São Raimundo de Peñafort, presbítero
Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos,
Senhor, todos os povos da terra.
Deus, concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao
filho do rei. Ele governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com
equidade.
Ele os libertará da opressão e da violência e o sangue deles
será precioso a seus olhos; por ele hão de rezar sempre e todos os dias o
bendirão.
O seu nome será eternamente bendito e durará tanto como a
luz do sol; nele serão abençoadas todas as nações, todos os povos da terra o
hão de bendizer.
Aleluia. O Senhor enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova, a
proclamar aos cativos a redenção. Aleluia.
Evangelho (Lc 4,14-22): Jesus voltou para a Galileia,
com a força do Espírito, e sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava
nas sinagogas deles, e todos o elogiavam. Foi então a Nazaré, onde se tinha
criado. Conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se
para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro,
encontrou o lugar onde está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois
ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me
para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista;
para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do
Senhor». Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos
de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: “Hoje
se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos
testemunhavam a favor dele, maravilhados com as palavras cheias de graça que
saíam de sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?».
«O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a
unção»
Rev. D. Jordi POU i
Sabater (Sant Jordi Desvalls, Girona, Espanha)
A vocação do homem é o amor, é vocação a se entregar,
procurando a felicidade do outro e, assim encontrar a própria felicidade. Como
diz São João da Cruz, «No crepúsculo da vida, seremos julgados no amor». Vale a
pena que nos perguntemos ao terminar cada jornada, cada dia, num breve exame de
consciência, com foi este amor e, pontualizar algum aspecto a melhorar para o
dia seguinte.
«O Espírito do Senhor está sobre mim» (Lc 4,18), dirá Jesus,
fazendo seu este texto messiânico. É o Espírito do Amor que assim como fez o do
Messias a «que consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres» (cf.
Lc 4,18), também “repousa” sobre nós e nos conduz até o amor perfeito: Como diz
o Concilio Vaticano II: «Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem,
são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade». O Espírito
Santo nos transformará como fez com os Apóstolos, para que possamos agir sob
sua moção, nos outorgando seus frutos e, assim levá-los a todos os corações: «O
fruto do Espírito, porém, é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,
bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio» (Gal 5,22-23).
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Nosso Salvador foi verdadeiramente homem, e Ele conseguiu a
salvação do homem inteiro. Porque de forma nenhuma nossa salvação é fictícia
nem afeta só o corpo, se não que a salvação de todo o homem foi realizada
naquele que é o Verbo» (Santo Atanásio)
«Tem muitos cristãos com uma esperança com demasiada água.
Para ser “cristãos vencedores” devemos crer confessando a fé, e custodiando a
fé, e encomendando-nos a Deus, ao Senhor. E esta é a vitória que venceu o
mundo: nossa fé» (Francisco)
«Cremos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido judeu de
uma filha de Israel, (..) é o Filho eterno de Deus feito homem; “vindo de Deus”
(Jo 13,3), “decido do céu” (Jo 3,13; 6,33), “veio na carne”, (1Jo 4,2) (...).
De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça” (Jo 1,14.16)» (Catecismo
da Igreja Católica, n°423)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus se
levantou para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres,
presos, cegos e oprimidos. O texto refletia a situação do povo da Galileia no
tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu
povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: anunciar a Boa Nova aos
pobres, proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos,
restituir a liberdade aos oprimidos. Retomando a antiga tradição dos profetas,
ele proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu.
Jesus quer reconstruir a comunidade, o clã, para que fosse novamente expressão
da sua fé em Deus! Pois, se Deus é Pai/Mãe, todos e todas devemos ser irmãos e
irmãs uns dos outros.
* No antigo
Israel, a grande família, o clã ou a comunidade, era a base da convivência
social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da
terra, o veículo principal da tradição e a defesa da identidade do povo. Era a
maneira concreta de se encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o
clã, a comunidade, era o mesmo que defender a Aliança com Deus. Na Galileia do
tempo de Jesus, um duplo cativeiro marcava a vida do povo e estava contribuindo
para a desintegração do clã, da comunidade: o cativeiro da política do governo
de Herodes Antipas (4 aC a 39 dC) e o cativeiro da religião oficial. Por causa
do sistema de exploração e de repressão da política de Herodes Antipas, apoiada
pelo Império Romano, muita gente ficava sobrando e sem lugar, excluída e sem
emprego (Lc 14,21; Mt 20,3.5-6). O clã, a comunidade, ficou enfraquecida. As
famílias e as pessoas ficaram sem ajuda, sem defesa. E a religião oficial,
mantida pelas autoridades religiosas da época, em vez de fortalecer a
comunidade, para que ela pudesse acolher os excluídos, reforçava ainda mais
esse cativeiro. A Lei de Deus era usada para legitimar a exclusão de muita
gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos,
publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos. Era o contrário da fraternidade
que Deus sonhou para todos! Assim, tanto a conjuntura política e econômica como
a ideologia religiosa, tudo conspirava para enfraquecer a comunidade local e
impedir, assim, a manifestação do Reino de Deus. O programa de Jesus, baseado
no profeta Isaías oferecia uma alternativa.
* Terminada a
leitura, Jesus atualizou o texto e o ligou com a vida do povo dizendo: “Hoje se
cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” A sua maneira de ligar a Bíblia
com a vida do povo, provocou uma dupla reação. Uns acreditaram e ficaram
admirados. Outros tiveram uma reação de descrédito. Ficaram escandalizados e já
não queriam saber dele. Diziam: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22) Por que
ficaram escandalizados? É que Jesus falou em acolher os pobres, os cegos, os
oprimidos. Mas eles não aceitaram a sua proposta. E assim, no momento em que apresentou
o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído!
Para um confronto
pessoal
1. Jesus ligou a
fé em Deus com a situação social do seu povo. E eu, como vivo a minha fé em
Deus?
2. No lugar onde
eu moro existem cegos, presos, oprimidos? O que faço?
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