S. Felipe de Jesus e seus companheiros mártires de Nagasaki
Salmo Responsorial: 137
R. Na presença dos
Anjos, eu Vos louvarei, Senhor.
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças, porque
ouvistes as palavras da minha boca. Na presença dos Anjos Vos hei de cantar e
Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.
Hei de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa. Quando Vos
invoquei, me respondestes, aumentastes a fortaleza da minha alma.
Todos os reis da terra Vos hão de louvar, Senhor, quando
ouvirem as palavras da vossa boca. Celebrarão os caminhos do Senhor, porque é
grande a glória do Senhor.
A vossa mão direita me salvará, o Senhor completará o que em
meu auxílio começou. Senhor, a vossa bondade é eterna, não abandoneis a obra
das vossas mãos.
2ª Leitura (1Cor 15,1-11): Recordo-vos, irmãos, o
Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual
sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a
fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em
seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior
parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago
e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como
o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado
Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo
que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho
trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós
acreditastes.
Aleluia. Vinde comigo, diz o Senhor, e farei de vós pescadores de
homens. Aleluia.
Evangelho (Lc 5,1-11): Certo dia, Jesus estava à beira do lago de Genesaré, e a multidão se comprimia a seu redor para ouvir a Palavra de Deus. Ele viu dois barcos à beira do lago; os pescadores tinham descido e lavavam as redes. Subiu num dos barcos, o de Simão, e pediu que se afastasse um pouco da terra. Sentado, desde o barco, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca». Simão respondeu: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes». Agindo assim, pegaram tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Fizeram sinal aos companheiros do outro barco, para que viessem ajudá-los. Eles vieram e encheram os dois barcos a ponto de quase afundarem. Vendo isso, Simão Pedro caiu de joelhos diante de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!». Ele e todos os que estavam com ele ficaram espantados com a quantidade de peixes que tinham pescado. O mesmo ocorreu a Tiago e João, filhos de Zebedeu e sócios de Simão. Jesus disse a Simão: «Não tenhas medo! De agora em diante serás pescador de homens!». Eles levaram os barcos para a margem, deixaram tudo e seguiram Jesus.
«Mestre pela tua palavra, lançarei as redes»
Rev. D. Blas RUIZ i
López (Ascó, Tarragona, Espanha)
E é então quando nos cai em cima, indiscutivelmente, a dura
realidade; nossas forças não são suficientes. Necessitamos alguma coisa mais: a
confiança na Palavra daquele que nos prometeu que nunca nos deixará só. «Simão
respondeu-lhe: Mestre! Trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por
causa de tua palavra, lançarei a rede.» (Lc 5,5). Esta resposta de Pedro
pode-se entender em relação com as palavras de Maria nas bodas de Canaã: «Fazei
o que Ele vós diga» (Jo 2,5). E é no cumprimento confiado da vontade do Senhor
quando nosso trabalho resulta proveitoso.
E tudo, a pesar de nossa limitação de pecadores: «Vendo
isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor,
porque sou um homem pecador» (Lc 5,8). São Irineu de Lyon descobre um aspecto
pedagógico no pecado: quem é consciente de sua natureza pecadora é capaz de
reconhecer sua condição de criatura, e este reconhecimento nos põe ante a
evidência de um Criador que nos supera.
Somente quem, como Pedro, soube aceitar sua limitação, está
em condições de aceitar que os frutos de seu trabalho apostólico não são seus,
e sim Daquele de quem se serviu como um instrumento. O Senhor chama aos
Apóstolos a serem pescadores de homens, mas o verdadeiro pescador é Ele: o bom
discípulo não é mais que a rede que recolhe a pesca, e esta rede somente é
efetiva se atua como fizeram os Apóstolos: E atracando as barcas à terra,
deixaram tudo e o seguiram (cf. Lc 5,11).
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«[É tarefa dos filhos de Deus] procurar que todos os homens
entrem satisfeitos nas redes divinas e se amem uns aos outros (...).
Acompanhemos a Cristo nesta divina pesca» (São Josemaria)
«Quem dá testemunho de Jesus sabe que na vida não se pode
acomodar no bem-estar mas tem que correr o risco de ir mar adentro» (Francisco)
«Perante a presença atraente e misteriosa de Deus, o homem
descobre a sua pequenez (...). Perante os sinais divinos realizados por Jesus.
Pedro exclama: «Afasta-Te de mim, Senhor, porque eu sou um pecador» (Lc 5, 8)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 208)
«Faz-te ao largo e lança as redes para a pesca».
«Afasta-te de mim».
Isto não quer dizer que Simão queira que Jesus fuja dele, apenas pretende
expressar o sentimento de humildade de quem se sente indigno de estar na
presença do Senhor; Pedro começa a dar conta da maneira singular como Deus está
presente em Jesus, por isso sente tão ao vivo a sua condição de pecador. Esta reação
tão natural e tão sobrenatural é semelhante à de Isaías, perante o divino –
tremendum et fascinans – da 1ª leitura.
«Serás pescador de
homens». O episódio tem um quê de paradigmático. Esta vai ser a missão da
Igreja (cf. Mt 28, 18-20) – «fazer-se ao largo e lançar as redes para a pesca»
(cf. v. 4) –, mas, como então, os discípulos, se trabalharem em nome próprio,
afadigam-se «sem apanhar nada» (v. 5a); se, porém, lançam as redes em nome do
Senhor – «já que o dizes» (v. 5b) –, então o resultado será deveras maravilhoso
(vv. 6-7).
