumbrado por si se eu não tomar uma atitude de escuta humilde e silenciosa?
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