Salmo Responsorial: 88
R. Com ele estará a
minha fidelidade e a minha graça.
Falastes outrora aos vossos fiéis e numa visão lhes
dissestes: «Impus uma coroa a um herói, exaltei um eleito de entre o meu povo.
Encontrei a David, meu servo, ungi-o com óleo santo. Estarei
sempre a seu lado e com a minha força o sustentarei.
A minha fidelidade e minha bondade estarão com ele, pelo meu
nome será firmado o seu poder. Estenderei a sua mão sobre o mar e a sua direita
sobre os rios».
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a
vida por meio do Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Mc 3,22-30): Os escribas vindos de
Jerusalém diziam que ele estava possuído por Beelzebu e expulsava os demônios
pelo poder do chefe dos demônios. Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas:
«Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino se divide internamente, ele
não consegue manter-se. Se uma família se divide internamente, ela não consegue
manter-se. Assim também, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, ele
não consegue manter-se, mas se acaba. Além disso, ninguém pode entrar na casa
de um homem forte para saquear seus bens, sem antes amarrá-lo; só depois poderá
saquear a sua casa. Em verdade, vos digo: tudo será perdoado às pessoas, tanto
os pecados como as blasfêmias que tiverem proferido. Aquele, porém, que
blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será réu de um ‘pecado
eterno’». Isso, porque diziam: «Ele tem um espírito impuro».
«Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será
perdoado»
Rev. D. Vicenç GUINOT i
Gómez (Sant Feliu de Llobregat, Espanha)
Com este panorama era caso para dar meia volta e dizer:
«Ficai aí!». Mas o Senhor sofre com paciência esse juízo temerário sobre a sua pessoa.
Como afirmou João Paulo II, Ele «é um testemunho insuperável de amor paciente
de humildade e mansidão». A sua condescendência sem limites leva-o, inclusive,
a tratar de remover os seus corações argumentando-lhes com parábolas e
considerações da razão. Até que, no final, adverte com a sua autoridade divina
que esse fechar de coração, que é rebeldia diante do Espírito Santo ficará sem
perdão (cf Mc 3,29). E não porque Deus não queira perdoar, mas porque para ser
perdoado, primeiro, cada um tem que reconhecer o seu pecado.
Como anunciou o Mestre, é longa a lista de discípulos que
sofreram a incompreensão, quando agiam com toda a boa intenção. Pensemos, por
exemplo, em Santa Teresa de Jesus quando tentava levar à mais alta perfeição as
suas irmãs.
Não estranhemos, por tanto, se no nosso caminhar aparecerem
essas contradições. Serão indício de que vamos no bom caminho. Rezemos por
essas pessoas e peçamos ao Senhor que nos dê resistência.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«O diabo é um maestro perverso que muitas vezes mistura o
que é falso com o que é verdadeiro para encobrir, com aparência de verdade, o
testemunho do engano» (S. Beda, Venerável)
«Tanto esta geração como muitas outras, foram levadas a
acreditar que o diabo era um mito, a ideia do mal. Mas, o diabo existe e nós
devemos combate-lo, mesmo que não estejamos completamente convencidos disso»
(Francisco)
«Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O
enviou. Convidam a crer n'Ele. (...) Assim, os milagres fortificam a fé
n'Aquele que faz as obras do seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus.
Mas também podem ser “ocasião de queda”. Eles não pretendem satisfazer a
curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão
evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo
poder dos demónios» (Catecismo da Igreja Católica, nº 548).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Conflito com as
autoridades. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que
expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles
tinham vindo de Jerusalém, a mais de 120 km de distância, para vigiar o
comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que
Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam que o ensino dele era contra a boa
doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.
* Primeira parte: a
comparação da família dividida. Jesus usa a comparação da família dividida
e do reino dividido para denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus
expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É
o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém
caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o
povo. Estavam com medo de perder a liderança.
* Segunda parte: a
comparação do homem forte. Jesus compara o demônio com um homem forte.
Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem
forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na
casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o
homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam
no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para
descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do
demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).
* Terceira parte: o
pecado contra o Espírito Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado
contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O
espírito que leva Jesus a expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem
fala assim torna-se incapaz de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos
pode enxergar? Não pode! Quem mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem
não fecha o guarda-chuva da calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O
perdão passaria de lado e não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar.
Deus quer perdoar sempre! Mas é o pecador que se recusa a receber o perdão!
Para um confronto
pessoal
1) As autoridades
religiosas se fecham e negam a evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar
contra a evidência dos fatos?
2) Calúnia é a
arma dos fracos. Você já teve experiência neste ponto?
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