«Faz-te ao largo e
lança as redes para a pesca». - A ordem dada por Jesus do barco de Pedro:
«Faz-te ao largo e lança as redes para a pesca», é uma ordem que dá também, a
cada um de nós. A esta ação pedida pelo Senhor, chamamos apostolado e dele
dependerá, em grande parte, a salvação de muitos irmãos.
Pedro, confiante no Senhor, realiza uma pesca
abundantíssima, maravilhosa. Para que sejamos instrumentos válidos nas mãos de
Deus, uma condição se impõe, que escutemos e sigamos, com generosidade, a
Palavra do Senhor. Poderá porventura essa Palavra não estar conforme os nossos
planos. Para Pedro, conhecedor da atividade piscatória, também parecia um
disparate pescar àquela hora do dia e depois de uma noite já o ter feito em
vão. Mas obedece, e a pesca torna-se maravilhosa e abundante. Como andamos
enganados quando resolvemos atuar baseados apenas nos nossos conhecimentos!
Importa, antes de tudo, obedecer à Palavra de Deus. Com ela todas as nossas
fragilidades serão superadas.
Isaías sente-se com lábios impuros e Paulo considera-se como
um aborto. Mas, com a graça de Deus, tornam-se protagonistas de pescas
abundantíssimas.
“Vamos lançar as redes para as águas mais profundas”
Padre Wagner Augusto
Portugal.
Todos os elementos estão presentes no Evangelho de hoje (cf.
Lc. 5,1-11): a terra, o mar, o céu aberto, a multidão, os indivíduos com seus
nomes, a pregação, o trabalho, o fracasso, a confiança, a abundância, a
presença do Senhor, a presença de um homem pecador, o medo, a admiração, o
tempo presente, o tempo futuro, a partilha do trabalho apostólico e a derrota
de Satanás. Jesus não só prega sobre as ondas, isto é, sentado com poder sobre
os demônios, mas faz a pesca milagrosa, mostrando poder também nas profundezas,
aonde apenas chegava a fantasia popular.
Lucas coloca Jesus escolhendo Pedro para a pregação. Neste
episódio Lucas relembra o doce convite de Jesus: “Vamos lançar as redes para as
águas mais profundas” (cf. Lc.5,5). O
que significa isso, lançar as redes para as águas mais profundas? Significa que
todos nós somos convidados a evangelizar, a evangelizar com renovado ardor
missionário em que todos os homens e mulheres devem deixar o seu comodismo e
dar testemunho do Senhor Ressuscitado.
Jesus pregou a multidão a PALAVRA DE DEUS. A Palavra é o
próprio Jesus. Jesus, por iniciativa própria, escolhe alguns para participarem
de sua missão. Ninguém é presbítero por vontade própria, mas por chamado e
mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim acontece com os religiosos, com as
religiosas, com os consagrados e com todos aqueles que se dedicam ao seguimento
de Jesus.
Jesus escolhe seus discípulos e os envia para serem
“pescadores de homens”. Os escolhidos para a missão eram pescadores. Porão sua
experiência humana a serviço de uma missão divina, como Jesus pusera sua
divindade a serviço de uma missão humana, na peregrinação neste vale de
lágrimas.
O que é ser pescadores de homens? Precisa de santidade?
Precisa de ciência? Isso, evidentemente, ajuda e vem com o tempo. Mas as
condições para ser pescadores de homens são duas:
1. Uma confiança
inabalável em Jesus. Uma confiança como aquela de Pedro, que exausto da
pesca, da falta de peixe, confiou em Jesus e a barca transbordou de pesca
depois da confiança no Redentor. Confiança que todos nós devemos ter sempre e
em todas as circunstâncias, é uma qualidade do apóstolo do Senhor.
2. A segunda condição
vem do reconhecimento da divindade de Cristo. Quando Pedro se ajoelha e
reconhece a sua pequenez, a sua nulidade, o seu estado de pecador você adere e
se abre para a graça santificante de Deus. O discípulo de Jesus não pode ser
orgulhoso, ao contrário, deve ser humilde, generoso e amigo. Irmão no meio dos
irmãos a serviço da comunidade de fiéis. O apóstolo tem que ter consciência de que
a seara não lhe pertence, mas que nela é um trabalhador vocacionado, um
servidor. Essa humildade de reconhecer-se, apesar da inteligência, do jeito e
da experiência, mero cooperador de Deus, é também condição fundamental para o
verdadeiro apostolado. O apóstolo é um prolongamento de Jesus. A palavra
pertence a Jesus, mesmo quando pronunciada pelo apóstolo. As mãos eram de
Pedro, as redes eram de Pedro, a barca era de Pedro, o trabalho foi de Pedro,
mas o milagre foi e é de Jesus. Junto a isso temos que ter na vida de
comunidade e de trabalho apostólico a edificação da comunidade, do trabalho
coletivo, do trabalho em benefício da comunidade.
Devemos tomar consciência de que nosso caminho é feito no
barco de Jesus, ou, às vezes, embarcamos em outros projetos onde Jesus não está
e fazemos deles o objetivo da nossa vida.
Por isso somos instados a deixar que Jesus viaje conosco.
Por isso ao longo da viagem, devemos ser sensíveis às palavras e propostas de
Jesus. Com segurança da fé as suas indicações são para nós sinais obrigatórios
a seguir, quando reconhecemos que Jesus é “o Senhor” que preside à nossa
história e a nossa vida, em que o centro do qual constituímos nossa existência
está no Senhor. Chamados a ser “pescadores de homens”, temos por missão
combater o mal, a injustiça, o egoísmo, a miséria, tudo o que impede os homens
nossos irmãos de viver com dignidade e de ser felizes.
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