São Gonçalo de Amarante, Presbítero
Salmo Responsorial: 115
R. Oferecer-Vos-ei,
Senhor, um sacrifício de louvor.
Como agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu? Elevarei
o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor na presença de todo
o povo. É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva: quebrastes as
minhas cadeias. Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor, o
vosso nome.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor na presença de todo
o povo, nos átrios da casa do Senhor, dentro dos teus muros, Jerusalém.
Aleluia. Está próximo o reino de Deus; arrependei-vos e acreditai no
Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,14-20): Depois que João foi preso,
Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: «Completou-se o
tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova».
Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e o irmão deste, André,
lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Então disse-lhes: «Segui-me, e
eu farei de vós pescadores de homens». E eles, imediatamente, deixaram as redes
e o seguiram. Prosseguindo um pouco adiante, viu também Tiago, filho de
Zebedeu, e seu irmão, João, consertando as redes no barco. Imediatamente, Jesus
os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados,
puseram-se a seguir Jesus».
«Convertei-vos e crede na Boa Nova»
Rev. D. Joan COSTA i
Bou (Barcelona, Espanha)
Converter-se significa acolher agradecidos o dom da fé e
fazê-lo operativo pela caridade. Converter-se quer dizer reconhecer a Cristo
como único senhor e rei de nossos corações, dos que pode dispor. Converter-se
implica descobrir Cristo em todos os acontecimentos da história humana, também
da nossa pessoal, consciente de que Ele é a origem, o centro e o fim de toda
história, e que por Ele tudo foi redimido e Nele alcança sua plenitude.
Converter-se supõe viver de esperança, porque Ele venceu o pecado, o maligno e
a morte, e a Eucaristia é a garantia.
Converter-se comporta amar a Nosso Senhor por acima de tudo
aqui na terra, com todo nosso coração, com toda nossa alma e com todas nossas
forças. Converter-se pressupõe entregar-lhe nosso entendimento e nossa vontade,
de tal maneira que nosso comportamento faça realidade o lema episcopal do Santo
Papa, João Paulo II, Totus tuus, quer dizer, Todo teu, Deus meu; e todo é:
tempo, qualidades, bens, ilusões, projetos, saúde, família, trabalho, descanso,
tudo. Converter-se requer, então, amar a vontade de Deus em Cristo acima de
tudo e gozar, agradecidos, de tudo o que acontece de parte de Deus, inclusive
contradições, humilhações, doenças, e descobri-las como tesouros que nos permitem
manifestar mais plenamente nosso amor a Deus: si Você o quer assim, eu também o
quero!
Converter-se pede, assim, como os apóstolos Simão, André,
Jaime e João, deixar «imediatamente as redes» e ir-se com Ele (cf. Mc 1,18),
uma vez ouvida a sua voz. Converter-se é que Cristo seja tudo em nós.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Do mesmo jeito que os pecados com sua fetidez ocultam o
valor da salvação, ao chorá-los transformam-se em ouro valioso» (São Gregório
Magno)
«Preparar o caminho, preparar também a nossa vida, é próprio
de Deus, do amor de Deus por cada um de nós. Ele não nos faz cristãos por
geração espontânea. Ele prepara nosso caminho, prepara nossa vida, por muito
tempo» (Francisco)
«[À Confissão] chama-se sacramento da Conversão, pois
realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão (cf. Mc 1,15), o
caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado. Chama-se
sacramento da Penitência, porque consagra o esforço pessoal e eclesial de
conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador» (Catecismo da
Igreja Católica, n° 1423).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus proclamava a
Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas
também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa
Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso
coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus
entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem
quatro aspectos:
1. Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda
não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os
fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei
fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já
se esgotou.
2. O Reino de Deus chegou! Para os
fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que
eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já
estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”,
ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que
já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e
eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele
lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no
meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente
do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
3. Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de
pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa
terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida
e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do
ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e
lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.
4. Acreditem nesta Boa Notícia! Não era
fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente
de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de
fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você
só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá
aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de
confiança!”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo
do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os
primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e
seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista!
Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com
Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já
conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver
com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele
vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de
repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça
sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus,
desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22).
Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira
vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança
radical na nossa vida!
Para um confronto
pessoal
1) Um fato político, a prisão de João, levou
Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da
polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos!
Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?
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