Salmo
Responsorial: 104
R. Exulte o coração dos que
procuram o Senhor
Aclamai o nome do Senhor,
anunciai entre os povos as suas obras. Cantai-Lhe salmos e hinos, proclamai
todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu santo nome,
exulte o coração dos que procuram o Senhor. Considerai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.
Descendentes de Abraão, seu
servo, filhos de Jacob, seu eleito, O Senhor é o nosso Deus e as suas sentenças
são lei em toda a terra.
Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que estabeleceu com Abraão, o
juramento que fez a Isaac.
Aleluia. Este é o dia que o
Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. Aleluia.
Evangelho
(Lc 24,13-35): Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos
discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de
Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto
conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com
eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então
Jesus perguntou: «O que andais conversando pelo caminho?». Eles pararam, com o rosto
triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: «És tu o único peregrino em
Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?». Ele perguntou: «Que
foi?». Eles responderam: «O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um
profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os
sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à
morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel;
mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É
verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de
madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que
tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos
foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele,
porém, ninguém viu». Então ele lhes disse: «Como sois sem inteligência e lentos
para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo
sofresse tudo isso para entrar na sua glória?». E, começando por Moisés e
passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as
passagens que se referiam a ele. Quando chegaram perto do povoado para onde
iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: «Fica conosco,
pois já é tarde e a noite vem chegando!». Ele entrou para ficar com eles.
Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção,
partiu-o e deu a eles. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram.
Ele, porém, desapareceu da vista deles. Então um disse ao outro: «Não estava
ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as
Escrituras?». Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde
encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram:
«Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!». Então os dois contaram o
que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
«Não estava ardendo o nosso
coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
P. Luis PERALTA Hidalgo SDB (Lisboa,
Portugal)
Os discípulos carregados de
tristes pensamentos, não imaginavam que aquele desconhecido fosse precisamente
o seu Mestre, já ressuscitado. Mas sentiam «arder» o seu íntimo (cf. Lc 24,32),
quando Ele lhes falava, «explicando» as Escrituras. A luz da Palavra ia
dissipando a dureza do seu coração e «abria-lhes os olhos» (Lc 24, 31).
O ícone dos discípulos de Emaús
presta-se bem para nortear um longo caminho das nossas dúvidas, inquietações e
às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso
companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na
compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da
Palavra segue-se a luz que brota do «Pão da vida», pelo qual Cristo cumpre de
modo supremo a sua promessa de «estar conosco todos os dias até ao fim do
mundo» (Mt 28,20).
O Papa Emérito Bento XVI explica
que «o anúncio da Ressurreição do Senhor ilumina as zonas escuras do mundo em
que vivemos».
«Neste momento, seus olhos se
abriram, e eles o reconheceram»
Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer (Barcelona,
Espanha)
Caminhemos com a esperança que
nos dá o fato de saber que o Senhor nos ajuda a encontrar sentido a todos os
acontecimentos. Sobretudo, naqueles momentos em que, como os discípulos de
Emaús passemos por dificuldades, contrariedades, desânimos... Ante os diversos
acontecimentos, nos convém saber escutar sua Palavra, que nos levará a
interpretá-los à luz do projeto salvador de Deus. Mesmo que às vezes,
equivocadamente, possa nos parecer que não nos escuta, Ele nunca se esquece de
nós; Ele sempre nos fala. Só a nós pode faltar a boa disposição para escutar,
meditar e contemplar o que Ele quer nos dizer.
Nos variados âmbitos onde nos
movemos, frequentemente podemos encontrar pessoas que vivem como se Deus não
existisse, carentes de sentido. Convém dar-nos conta da responsabilidade que
temos de chegar a ser instrumentos aptos para que o Senhor possa, através de
nós, aproximar-se “abrir caminho” com os que nos rodeiam. Busquemos como
fazê-los conhecedores da condição de filhos de Deus e de que Jesus nos tem
amado tanto, que não só morreu e ressuscitou para nós, mas que quis ficar para
sempre na Eucaristia. Foi no momento de partir o pão quando aqueles discípulos
de Emaús reconheceram que era Jesus quem estava ao seu lado.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Pode parecer estranho que alguém
que conhece as nossas necessidades nos exorte a rezar. Nosso Deus e Senhor quer
que, através da oração, aumente nossa capacidade de desejar, para que sejamos
mais capazes de receber os dons que Ele nos prepara» (Santo Agostinho)
«Cremos em Deus que é Pai, que é
Filho, que é Espírito Santo. Cremos em Pessoas, e quando falamos com Deus
falamos com Pessoas: ou falo com o Pai, ou falo com o Filho, ou falo com o
Espírito Santo» (Francisco)
«‘O Espírito que habita em nós
ama-nos com ciúme’?» (Tg 4, 5). O nosso Deus é «ciumento» de nós e isso é sinal
da verdade do seu amor. Entremos no desejo do seu Espírito e seremos atendidos»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 2.737)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação
de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a
esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a
situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a
conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante,
isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de
enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este:
aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser
capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar
mais crítico.
* Lc 24,25-27: 2º Passo: usar
a Bíblia para iluminar a vida. Jesus
usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer
os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a
também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde
Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão
de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o
companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido.
Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar
neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas
anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a
ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro
delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de
esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na
caminhada. Como fazer isto hoje?
* Lc 24,28-32: 3º Passo:
partilhar na comunidade. A Bíblia,
ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos
e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar
juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles
renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não
é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus
próprios pés.
O terceiro passo é este: saber
criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde
possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a
Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus
(Jo 14,26; 16,13).
* Lc 24,33-35: O resultado:
Ressuscitar e voltar para Jerusalém.
Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas
as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a
esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está
um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz
ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de
fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência
crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão!
Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a
Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em
abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
Para um confronto pessoal
1. Os dois disseram: “Nós
esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a
dizer: “Eu esperava, mas...!”?
2. Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
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