Salmo
Responsorial: 32
R. A bondade do Senhor encheu
a terra.
A palavra do Senhor é reta, da
fidelidade nascem as suas obras. Ele ama a justiça e a retidão: a terra está
cheia da bondade do Senhor.
Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem, para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas
almas e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor: Ele
é o nosso amparo e protetor. Venha sobre nós a vossa bondade, porque em Vós
esperamos, Senhor.
Aleluia. Este é o dia que o
Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. Aleluia.
Evangelho
(Jo 20,11-18): Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora,
chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. Ela
enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo
de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Os anjos perguntaram: «Mulher, por
que choras». Ela respondeu: «Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram».
Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não
sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Mulher, por que choras? Quem
procuras?». Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: «Senhor, se foste tu
que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo». Então, Jesus
falou: «Maria!». Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: «Rabboni!»( que quer
dizer: Mestre ). Jesus disse: «Não me segures, pois ainda não subi para junto
do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai,
meu Deus e vosso Deus». Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Eu
vi o Senhor», e contou o que ele lhe tinha dito.
«Maria Madalena foi anunciar
aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor’»
+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic,
Barcelona, Espanha)
No entanto, a boa notícia de
hoje, desta terça-feira, oitava de Páscoa, supera infinitamente toda bondade
ética e toda fé religiosa em um Jesus admirável, mas, em último término, morto;
e nos traslada ao âmbito da fé no Ressuscitado. Aquele Jesus que, em um
primeiro momento, deixando-a no nível da fé imperfeita, se dirige à Madalena
perguntando-lhe: «Mulher, por que você está chorando» (Jo 20,15) e à qual ela,
com olhos míopes, responde como corresponde a um hortelão que se interessa pelo
seu sentimento; aquele Jesus, agora, em um segundo momento, definitivo, a
interpelou com seu nome: «Maria!» e a comove até o ponto estremecê-la de ressurreição
e de vida, isto é, Dele mesmo, o Ressuscitado, o Vivente por sempre. Resultado?
Madalena crente e Madalena apóstolo: «Então Maria Madalena foi e anunciou aos
seus discípulos: eu vi o senhor» e contou o que Jesus tinha dito (Jo 20,18).
Hoje não deixa de ser frequente o
caso dos cristãos que não veem claro o mais além desta vida, assim, que duvidam
da ressurreição de Jesus. Estarei entre eles? De modo semelhante são numerosos
os cristãos que têm suficiente fé como para seguir-lhe privadamente, mas que temem
proclamar apostolicamente. Faço parte desse grupo? Se assim for, como Maria
Madalena, digamos-lhe: —Mestre! abracemo-nos aos seus pés e vamos encontrar os
nossos irmãos para dizer-lhes: —O Senhor ressuscitou e eu o vi.
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«Não é grande coisa acreditar que
Cristo morreu; pois isso também é acreditado pelos pagãos e judeus e todos os
ímpios: todos eles acreditam que ele morreu. A fé dos cristãos é a ressurreição
de Cristo» (Santo Agostinho)
«Na ressurreição de Jesus atingiu-se
uma nova possibilidade de ser-se humano, uma possibilidade que interessa a
todos e que abre um futuro, um novo tipo de futuro para a humanidade» (Bento
XVI)
«(…) O abalo provocado pela
paixão foi tão forte que os discípulos (pelo menos alguns) não acreditaram
imediatamente na notícia da ressurreição. Longe de nos apresentar uma
comunidade tomada de exaltação mística, os evangelhos apresentam-nos os
discípulos abatidos (de «rosto sombrio»: Lc 24, 17) e apavorados (559). Foi por
isso que não acreditaram nas santas mulheres, regressadas da sua visita ao
túmulo, e ‘as suas narrativas pareceram-lhes um desvario’ (Lc 24,11). (560).
Quando Jesus apareceu aos onze, na tarde do dia de Páscoa, ‘censurou-lhes a
falta de fé e a teimosia em não quererem acreditar naqueles que O tinham visto
ressuscitado’ (Mc 16,14)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 643)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O Capítulo 20 de João, além da aparição de
Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da
experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10);
(2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo
20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do
Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida
(Jo 20,30-3).
* Na maneira de descrever
a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que
ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são
também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em
direção a Deus e na vivência do Evangelho.
* João 20,11-13: Maria
Madalena chora, mas busca. Havia um
amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas
que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz.
Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no
lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa,
o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?"
Resposta: "Levaram meu Senhor e não sei onde o colocaram!" Maria
Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem
tinha convivido durante três anos.
* João 20,14-15: Maria Madalena
conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus,
mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela
vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus
pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está
procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou
buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás.
É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente
na frente dela.
* João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus.
Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a
mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde:
"Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A
primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso,
mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com
força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que
dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a
sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem"
(Jo 10,3.4.14).
* João 20,17-18: Maria
Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de
ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure,
porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria
Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele,
Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus
ficasse, de novo, perto de nós.
Para um confronto pessoal
1. Você já passou por uma
experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi
que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2. Qual a mudança que se
operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de
um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
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