sábado, 8 de janeiro de 2022

Segunda-feira da 1ª semana do Tempo Comum

 São Gonçalo de Amarante, Presbítero

1ª Leitura (1Sam 1,1-8): Havia um homem natural de Ramá, um sufita dos montes de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Suf de Efraim. Tinha duas mulheres, uma chamada Ana e outra chamada Fenena. Fenena tinha filhos; Ana, porém, não os tinha. Esse homem costumava subir todos os anos da sua cidade até Silo, para adorar o Senhor do Universo e oferecer-Lhe sacrifícios. Aí se encontravam os dois filhos de Heli, Hofni e Fineias, sacerdotes do Senhor. Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, costumava dar porções da vítima a sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas. Embora amasse muito Ana, dava-lhe apenas uma porção, porque o Senhor a tinha feito estéril. A sua rival irritava-a com humilhações, porque o Senhor a tinha deixado estéril. Assim acontecia todos os anos e, sempre que subiam à casa do Senhor, Fenena ofendia Ana. Ana chorava e não comia. Então Elcana, seu marido, disse-lhe: «Ana, porque choras? Porque não comes? Porque estás tão triste? Não sou melhor para ti do que dez filhos?».

Salmo Responsorial: 115

R. Oferecer-Vos-ei, Senhor, um sacrifício de louvor.

Como agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu? Elevarei o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor.

Cumprirei as minhas promessas ao Senhor na presença de todo o povo. É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus fiéis.

Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva: quebrastes as minhas cadeias. Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor, o vosso nome.

Cumprirei as minhas promessas ao Senhor na presença de todo o povo, nos átrios da casa do Senhor, dentro dos teus muros, Jerusalém.

Aleluia. Está próximo o reino de Deus; arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.

Evangelho (Mc 1,14-20): Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: «Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova». Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e o irmão deste, André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Então disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». E eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo um pouco adiante, viu também Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão, João, consertando as redes no barco. Imediatamente, Jesus os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, puseram-se a seguir Jesus».

«Convertei-vos e crede na Boa Nova»

Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho nos convida à conversão. «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho» (Mc 1,15). Converter-se, a que? Melhor seria dizer, a quem? A Cristo! Assim o expressou: «Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim» (Mt 10,37).

Converter-se significa acolher agradecidos o dom da fé e fazê-lo operativo pela caridade. Converter-se quer dizer reconhecer a Cristo como único senhor e rei de nossos corações, dos que pode dispor. Converter-se implica descobrir Cristo em todos os acontecimentos da história humana, também da nossa pessoal, consciente de que Ele é a origem, o centro e o fim de toda história, e que por Ele tudo foi redimido e Nele alcança sua plenitude. Converter-se supõe viver de esperança, porque Ele venceu o pecado, o maligno e a morte, e a Eucaristia é a garantia.

Converter-se comporta amar a Nosso Senhor por acima de tudo aqui na terra, com todo nosso coração, com toda nossa alma e com todas nossas forças. Converter-se pressupõe entregar-lhe nosso entendimento e nossa vontade, de tal maneira que nosso comportamento faça realidade o lema episcopal do Santo Papa, João Paulo II, Totus tuus, quer dizer, Todo teu, Deus meu; e todo é: tempo, qualidades, bens, ilusões, projetos, saúde, família, trabalho, descanso, tudo. Converter-se requer, então, amar a vontade de Deus em Cristo acima de tudo e gozar, agradecidos, de tudo o que acontece de parte de Deus, inclusive contradições, humilhações, doenças, e descobri-las como tesouros que nos permitem manifestar mais plenamente nosso amor a Deus: si Você o quer assim, eu também o quero!

Converter-se pede, assim, como os apóstolos Simão, André, Jaime e João, deixar «imediatamente as redes» e ir-se com Ele (cf. Mc 1,18), uma vez ouvida a sua voz. Converter-se é que Cristo seja tudo em nós.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Do mesmo jeito que os pecados com sua fetidez ocultam o valor da salvação, ao chorá-los transformam-se em ouro valioso» (São Gregório Magno)

«Preparar o caminho, preparar também a nossa vida, é próprio de Deus, do amor de Deus por cada um de nós. Ele não nos faz cristãos por geração espontânea. Ele prepara nosso caminho, prepara nossa vida, por muito tempo» (Francisco)

«[À Confissão] chama-se sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão (cf. Mc 1,15), o caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado. Chama-se sacramento da Penitência, porque consagra o esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1423).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?

* Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:

1. Esgotou-se o prazo!  Para os outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.

2. O Reino de Deus chegou!  Para os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.

3. Convertei-vos!  O sentido exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.

4. Acreditem nesta Boa Notícia!  Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!

* O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!

Para um confronto pessoal

1)   Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?        

2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?

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