sábado, 11 de dezembro de 2021

Segunda-feira da 3ª semana do Advento

 Santa Luzia, virgem e mártir

1ª Leitura (Num 24,2-7.15-17a): Naqueles dias, o profeta Balaão, erguendo os olhos, viu o povo de Israel acampado por tribos. O Espírito de Deus desceu sobre ele e ele proferiu a sua profecia, dizendo: «Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem contempla as visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e seus olhos se abrem. Como são belas as tuas tendas, Jacob, e as tuas moradas, Israel! São como vales que se prolongam e jardins à beira dum rio, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto da corrente. A água transbordará de seus cântaros e a sua semente será abundantemente regada. O seu rei é maior do que Agag e a sua realeza será exaltada. Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem conhece a ciência do Altíssimo, de quem contempla as visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e seus olhos se abrem. Eu vejo, mas não é para agora; eu contemplo, mas não de perto: Surge uma estrela de Jacob, levanta-se um ceptro de Israel».

Salmo Responsorial: 24

R. Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas. Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência, por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recato, ensina o caminho aos pecadores. Orienta os humildes na justiça e dá-lhes a conhecer a sua aliança.

Aleluia. Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia e dai-nos a vossa salvação. Aleluia.

Evangelho (Mt 21,23-27): Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele, perguntando: «Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu essa autoridade?». Jesus respondeu-lhes: «Eu também vou fazer-vos uma só pergunta. Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João, do céu ou dos homens?». Eles ponderavam entre si: “Se respondermos: Do céu, ele nos dirá: Por que não acreditastes nele? Se respondermos: Dos homens, ficamos com medo do povo, pois todos têm João em conta de profeta». Então responderam-lhe: «Não sabemos». Ao que ele retrucou: «Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas».

«Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu essa autoridade?»

Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes de Freser, Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho nos convida a contemplar dois aspectos da personalidade de Jesus: astúcia e autoridade. Olhemos primeiro a astúcia: Ele conhece profundamente o coração do homem, conhece o interior de cada pessoa que chega perto dele. E, quando os sumos sacerdotes e os notáveis do povo se dirigem a Ele para perguntar-lhe, com malícia: «Com que autoridade fazes essas coisas?» (Mt 21,23), Jesus, que conhece a falsidade deles, lhes responde com outra pergunta: «De onde era o batismo de João, do céu ou dos homens?» (Mt 21,25). Eles não sabiam o que responder, pois se respondiam que era do céu, estariam se contradizendo eles mesmos por não terem acreditado e, se respondiam que era dos homens, estariam em conta do povo, que o via como profeta. Estão num beco sem saída. Astutamente, Jesus com uma simples pergunta há denunciado sua hipocrisia; lhes deu a verdade. E a verdade sempre incomoda, faz estremecer.

Também nós estamos chamados a ter a astúcia de Jesus, para fazer estremecer a mentira. Tantas vezes os filhos das trevas usam de toda a astúcia para conseguir mais dinheiro, mais poder e mais prestígio; enquanto que os filhos da luz parecem que temos a astúcia e a imaginação um pouco adormecidas. Do mesmo modo que um homem do mundo utiliza a imaginação ao serviço de seus interesses, os cristãos devemos usar nossos talentos ao serviço de Deus e do Evangelho. Por exemplo; quando nos encontramos ante uma pessoa que fala mal da Igreja (coisa que acontece com frequência), com que astúcia sabemos responder a uma crítica negativa? Ou em um ambiente de trabalho, com um colega que vive só para si mesmo e não enxerga mais ninguém, com que astúcia saberemos devolver bem por mal? Se o amamos, como Jesus, nossa presença lhe será muito “incômoda”.

