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sábado, 22 de janeiro de 2022

24 de janeiro: São Francisco de Sales

1ª Leitura (2Sam 5,1-7.10): Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás o rei de Israel’». Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, em Hebron. O rei David concluiu uma aliança com eles, em Hebron, diante do Senhor, e eles ungiram David como rei de Israel. David tinha trinta anos quando começou a reinar e reinou durante quarenta anos. Em Hebron foi rei de Judá sete anos e seis meses e em Jerusalém foi rei de Israel e de Judá trinta e três anos. David marchou com os seus homens sobre Jerusalém, contra os jebuseus, que habitavam na região, e estes disseram-lhe: «Não entrarás aqui! Os coxos e os cegos te hão de repelir». Queriam dizer: «David não entrará aqui». Mas ele apoderou-se da fortaleza de Sião, que é a «Cidade de David». David tornava-se cada vez mais poderoso e o Senhor, Deus do Universo, estava com ele.

Salmo Responsorial: 88

R. Com ele estará a minha fidelidade e a minha graça.

Falastes outrora aos vossos fiéis e numa visão lhes dissestes: «Impus uma coroa a um herói, exaltei um eleito de entre o meu povo.

Encontrei a David, meu servo, ungi-o com óleo santo. Estarei sempre a seu lado e com a minha força o sustentarei.

A minha fidelidade e minha bondade estarão com ele, pelo meu nome será firmado o seu poder. Estenderei a sua mão sobre o mar e a sua direita sobre os rios».

Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. Aleluia.

Evangelho (Mc 3,22-30): Os escribas vindos de Jerusalém diziam que ele estava possuído por Beelzebu e expulsava os demônios pelo poder do chefe dos demônios. Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino se divide internamente, ele não consegue manter-se. Se uma família se divide internamente, ela não consegue manter-se. Assim também, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, ele não consegue manter-se, mas se acaba. Além disso, ninguém pode entrar na casa de um homem forte para saquear seus bens, sem antes amarrá-lo; só depois poderá saquear a sua casa. Em verdade, vos digo: tudo será perdoado às pessoas, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem proferido. Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será réu de um ‘pecado eterno’». Isso, porque diziam: «Ele tem um espírito impuro».

«Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado»

Rev. D. Vicenç GUINOT i Gómez (Sant Feliu de Llobregat, Espanha)

Hoje, ao ler o Evangelho do dia, você não deixa o seu espanto – “alucina”, como se diz na linguagem da rua —. «Os escribas vindos de Jerusalém» veem a compaixão de Jesus pelas pessoas e o seu poder que atua em favor dos oprimidos, e — apesar de tudo—dizem-lhe que «estava possuído por Beelzebu» e «expulsava os demônios pelo poder do chefe dos demônios» (Mc 3, 22). Realmente é uma surpresa ver até onde podem chegar a cegueira e a malícia humanas, neste caso de uns letrados. Têm diante da bondade em pessoa, Jesus, o humilde de coração, o único Inocente e não aprendem. Eles deviam ser os entendidos, os que conhecem as coisas de Deus para ajudar o povo, e afinal não só não o reconhecem como o acusam de diabólico.

Com este panorama era caso para dar meia volta e dizer: «Ficai aí!». Mas o Senhor sofre com paciência esse juízo temerário sobre a sua pessoa. Como afirmou João Paulo II, Ele «é um testemunho insuperável de amor paciente de humildade e mansidão». A sua condescendência sem limites leva-o, inclusive, a tratar de remover os seus corações argumentando-lhes com parábolas e considerações da razão. Até que, no final, adverte com a sua autoridade divina que esse fechar de coração, que é rebeldia diante do Espírito Santo ficará sem perdão (cf Mc 3,29). E não porque Deus não queira perdoar, mas porque para ser perdoado, primeiro, cada um tem que reconhecer o seu pecado.

Como anunciou o Mestre, é longa a lista de discípulos que sofreram a incompreensão, quando agiam com toda a boa intenção. Pensemos, por exemplo, em Santa Teresa de Jesus quando tentava levar à mais alta perfeição as suas irmãs.

Não estranhemos, por tanto, se no nosso caminhar aparecerem essas contradições. Serão indício de que vamos no bom caminho. Rezemos por essas pessoas e peçamos ao Senhor que nos dê resistência.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«O diabo é um maestro perverso que muitas vezes mistura o que é falso com o que é verdadeiro para encobrir, com aparência de verdade, o testemunho do engano» (S. Beda, Venerável)

«Tanto esta geração como muitas outras, foram levadas a acreditar que o diabo era um mito, a ideia do mal. Mas, o diabo existe e nós devemos combate-lo, mesmo que não estejamos completamente convencidos disso» (Francisco)

«Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou. Convidam a crer n'Ele. (...) Assim, os milagres fortificam a fé n'Aquele que faz as obras do seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Mas também podem ser “ocasião de queda”. Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demónios» (Catecismo da Igreja Católica, nº 548).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O conflito cresce. Existe uma sequência progressiva no evangelho de Marcos. Na medida em que a Boa Nova progride e é aceita pelo povo, nesta mesma medida cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a crescer e envolve vários grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus acham que ele ficou louco (Mc 3,20-21), e os escribas que tinham vindo de Jerusalém acham que ele é um possesso (Mc 3,22).

* Conflito com as autoridades. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, a mais de 120 km de distância, para vigiar o comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam que o ensino dele era contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.

* Primeira parte: a comparação da família dividida. Jesus usa a comparação da família dividida e do reino dividido para denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.

* Segunda parte: a comparação do homem forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).

* Terceira parte: o pecado contra o Espírito Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus a expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem fala assim torna-se incapaz de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos pode enxergar? Não pode! Quem mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem não fecha o guarda-chuva da calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar. Deus quer perdoar sempre! Mas é o pecador que se recusa a receber o perdão!

Para um confronto pessoal

1) As autoridades religiosas se fecham e negam a evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar contra a evidência dos fatos?

2) Calúnia é a arma dos fracos. Você já teve experiência neste ponto?

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