Jesus exercia sua autoridade graças ao profundo conhecimento que tinha das pessoas e das situações. Também nós estamos chamados a ter essa autoridade. É um dom que nos vem do alto. Quanto mais pratiquemos colocar as coisas no seus lugares —as pequenas coisas de cada dia— melhor saberemos orientar às pessoas e as situações, graças às inspirações do Espírito Santo.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Os príncipes dos sacerdotes e escrevas temiam ao povo, à verdade: a prova da fugida é o temor do coração» (Santo Agostino)

«Jamais condenar! Se você tem vontade de condenar, se condena a si mesmo. Peço ao Senhor a graça de que nosso coração seja luminoso com a Verdade, grande com as pessoas, misericordioso» (Francisco)

«N'Ele, era a própria Palavra de Deus, que Se fizera ouvir no Sinai, para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia ouvir sobre a montanha das bem-aventuranças. Esta Palavra de Deus não aboliu a Lei, mas cumpriu-a, ao fornecer, de modo divino, a sua interpretação última (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n°581)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje descreve o conflito que Jesus teve com as autoridades religiosas da época depois que expulsou os vendedores do Templo. Os sacerdotes e anciãos do povo queriam saber com que autoridade Jesus fazia as coisas a ponto de entrar no Templo e expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). As autoridades se consideravam os donos de tudo e achavam que ninguém podia fazer nada sem a licença delas. Por isso, perseguiam a Jesus e procuravam matá-lo. Algo semelhante estava acontecendo nas comunidades cristãs dos anos setenta-oitenta, época em que foi escrito o evangelho de Mateus. Os que resistiam às autoridades do império eram perseguidos. Havia outros que, para não serem perseguidos, tentavam conciliar o projeto de Jesus com o projeto do império romano (cf. Gal 6,12). A descrição do conflito de Jesus com as autoridades do seu tempo era uma ajuda para os cristãos continuarem firmes nas perseguições e não se deixarem manipular pela ideologia do império. Também hoje, alguns que exercem o poder, tanto na sociedade como na igreja e na família, querem controlar tudo como se fossem eles os donos de todos os aspectos da vida do povo. Às vezes, chegam até a perseguir os que pensam diferente. Com estes pensamentos e problemas na cabeça, vamos ler e meditar o evangelho de hoje.

* Mateus 21,23: A pergunta das autoridades religiosas a Jesus. “Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram, e perguntaram: Com que autoridade fazes tais coisas? Quem foi que te deu essa autoridade?" Jesus circula, novamente, na enorme praça do Templo. Logo aparecem alguns sacerdotes e anciãos para interrogá-lo. Depois de tudo que Jesus já tinha feito, na véspera, eles querem saber com que autoridade ele faz as coisas. Eles não perguntam pela verdade nem pelo motivo que levou Jesus a expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). Perguntam apenas pela autoridade. Eles acham que Jesus deve prestar conta a eles. Pensam ter o direito de controlar tudo. Não querem perder o controle das coisas.

* Mateus 21,24-25ª: A pergunta de Jesus às autoridades. Jesus não se nega a responder, mas mostra a sua independência e liberdade e diz: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Se responderem, eu também direi a vocês com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?". Pergunta inteligente, simples como a pomba e esperta como a serpente! (cf. Mt 10,16). A pergunta vai revelar a falta de honestidade dos adversários. Para Jesus, o batismo de João era do céu, vinha de Deus. Ele mesmo tinha sido batizado por João (Mt 3,13-17). Os homens do poder, ao contrário, tinham tramado a morte de João (Mt 14,3-12). Mostraram, assim, que não aceitavam a mensagem de João e que consideravam o batismo dele como coisa dos homens e não de Deus.

* Mateus 21,25b-26: Raciocínio das autoridades. Os sacerdotes e os anciãos perceberam o alcance da pergunta e raciocinavam entre si da seguinte maneira: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: Então, por que vocês não acreditaram em João? Se respondemos que vinha dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como um profeta”. Por isso, para não se expor, responderam: “Não sabemos!” Resposta oportunista, fingida e interesseira. O único interesse deles era não perder a sua liderança junto do povo. Dentro deles mesmos, já tinham decidido tudo: Jesus devia ser condenado e morto (Mt 12,14).

* Mateus 21,27: Conclusão final de Jesus. E Jesus disse a eles: Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas". Por causa da sua total falta de honestidade, eles não merecem resposta de Jesus.

Para um confronto pessoal

1. Alguma vez, você já se sentiu controlado ou observado, indevidamente, pelas autoridades, em casa, no trabalho, na igreja? Qual foi a sua reação?

2. odos e todas temos alguma autoridade. Mesmo numa simples conversa entre duas pessoas, cada uma exerce algum poder, alguma autoridade. Como uso o poder, como exerço a autoridade: para servir e libertar ou para dominar e controlar?

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